O Feiticeiro Parte III - O Medalhão de Mu escrita por André Tornado


Capítulo 32
IV.5 O Olho do Dragão.




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- Digam-me lá outra vez o que é que tenho de fazer.

O velho aclarou a garganta, amparou-se no cajado de madeira escura, agitou o tufo de ervas e de fitas coloridas num ato purificador. Goku esforçou-se para não fazer uma cara aborrecida. Os dois homens atrás do velho erguiam-se altivos e sérios e não pareciam tolerantes a faltas de respeito para com o chefe da aldeia. O velho repetiu:

- Forasteiro, se pretendes o Olho do Dragão, terás de passar pela prova da Gruta Milenar, enfrentar a Besta dos Infernos e resgatar dos confins da terra a Joia Azul. Os nossos deuses são exigentes, gostam de oferendas. O Olho do Dragão está no templo que lhes consagramos. Se o vens buscar, deverás provar que és digno de te substituir aos deuses.

- Mas eu não quero substituir-me aos vossos deuses – alegou Goku.

A expressão do velho era de intransigência. Goku considerou que o melhor seria aceitar o desafio do chefe da aldeia. Estava esfomeado, viajara uma noite inteira, dormindo apenas alguns minutos de madrugada e não podia perder tempo. O radar indicava-lhe que havia outras bolas de dragão por perto.

Acenou que sim e anunciou resoluto:

- Aceito a prova da Gruta Milenar.

O velho agitou mais uma vez o tufo de ervas e de fitas coloridas e depois deu ordens aos dois homens para o levarem até à gruta.

- Boa sorte, forasteiro.

Goku agradeceu com um sorriso.

- Arigato!

Os três subiram por um caminho íngreme. Pararam assim que chegaram a uma abertura escavada numa parede rochosa. Goku espreitou o buraco. Era estreito e descia a pique numa escuridão medonha. Do interior vinha um bafo quente, a respiração da tal Besta dos Infernos.

- A Gruta Milenar – anunciou um dos homens.

- Estaremos aqui à tua espera, forasteiro – disse o outro.

Goku fez alguns movimentos para aquecer os braços. Estava confiante. Não seria um animal monstruoso que iria fazer-lhe frente. Curioso, perguntou:

- Tenho de trazer a Joia Azul, não é assim? Já houve alguém que a tentou trazer?

- Hai. Muitos antes de ti, forasteiro. Mas nenhum superou o desafio. A Besta dos Infernos é invencível.

- Hum… Interessante.

Sem medo, Goku entrou na gruta, atirando-se para o poço escuro. Fê-lo sem pensar mas, à medida que descia e que ficava cada vez mais escuro, começou a perguntar-se se não teria sido demasiado impulsivo. Pois se não via um palmo diante do nariz, como iria ele encontrar a Joia Azul?

Todavia, assim que alcançou o fundo e a sola das botas embateu no chão rochoso, as formas agrestes de uma passagem recortaram-se num ar pesado e claro.

- Que estranho! – Murmurou. – As pedras brilham.

As palavras ecoaram. Cobriu a boca com ambas as mãos, resolvendo não falar mais para não alertar a Besta dos Infernos.

Começou a percorrer a passagem com cautela. Apesar de conseguir vislumbrar o caminho, apalpava a parede ao seu lado esquerdo, como se precisasse de sentir que aquele lugar existia, de facto. Chegou a uma câmara recortada em estalactites e estalagmites, fazendo lembrar a boca dentada de um monstro. Olhou em volta e descobriu, num recesso da gruta uma safira enorme, do tamanho de um punho fechado. Descobrira a Joia Azul. Retirou-a da parede ao fim de um par de puxões.

Um ronco saiu das entranhas da gruta. Goku concentrou-se, enquanto guardava a safira na túnica do dogi. O ronco era compassado como o respirar de um animal. Preciso e intimidante. Vinha do fundo da gruta, onde a peculiar claridade das rochas da passagem desaparecia. Esperou, olhando para todos os lados.

