A Mediadora - Apocalipse escrita por Julia Cecilia


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

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Capítulo 12

Paul estava com todas as cartas na mesa. Meus pensamentos me dominaram enquanto vestia a primeira roupa que via pela frente.

  Não fazia sentido algum, por que Paul Slater haveria de ser amigo de Jesse na altura do campeonato? Por que de algum modo, nem eu, nem mesmo Jesse havia percebido o que estava acontecendo? Os desmaios, as conversas. Por que eu nunca percebi o que estava acontecendo? Então era como se alguém tivesse batido com um martelo na minha cabeça, finalmente fez algum sentido, e tudo ficou claro, o porquê de Paul ser tão amigo de Jesse. O porquê de seu aproximamento. Paul estava usando Jesse, esse era o óbvio. Aonde mais haveria de ver o maior inimigo da face da terra ser seu amigo de noite para o dia? Os desmaios, aqueles fantasmas colocando aquelas mãos na cabeça de Jesse, por que eles não apareceram mais? Eu estava cega, cega diante do fato de Paul querer mudar algum dia, Paul era o único culpado de minha vida virar um inferno.

Eu corri através do quarto, e entre um passe e outro, pulei a janela do meu quarto. Todos estavam em seus perspectivos lugares na cozinha, não podia sair pela porta da frente, não por que todos iam me fazer perguntas para onde estava indo, sendo assim, passei pela garagem e peguei o primeiro carro que me veio à frente, mas não era o Rambler ou mesmo o Ford Edge, e sim, o carro da minha mãe. Coloquei a chave na inguinição e acelerei. Não me importava com o que iriam pensar de me verem saindo tarde da noite. Não interessava a bronca que iria ganhar quando chegasse em casa. O que importava era impedir Paul de fazer algo com o Jesse. Meu coração estava batendo tão rápido por conta dessa história.

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 Diego. Feliz Diego, o homem que tinha matado Jesse, porque a noiva dele, a odiosa Maria, pediu para ele, ela queria se casar com Diego, um traficante de escravos e mercenário, ao invés do homem que o seu pai havia escolhido para ela se casar, seu primo Jesse. Mas Jesse nunca chegou ao casamento, isso por que ele foi morto no caminho por Feliz Diego, embora naquela época, ninguém soubesse disso. Seu corpo nunca foi achado. As pessoas - até da família do Jesse - Acharam que ele tinha escolhido fugir ao invés de se casar com uma garota que não o amava. Maria então se casou com Feliz, e eles produziram uma grande quantidade de crianças que mais tarde se tornaram assassinos e ladrões. E, não há muito tempo atrás, o pai deles, me fez uma visitinha. Quando Paul tentou impedir Diego de matar Jesse, matando Diego ele mesmo, só que ele falhou, eu voltei ao passado, e sem querer, trouxe o corpo de Jesse para o futuro, sua alma se encontrou com o corpo, e o Jesse viveu. Desse tempo pra cá, vivemos a ilusão de Paul ter virado outro, e, acabado com seus planos para deter Jesse. Só que estávamos errados. A mente de um pilantra não se muda tão facilmente, hoje, Paul estava confundindo a cabeça de Jesse para, fazê-lo voltar por conta próprio para sua antiga vida.

  Bem, eu não tinha tanta certeza de onde eles poderiam estar, ou se mesmo Jesse ainda estava lá, mas meus instintos me levaram para a casa de Jesse, mas não que eu soubesse, sabia, vagamente, daquela vez que fui com o Paul, mas não prestei muita atenção no caminho naquele dia, mas enfim, corri contra o tempo. Se eu estava certa, Paul haveria de ter que voltar com sua missão cumprida. E quando ele chegasse... Bem, ele iria aprender muito bem sobre dor, disso eu tinha certeza. Por que dessa vez, eu estaria pronta para ele. Eu não sei quanto tempo se passou enquanto eu estava lá, naquele carro arquitetando a minha vingança contra Paul Slater. A morte seria bom demais para ele, claro. Uma eternidade como fantasma - flutuando pra lá e pra cá, desta dimensão para a outra - era o que combinava mais com ele. Dar um pouquinho do gosto de como tinha sido para o Jesse todos esses anos. Isso ensinaria a ele...

Eu poderia fazer isso também. Eu poderia puxar para fora do corpo sua alma e de tal forma que ele nunca pudesse retornar...

... Dando seu corpo para outro alguém. Outro alguém que merecesse uma segunda chance de viver novamente.

 Jesse.

