Não Vai Embora, Vou Morrer De Saudade escrita por Koya


Capítulo 1
Único.


Notas iniciais do capítulo

Bem levinho. Desculpem possíveis erros, boa leitura!



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Milo viera o caminho de volta inteiro calado. E Camus sabia que isso não era uma boa coisa. Pois uma hora o loiro ia falar. E quando essa hora chegasse, ia falar muito, sem parar, sem respirar. Até que não sobre mais um rastro de ar em seu corpo, e finalmente parasse. Estacionou o carro na garagem e massageou as têmporas quando o loiro bateu a porta do carro e saiu marchando. Foi á passos lentos até a porta da casa, encontrando o loiro tirando seus sapatos e jogando-os por qualquer canto da casa. Fazendo o mesmo com o casaco, e até com as calças. Camus balançou a cabeça negativamente e tirou seu casaco, pendurando-o.


– Queria que você fosse pelo menos mais simpático sabe, são os nossos amigos! Qual o tipo de pessoa que não dá um sorrisinho para os amigos em um jantar totalmente amigável? E, pelo amor dos deuses, Camus, pare de me olhar assim, sabe que eu estou certo... Dessa vez. Kanon fez centenas de piadas e você riu de alguma? Claro que não. Ao menos, quando não se gosta de uma piada, deve se dar um sorrisinho simpático. É regra de convivência em grupo. Vou parar de sair com você, francês metido.


– O meu tipo de pessoa – respondeu Camus, tirando os sapatos. – E é claro que eu dou sorrisos, não seja infantil.


Milo elevou o olhar até o ruivo, demonstrando toda a sua fúria.


– Aaaah sim, agora eu é que sou infantil.


– Sim, você é.


– Não, você que é!


Camus deu de ombro e subiu as escadas.


– Não me deixe falando sozinho, Camus!


Milo subiu atrás de seu amor impossível e continuou falando:


– Você tem estado incrivelmente chato esses dias. O que há de errado?


– Milo, você reclama disso sempre. Porque simplesmente não deixa essa casa? Mas que coisa...


Camus estava blefando, é claro que estava. Sempre blefava quando o assunto era ter o loiro longe de si. Mas sabia que essa era a única maneira de mantê-lo calado e pensativo por pelo menos uns dez minutos. Sabia que era crueldade, mas tinha tido um dia cheio no trabalho, estava com dor de cabeça e foi obrigado a compartilhar um vinho ruim com pessoas que apesar de companheiras, eram barulhentas.


– Se não queria sair, era só ter me falado, Camyu...


– Eu falei. – disse o ruivo, entrando no banheiro.


Milo tinha ficado realmente magoado. Desde quando pessoas apaixonadas agiam assim umas com as outras? Claro, sabia que não era a pessoa mais fácil de conviver. Mas fora Camus quem o havia chamado para morar junto consigo. O ruivo sempre dava dessas. Sempre.


– Entendi... Camyu... – Milo sussurrou isso em um tom incrivelmente baixo, até para um sussurro. Vestiu seu pijama e esperou sentado na cama.


Camus, após o banho, foi vestir suas roupas. Viu Milo olhá-lo de forma diferente. Geralmente, quando saía pelado do banho, Milo o olhava de forma desejosa, até irresistível. Mas dessa vez, o loiro mordia o lábio inferior de forma insegura, e triste.


O loiro foi até o banheiro escovar seus dentes e se aprontar para dormir. Quando voltou ao quarto, Camus estava deitado, lendo um livro. Camus estranhou quando o loiro deitou-se, sem dizer uma palavra e virou para o lado oposto em que se encontrava. Já haviam se passado dez minutos, porque não estava falando?


– Milo? – chamou baixo.


– Estou cansado, Camus. – Camus? Não Camyu? – Durma bem.


Camus não insistiu. Ia ferir muito o seu orgulho se insistisse nos mimos do loiro. Ele estava sendo infantil e teria que perceber isso sozinho.


x-x-x


– Oi Dite, desculpe te ligar essa hora.


– Amigos não tem hora, Milinho. Chore. – respondeu Afrodite, um pouco sonolento.


– Eu... Vou deixar o Camy... Camus.


Afrodite permaneceu um pouco calado.


– Milinho... Tem certeza? O que aconteceu?


Milo deixou algumas lágrimas descerem sua face, e soluçou um pouco.


– Certeza, Dite. Ele me mandou sair daqui, como sempre.


– Você sabe que ele está mentindo – respondeu Afrodite, quase imediatamente.


– Eu sei? Talvez. Mas acontece que eu estou cansado, Dite. Exausto. Que porra de sentimento é esse que ele sente? Francês maldito. Broxa!


– Broxa mesmo? – perguntou Afrodite, curioso.


– Pior que não...


– Amor da minha vida, não chore! Olhe... Quer viajar comigo? Pode vir pra cá agora, se for o caso. Eu disse, não disse? Carlo quer que eu vá para Itália. Nona pra cá, nona pra lá. Essa avó dele deve ter doce.


– Não Dite... Eu só liguei para desabafar mesmo. Talvez eu vá para a casa do Shaka.


– Shaka? Sério mesmo? Com o Ikki gostosão lá? Ele vai chutar sua bunda em um instante, loiro. Não seja teimoso, venha para minha casa. Compro sua passagem pela internet agora mesmo.


– Eu não...


– Milo! Já fui pra cama com você, não me venha com essa de “não quero incomodar”. Já passamos dessa fase e você já me acordou quatro horas da manhã. Se não vier, vou aí e faço um escândalo que esse francês vai pular da cama em um instante. Você sabe que eu faço isso Milinho. Beijos.


– Afrod... – Milo estava falando com o nada, Afrodite já havia desligado em sua cara.