O chão tremeu, num estremeção curto e intenso que provocou a queda de uma estalactite mais instável. Goku recuou, saindo da gruta. Girou e desatou a fugir pela passagem, almejando o poço escuro que o levaria até à saída daquele lugar estranho.

Nisto, uma acalmia. Arrepiou-se. O silêncio precedia sempre uma catástrofe.

Então, aconteceu a fúria de um tremor de terra contínuo. Olhou para trás e viu uma língua de fogo a irromper na sua peugada. Um mar pastoso, vermelho e abrasador entrava perigosamente na passagem, ameaçava inundar o poço.

- Lava! Estou dentro de um vulcão. Então, é isto a Besta dos Infernos?

Impulsionou o corpo e saltou para vencer a distância que tinha descido anteriormente. Quando saiu para o exterior já não encontrou os dois homens que o tinham acompanhado.

A rocha líquida e borbulhante subia rapidamente pelo poço. Para impedir que a lava atingisse o exterior, disparou um raio. Houve uma explosão, o poço desmoronou-se, transformou-se em escombros. A lava perdeu o ímpeto e recolheu-se para o sítio de onde viera.

Desceu o caminho até à aldeia, sacudindo o pó da túnica, respirando o ar fresco da manhã. Junto à casa do chefe, os dois homens riam-se, provavelmente escarneciam de mais um infeliz que não tinha superado o desafio da Gruta Milenar. Quando o viram aparecer, emudeceram.

O velho recebeu a Joia Azul com admiração. Disse que nunca tinha conhecido ninguém tão corajoso. Trocou-a pelo Olho do Dragão e Goku agradeceu sorrindo quando recebeu a bola de dragão de seis estrelas. Despediu-se do velho e partiu. Antes de abandonar definitivamente aquela aldeia dos confins do mundo, recebeu deliciado uma cesta com fruta e bolos que uma jovenzinha acanhada lhe foi entregar, instigada pela mãe que espreitava atrás da gelosia da casa. Devorou o conteúdo da cesta em menos de um minuto.

De estômago confortado e a afastar-se do sítio a voar, espreitou o radar do dragão. Carregou no botão com o polegar para aumentar a escala, deduzindo que a próxima bola de dragão estaria muito longe dali. O que o radar lhe revelou deixou-o boquiaberto.

- Três bolas de dragão juntas?

Sorriu. Com as duas bolas que tinha, faziam cinco.

- Ah, Vegeta está a trabalhar bem. Já conseguiu encontrar três bolas de dragão. Mas… o que fará ele do meu lado? Devia estar para leste. – Pensou um pouco e concluiu: – Hum!... Se calhar, não haviam mais bolas de dragão a leste e veio para onde o radar indicava que estariam mais. Isso quer dizer que nos vamos encontrar e que a busca está quase a chegar ao fim. Iremos procurar juntos pelas duas bolas de dragão que faltam.

Uniu dois dedos na testa, a preparar a Shunkan Idou, mas desistiu.

- Não. Vou ter com Vegeta a voar. Apetece-me um pouco de exercício…

Para ser mais rápido, transformou-se em super saiya-jin e iniciou a viagem.

***

As gotas de suor deslizaram pela testa de Piccolo. Engoliu em seco. O que ele via no mundo inquietou-o.

- Não… Masaka… É impossível!

Dende percebeu-lhe o incómodo. Alguma coisa de grave acontecia. Quis saber.

- Piccolo-san?

- Zephir.

- Zephir?

Toynara, que meditava sentado junto aos canteiros, levantou-se imediatamente. Fixou-os sério.

- Vou para o Templo da Lua antes que seja tarde – anunciou Piccolo. O suor pingou-lhe do rosto.

- Antes que seja tarde? O que é que se passa?

- Zephir também procura as bolas de dragão.

- Nani?

Piccolo saltou para o vazio. O grito de Dende foi inútil:

- Piccolo-san, espera… Piccolo-san!!


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo:
A bola de dragão de sete estrelas.



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