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As pequenas bolhas em branco na minha frente borraram conforme meus olhos se encheram de lágrimas.

 Mas... Mas se Jesse havia sumido, como eu me lembrava dele? Do seu cheiro, seu toque, seus olhos castanhos...

 Mas como eu poderia ajudar? Aqui estava eu, correndo para a casa do meu namorado que estava sendo abduzido pelo passado, e eu, não podia chegar a tempo. Meus olhos se encheram de lágrimas. Poxa, era o meu Jesse, meu Jesse! Paul não podia ter feito isso, não podia! Quando de repente uma coisa, não sei como, mas, senti um aperto em meu coração

 - aah - gemi, meu coração doía muito. O que poderia estar acontecendo comigo?

 Sabe quando você vai ao médico e eles te medicam um remédio? Eu só precisava disso! Eu tinha que ir ao médico. Minhas mãos olhei, para elas, como estavam bonitas naquele luar. As janelas dos bancos traseiros do carro reluziam a imensa lua que estava no céu. Como ela estava brilhante. Eu não sabia muito bem para onde estava indo, mas minha consciência disse que eu deveria parar o carro. Desci, no luar, unhas vermelhas pareciam pretas. Mas não que eu não gostasse de preto. Preto era excepcionalmente minha cor preferida, No Brooklin, era costume toda sexta pintar minhas unhas de preto, eu gostava de preto, eu vestia preto, eu amava preto, só depois que me mudei para Califórnia não usei muito preto igual usava antes. Mas é sério, eu gostava de preto. Minhas mãos bateram a porta do carro, e eu fui guiada por uma força mais forte que eu. Era uma porta, eu não sabia o porquê de ter batido nela, eu não sabia de quem era aquela casa, mas a porta estava aberta, então eu entrei. Era uma sala bem pequena, mas, alguma coisa me dizia que aquilo me era familiar, o banheiro, o quarto. Meus pés me guiaram, mesmo não querendo, me vi dentro da casa, meus pés me guiaram até a sala, eu estava quase sentando ao sofá, mas um barulho me atraiu, eu estava no quarto, onde havia uma cama, um criado mudo, e um guarda-roupa.

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 O que eu não esperava realmente era ver um cara, minha idade, mais de um metro e oitenta e pele bronzeada, com cabelos castanhos encaracolados e olhos azuis como o oceano longo além do campo de golfe do Pebble Beach Hotel and Golf Resort à minha frente.

 Levei minha mão à testa. Estava quente. Mas eu sabia que não estava com febre. Por que eu me sentia tão quente? Estava fresco na passagem da porta de entrada. Era ele? Era o Paul que estava fazendo com eu me sentisse assim? Sua aproximidade estava tornando difícil respirar. Agora Paul estava tão perto de mim que seu peito roçou a frente do meu suéter.

 - Que tal tentar de novo? - Perguntou ele. Sua boca moveu até estar a uns dois centímetros da minha - Uma pequena experiência?

 Eu havia abrido minha boca para dizer algo, mas não consegui terminá-lo, por que bem no meio dele, Paul se inclinou e me beijou.

  Foi um beijo bom, foi só que eu, você sabe, Paul beijava muito bem. A verdade é que foi meio difícil lembrar se eu desprezava Paul ou não. Pelo menos enquanto ele me beijava de modo tão completo. Quero dizer, não é todo dia que tem um gato me agarrando e me beijando sem mais nem menos. Na verdade isso só havia acontecido um punhado de vezes. E quando Paul Slater fez isso... Bem, só digamos que a última coisa que eu esperava era ganhar um beijo de Paul em pleno quarto que eu não fazia idéia de quem fosse de repente fosse dele, devia estar cansado de morar com o seu avô, o Dr. Slask. Era exatamente assim que Paul me deixava sentindo. Como se fosse capaz de fazer qualquer coisa - qualquer coisa - para ser beijada por ele mais um pouco. Assim, o beijo de Paul fez com que eu sentisse vontade de passar o braço pelo seu pescoço e beijá-lo de volta-o que, no calor do momento, eu posso ter feito algumas vezes, e graças a eu ter encorajado-o com o beijo um pouquinho, metade de seu corpo terminou em cima do meu, pressionando-se na cama provavelmente amarrotando tremendamente o forro da cama. Então eu estava com uns oitenta quilos de um cara de 17 anos em cima de mim, e sua mão passava-se por baixo de minhas saias Calvin Klein, e isso não estava sendo nada bom para elas.                                                          Página 138

Não podia acreditar que isso estava acontecendo. Não podia mesmo. O que Paul estava fazendo aqui? O que Paul estava fazendo naquela casa que eu conhecia vagamente? O que Paul estava fazendo nela? Não queria saber. Quaisquer que fossem seus motivos para estar ali, eu não queria saber. Só queria me afastar dali, ir para um lugar bem longe, qualquer um... Desde que longe dele.

