A Filha Perdida escrita por ACL


Capítulo 17
A punição


Notas iniciais do capítulo

I'm sooooooooooooo sorry de ter feito vocês esperarem tanto por esse capítulo.. É que minhas aulas voltaram dia 5 e eu tô estudando feito uma condenada, sem tempo pra postar... Mas enfim, não abandonei vocês.
Espero que vocês gostem e lamento informar que a fic está perto de chegar no final...
(OK, isso /\ foi só pra angustiar vocês, não está tão próximo assim do fim...)



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– Vocês não podem ficar impunes – grita o Sr.D.

Estamos na sala da Casa Grande, Dionísio não se deu ao trabalho de levantar-se e nos castigar no refeitório. Nos deu dez minutos para tomar banho e trocar de roupa (me escondi debaixo da mesa, mas ainda assim caiu comida no meu cabelo e na minha roupa) e ir para a Casa Grande. Faz meia hora que está pensando em qual punição nós merecemos (já que o chalé de Hermes ficou com os pratos, os banheiros e as roupas) e tagarelando sobre como o que fizemos é errado.

– O sótão – lembra Quíron, que passou essa meia hora pensando. – Faz muito tempo que ninguém tira a poeira de lá.

Nos dão materiais de limpeza e dizem que separaram o sótão em dois lados, para que cada um arrume um, mas separados. Primeiro eu vou e depois ele.

Subo as escadas e a cada degrau, o cheiro de mofo fica mais forte. Entro e realmente o sótão está dividido em dois por uma fita preta separando o meu lado do lado de Jake.

O sótão é cheio de velharias, como troféus, pedaços de monstros, armaduras e armas antigas, além de fotos espalhadas pelas paredes. O que tem de mais surpreendente e estranho no sótão é a múmia. Ok, eu sei que é o Oráculo de Delfos, portador das profecias de Apolo e tal... Mas parece uma múmia, desculpa.

Termino a faxina bem rápido, acostumada a “zelar pela ordem” do orfanato. Me pego olhando para uma foto antiga, que está próxima à escada. Três adolescentes, uma garota e dois meninos estampavam um sorriso no rosto. As vestes mostram que eles viveram mais ou menos na metade do século passado. O menino mais alto, e claramente mais velho, me chama a atenção. Com olhos pequenos, em formato de amêndoa e o nariz levemente arrebitado, ele lembra... meu avô.

As peças se encaixam, ele era um semideus.

Vejam só: eu não sou burra. Um pouco inocente, com certeza, mas eu penso nas coisas. Claro que eu já cogitei a ideia de vovô ser um semideus. Mas eu afastei essa ideia, parece estranho (para não dizer nojento) o filho de um semideus ter um filho com um deus.

Mas essa foto planta em mim uma semente forte da dúvida. Sim, é meu avô na foto. Bem mais jovem, mas é ele.

Pego a moldura e desço com ela. Chamo Jake e digo que terminei e digo para ele ir fazer a parte dele. Vou até Quíron e mostro a foto. Pergunto o nome do garoto que é meu avô.

– Jayme Campbell... O menino Jayme. Era um menino difícil. Muito seguro de si, era um perigo para os deuses. Filho de Poseidon. Foi morto logo após a Guerra, por causa do acordo entre os três grandes. Posso?

Ele está apontando para a foto, querendo olhá-la. Dou a moldura, sem pensar duas vezes.

– Era muito inteligente – continua. – Desculpe-me a curiosidade, mas porque você quer saber?

– Ah, nada, é que ele parece um menino que estudou comigo quando eu era pequena... Mas o nome não é Jayme nem nada...

Não sei porque menti. Acho que não quero que ele saiba que meu avô viveu mais de sessenta anos, já que isso desafiava o desejo dos deuses.

Ele acena com a cabeça, como se dissesse que sim e eu penso que é a deixa para sair. Vou até a porta, mas Jake desce as escadas pálido e ofegante.

– O oráculo – anuncia – falou.


Quíron chamou Jake e os concelheiros de cada chalé para uma reunião sobre a nova profecia. Não estou inclusa no grupo, claro. Jake pediu para eu não me preocupar, porque ele vai me contar tudo depois.

Não tinha como discutir, então, fui para o chalé de Hefesto, onde espero ansiosa, na minha cama, fazendo nada. Jessica e Marly tentam conversar comigo, mas eu não estou prestando atenção. Elas aceitam isso, não fazem questão de que eu fale.

