Mais Do Que Você Imagina escrita por RoBerTA


Capítulo 12
Pós-Festa Parte III - Final


Notas iniciais do capítulo

Eeei belezuras!
Então.... Sumi por um pequeno gigante motivo. Quinta começa minhas aulas, e estou em um pânico traumático e entorpecente. Só tenho uma amiga nessa escola, e ela nem vai estudar comigo :( Vou estar MUITO sozinha e perdida >< Eu estava pensando em fugir para o meio do mato >< Mas, ok, estou um pouco mais recuperada :P
Espero que gostem ^^



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Acho que nunca senti tanta vergonha em toda a minha vida, do que agora, com um Guilherme espichando o pescoço para ter uma visão melhor. Eric também se espichou e aprumou-se, mas com o propósito de me cobrir.

— O que você está fazendo aqui? — A voz de Eric está tensa, igual ao seu corpo. Posso praticamente sentir a fúria que ele emana em ondas, quase palpável.

Guilherme parece um pouco sem jeito pela pergunta. Olha para os próprios pés, mexendo a boca nervoso.

— Ela terminou comigo. No aniversário do nosso namoro.

Fico com um pouco de dó dele, que logo se esvai. Ninguém termina com alguém, assim, do nada, sem um bom motivo.

— E o que você fez pra ela? Pergunto em tom de repreensão, e logo lamento ter uma boca tão grande e incontrolável. Seus olhos se voltam para mim novamente, lembrando-se de que havia uma garota nua à sua frente. Aposto que até a minha alma está corando agora.

— Nada. Ela disse que encontrou outra pessoa. — Guilherme soa sincero. Deve ser horrível ser trocado por alguém assim, do nada.

— Guilherme, desce, eu já vou falar com você. — Quando o irmão não se mexe, sua voz ganha um tom gutural. — Vai.

E ele vai. Solto a respiração, sem perceber que a havia prendido. Como não sei o que fazer agora que minha mente está completamente desperta e racional, praticamente corro para o banheiro. Fecho a porta atrás de mim, e aperto os olhos.

O que diabos está acontecendo comigo?!

Visto-me rapidamente, aliviada e decepcionada ao mesmo tempo por Eric não ter vindo procurar-me. Nem sei o que fazer em seguida. Estou sem ação. Sento na privada, e fico olhando para meu colo, mais precisamente, para a camisa, infeliz por ele nunca a ter usado, e deixado seu perfume nela.

Mais infeliz ainda, fico por ter esses tipos de pensamentos. Pensamentos que me levam a outros pensamentos, mais precisamente, memórias de certa noite.

.

Sua resposta estava nas batidas do seu coração.

Tum. Tum. Tum.

Frenético.

Tum. Tum. Tum.

Música para os meus ouvidos.

Tum. Tum. Tum.

Também. Te. Quero.

Era isso que eu entendia.

Um desejo recíproco.

Nada podia impedir o que duas pessoas ansiavam com tanto fervor.

.

Pareciam tão doces essas lembranças, como mel, como raios solares, nas quais queria desesperadamente enrolar-me, escorrer por entre elas, como areia entre delicados dedos.

Mas tudo isso é ridículo e patético, assim como eu.

Suspiro e balanço a cabeça, buscando a coragem que parece ter se acovardado.

Tateio até a maçaneta, e hesito antes de abri-la. Dou de cara com Calli, literalmente. Ela geme enquanto passa a mão na testa, que se chocou violentamente contra meu queixo, instantes antes.

— Ai! — Ela reclama, com sua voz de soprano, ainda mais infantil devido à dor. Olho carrancuda para ela, que devolve um olhar inocente.

— O que foi? — Pergunta. Ainda veste a cara de dor.

— Nada. — Respondo ríspida. — Vamos? Eu quero ir para casa logo.

Recebo um encolher de ombros, e a sinto me espiando, um pouco curiosa em relação aos meus modos grosseiros.

Descemos as escadas, e vejo os dois irmãos sentados no mesmo sofá, discutindo sozinhos, porém baixinho. Eric parece irritado, e o Guilherme, profundamente incomodado. Quando nos vê, ambos sorriem, mas enquanto o sorriso do primogênito é natural, devido a seu carisma extremo, o de Eric é forçado, coisa que nunca havia presenciado antes. Ou ele sorri de corpo e alma, ou faz uma carranca que compete com as minhas.

— Nós, hnm, vamos ir. — Digo, esforçando-me ao máximo evitar Guilherme, que me fita com um sorrisinho sacana. Sinto minhas bochechas esquentarem ridiculamente. Eric acerta uma cotovelada nele, e sinto-me bastante grata. Calli parece perdida, sem saber o motivo de toda aquela tensão. Limpo a garganta, o que parece despertar Eric de seu olhar fulminador em direção ao irmão, nem um pouco arrependido.

