Foi ai que me toquei.

Ele estava ali desde ontem.

Pensei em dar meia volta e volta para casa de Rose. Mas antes que eu pudesse me decidir, Edward me viu e deu um pulo, correndo em minha direção. A sua expressão era de algum totalmente apavorado.

– Ah Bella! – Ele tentou me abraçar, mas dei um passo para trás. Vi ele engoli seco – Eu estava preocupado com você... Você não apareceu ontem e

– Não preciso da sua preocupação! – Respondi interrompendo-o

– Bella, por favor! Podemos conversar?

– Não temos o que conversar. Vá embora!

– Você não pode me expulsar da sua vida! – Respondeu parecendo desesperado. Senti-me a pior pessoa do mundo naquele momento. – Você não pode!

– Foi você que me mandou ir embora! – Falei rispidamente. – Foi você que me expulsou!

– Bella, Tem coisas que você precisa saber! Aquela mulher não é importante, ela não é ninguém e

– Eu também não sou importante, certo? A garota que provavelmente é virgem, sem graça que você não quer nada sério! – Tentei falar baixo, ciente de que ainda estávamos no corredor do meu prédio.

– O que? – Ele gritou assustado, parecendo perplexo. – Como pode dizer isso? De onde você tirou isso?

– Dizer o que? – Avancei um passo na sua direção – A verdade? Vamos lá Edward! Está na hora de colocar as cartas na mesa.

Seus olhos estavam marejados. Eu quase acreditei neles. Quase. Apenas tentei me concentrar para não acontecer o mesmo comigo.

– Você só pode está brincando. – Falou em um sussurro angustiado. – Eu nunca...

– Nunca quis conhecer os meus pais? Eu sei.

Ele arregalou os olhos, parecendo surpreso. Demorou alguns segundos para responder.

– Você não sabe de nada...

– Então me diga o que eu não sei! – Pedi.

Ele me fitou por segundos. Minutos ou horas. Eu não sabia dizer. De repente saiu da minha frente e entrou no elevador. Mas não saiu da minha vista antes de dizer deixando-me perplexa:

– Eu amo você.

•••

– Ele disse que me ama. Ele é maluco ou acha que pode conquistar qualquer uma com essas palavras. Conhecemos há tão pouco tempo e ele fala isso? – Desabafei depois de lhe contar toda a história.

– Acho que você deve ir atrás dele. – Rose falou enquanto bebia café, sentada no meu sofá.

– O que? – Perguntei como se não tivesse ouvido direito.

– É. Acho que você deveria ir atrás dele.

– Você só pode está brincando. – Será que ela havia escutado tudo que eu havia dito?

– Não estou mesmo. Ele é inocente. Meu instinto diz isso.

– É incrível como você o defende sem ao menos conhecê-lo.

Ela suspirou, colocando a xícara de café sobre a mesinha de centro, para depois se aconchegar melhor no sofá.

– Só falei o que eu acho.

•••

A biblioteca naquele sábado estava bastante movimentada por jovens. Todos eles ocupavam as mesas, lendo os seus livros. Provavelmente estavam estudando, o que me deu certa invejinha por não estar fazendo o mesmo. Combinei comigo mesma de que no próximo ano eu começaria. Eu faria qualquer coisa, mas não deixaria os estudos em ultimo plano.

Talvez eu fizesse letras. Ou algo parecido.

– Com licença, você poderia me informar onde ficam os clássicos? – Um homem moreno e alto me perguntou.

– No segundo corredor, à direita. – Falei observando que ele tinha um dos meus livros favoritos da Agatha Christie nas mãos.

– Obrigado. – Ele abriu um sorriso, e pude notar o quão lindo ele era. Antes que desse meia volta, o meu lado ‘’ leitora compulsiva ‘ não hesitou em perguntar:

– Gosta dos livros dela? – Apontei para o qual ele segurava. – Ou é para alguma namorada?

– Não, não – Ele riu – Não tenho namorada. São para mim mesmo. Eu adoro... Espere você não vai me dedurar né? Ser apaixonado por livros não faz alguns dos meus amigos terem muito orgulho de mim.

Não pude deixar de rir. Já tinha dias que eu não fazia isso com tanta espontaneidade.

– Bem, eles deveriam.

– É o que eu digo a eles.

Ri novamente até ver Edward entrando pela porta da biblioteca. Quando me viu parou onde estava.

– Se você tiver algum para me indicar, eu ficaria grato. – O homem moreno a minha frente, falou – A propósito, sou Jacob.

Aceitei o seu aperto de mão, sorrindo. Tentando ignorar o meu coração acelerado com a presença de Edward.

– Bella.

Quando voltei a olhar para ele, apenas o vi de costas, saindo por onde entrou.

– Venha, vou-lhe mostrar alguns títulos.

•••

Sábado à noite fiquei sozinha em casa. Meus pais haviam ido viajar para o Havaí, em uma espécie de 2º lua de mel, e eu não queria encher o saco de Rose novamente.

