Alessa Gillespie

Uma pessoa normal estaria morrendo de medo de vir aqui: o abrigo dos Tiernan, porém, eu não sinto medo algum; fui convidada me apresentar aqui, o que quer dizer que Lass, um dos caras que hoje em dia é super poderoso e perigoso, quer falar comigo.

Observo a enorme mansão a minha frente, que poderia ser muito bem comparada a um antigo castelo gótico, com muitos ares sombrios e assustadores. Vou até ela, caminhando entre árvores que tentam esconder a casa, trabalho que não é realizado com satisfação. Chego a grande porta de madeira que possui com símbolos desenhados por toda a sua extensão , que me parecem ser rubras. Provavelmente são rubras, está é uma casa de feiticeiros! - penso. A porta se abre sem que eu precise bater, entro um pouco desconfiada. Lugar esquisito. A porta se fecha atrás de mim. Olho a casa que por dentro ao contrário do que se imagina, é encantadora com detalhes impressionantes. Fico admirando o lugar. Então ouço a voz:

- Achei que a senhorita não iria vir. Demorou tanto. - Levo alguns segundos para achar o dono da voz. Eu o vejo. Nunca tinha visto Lass, mas ele não me surpreendeu em nada, o imaginava da exata forma que é. Os cabelos eram brancos, os olhos prateados, muito claros e sua pele era pálida, sua expressão esbanjava coragem e confiança, algo que deixaria qualquer pessoa insegura, mas não ocorreu comigo.

- Não levei tanto tempo assim, somente o necessário para me decidir e vir para cá. - digo, com o tom de voz normal, não deixando transparecer nenhum sentimento. Não se pode confiar em ninguém, principalmente nele que nem conheço.

- O tempo nesta época em que estamos, é algo muito precioso. - ele diz descendo da escada onde estava e faz um sinal para que eu o acompanhe. Ele me leva a uma sala amistosa, com sofás convidativos, Lass se senta e eu o imito.

- Por que me chamou? - pergunto, tentando esconder a grande curiosidade.

- Bom, primeiramente tenho que saber se posso confiar em ti. - ele me diz encarando-me. - Eu posso?

Olho para o lado onde tem uma lareira, ela e as estantes cheias de livros faziam o ambiente muito aconchegante. Penso se eu devo confiar em Lass, o pouco que sei dele não é algo amigável.

- E eu posso confiar em você? - pergunto quase que o desafiando

- Depende. - ele diz tirando o olhar de mim e observando os detalhes da mesinha do centro da sala. - Se você não me trair eu não a trairei. Seus olhos pratas voltam ao meus.

- Digo o mesmo. - foi minha resposta

- Você deve saber que eu quero vingança dos Russeau. - Agora, com essa declaração tudo faz sentido. Ele me quer para eu lutar ao lado dele na guerra. Por um instante me senti honrada, mas logo me lembrei que eu não gostaria de me envolver com briga nenhuma.

- Não quero me abarcar nesta guerra. - digo, colocando um ponto final no assunto; porém ele transforma esse ponto em uma vírgula.

- Alessa... - ele pronuncia meu nome de forma delicada e calma - Pense bem, eu só quero terminar o que meus antepassados começaram. Os Russeau expulsaram meu parente antigo de sua própria aldeia, da sua própria casa... Isso não foi justo, mas a parte boa foi que ele encontrou uma vida com os Tiernan e se uniu a eles, porém quando os derrotou foi piedoso de mais, deixando crianças vivas por aí. Eu somente quero retaliação.

- Sim Lass, não descordo de suas razões, mas estes descendentes não tem culpa de absolutamente nada. - falo e me arrependo um segundo depois. Pois Lass fica furioso. - Me desculpe não devia ter dito isso.

- Não devia ter dito mesmo. - ele fala - Tem sorte por eu ter gostado de você. - Olhei para ele indignada, como ele ousa pensar que eu seria morta tão facilmente assim, mas deixo essa passar.

- Tudo bem, concordo com você, há motivo para a briga entre vocês, mas não vejo onde eu entro nessa história. - Eu desconheço meus antepassados, não faço a mínima de qual lado eu "deveria" pertencer, com esse pretexto não me envolvi com nada dessa richa, mas isso parece estar mudando neste momento.

- Querida, sei de algo que você fez a pouco tempo, e se eles descobrirem, tu se torna uma inimiga mortal.

Olho para ele, este somente da um sorriso.

Não é possível que ele saiba, eu não tinha deixado pista alguma. A morte dos irmãos Müller, lideres dos Russeau, tinha sido um imprevisto, eu não gostaria ter feito aquilo, mas ou eu matava ou era morta. A 6 meses eu sabia da existência deles, entretanto eles nem imaginavam que eu existia, contudo os irmãos me descobriram quando eu matei dois amigos deles. Tive que matá-los.

- Eu não quis fazer nada daquilo. - digo tentando protestar, mas Lass apenas negava com a cabeça.

- Não estou te julgando. Sinto feliz e triste ao mesmo tempo, queria ter os matado com minhas próprias mãos, mas é bom saber que eles perderam para alguém. Você sabia que eles acham que eu sou o culpado, agora eles me odeiam mais ainda, David deve cada dia criar um plano diferente para acabar comigo. - ele riu

- Eu tenho motivos, para ter o feito. - tentava me justificar, mas novamente ele não deixava.

- Não me importo com a causa. Só estou te avisando, se os que sobraram souberem disso, considere-se morta. - ele dizia aquilo tão naturalmente - A não ser que se junte a mim. Então aceita minha proposta?

Naquele momento me senti perdida, sem saída e cercada. Um dos meus maiores segredos fora revelado, e se certas pessoas descobrissem eu estaria com grandes problemas. Na minha mente eu jamais seria descoberta e aqui estou eu, com esse homem despejando verdades em mim. Não que eu tivesse medo de matar ou me sentisse horrível com isso, apenas não queria ter matado eles, porque(como aconteceu) isso me colocaria dentro de uma guerra.

Neste instante eu estou encurralada, completamente fudida. Sem escolha a não ser me juntar a Lass. Mas eu ainda não entendo, porque ELE me quer, sim sou habilidosa, posso roubar alma de uma pessoa com um beijo e posso invocar as almas que suguei em forma de um demônio para lutar comigo, ainda sim, Lass é poderoso e rodeado de bruxos, não precisa de mim.

- Que eu saiba, os Russeau atualmente são compostos por apenas 4 pessoas, número que pode ser facilmente derrotado. - tento descobrir o motivo

- Por enquanto são 4, mas eles estão procurando mais pessoas e estão encontrando, ficando muito fortes.

- Ok! ... - respiro fundo, é minha única alternativa. - Eu aceito me juntar a ti.

- Muito bom. - ele diz e para, acho, que para pensar em dizer alguma coisa. - Seu dom combina muito com os meus; muitos feiticeiros me disseram que dará certo nos dois lutando juntos. - ele diz e eu assenti. - Além do mais você será uma ótima estratégia, pois ninguém te conhece, não sabem de seus dons, nem o que fez na vida. Não haveria hora melhor para você vir para cá. - ouvir o tão temido Lass falar assim de mim é até engraçado.

Me juntar a Lass não era algo que estava nos meus planos, porém não é tão ruim assim. Eu seria realmente útil aqui. Pensando bem já estou me acostumando a ideia de ficar do lado dos Tiernan nessa briga.

Lass me parece ser alguém que eu ia gostar de conviver, tudo bem que o cara é aterrorizante, já fez coisas horríveis e detestáveis, mas conversando com ele ali não é a PIOOOOOOR coisa do mundo.