Talvez não fosse uma má ideia passar uns tempos com os parentes do Mask. Depois resolvia o que faria da vida. O que faria da vida independentemente, sem Camus.


x-x


Após meia hora de muito cuidado e silêncio, a mala de Milo já estava pronta. Não havia colocado todas as suas roupas, ia dar trabalho demais. Compraria mais na Itália, dependendo do tempo que passasse. Recebeu em seu celular algumas ameaças de Afrodite como: “Estou treinando meus gritos, te dou mais meia hora”.


Deixou um bilhete em letras simples, que dizia:


“Acharei meu rumo. Você poderia ser broxa, não é? Sentiria menos saudade.

Não podia deixar a piada passar. Um... Abraço, Camus.
Milo.”


Milo saiu apressadamente e chamou um táxi. Não teve coragem de olhar seu amante dormir, sabia que acabaria pulando nele. Foi até a casa de Afrodite.


– Um bom amante à casa torna – respondeu Afrodite, abraçando Milo com todas as suas forças.


– Aaaah, que saudade – disse Milo, dando um meio sorriso. – Essa casa me lembra faculdade.


– Minha cama me lembra faculdade... – respondeu Afrodite, arrancando um sorriso do loiro.


– Você nunca muda, não é? – respondeu Milo, se jogando no sofá.


– Não, meu rosto de Miss continua o mesmo, pra sempre.


Os dois amigos riram bastante. Choraram também, quando Milo bebeu seu sétimo copo de vinho e começou a se lamentar.


x-x


Camus acordou e estralou o pescoço, sentindo seu corpo revigorado. Quando olhou para o lado, Milo não estava lá. Estranho, era sábado e o loiro nunca acordava cedo no sábado. Desceu as escadas com medo de encontrar algum tipo de estrago na casa, algo não cheirava bem. Viu que as roupas e os sapatos de Milo não estavam mais jogados no chão.


– Muito estranho...

O francês voltou até o quarto, pretendendo achar o loiro no banheiro, escondido no armário, que fosse. Achou, porém, um bilhete. Algo dizia que aquele bilhete não trazia um “bom dia, meu amor” ou algo do tipo. Estendeu sua mão devagar e leu aquele bilhete escrito na madrugada. Sentiu seu queixo cair um pouco e seus olhos arregalarem. Não podia ser verdade.


– Merde...


Camus foi até seu celular e ligou para Milo. Viu o que o telefone do mesmo se encontrava jogado na cama. Camus se sentou e deixou a cabeça cair para trás.


x-x


Dois dias se passaram até que Camus recebeu uma mensagem em seu celular. Era do Afrodite, dizendo onde estavam. Nessa mesma mensagem, o amigo dizia para que Camus esperasse um pouco se estivesse pensando em ir atrás do loiro, ele ainda estava muito chateado.


– Esperar... Ah, vou sim! – disse Camus, para si mesmo, arrumando apressado uma pequena mala.


x-x


– NONA! – Reclamou Máscara da morte, quando sua avó enchia seu namorado e seu amigo de mimos. – A senhora está esquecendo de mim.


– Olhe o seu tamanho! – reclamou a senhora. – Não acha feio fazer manha, per favore!


– Noooooona! – choramingou Máscara, seguindo a senhora até a cozinha.


– Quem parece o ativo? – perguntou Afrodite, sorrindo.


– Você, de longe! Isso é preocupante... – respondeu Milo, sorrindo.


– Aaaaah, vou virar uma bola nesse lugar!


A campainha tocou, e Milo foi atender, avisando a Nona para não se incomodar.


– Bom di... Camus?


– Você está brincando comigo, não está? Loiro crétin.

Não, eu não estou, francês idiota.

– Epa! Respeitem a minha Nona, vocês! – disse Máscara, aparecendo na porta da cozinha. – Camus? Onde é a festa que eu não sei ?


Aqui é que não é! – Respondeu Afrodite, indo para a cozinha.

Camus arrastou milo até o hotel em que estava hospedado, jogando-o na cama.


– Não sou mais nada seu! Me deixe em paz... – pediu Milo, fitando o chão.


Camus andou em passos firmes até a cama, empurrando as costas do loiro e caindo sobre o mesmo. Bateu bruscamente seus lábios nos dele e ouviu um gemido de dor.


– Foram só alguns dias... – respondeu Milo, quando Camus se afastou um pouco para olhá-lo.


– Já notou o furacão que você é? Dois dias fazem falta.


– Está dizendo que sentiu saudade? Mesmo? – perguntou o loiro, sorrindo.


– Mesmo, loiro cretino.


– Camus... Eu não quero que sexo seja como perdão. Você me magoou. Já contou quantas vezes me mandou para fora de sua casa? Porra, sou uma pessoa sabe ? Não um cachorro.


– Tem certeza?


– Não brinque comigo Camus... Eu te amo, mas não posso ser tratado assim.


– Milo – chamou Camus, olhando dentro dos olhos do loiro. – escute. Eu também te amo. Você sabe qual é o meu jeito e eu estava realmente irritado.


– Mesmo assim...


– Mesmo assim... – continuou Camus. – Eu não devia ter falado daquele jeito com você. Pardon, Milo.


– Você... esse sotaque... Você... Ah, esquece!


Milo puxou seu amor para si, devorando seus lábios. Camus desceu até o pescoço do loiro e deixou marcas que certamente seriam muito sugestivas.


– Ah, você poderia ser assim todos os dias, não é?


– Milo... Você fala demais.

E Camus sorriu, abraçando o corpo de Milo e sentindo seu calor, seu cheiro.


– Não faça mais isso, é sério.





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Notas finais do capítulo

Opiniões sempre muito bem vindas! Espero que tenham gostado.
Até a próxima, beijos!