Aang não conseguia ficar parado. A ansiedade estava tomando conta dele e o garoto simplesmente não conseguia ficar parado. Ficava andando de um lado pro outro, com mil pensamentos na cabeça.

Sua luta seria a primeira. Todos estariam lá pra vê-lo lutar. Kyro, Sonam, Rinzen, Kym e Gyatso. Como se a pressão já não fosse grande, ele enfrentaria um garoto do Templo do Ar do Norte. Ele era enorme e muito musculoso, Aang parecia uma formiga perto do garoto.

Já passava do meio dia, e havia uma tênue luz entrando na enorme tenda dos monges por alguns furos, onde Aang esperava enquanto acabavam de organizar tudo.

Ficou assim por mais alguns minutos, mas pareceram horas e horas para o jovem. De repente, Kyro entrou junto de Rinzen, os dois sorrindo muito.

—Aang! — falou Kyro indo cumprimentar Aang— Viemos te desejar boa sorte com a sua luta.

—Estamos torcendo por você— completou Rinzen.

Aang balançou a cabeça em concordância, com os olhos ainda esbugalhados de ansiedade. Parecia perdido em pensamentos e medos.

—Aang, está tudo bem com você? — perguntou Kyro, se aproximando do outro garoto, percebendo o problema— O que foi?

—Nã-não é nada, eu estou bem! — respondeu de forma nada convincente— Só estou um pouco ansioso.

—Ei, não precisa ficar assim— foi a vez da garota se aproximar dele, e acariciar o braço do garoto, confortando-o— Vai dar tudo certo, e estaremos todos torcendo por você.

Aang balançou a cabeça novamente, mas dessa vez com mais confiança, e mostrou o melhor sorriso que conseguiu. Seus amigos estavam certos, ele ía conseguir, só precisava se concentrar.

—Vocês tem razão. Eu consigo...— ele balançava a cabeça e sorria bastante, agora confiante de sua própria força— Eu consigo!

Gyatso apareceu à porta com uma expressão de felicidade.

—Aang, está na hora!

Kyro e Rinzen, então, se despediram:

—Tchau, Aang, boa sorte! — falou Kyro e saiu logo em seguida.

Rinzen ainda ficara lá sorrindo pra Aang. Ela deu um abraço apertado nele. Aang percebeu que a garota tinha um leve cheiro de maçãs frescas, um cheiro doce e aconchegante. Ele queria ficar sentindo aquele cheiro pra sempre. Sua alma parecia relaxada e ele esquecia de todas as suas preocupações.

—Boa sorte, Aang!

—Obrigado.

A garota saiu correndo para se encontrar com Kym e os garotos, que à essa hora, já estava no meio da multidão que se formara em volta da arena.

—Vamos? — falou Gyatso, fazendo Aang voltar à realidade.

—Sim, vamos!

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Eram 3 competidores de cada templo, totalizando 12 concorrentes no Campeonato de Duelos. Era segunda-feira, o primeiro dia, e as lutas continuariam quarta e sábado, que era o penúltimo dia. Nesse primeiro dia, os garotos do Templo do Sul enfrentaria os garotos do Templo do Norte, enquanto as garotas do Templo do Oeste enfrentaria as garotas do Templo do Leste.

Então, seria assim. E o primeiro duelo seria Aang contra o tal garoto do Templo do Norte, Rein.

Quando o jovem saiu da tenda seu sangue parou. Havia uma multidão, tudo estava lotado, só havia um pequeno caminho pra Aang passar. Ele atravessou aquele corredor de dominadores se sentindo péssimo, parecia que mais mil quilos foram adicionados sobre seu ombro. Mas na mesma proporção sentiu o que precisava fazer: ganhar!

Depois de algum tempo, ele finalmente viu a “arena” onde duelavam. Era um círculo bem grande, um pouco elevado do chão. Não era um campo perfeito para a luta, mas foi o que eles conseguiram para esse Encontro Mundial.

A mesma monge tomou a frente da multidão e subiu na arena.

—Bem vindos, aprendizes, à primeira luta do nosso Campeonato de Duelos— Aang ainda se surpreendia com a capacidade que a monge tinha de dominar a atenção da plateia. Todos apladiram e fizeram bastante barulho— Por favor, recebam o primeiro competidor, Aang! — muitos garotos se levantaram e gritaram com muita força à entrada de Aang— E agora, o nosso próximo competidor: Rein! — dessa vez, havia um número muito maior de garotos gritando e aplaudindo. Parecia que a plateia estava a favor do garoto do Templo do Norte— Sem mais delongas, vou lembrar-lhes das regras. O aprendiz pode usar qualquer tipo de dominação para derrubar o adversário da arena em uma melhor de três. E não se esqueçam, é proíbido o uso de qualquer arma ou planadores. Lutem somente com a dominação— ela parou e sorriu discretamente— E garotos: boa sorte! Que começe a batalha!

Aang demorou a perceber que a batalha começou. Ele focalizou Rein. Estava bem na sua frente, sorrindo como um vitorioso. Era muito maior que ele e muito mais forte. Tinha um cabelo grande que descia pelas costas, e seus olhos pareciam cheios de energia.

