O Feiticeiro Parte III - O Medalhão de Mu escrita por André Tornado


Capítulo 84
IX.11 Vitória.


Notas iniciais do capítulo

Capítulo narrado na primeira pessoa.



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Cheirava a queimado. Abri os olhos devagar.

Deitava-me de borco em cima de grandes pedregulhos regados de areia. Alguém se aproximava. Não tive ânimo para me mexer e não iria fazer nada para me proteger do que aí vinha. Simplesmente, estava exausta.

Não queria pensar muito, doía-me até essa simples coisa que era pensar, pois havia algo que ligava os meus pensamentos ao coração e deste até à alma e aos ossos. Estava demasiado sensível também, qualquer mudança no ambiente que me rodeava disparava mensagens equívocas que puxavam à emoção e à lembrança. Recordava-me por que me encontrava ali, deitada de borco em cima de um pedregulho. O começo fora inocente, semelhante a um sopro que desfaz um dente-de-leão. Mas essa era uma certeza, uma verdade incontornável e toda eu estremecia ao considerá-la uma afirmação insofismável. Tudo começara porque eu me apaixonara pelo rapaz errado.

Assim… Em revolução na minha mente enevoada, a frase retumbante, quase tão maravilhosa quanto aquela luz que destruíra o ambicioso feiticeiro.

Eu apaixonara-me pelo rapaz errado.

Mas a aventura tinha sido inesquecível e eu não me arrependia de nenhum passo dado, nenhuma decisão tomada, mesmo que me sentisse igual a uma carcaça quebrada, deitada de borco em cima de um pedregulho e que estivesse rodeada de ruínas. Talvez uma alegoria ao que iria ser, dali para a frente. A seguir à luz e à vitória, os escombros de uma existência apagada.

Voltei a estremecer, gemendo.

Precisava que me salvassem, urgentemente e talvez não fosse daquele pedregulho e daquelas ruínas, mas de uma imagem desconchavada de um futuro que não me pareceu totalmente meu.

As divagações cessaram.

Alguém se aproximava e parou junto a mim, ajoelhou-se nos pedregulhos. Içou-me e aconchegou-me num abraço tão delicioso que eu sorri enlevada, derretendo-me no calor dele. Pestanejei, queria vê-lo, tentei vê-lo, mas a imagem veio distorcida.

- Ven-vencemos… – sussurrei.

- Hai, Ana-san – disse Son Goku igualmente num sussurro. – Vencemos.

E, sabendo-me a salvo, nos braços do meu herói, caí num sono profundo.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo:
O regresso da paz.



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