 - Paul - eu estava chorando. Meus olhos espirravam lágrimas dentre o meu ombro.

 - Que foi? - Paul estava assustado com o meu grito.

- Me larga.

 - Qual é Suze - disse ele num tom de voz que, sinto muito dizer, pareceu carregado. De paixão, ou pelo menos alguma coisa.

 - Paul, me larga! - Falei tentando arrancar o pulso dos dedos dele e também manter o pescoço longe de sua boca. E de imediato, Paul saiu de cima de mim, foi para o lado direito da cama. Eu estava de pé, e fora da cama mais rápido do que você poderia falar atividade paranormal. E me mandei.

 - Suze! - gritou Paul do quarto - Volta aqui! Suze! - Não prestei atenção. Continuei andando. Meu coração estava partido, meus olhos estavam vermelhos. Depois desci a escada circular da porta da frente e liguei o carro.

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 Tudo bem, agora eu estava chorando, molhando metade das minhas saias Callvin Klein. Meus olhos doíam, era como se eu tivesse tomado uma pancada de um martelo no meu coração, ele doía como, câimbra, só que três vezes maior. Cabelo amarrotado, e eu não sabia por que eu estava chorando. Eu estacionei o carro a garagem, e entrei pela porta da sala. Não havia ninguém na casa, ninguém, subi as escadas e entrei no meu quarto. A brisa veio até mim, às janelas do meu quarto estavam abertas, e as cortinas mexiam, fazia frio, eu não sabia o que estava acontecendo.

- Padre Dom - Eu estava chorando - tem alguma coisa errada, por que eu estou chorando? Por que eu saí em direção àquela casa? O Paul estava lá e...

 - Suzannah, fique calma, onde você está? - A voz do Padre suou pelo telefone.

 - Eu to em casa Padre, vem logo. - Então ele desligou, enquanto as lágrimas caiam soltas pelo meu rosto. Cinco minutos depois, ele havia chegado, subiu as escadas e abriu a porta do meu quarto, e sentou-se ao meu lado na cama.

 - Padre eu juro, eu não sei por que estava indo para aquela casa, o Paul estava lá e... - Os olhos azuis dele olhavam para mim. - Me deu vontade, eu não sabia o que estava acontecendo, eu juro por isso eu fui embora, eu sabia que tinha alguma coisa errada, eu não sei o que era. - Meu coração estava batendo tão alto no meu peito, que eu não sei como ele não conseguiu ouvir - como ele não conseguiu ver o quão eu estava aterrorizada - Seus olhos azuis olharam para mim, sua expressão estava séria.

 - Suzannah, você ligou para mim, você disse que havia acontecido algo com o Jesse! - Minha expressão era trêmula.

  - Jesse... Jesse? Que Jesse? - Minha voz saiu pela metade, eu estava soluçando.

 - O Jesse - o Padre estava preocupado - mas, mas, como? O Jesse, você se lembra do Jesse? - Sua voz havia mudado, ela estava tão trêmula quanto a minha. - ele olhou para mim - Suzannah, você não se lembra? Do Jesse? - seus olhos estavam molhados.

 - Jesse... Que Jesse? - eu disse, enchendo de lágrimas meus olhos e olhando desanimada para ele. Eu me atirei em seus braços, molhando metade de blusa com minhas míseras lágrimas. O Padre Dominique havia me abraçado, ele não sabia o que eu estava passando. Incerteza, dor. Nós ficamos ali algum tempo abraçados, quando pensativo, ele disse:

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 - É claro! - ele olhou para mim - você não se lembra, pois foi você que voltou ao passado, é por isso que eu ainda lembro, eu não fui para o passado, a lembrança ainda existe dentro de mim, por alguns instantes.

 Eu queria começar a chorar de novo. Eu não podia acreditar em nada do que estava acontecendo. Eu sempre pensei no "Presente" como uma coisa ruim, mas nunca, nunca eu tinha odiado tanto o quanto eu odiava agora. Eu desejei que eu nunca tivesse ouvido falar de mediadores. Eu desejei nunca ter visto um único fantasma. Eu desejei nunca ter nascido. Padre Dom não disse nada durante algum tempo. A respiração dele tinha ficado bastante pesada que depois de um minuto ou algo parecido, ele disse, colocando as mãos em meu rosto, e olhando para mim:

 - Você gosta mesmo deste menino Suzannah? - Padre Dom perguntou finalmente.