Conversam coisas que qualquer adolescente americana conversa com as amigas, como estratégias de batalha para o capture a bandeira, reclamando sobre como é chato fazer a manutenção de armaduras gregas ou dizendo que é complicado aprender o grego antigo.

Eu estou pensando no meu avô. Em como deve ter sido complicado para ele viver como semideus na década de 1940, quando ele tinha minha idade. Principalmente com a parte de “você não deveria existir”.

Lembro de Elius, já que ele disse isso. Lembrar dele me deixa feliz e triste ao mesmo tempo. Me deixa feliz porque eu gosto dele. Gosto de cada momento, desde que ele me “adotou” até o momento em que ele se abriu para mim sobre a irmã, dizendo coisas que ele nunca disse a ninguém. E esse é exatamente o motivo que me deixa triste, já que ele está me evitando. Elius se escondendo de mim dói, e muito. Sinto falta do meu primeiro e melhor amigo bobo e ciumento. Ok, talvez não tão bobo assim.

Penso muito. Passo horas pensando e concluo que a vida de semideus é difícil. Mas, ainda assim, é melhor que ser uma órfã quase milionária e solitária, tendo que cuidar de um irmão mais novo, cujo o único objetivo na vida é pegar o dinheiro que você tem direito, mas não pode administrar por ser menor de idade e continuar cuidando do irmãozinho, que é o que eu estava me tornando.

A reunião demora demais, não estava brincando quando disse que passei horas pensando. Estou tamborilando os dedos na borda da cama e balançando as penas. Vez ou outra, vou até a porta do chalé e procuro Jake ou mesmo Austin ou Rose ou qualquer outro conselheiro.

Austin e Jake aparecem quando minhas unhas desaparecem, de cara fechada.

Jake vem em minha direção e eu o abraço. Ele me surpreende com um beijo tímido e rápido*, na frente de alguns dos meus irmãos, me fazendo ficar vermelha.

– Vamos para o lago – sugere.

Afirmo com a cabeça. O lago é o nosso cantinho.

Antes de sair, olho para Austin, mas ele não demonstra emoção. Ele já me disse que está ao lado de Elius, mesmo discordando com a forma que Elius está me tratando. Ele também não gosta de Jake, mas é menos duro.

Jake e eu andamos até o lugar que sempre ficamos no lago e assim que eu sento, ele começa a falar.

– Seu irmão vem para o acampamento.

Meus olhos se arregalam.

Então, Jay é um semideus. Claro que eu já pensei nisso, também. Mas não é uma coisa que eu deseje para o meu irmão mais novo, mesmo que eu tenha dito que é melhor ser semideusa que órfã. Mas eu era sozinha e tinha uma responsabilidade muito grande e Jay não tem esse problema. E é totalmente estranho, três semideuses na mesma família.

– Quando?

– Quando eu for buscá-lo.

– E eu vou te acompanhar, claro...

– Que não! – ele interrompe e continua, antes de me dar tempo de discutir. – É uma missão perigosa, Mel. Você não está pronta.

E não estou mesmo. Estou aqui a menos de dois meses. Treinei com espadas, adagas, arco e flecha, até arma de fogo e luta corpo a corpo, mas nada resolveu. Sou péssima, assim como sou péssima em forjar. Dizem que é normal, que depois de um tempo eu aprendo a lutar, mas eu sei que não, que é mais uma anomalia minha.

Isso me irrita profundamente, vou ter que abandonar meu irmão. Tudo bem, eu estou apaixonada por Jake e confio nele, mas mesmo assim, é meu irmão.

Tudo bem, eu vou dar um jeito de ir.

– E a profecia? – pergunto.

Ele respira fundo antes de recitar.

Você vai encontrar a solução para a guerra que vai começar

E antes do seu início, a guerra pode terminar.

A mulher de pedra verá

Você nas mãos da herdeira de Posidão.

Mas cuidado com a filha perdida

Ela será sua perdição.


Eu! A profecia se refere a mim, claro. Eu sou a herdeira de Posidão (um dos nomes de Poseidon), já que meu avô é filho dele e, bem, eu sou herdeira do meu avô.

– Jake –digo, olhando nos olhos azuis dele. – Eu vou nessa missão! Eu sou a herdeira de Poseidon.


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Notas finais do capítulo

*É o que vocês chamam de selinho, mas eu acho esse nome muito vulgar.

Então, desculpem a bosta de profecia... Não sou a Rachel :)

E o que acharam do capítulo?
Sério, desculpem a demora a postar ~pedindo de joelhos...



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