O primeiro movimento foi de Rein. Ele dobrou uma bola de ar e empurrou-a na direção de Aang com uma rapidez incrível. O jovem dominador do Sul mal teve tempo de pensar, e seus instintos o salvaram de cair por um tris.

Ele olhou a bola de ar errá-lo por pouco e depois pra Rein, que já estava dominando mais uma. Só que dessa vez Aang estava preparado, e fez a bola de ar sair de seu caminho com uma facilidade que surpreendeu até a si mesmo. O garoto do Norte torceu a cara em desgosto.

Ele começaram a rodar, todos preparados para receber ou mandar um ataque. De repente Aang soltou um giro rasteiro, quase derrubando Rein, que deu um salto pra trás e lançou uma grande bolha de ar com um soco em Aang, que girou o corpo todo, desviando do ataque. Eles começaram então uma série incansável de ataques sem sucesso, ambos dando o melhor de si. Aang soltou um chicote de ar para acertar de lado em Rein, mas o garoto abaixou e quase instantâneamente lançou uma bola de ar em Aang. Foi tudo tão rápido que Aang não foi capaz de desviar. Ele foi lançado no ar por alguns metros e caiu na areia com força.

Primeiro round: Rein. O menino ficou rindo lá de cima, debochando de Aang, que ainda estava no chão, tentando se levantar, com certa dificuldade. A torcida ía a loucura, gritando cada vez mais alto.

Lá embaixo, Aang já não sabia se valia o esforço de levantar. Ele não conseguiria, o garoto era muito forte e muio ágil, conseguia desviar de todos os seus ataques e contra-atacar com grande verocidade, era demais pro pequeno jovem. Mesmo que voltasse, o que isso provaria? Ele iria perder de toda forma, era inevitável. Era melhor desistir, antes que se machucasse mais ou que algo pior acontecesse.

Já estava a ponto de desistir, quando sentiu uma mão em seu ombro. Ele se virou e viu um homem vistoso com uma grande barba agachado ao seu lado.

—Levante-se, Aang— sua voz era grossa e transmitia energia. Aang sentia uma grande força o tomar— Você é mais forte que isso— Aang concordou com a cabeça, sentindo cada vez mais aquela força o tomando, o abastecendo—Vá, agora, e mostre-os!

Todos os olhos estavam em Aang agora, que conseguira enfim levantar. Estava de cabeça baixa, e foi andando até a arena. Lá, Rein ainda ria. Enfim, Aang subiu na arena, e os garotos estavam para retomar a luta.

—Fique tranquilo, vou pegar mais leve dessa vez— debochou o jovem do Templo do Norte.

O garoto estava totalmente desarmado, e Aang aproveitou essa oportunidade. Lançou novamente um chute rasteiro de ar, que Rein desviou com dificuldade. O garoto ainda se recuperava quando recebeu uma bola de ar na barrinha. Ele caiu do mesmo jeito que Aang, sendo arremessado longe.

O garoto lá no chão estava sentindo uma mistura de ódio e surpresa. Não acreditava que tinha caído, que aquele garotinho com metade se seu tamanho tinha derrubado-o. A torcida estava agora calada, apreensiva com o próximo, último e decisivo round.

Tudo bem, ele se descuidara, por isso caiu, mas não aconteceria novamente. E pra garantir, daria tudo de si, não podia perder.

Rein veio correndo e subiu à arena em um pulo. O ar ficou pesado e tudo estava mergulhado num silêncio que chegava a machucar. Rein dobrou de uma só vez duas bolhas grandes de ar, que jogou contra o garoto com uma força que ainda não tinha mostrado. E continuou lançando muitos e muitos golpes contra o jovem do Templo do Sul.

Aang dobrou o ar à sua volta para fazer um parede isolante, evitando todos os ataques de Rein. Mas a sequência de golpes era muito forte, Aang não aguentaria por muito tempo. Estava totalmente concentrado na barreira, queimando todas as suas forças, quando Rein deu uma grande salto, mergulhando em sua direção, por cima de sua barreira, com um dos punhos coberto por uma camada de ar, para aumentar a força do ataque. Com uma rapidez incrível, aquele seria o ataque final, que decidiria o último round.

Mas Aang foi mais rápido. Ele deu um pequeno impulso e mergulhou por baixo de Rein, se posicionando bem atrás do garoto, que ainda estava sem entender como errou o ataque. Aang lançou uma pequena bolha de ar com o resto de suas forças, que atingiu o garoto do Norte nas costas, fazendo cair de cara na areia.

Toda a plateia que estava calada explodiu. Todos gritavam e aplaudiam Aang, o vencedor daquela batalha incrível.

A última coisa que viu antes de ser dominado e carregado pela multidão foi o homem que o ajudara. Ele estava lá, cumprimentando-o pela vitórias, mas num piscar de olhos, Aang não o via mais. Ele havia desaparecido.

Aang olhou pro céu, totalmente sem forças. É, ele conseguira!