-Vamos, acelerem esse passo! -bradou uma senhora baixa e gorda no meio de uma multidão de pessoas na estação de King Cross, Londres.

Molly e Arthur Weasley conduziam seis adolescentes até as plataformas de número nove e dez. Entre elas estava o portal para a Plataforma 9 3/4, de onde partiria o Expresso de Hogwarts.

Depois de atravessar a coluna de pedra despercebidos pelos trouxas, o grupo se viu em uma estação tomada por uma multidão de bruxos e bruxas, embarcando seus filhos e parentes numa máquina rústica e de aparência antiga.

 -Vem cá Fred, me dê um abraço! -pediu a Sra. Weasley.

-Eu não sou o Fred, ele é.

-Ah, faça-me o favor, dá pra mudar a piada? Depois de todos esses anos! Anda logo Fred, chega de brincadeira, vem aqui que o trem já vai sair. -disse Molly. 

-Nunca perde a graça. - respondeu Jorge rindo.

Depois das despedidas e dos inúmeros conselhos dados pela Sra. Weasley, os adolescentes finalmente embarcaram no Expresso de Hogwarts.

O trem partiu. Fred e Jorge já estavam acomodados em uma cabine com Angelina Johnson e Cátia Bell. Sempre que questionados sobre o que faziam com as garotas dentro do trem, diziam que arquitetavam jogadas para o time da Grifinória, mas Rony sabia muito bem que Quadribol era a última coisa a ser discutida alí.

-Ei, Harry! - chamou Rony - Você vem? Eu e Mione achamos uma cabine vazia no fim do trem.

-Ah não. - respondeu Harry. - Obrigado, prefiro ficar sozinho por agora. Mais tarde encontro vocês lá, está bem?

-Ok, - disse Rony - Melhor assim. - ele sussurrou para Hermione que corou.

Harry sabia do caso de Hermione e Rony, mas não dizia nada para os amigos. Queria saber quando eles teriam coragem de contá-lo. Mas ele não ficava bravo por isso, um fazia bem pro outro. Eles se amavam.

Harry estava sozinho na cabine. Absorto em seus pensamentos, foi a primeira vez em que parou para refletir sobre a ida a casa de Slughorn. Talvez Dumbledore quisesse aquilo para melhorar o ensino em Hogwarts, e a experiência do Professor Slughorn era uma aliada. Mas Harry duvidava disso.

Muitas outras hipóteses poderiam surgir porém o garoto foi interrompido pela porta da cabine que foi aberta.

-Harry... Posso sentar aqui com você? O resto do trem está cheio. Eu até poderia sentar com Rony e Hermione mas... você me entende, não é? 

Era Gina. O coração de Harry disparou, não podia negá-la um pedido como aquele. 

-Claro, pode entrar. - respondeu.

Gina sentou-se de frente para ele. Ela lia um livro, o qual Harry não conseguiu identificar o título.

Passados minutos de silêncio, preenchidos apenas pelo som dos trilhos, Gina disse:

-Você está aqui, sabia? - disse fechando o livro entitulado "Grandes Acontecimentos do Mundo Mágico - por Elisa Abbad". Na capa uma bonita jovem de cabelos longos e extremamente negros acenava para ele.

-Verdade? - perguntou Harry interessado. - E o que diz aí?

-Você deve saber. Conta a história da sua cicatriz Harry.

Harry olhou para o teto da cabine. Examinando-o e tentando reter as lágrimas que insistiam em cair dos seus olhos. As lembranças, mesmo que não muito nítidas daquela noite o traziam angústia e saudades. Saudades de quem não conhecera muito bem, mas amava profundamente. Seus pais.

-Ah Harry, me perdoa, eu não devia ter dito isso... - disse Gina com remorso.

-Não, - disse o garoto enxugando as lágrimas na manga da camisa. - não precisa pedir desculpa Gina.

-Preciso sim! - exclamou a garota sentando ao lado dele e abraçando-o. - Eu sei que você não gosta de lembrar, eu não devia ter comentado.

-É sério! - disse Harry sorrindo. - Tá tudo bem.

-Ah, então ta ok. - Gina tirou os braços dos ombros dele e pousou as mãos nas próprias pernas.

-Hm, Harry?

-O que foi Ginnie?

-É que eu queria saber... você contou ao Ronald sobre a noite passada?

-Não. - respondeu Harry disperso.

-Ah, melhor assim. Eu não quero que ninguém saiba sobre... sobre nós entende?

Harry fitou-a confuso. Por quê não? Eles se amavam, não havia motivo para esconderem esse sentimento de ninguém.

-Olha Harry, - ela disse. - nós podemos continuar nos vendo durante esse ano, tem a Sala Precisa, a Sala Comunal... Mas não quero que ninguém saiba da gente, por ora. Não me pergunte por quê. Tudo bem?

Harry concordou. Apesar de não assumir o namoro com Gina publicamente ele poderia estar com ela, ter ela junto de si. E isso bastava.

Ela se aproximou dele. Tocou seu rosto e delicadamente virou o olhar do amado para ela. Fitou seus olhos intensamente verdes.

Ele é lindo.

Ela é linda.

Ele é meu.

Ela é minha.

E assim eles se beijaram. Um beijo caloroso e diferente de todos os outros. Era um beijo de amor intenso. Amor verdadeiro.

O chacoalhar do trem cessou. Todos desembarcaram e se dirigiram as carruagens conduzidas por Testrálios. Gina para um lado, Harry pro outro. Rumo a mais um ano na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.