— Certo, então a gente se vê. Vocês sabem onde fica a saída.

Minha boca quase cai no chão após suas palavras. Meus olhos queimam, algo que odeio. Sempre que estou com muita raiva, fico tentada a chorar. Não é algo de que eu me orgulho.

— Vamos, Calli. — Digo em tom duro. Viro-me, e o ouço chamar meu nome, mas apenas lhe apresento meu dedo do meio.

Depois de todo aquele agarramento, como ousa nem sequer ao menos nos acompanhar até a saída!?

Humph.

Eu devia ter imaginado.

Saio quase trotando, passadas largas. Ouço Calli respirar de forma arfante enquanto tenta me alcançar, inutilmente. Chego à Bibi bem antes, e preciso esperar por ela durante algum tempo.

Quando me alcança, tem uma expressão furiosa. Respira com dificuldade, e tem o pequeno rosto avermelhado. Então põe as mãos na cintura delgada, e preparo-me para o sermão.

— O que diabos foi isso!?

— Nada, — dou de ombros — apenas estava com pressa.

— Não, não estava não. — E bate o pé. — Alguma coisa aconteceu, e você está escondendo de mim.

— Coitadinha da Callilda, está brabinha. — Faço um biquinho. Seu rosto atingiu um tom de vermelho espetacular.

— Ótimo. Perfeito. Continue sendo uma VACA. Mas não fique pensando que eu vou te aturar.

Fico a observando, abrindo Bibi, e pegando minhas coisas. Ela para à minha frente, e quase joga minhas roupas e bolsa em meus braços. A garota parece um duende, mas fico com um pouco de medo dela. Era difícil vê-la braba, mas quando isso acontecia, bem, FUJAM PARA AS COLINAS!

— Agora vai encontrar outra idiota para importunar. Vaca.

E entra no fusquinha, dando partida, me deixando ali, de queixo caído. Uau, isso foi memorável. Eu até a aplaudiria, se não tivesse sido eu, o alvo de sua repentina ira.

Balançando a cabeça, completamente aturdida, vou para casa, a pé mesmo.

Atravesso o quintal, ainda pasma com o comportamento da Calli. Qual era o problema daquela garota?

Quando já estou com a chave na porta, olho uma última vez para a casa do Eric. Não o vejo, e nem ninguém, mas avisto o banco onde ele senta sempre que está triste. Não me orgulho disso, mas gosto de observá-lo observando as estrelas. É... Mágico.

Inclino a cabeça, e quase o vejo lá. Aquele calor gostoso e torturante corre por meu corpo, novamente.

.

Meus braços ao seu redor. Apertando. Seus braços me segurando. Protegendo-me da gravidade.

Um beijo. Outro. E mais outro.

Eu ia fazer aquilo aqui, assim?

Um lapso de racionalidade, enterrado por outro beijo abrasador.

Quente. Calor. Eu estava pegando fogo. Em chamas. Brasas.

Suas pernas responderam minha pergunta não dita. Se movendo. Para longe. Para cima. Para um quarto. Para uma cama.

Seu corpo sobre o meu. Desejo. Luxuria. Querer. Mais e mais.

.

E tudo que eu era capaz de pensar, era no quanto queria lembrar do resto. Em como queria que tivesse acontecido algo para ser lembrado.

Isso me enchia de vergonha, mas não era nada comparado com minha expectativa.

Coloquei de lado esses pensamentos, com muito afinco, e entrei na casa. Apenas Jimmy se encontrava. Ele ergueu os olhos do livro que estava lendo, e fitou-me de forma surpresa.

— Você?

Rolei os olhos, dignando-me a não responder. Aproximei-me, para ler o título de sua leitura, que ele tentou imediatamente ocultar, sem êxito. Abafei um som de divertimento.

Era a Bíblia.

Nada contra, mas por que um garoto de quinze anos iria querer ler a Bíblia?!

Ok, eu sei o porquê.

— Jimmy, — afaguei seu ombro gentilmente — isso não vai melhorar nada. Ela não gosta de você.

Sua expressa fica zangada, e ele se afasta de modo ferido. Põe-se de pé, e vai rumo às escadas. Antes de subir, vira um pouco o rosto para mim.

— Mamãe e papai voltam só de noite. E não queira se meter na minha vida amorosa, quando a sua é um desastre.

Aquilo me atinge como um belo tapa na cara. Recuo alguns passos, enquanto o vejo terminar de subir as escadas, e então ouço uma porta ser fechada de forma estrondosa.

Meu lábio treme, e agora as lágrimas teimosas não são de raiva. Minha amiga e meu irmão estavam brabos comigo.

E tinha Eric. Mas isso ia além do complicado.

Abracei-me, para tentar me autoconsolar, inutilmente. Com passos vagarosos, fui até meu quarto. Fechei a porta de forma silenciosa e a tranquei.

