SAMANTHA PUCKETT

–Sam?

Oh meu deus, é ele, é ele, é ele! Ok, nota mental: matar a Carly depois de um jeito bem demorado. Como ela pode fazer isso? Tudo bem que uma hora ou outra nós íamos ter que nos encontrar, mas do mesmo jeito. Não esperava que fosse agora, né?

– Sam? Ainda está aí amiga? – Carly diz dando uma risada estranha e passando a mão na frente dos meus olhos, o que me fez sair do transe.

– Nossa, que sono. – Digo dando um bocejo que me soa bem falso. – Acho que não quero ir não.

– Claro que vai! Vem aqui. – Ela fala enquanto me arrasta escada abaixo até ficar frente a frente com ele e foi assim que ficamos por alguns segundos, em silêncio. Segundos que parecem horas.

– Freddward. – Disse estendo a mão para ele que, como resposta, me olha com uma cara estranha antes de retribuir o aperto.

– Nossa, espero que não me cumprimente assim. – O garoto do lado diz, e só então percebo quem é.

–OMG, Gibby! – Pulo em seu pescoço, sentindo seus braços agora não tão gordos e molengas, mas até que bem musculosos, me rodearem. – Que saudades, cara. – digo fazendo um toquinho conhecido nosso. – E Brad, nossa! Tá lindo. – digo para o loiro ao lado, que me abraça rindo.

– Lindo? Uau, por que eu sempre recebo elogios? Sou tão incrível assim? – ele fala galanteador, o que me faz revirar os olhos.

–Sim, incrivelmente patético, só se for. – Dou um tapa de leve em sua cabeça.

– Sam, deixa eu te apresentar esse daqui. – Carly fala me puxando para ficar frente a frente com um garoto de cabelos loiros e olhos castanhos acinzentados. Muito bonito. – Sam, Daniel. Daniel, Sam. – ela fala logo depois o abraçando e o beijando. – Não é a coisa mais linda desse mundo?

– Carly, sabe que a Luna é ciumenta.

– Ela não está aqui, está? – ela responde fazendo uma cara maliciosa e me deixando um tanto confusa. – To brincando, bobo. – Ri, o largando. Então, eu finalmente tenho a chance de abraçá-lo como cumprimento. – Ele é meu irmãozinho.

–Garota, sou mais velho que você.

–Uau, só porque nasceu 5 minutos antes. Quanta diferença. – Carly revira os olhos e se afasta deles para pegar sua bolsa. – Vamos garotos?

– Eles vão com a gente? – Questiono dando um espaço grande entre as palavras.

– Algum problema? – o nerd fala levantando uma sobrancelha e dando aquele sorriso que eu tanto odeio, ou amo, sei lá.

–Nenhum. – falo nervosa, passando a mão pelo cabelo. É tarde demais para fingir que estou confortável com a situação. Mas, mesmo que não estivesse, teria que ficar.

–Hey, vou subir para pegar nossas bolsas, Sam. – Cat diz indo em direção as escadas.

–Ai, vou junto, preciso passar perfume. – Carly acompanha a ruiva.

– Eu subo com vocês também.

– Não, Sam, fica aí! Tem que ter alguém para fazer sala.

–E desde quando eles precisam de sala, Carly? –Pergunto e ela revira os olhos.

– Só fica. Já voltamos. – e as duas desaparecem de vista.

Meu olhar logo encontra os quatro meninos me encarando com expressões indecifráveis. Tento ao máximo não prestar atenção no Freddie ou em seu sorriso idiota.

–Por que não sentam? – Aponto para o sofá, e eles me obedecem.

–Sam sendo educada? Essa é novidade. – Gibby ri. Reviro os olhos.

–Ta linda. – Brad aponta para mim. Olho para minha roupa que nem lembrava mais qual era, simplesmente por ser a coisa menos importante no momento, e dou de ombros.

–Ah, obrigada. – digo, sentando na poltrona.

–Agradecendo? Definitivamente não é a Sam. – Brad brinca. – Então, como anda a vida lá em Nova York?

– Ah, anda bem... Na faculdade a gente leva as coisas bem a sério, cansa bastante, mas sempre têm as super festas para relaxar e tals.

– Faz Artes Cênicas, certo? – Pergunta Daniel, interessado.

– Sim, Julliards.

– Minha prima faz Cinema.

–Qual o nome dela?

– Rachel Till. Tá no 3º ano.

–Acho que sei quem é. Ela é loira? – ele assente com a cabeça. – Ela é amiga daquela outra, qual o nome? Helena Carter? – e novamente ele afirma. – Ela é namorada do Luke Pave, não? Vivem grudados.

–Ela tem namorado? – Ele franze o cenho.

–Você não sabia? – pergunto e ele balança a cabeça negando.

– Vou ter uma conversa bem longa com aquela lá. – Ri, simpático.

– Hey, vamos? – Cat aparece ao lado de Carly na escada e todos nós cinco nos levantamos e vamos para a garagem.

– Vamos em dois carros, não é? – Carly pergunta no elevador.

–Aham, o meu e o do Dan estão ai. – Freddie responde.