Decidi então, fazer pipoca e assistir um filme qualquer que estivesse passando na TV. Tomei um banho quente, coloquei a pipoca para estoura e me sentei na frente da televisão, sem conseguir tirar a imagem de Edward de hoje de manhã da minha cabeça.

Mas meus pensamentos foram interrompidos pela campainha. Não pude deixar de imaginar que fosse ele, e esse pensamento fez meu coração acelerar fortemente. Respirei fundo, e ao abrir a porta dei de cara com Rose.

– O que você está fazendo aqui? – Perguntei

– Oi pra você também! – Resmungou entrando sem pedir licença e jogou-se no sofá – Isso é cheiro de pipoca? Coloca o filme para rolar.

– Aconteceu alguma coisa? – Perguntei rindo vendo seu estado nervosa, batendo o pé freneticamente no chão

– Nada. É só um cara aí. – Resmungou formando um bico nos lábios.

– Quer me contar o que aconteceu? – Sentei ao seu lado, um pouco temerosa.

– Já disse. É por causa de um cara aí

– E esse cara tem nome?

– Tem. – Revirou os olhos – É lógico.

– Então por que não me diz?

Ela suspirou, se rendendo.

– OK, ok. É o Emmett!

– Emmett? – Eu ri alto – O Seu ex namorado, aquele que você bateu porque ele havia falado que a sua saia era curta demais?

Ela me olhou com desprezo e depois suspirou novamente.

– O próprio. Eu voltei com ele.

Emmett era namorado de Rose há... Bastante tempo. Eles já namoravam bem antes do meu acidente acontecer, mas eu ainda não havia conseguido lembrar totalmente dele. Às vezes eu tinha alguns relapsos de memória, e um tempo atrás eu havia conseguido lembrar-se do dia em que Rose havia me contado que havia começado a namorar com ele. Nada mais, além disso.

Apesar de não se lembrar dele, sabia que Emmett era ótima pessoa. Eu sentia que ele ainda ficava meio incomodado ao meu lado. Dizia Rose que antigamente nós três costumávamos sair bastantes juntos, e que Emmett havia sido grande amigo meu. Ele só não estava sabendo agir com a Bella esquecida.

– Então porque está com raiva? – Ri novamente – Você é louca por ele.

– Por isso mesmo! Eu tinha prometido pra mim mesma que eu não iria voltar! E olha só...

– Deixei de bobeira. Ele é um cara incrível e que te ama. Não vai deixá-lo só por causa de uma briguinha besta?

Vi que ela estava pronta para me responder algo bem afiado para mim, mas a campainha a interrompeu.

Ela levantou com raiva para atender a porta, e eu tentei não rir dela novamente.

– O porteiro disse que chegou isso para você. – Ela voltou com um embrulho nas mãos. Sentou-se do meu lado e me entregou.

– Pra mim? – Perguntei confusa olhando o pacote nas mãos. Peguei e observei o embrulho azul - Não tem remetente.

– Abre logo! – Pediu ansiosa.

Ao abrir vi que era um CD, escrito ‘’ DVD ‘’ e sem capa. Olhei para Rose que tinha a expressão confusa, igual a mim.

– E o que diabos é isso? – Perguntou nervosa – Coloca no DVD logo!

– Ficou louca? Nem sei o que tem aqui! E se for um vídeo inapropriado? E se for uma bomba...

– Bomba? – Ela riu debochadamente – E vídeo inapropriado já não sei. Gravou cenas fazendo sexo né? Ah, irmãzinha, você sempre teve cara de inocente...

– Ficou maluca Rose? – Corei absurdamente com o seu comentário. Rose sabia ser desagradável às vezes. – Coloca pra mim.

Ela levantou-se rapidamente, indo até o DVD e colocando o CD dentro.

O vídeo demorou alguns segundos para rodar, mas quando o fez, percebi que era a gravação de alguma câmera. Congelei ao perceber que o lugar que a câmera estava gravando, era o corredor do prédio de Edward.

No vídeo, A mulher morena de cabelos longos, passou e bateu na porta de onde Edward morava. Ele não demorou para abrir, mas quando abriu, começou a discutir com a mulher, que o ignorou e entrou sem a permissão dele.

– Oh. – Rose disse.

Menos de 2 minutos depois, eu apareci. E fiz o mesmo que a outra mulher. Mas logo depois eu saí daquele lugar, por pedido de Edward.

Mas a gravação não parou por aí. Edward entrou no apartamento e voltou colocando aquela mulher para fora, com certa brutalidade. Então, rindo, a mulher foi embora.

Percebi que meus olhos estavam arregalados, e Rose apertava a minha mão fortemente.

– Sabe o que isso quer dizer, não é? – Ela perguntou com um tom doce. Apenas neguei com a cabeça, nervosa. – Ele não teve culpa de nada. Não aconteceu nada. Simplesmente não teve tempo para isso. Você viu como ele a tratou. Ele é inocente...