O Feiticeiro Parte III - O Medalhão de Mu escrita por André Tornado


Capítulo 85
IX.12 O regresso da paz.




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Os seus companheiros apareceram no pátio em ruínas e aquele que Goku fixou imediatamente foi Ubo. Não teve tempo para se alegrar com a presença dele, porém. Trunks arrebatou-lhe a Ana dos braços.

- Ana!

- Ela está bem – sossegou Goku. – Está apenas cansada, mais nada.

- Oh, querida… estou tão orgulhoso de ti – murmurou Trunks, estreitando-a nos braços.

Goku levantou-se, passando os olhos por todos. Vegeta afastava-se deles, braços cruzados, carrancudo como sempre. Inclinou a cabeça na direção do príncipe, um meio sorriso nos lábios.

- Conseguiste, não foi?

Vegeta devolveu-lhe o meio sorriso, respondendo-lhe misterioso:

- Hai… Pelos vistos, consegui.

Depois reparou naquele que Piccolo carregava sobre um ombro. Estava tão apagado quanto a rapariga da Dimensão Real. Reconheceu-o e balbuciou deveras espantado:

- Oh… Mas esse que tens aí, Piccolo… É número 17!

O namekusei-jin confirmou acenando afirmativamente:

- Estava prisioneiro nos subterrâneos do templo, assim me contaram os rapazes.

- Estava com a Maron – acrescentou Goten.

Goku viu que o filho carregava a filha de Kuririn nos braços. Arqueou os sobrolhos naquela sua maneira engraçada de mostrar espanto genuíno.

- E o que fazia a Maron aqui com número 17?

Goten encolheu os ombros.

- Quando ela acordar, podemos perguntar-lhe.

Como a sua curiosidade não seria satisfeita nos próximos minutos, esqueceu prontamente o assunto. O seu olhar casual apanhou, pela segunda vez, a presença de Ubo. O rapaz percebendo o interesse dele, encolheu-se envergonhado atrás de Piccolo. Goku assentou os punhos fechados na cintura, esticou o pescoço para estabelecer novamente contacto visual com o seu pupilo e concedeu-lhe um sorriso cristalino, sem malícia.

Ubo mostrou-se, abandonando o refúgio atrás de Piccolo, cabisbaixo, arrastando os pés. Num fio de voz pediu: 

- Gomen nasai… Goku-san.

Goku estranhou. Não era muito comum Ubo tratá-lo pelo nome e sempre que o fazia significava que a ocasião era especial. Abriu mais o sorriso.

- Eu perdoo-te, se tu também me perdoares, Ubo-kun.

O rapaz olhou-o desconcertado.

- Sensei

- Portei-me muito mal contigo. Menti-te e eu não gosto de mentir, mesmo que seja sem querer, aos meus amigos, muito menos aos meus filhos. Deveria ter-te contado a verdade. Podias ter-nos ajudado. Em vez disso, por desconheceres o que é que se estava a passar, caíste na magia do feiticeiro e quase que ia acontecendo uma desgraça. Gomen nasai, Ubo-kun.

O rapaz pendeu a cabeça para o lado direito e Goku sentiu um calafrio, porque aquele trejeito era típico de Majin Bu. Acalmou-se, de seguida. O pesadelo já tinha terminado com o fim do feiticeiro, era apenas um reflexo que lhe lembrava que o monstro fazia parte de Ubo, existia adormecido nas profundezas do seu subconsciente e, de vez em quando, haveria de surgir num gesto, numa palavra, num combate, durante uma boa sessão de treinos intensivos.

- Irei perdoá-lo, Goku-san, com uma condição.

- Eh!... Que condição? – Estranhou Goku.

- Quero conhecer a história do meu passado. Nunca me contou o que tinha acontecido antes de eu nascer… Nunca me falou de Majin Bu.

Uma pérola ínfima de suor surgiu-lhe na testa. Mas Goku concordou:

- Hai. Eu conto-te sobre Majin Bu.

Por fim, Ubo sorriu.

- Está perdoado, sensei.

- E tu também estás perdoado. Bem-vindo de volta, Ubo.

E selaram a conversa com um abraço apertado.

A noite tinha caído e soprava um vento manso e quente de primavera.