–Além de amigos, tem um carro agora? – pergunto incrédula para o moreno.

–Pois é, as coisas mudam Puckett.

Chegando ao estacionamento, nos deparamos com dois belos carros: um Cayenne Turbo S branco e um Outlander prateado. Cara, que inveja!

–Okay, quem vai com quem? – Pronuncia-se Daniel.

–Eu vou no Cayenne, com certeza. – digo rindo e andando até o carro. – Não desprezando o outro carro, claro.

–Por que todos sempre escolhem o carro do Dan? – Freddie diz dando uma leve risada e indo para o carro ao lado.

–É por que o seu não é um Porsche. Simples assim. – diz Gibby enquanto caminha em minha direção, com Brad atrás.

–Então eu vou sozinho? – o nerd faz uma cara de cachorro que caiu da mudança.

– Sempre sobra para mim. – Carly diz andando até o garoto. - Cat, quer vir comigo?

–Claro. – a ruiva vai até lá e cada um entra em seu respectivo carro. Então, finalmente partimos rumo a balada.

No caminho, os garotos falam sobre futebol e de algumas pessoas que eu não conheço, deixando-me surpresa de como as coisas mudaram depois que eu parti e como era estranho estar de volta.

Mas o que você queria, Samantha? Não é como se o tempo tivesse parado para eles.

Em menos de 20 minutos, chegamos. O local está lotado. Cheio de jovens com bebidas e cigarros na mão, a fila para entrar também é grande, mas anda muito rápido. Meninas de vestidos curtos com celulares na mão e garotos rindo e escolhendo quais vão pegar. Nada muito diferente de Nova York.

Descemos do carro e vamos até a entrada, mostramos nossas identidades e adentramos no local. Se lá fora já estava cheio, dentro então, está parecendo o inferno, mal dá para andar. A música toca alto.

DON’T YOU WORRY CHILD– Swedish House Mafia (Feat. John Martin)

Carly logo surta, me pega pela mão e me puxa com força para a pista de dança, gritando que ama essa música. Rio. É, essa é a Carly de sempre. Logo, nós abrimos uma rodinha meio apertada no meio da multidão e começamos a dançar. Cat insiste em fazer alguns passinhos e eu a imito. Já Carly, canta loucamente e faz até algumas interpretações junto a Dan. E ficamos assim por um bom tempo. Apenas nos divertindo como se ninguém tivesse nenhum problema tão relevante quanto aquele momento.

Depois de uma hora, Brad, Gibby e Freddie desaparecem por aí, talvez fossem atrás de algumas garotas. Carly e Cat vão ao banheiro e eu aproveito a companhia de Dan para ir tomar um ar. Vamos para um pequeno jardim ao lado da boate e nos sentamos no gramado.

–Então, Sam. – ele começa, puxando assunto. – O que será que eu ainda não sei de você?

–Falam muito de mim?

–Aham, todos te adoram. Freddie então... Sam para lá, Sam para cá. – ele fala.

Coro um pouco. Como assim o Freddie fala de mim?

–Só coisas ruins, provavelmente.

–Algumas. – Confessa rindo. – Mas e aí, me fale de você.

–Hm, me deixa pensar... Sam Puckett, moradora de New York City, faço Artes Cênicas na Julliards pelo meu talento de contar mentiras, divido um apartamento minúsculo com uma garota completamente louca. Não me dou muito bem com a minha mãe. Faço picos como babá, e saio todo sábado. Faz tempo que não via meus melhores amigos, solteira e fã de The Big Bang Theory. – falo risonha.

– Daniel Hansel, morador de Seattle, estudo Cinema com Freddie, que com certeza é mais inteligente e dedicado que eu, ainda moro com meus pais, num bairro nobre daqui da cidade e sou sempre obrigado a ir a festas e jantares dos meus pais que são donos da rede de bancos B&B. Adoro sair e sempre tenho um grande trabalho para convencer o Freddward a me acompanhar. Não me dou nada bem com meu pai, to saindo com uma amiga da Carly, mas não sei se é algo sério ainda, embora eu espere que sim, e também gosto de The Big Bang Theory. – ele termina fingindo que não aguenta mais falar e depois cai na risada. Uma risada tão boa que me faz acompanhá-la. – Mas prefiro House MD.

– É, é uma boa série. – Concordo.

–Então, - Daniel se levanta e estende a mão para mim. – É um prazer te conhecer, Sam.

– O prazer é todo meu. – Sorrio.

Voltamos para dentro da boate e encontramos Brad, Carly e Cat dançando de forma bem engraçada Pa panamericano e nos juntamos a eles. E assim a noite se estende por mais um bom tempo. Nem sinal de Gibby e Freddie.

– Hey, vamos ao banheiro? – Cat pergunta gritando no meu ouvido por causa do barulho da música.

–Claro. – respondo.

Nós duas vamos em direção a pequena porta que dá para o toalete feminino, mas a fila está gigantesca.

– Cat, sabe que eu detesto fila. – Resmungo.

–Tudo bem, me espera aqui fora. – ela entra na fila e eu vou para um lugar mais calmo ali perto.