A primeira coisa que fiz foi fechar a cortina. Depois liguei o PC, enquanto decidia se tirava ou não aquela roupa. Por fim, acabei cedendo à fraqueza da alma e fiquei com ela.

Sentei-me em frente à tela que exibia uma foto de toda a turma do ano passado. Nem na foto Eric me deixava em paz.

Havia passado o braço ao redor do meu pescoço, com uma expressão esquisita, porém cômica. Já eu, estava com aquela cara de mal-humorada, só que super vermelha. Todo mundo parecia feliz, sorrindo e se abraçando. Só eu ali, estragando a foto com aquela carranca. Mas mesmo assim parecia certo. Eu e ele.

Eu e ele.

.

Seu peso, confundindo meus sentidos. Ressaltando meus desejos. Ah, quero, te quero, agora. Completamente.

Minhas mãos febris arrancando sua camisa, cor insignificante. Seu desejo, nítido em seu corpo.

Rápido. Sacie-me. Faça de mim sua. De novo. E novamente.

.

Suspirei, deleitando-me com as preciosas lembranças.

.

Outro beijo. Tão ardente quanto seus antecessores, mas não tanto quanto seus sucessores. Cada vez mais. E mais. E mais.

Querer. Querer. Querer.

Quero-te.

Também me quer?

Diga sim. Prove. Realize. Agora. Rápido. Estou em chamas. Consumindo-me. Ardendo. Ardendo. Quente.

Seja meu.

.

— Sim, — murmuro — seja meu.

Abro os olhos, atordoada e apavorada. Isso não podia estar acontecendo. Passei tanto tempo tentando impedir isso, e cá estou, cedendo.

Então faço algo idiota.

Bato a cabeça contra a mesa. Garanto, isso não resolve nada. Só acrescenta mais uma dor para a pobre cabeça em questão.

Afago minha testa, gemendo, sentindo uma saliência ganhar vida no local atingido.

— Ótimo. — Resmungo.

Vou para o Facebook ver as novidades, mais para me distrair. Estreito os olhos quando leio uma mensagem de dez horas atrás. Crispo os lábios, absolutamente indignada. O babaca do James, um garoto que vive me enchendo o saco. Digamos que temos ideias um tanto... Controvérsias.

E ele está vindo passar uns dias com sua irmã, que por acaso atende por Beatriz. Pais divorciados, cada um ficou com um filho, e todo aquele drama. Argh.

Minha vida está uma droga.

Fecho o Face, e desligo o computador, sem vontade até de respirar.

Jogo-me sobre a cama, e me armo com fones de ouvido. Com a cara enfiada no travesseiro, fico ouvindo músicas extremamente melancólicas e nostálgicas.

E lá está elas, as tais lembranças, as quais não sei se amo ou odeio.

Mas já não disseram que o ódio e o amor são sentimentos parecidos? Opostos. Porém, coexistem. Quão diferentes podem ser?

.

Eric obedecia aos meus pensamentos. Como se estivéssemos ligados a nível mental.

Espiritual. Corpo e alma.

Principalmente corpo.

Eric...

O mundo girava. Girava. O risquem de sentido desvanecendo. Aos poucos... Pouquinho por milésimo de segundo. Sucumbindo.

.

Franzo o cenho, buscando ainda mais avidamente pela noite passada, guardada em um local especial do meu cérebro.

.

Amortecendo meus sentidos. Beijos agora vagarosos. Lentos. Demorados. Pálpebras pesadas. Cheiro de luar. Indagações enterradas, lutando para vir à tona.

Onde? Onde?

O que?

Beijos...

Desejo.

Mas onde?

Pálpebras fechadas. Coração se estabilizando. Desejo reprimindo-se.

Pele contra pele. Peso contra mim. Um corpo. Respirando uniformemente. Dormindo? Cochilando?

Onde? Como? Quem?

Tudo se perdendo. Aos poucos. Inconsciência reinando.

E então...

.

Não. Não. Não...

.

Não eram mais dois corpos carregados de desejo e movidos a álcool.

Eram dois corpos cansados, cedendo à inconsciência.

Saindo da luxúria, caindo nos abismos dos sonhos.

.

Gemo baixinho, extremamente decepcionada.

Dupla decepção.

Primeiro, por não ter acontecido nada entre nós.

Segundo, por estar decepcionada sobre não ter acontecido nada.

Sou atingida por algo de assalto, subitamente, como uma tapa na cara.

Eu queria Eric. Desejava Eric.

Mas o pior mesmo, é que agora, eu admitia isso, mesmo que para mim mesma.

Podia a vida ser mais cruel?


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Notas finais do capítulo

Então, terminou as partes com a festa ^^
Que acharam??
Ah, quinta posto o próximo. Daí eu conto como fo torturante meu primeiro dia no meio de estranhos kkkkk (como se alguém fosse querer saber... >