 - Jesse? - Eu disse, mesmo não sabendo quem ele era, eu sentia o nome não me era estranho, Jesse não me era estranho, eu olhei para os olhos do Padre, meus olhos estavam vermelhos - Se eu choro tanto por uma coisa que, - eu estava pensativa - eu não sei o porquê aconteceu, - Era como se uma voz me dissesse algo atrás de mim, eu sabia a resposta - é por que eu o amo. - minha expressão estava desanimada. A cada segundo que se passava, ficava mais difícil de ler sua expressão, uma brisa fria entrou pelo quarto, as cortinas da janela se moviam.

 E então - não me pergunte como ou no que ele pensava por que, sinceramente, eu não acho que ele estava pensando - tudo veio à tona.

 - Suze, você ainda está coma miniatura do Jesse? Uma que tinha dado à sua noiva?

- MDS, sim eu tenho Padre, mas... - ele me cortou no meio da minha frase:

 - Onde está? - o Padre estava confiante de si.

 - Está aqui, mas... - eu retirei-a do meu bolso, eu não sabia o que ele queria dizer - o que você quer com ela? - ele apenas pegou-a da minha mãe. Ele caminhou através do quarto, e olhando para o ar, confiável, ele fechou seus olhos... Depois os abriu.

 - Suze, é á hora de fazer alguma coisa de útil em minha vida, - sua expressão era triste -

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 - Eu sinto muito Suzannah - ele disse, calmamente - eu sinto muito por tudo ter terminado desse jeito. E de repente, uma luz negra apareceu em volta do padre Dominique, ele estava... Voltando para o passado, ele estava voltando para o passado! Mas... Ele não podia, ele estava arriscando sua vida, segundo o Dr. Slask, você pode perder metade de sua vida voltando para o passado. Ele não podia fazer isso. E foi o que eu fiz, levantei-me da minha cama

- Padre! Não, não faça isso, sua vida está em jogo - em seguida eu agi, segurei-me em seu braço, mas era tarde demais. O padre estava concentrado, seus olhos não abriram com o meu grito, ele apenas desapareceu com a névoa em volta de si.

 E com isso, ele sumiu. Eu fiquei um momento lá, não fazendo nada, não pensando em nada. Então o verdadeiro significado das palavras dele começaram a penetrar. Eu o perdi. Perdi os dois. Como isso poderia ter acontecido? Eu estava me lamentando por alguém que eu nem ao menos conhecia! Era o padre que me importava. Por que Padre Dominique havia sumido. Era o fim. Eu poderia negar isto quantas vezes eu quisesse, mas a verdade era esta. Padre estava morrendo, diante dos meus olhos, e não havia nada, nada que eu pudesse fazer por ele. Era minha culpa. Minha própria culpa que ele se foi. Sentei-me na cama do meu quarto. Eu não podia ver, eu estava chorando. Não fora alto. Eu não queria que ninguém da casa chegasse e me visse. O que eu realmente queria, era minha mãe. Não, não minha mãe. Meu papai. Onde meu papai estava agora, quando eu realmente precisava?

 - Suzannah

                                                          Página 142

 Eu pensei na sua volta. O que pensaram quando não acharem o corpo do Padre, de o corpo está lá? Nada. Estava sem nada.

 Mas não por muito tempo.

Não por muito tempo.

 E no próprio tempo dele? O que foi que Sr. e Sr. O'Neill vão pensar? Eles não conheciam o Padre, o que iria acontecer? Não. Eles não tinham nenhuma maneira de saber que o Padre era do futuro, não do século 21, não mesmo. Eu senti uma mão em meu ombro. Ótimo. Alguém estava lá. Alguém estivera me vendo chorando. Legal. Deixe a menina ter um pequeno tempo para sofrer, e, por favor, vá?

 - Vá embora - eu murmurei, erguendo minha cabeça - você não vê que eu estou...

  Foi quando eu notei que, a figura ao meu lado estava brilhando.


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Notas finais do capítulo

Se está sem internet, e arrumou um bico, faça o download da série completa clicando neste link: http://themediatorseven.blogspot.com.br/ Me desculpem por sempre escrever (interet) kk,



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