Começa a tocar uma das minhas músicas favoritas: We R Who we R – Kesha e eu xingo mentalmente a ruiva por ter escolhido exatamente esse momento para ir ao banheiro.

–Oi gatinha. – diz um garoto me abraçando por trás e quase me matando do coração.

– Tá doido, mule... Freddie? – Me afasto dele ao ver quem é. Mereço?

–Desculpa, foi inevitável. – ele sorri vindo para o meu lado. – O que tá fazendo aqui sozinha?

–Esperando a Cat, que foi fazer xixi.

– Não precisava de tantos detalhes. – ele ri pelo meu comentário e eu apenas dou de ombros, embora esteja muito tensa por estar ao lado dele, e isso me faz sentir como se eu ainda estivesse na 6ª série.

–Então como anda a vida?

Será que as pessoas só sabem me perguntar isso?

–Boa, e a sua?

–Também.

–Os estudos?

–Bons, e os seus?

–Indo.

– Namorado? – Ele pergunta e eu olho para ele com uma sobrancelha arqueada. – Ta bom, não precisa responder.

–Não que isso te interesse, mas não, não sou garota de ficar presa a uma pessoa.

–Certo. – Freddie encosta-se à parede de forma incrivelmente sexy. Procuro desviar o olhar, não vai ser nada legal se ele me pegar analisando seus músculos e... Mas que droga! -Eu preciso beber alguma coisa.

–Eu vou com você. – Digo.

Vamos até bar e, com muito sacrifício, conseguimos chegar perto da bancada para poder pedir. O nerd pede dois copos de Vodka. Rapidamente o garçom nos serve e agradeço internamente por isso, meu corpo implora por álcool como jamais havia acontecido. O copo já está a caminho da minha boca quando Cat aparece e o tira da minha mão.

–Sam! – ela me repreende. – Combinamos nada de bebida, lembra?

–Qual é Cat, deixa de ser chata!

–Não. Vamos lá dançar, vem. – ela me empurra para pista de dança e Freddie vem conosco mais atrás. Bufo.

–A Cat é sua nova Carly agora? Quem te controla. – ele pergunta me deixando bem irritada.

Sei que ele não queria dizer que eu era controlada por outra pessoa e não tomava minhas próprias atitudes, mas foi desse jeito que a frase saiu.

–Ela quer me proteger só. Ela diz que eu tenho um certo problema com bebidas. – Reviro os olhos e Freddie ri.

–Você é fraca pra bebida. Essa é nova. – ele fala e depois dessa decido terminar a conversa. Mas ele não. – Precisa de bebida para fazer alguma loucura?

– Claro que não.

– Sei.

Todos nos juntamos em uma só "rodinha" e continuamos a dançar. Fazer o que se essa é a única coisa que eu posso fazer?

[...]

– Cansada? - Carly pergunta para mim, finalmente deixando a pista de dança e vindo até a mesa em que estou sentada.

– Sim, quero ir embora. Se pelo menos eu tivesse bebido alguma coisa... - Digo chatiada.

– Bom, se quiser, posso chamar o Freddie para te levar, ele também já ta querendo ir embora.

– Não, não prec... - Começo a protestar, mas ela nem me escuta e começa a berrar.

– FREEEEEDDIE!

– Que foi? - Ele pergunta chegando perto de nós.

– Você já está indo?

– Eu queria, mas se eu for sozinho, não vai caber todo mundo no carro do Dan.

– Problema resolvido. A Sam vai com você. - Diz dando um sorriso de orelha a orelha enquanto eu a fuzilo com o olhar.

Essa patricinha ta querendo morrer, só pode!

Freddie olha para mim, como que avaliando minha reação e assenti com cabeça.

– Tudo bem, vamos?

Suspiro e me levanto.

A multidão já estava menor, então não foi muito difícil sair da boate e chegar até o estacionamento do outro lado da rua. Entramos dentro do carro e ele logo dá a partida, saindo em disparada do local.

Um silêncio desconfortável se instala entre nós e me pego tentando descobrir no que ele estaria pensando. Será que ele gostou de me ver?

E o que isso importa?

Verdade, não tem motivos para eu estar preocupada com isso. Suspiro e tento focar minha atenção na paisagem escura passando do lado de fora do vidro fechado. Sinto que Freddie está me encarando, mas não tenho coragem para virar o rosto e comprovar. Ou talvez eu esteja simplesmente com medo de me perder em meio ao chocolate de seus olhos.

Paramos em frente a portaria do Bushwell e me preparo para descer.

– Obrigada pela carona. - Sussurro antes de fechar a porta do carro.

– Puckett. - Já estou na metade do caminho quando me viro para olhá-lo pela primeira vez desde que saímos da boate e o fato de saber que estamos só nós dois em uma rua totalmente escura e silenciosa não ajuda em nada a acalmar as batidas do meu coração.

– Hm? - Pergunto quase inaudivelmente.

– É bom ter você de volta. - Diz somente e, em seguida, liga o carro e desaparece do meu campo de visão.

Melhor assim, pelo menos agora ele não pode ver o sorriso idiota que se forma em meu rosto a medida em que subo as escadas do prédio.