O Feiticeiro Parte III - O Medalhão de Mu escrita por André Tornado


Capítulo 43
V.10 O sacerdote regressa.




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Toynara sentiu um arrepio. Voltava a casa.

Saiu das cavalitas de Ubo, a controlar a emoção avassaladora de contemplar novamente o Templo da Lua, mesmo que estivesse parcialmente destruído e envolto numa névoa maligna. Adotou a postura própria de um digno filho da Deusa Suprema da Noite e depois olhou para o rapaz.

No céu aconteceu uma explosão. Ubo apontou excitado:

- Estão a lutar. É Goten-san!

A tensão sacudiu-lhe o pequeno corpo esguio e musculado. Toynara percebeu como a energia crescia dentro de Ubo, acumulando-se sem que se conseguisse ver um limite. A ânsia dos guerreiros estava-lhe no sangue. Toynara observou-o em silêncio. Estava decidido a fazê-lo e atuou.

Ubo ia dizer-lhe que ficasse ali pois iria aproximar-se do combate, Goten-san podia precisar de ajuda. Travou-o com uma mão. Uniu dois dedos sobre a testa do rapaz, emudecendo-o. Tinha uma mente forte, mas ingénua e infantil, fácil de subjugar. O feitiço surtiu efeito imediatamente, Ubo não teve tempo para protestar ou escapar. Quando Toynara recolheu o braço, os olhos de Ubo fecharam-se e caiu, a dormir profundamente.

O seu destino morava no Templo da Lua e Toynara estava pronto para enfrentar o seu destino. Rumou para lá, decidido. Desde o dia em que acordara curado de todos os seus ferimentos, que sonhava com aquele dia. E preparara-se. Durante a estadia no Palácio Celestial, com toda a paciência, fortalecera-se na magia. Encerrara-se em si mesmo numa meditação própria, vagueara pelas sombras de um sítio longínquo e inacessível aos descrentes. Agora, achava-se finalmente pronto.

Entrou no pátio principal, os pés deslizaram pelas lajes negras. As ruínas do Santuário das Oferendas não o afetaram, nem a lembrança fugidia que o Salão da Luz estava feito em pedaços. Nada o distraiu.

A terra tremeu. Dos portões escancarados apareceu o amaldiçoado. A leitura do espírito dele mostrava que estava agitado, aterrorizado, encolerizado. Mas a frieza do rosto ocultava na perfeição esses sentimentos menores.

Encontraram-se. Toynara observou-o. O seu maior inimigo.

- Voltei.

As trevas e o mistério vibraram com a voz do jovem sacerdote. Ao longe, um relâmpago iluminou o céu e um trovão ribombou poderoso.

Os olhares eram vazios, mas carregados.

Zephir e Toynara não se mexeram, postados diante um do outro, no centro do pátio principal. O mundo deixou subitamente de existir e ficaram apenas os dois sacerdotes do Templo da Lua.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo:
Escapando do pesadelo.



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