O Templo da Lua era agora uma carcaça esventrada e vazia, mergulhada em sombras inofensivas, despojado de ruído e estranhamente desamparado sem a presença negra de Zephir, do poder de Keilo, dos demónios Julep e Kumis e dos guinchos dos kucris. Todos tiveram aquele mesmo pensamento.

Goku recordou-se de Keilo, espreitou Vegeta. Ele estivera tão concentrado em chegar ao nível três dos super saiya-jin que não se apercebera, de certeza, do aumento brutal de energia de Keilo e da sua transformação em super saiya-jin, nível quatro. Talvez lhe contasse o que tinha sucedido um dia, durante um combate em que testariam as suas capacidades, quando ambos se enfrentassem como super saiya-jin de nível três. Escondeu um sorriso de pura alegria a antecipar esse dia, porque adorava lutar contra Vegeta, um pequeno prazer que gostava de manter secreto, por causa dos mal-entendidos, porque ninguém haveria de compreender as suas razões e as razões de Vegeta. Afinal, não passavam de dois saiya-jin de sangue puro com noções muito especiais relativamente à definição de divertimento.

Vendo em retrospetiva, adorara ter conhecido o super saiya-jin lendário. Keilo ensinara-lhe que existia outro nível de poder e que poderiam haver outros, os limites eram infinitos e as possibilidades incontáveis. Goku jurou que iria treinar-se duramente para também ele chegar a ser um super saiya-jin de nível quatro. Ou nível cinco. Riu-se para si próprio com a ideia descabida… Ou talvez não.

O barulho de passos arrastados quebrou o silêncio e colocou-os alerta. O Templo da Lua já não estava vazio. No pátio apareceu um homem velho, de ombros encolhidos e costas curvadas com um aspeto solene e autoritário, acompanhado por três homens vestidos com túnicas largas vermelhas, esfarrapadas e sujas. Dobrou-se numa profunda reverência diante de Goku.

- Grande guerreiro, o verdadeiro Sumo-sacerdote deste templo saúda-te. É uma honra conhecer-vos, Son Goku.

- Ah… Yo, ojiisan. Eh… É também uma honra conhecer-te.

Piccolo revirou os olhos pela falta de maneiras de Goku.

Mas se fora inconveniente ou desrespeitoso, não incomodou o Sumo-sacerdote que prosseguiu:

- Queria agradecer-vos, Son Goku, por tudo o que fizestes por nós.

- Não precisas agrad…

- Se não fosse pela vossa valentia inigualável… – cortou o velho e o seu braço percorreu o pátio num gesto dramático, incluindo todos os outros. – Se não fosse pela valentia inigualável dos guerreiros que guardam a Terra, o Universo estaria condenado.

- Na realidade, deves agradecer àquela rapariga que está ali. – Goku apontou para os braços de Trunks. – Foi ela que eliminou Zephir com a ajuda do Medalhão de Mu.

O velho sorriu, acendendo as rugas junto aos olhos e à boca.

- Ela está convosco. Nós sempre confiámos nos guerreiros das estrelas.

Goku sorriu também.

O Sumo-sacerdote revelou-lhes ainda que pretendia reconstruir o Templo da Lua, devolver-lhe o esplendor que tivera antes daquela guerra vergonhosa. Assegurou-lhes que nunca mais haveriam de educar um feiticeiro que pudesse colocar o mundo em perigo e que iriam viver, como sempre acontecera até ali, em função de objetivos pacíficos, norteados pela procura da sabedoria e pela humildade.

- O templo irá, em breve, acolher novos monges – completou o Sumo-sacerdote emocionado. – Desejamos aprendizes que honrem a magia através da veneração da noite e da magnífica deusa desaparecida. Será o sangue novo que irá reerguer o templo e dar-lhe uma nova vida, apagando os terríveis erros do passado.

E Goku pensou em Kang Lo, que seria certamente um dos primeiros a bater à porta do novo Templo da Lua.

Tinha chegado o momento de deixarem aquele lugar.

Goku despediu-se e partiu, acompanhado pelos seus companheiros.

A magnífica aventura vivida intensamente por todos terminava.

Zephir fora destruído para todo o sempre e a missão estava cumprida.

A Terra encontrava-se finalmente em paz.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo:
Preparativos de viagem.



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