Mateus e Jessica se aproximavam, ela parecia preocupada, já o Mat estava com cara de “Sai de perto dela ou encho de você de socos”, ou seja, expressão nada feliz. A verdade é que eu e o Vinicius não fazíamos nada além de conversar, fala sério o Mateus não acha que eu sou desse tipo ou acha? Eles chegaram e nós sorrimos.

- Então esses são meus amigos? – Vinicius perguntou.

- Sim, mas falta um. Esses são Jessica ou Jess e o Mateus. – Mandei um beijinho para o Mat. – Pessoal esse é o Vinicius.

- Oi pra vocês.

- Oi! – Respondeu Jess.

- Oi. – Disse Mateus seco, sentou ao meu lado e pegou na minha mão. Ô ciúme, hein!

  Vinicius riu, depois pairou um silêncio constrangedor entre nós, até Pedro aparecer.

- Pessoal, acho que preciso de ajuda em botânica. Alguém se dispõe? – Ele perguntou. – Ah, oi você é o Vinicius né? Eu sou Pedro.

- Isso mesmo, e ai? – Vinicius começou a puxar papo.

  Logo Pedro e Vinicius engancharam em uma conversa muito animada, é parece que ele já fez um novo amigo. Jessica estava calada, mas logo começou a conversar com os rapazes – sem fazer contato visual com Pedro – enquanto Mateus estava olhando para o nada.

- Mat? Você está bem? – O olhei preocupada.

- Tô sim. – Ele deu um sorriso triste.

- ‘ma voltinha? – Ele riu do jeito que eu falei.

- Vamos.

- Pessoal, vamos dá um rolé e depois nós voltamos ok? – Avisei-os.

- Tudo bem. – Eles falaram, mas notei que Vinicius não ficou muito feliz com isso. Estranho!

  Caminhamos em silêncio até um pequeno lago que tinha no colégio, quando éramos crianças invadíamos a escola nas férias só para ficar observando o lago e conversar – é estranho, eu sei. Algumas meninas sorriam e davam tchauzinho para ele – sabe essas piriguetes? – mas ele as ignorava e sorria para mim – ainnda bem, né? – Sentamos no gramado e começamos a conversa.

- Agora me diga o que foi? – Comecei.

- O que foi? – Brincou.

- Há há. Você entendeu.

- Tudo bem. – Ele se deitou com a cabeça no meu colo. Se as pessoas nunca tivessem visto essa cena enquanto éramos amigos, diriam que ele é meu namorado. Mas ele é! Só que elas não sabem. Há! – Eu tava com ciúme, mas eu avisei.

- Sério? Não tinha percebido. – Ironizei. – Você confia em mim?

- Confio, mas...

- Então não precisa ter ciúmes. Entende que eu te amo e se depender de mim vamos ser, tipo, felizes para sempre.

- Me senti um idiota agora. – Ele riu, enquanto eu fazia carinho em seus cabelos.

- Você não é um idiota. Agora vamos lá com a turma?

- Vamos. Vou tentar, eu disse tentar, conversar com o tal do Vinicius.

- Ok. – Eu ri.

  Nos levantamos e fomos em direção ao corredor, aonde estava um pouco tumultuado, tomara que o Pedro não tenha se metido em confusão.

- Vic – Disse a vaca da Bianca, pronunciando meu apelido com nojo, parece. – Seu amigo é brigão, né?

  Ela riu e deu uma piscada para o Mateus, que a ignorou. Vixi de que amigo ela falou? Foi quando ouvi os gritos da Jess se destacar no meio dos urros dos garotos que assistiam a briga – como que ninguém separou ainda?

- SAIAM DE CIMA DELE! SAIAM!

  Vinicius se juntou a nós e estranhou a movimentação.

- O que aconteceu? Eu só fui no banheiro.

- PAREM, ESTÃO O MACHUCANDO. – Pedro!

  Mateus e Vinicius correram para o ajudar, entrei na muvuca e abracei Jess que estava tremendo e chorando. Enquanto isso os dois tentavam apartar a briga, três contra um é covardia, né? Eles conseguiram separar, Pedro estava muito machucado e Eduardo só estava com a boca sangrando. ÓDIO! Desse garoto. Ele ficou olhando para a Jess de uma forma, sei lá, assustadora.

- Vaza daqui garoto. Já viu o estrago que você fez?

- Não. Se. Mete! – Ele disse pausadamente.

- Ôô! Que é isso aê? Eduardo você é meu colega, mas se falar assim com qualquer uma delas ou bater no meu amigo... Eu quebro isso que você chama de cara. – Mateus disse indignado.

- Falou o cara que gosta de Toy Story, né? Tô morrendo de medo.

- É melhor ter medo, porque ele tem apoio. Pode ter certeza eu não sou fraquinho. – Ameaçou Vinicius.

  Eduardo se calou e foi embora, continuei acalmando Jess enquanto Mateus foi levar Pedro para a enfermaria.

- Tava tudo tão bem. Nós íamos falar sobre ontem, só que o Eduardo apareceu e partiu para a briga. – Ela disse fungando.

- Calma, já passou. – Eu a abracei.

- Depois dessa ameaça... – Vinicius riu. – Ele é medroso, só finge que é barra pesada.

- Preciso ver o Pedro. – Jess disse.

- Vamos.

- Alguém quer sorvete? – Ofereceu Vinicius. – Vou comprar cinco, ok?

  Assenti e fomos para a enfermaria, chegando lá Pedro estava com uma bolsa de gelo no rosto e alguns curativos. Jessica correu para o abraçar.

- Ai, vai devagar. – Pedro reclamou, mas sorriu.

- Desculpa. – Jess... Corou?

  Eu e Mateus nos afastamos, eles precisavam de privacidade. Até que Vinicius apareceu com uma bandeja e cinco taças com sorvete e cinco colheres... Colheres? Droga ele não sabia. Saimos da enfermaria e sentamos em uma mesa que havia lá perto.

- Obrigado pelo apoio e desculpa pela “cena” de hoje, ah e valeu pelo sorvete. – Mateus disse e distraidamente pegou a taça e a colher o.Õ

- Não tem de quê e relaxa isso já foi.

  Sei que é maldade minha, mas eu queria ver como o Mateus ia reagir quando visse a colher. Muaháháháhá, brincadeira. Ele tem fobia a colheres, estranho né? Sou uma ótima namorada.

  Então ele foi aproximando a colher da boca – Tum, Tum (batimentos cardíacos) Tum, Tum – aproximando, até que ele virou...

- AAAAAAAHHHH!!! – Ele jogou a colher com tudo no chão.

  Vinicius se assustou com o grito de Mateus, que estava meio pálido como se estivesse visto um fantasma – da colher assassina, brincadeirinha, eu o amo.

- O que foi?

- C-c-colher. – Mat gaguejou. Credo, eu sou muito má, to com pena do meu bebê.

- Aaah, me desculpaaa por não ter avisado. – Não aguentei, consciência pesa.

- Desculpar o quê? – Vinicius perguntou confuso.

- É que... Eu tenho fobia a colheres. Eu sei que é estranho.

- Hum... – Disse o Vinicius com uma cara estranha.

- Me perdoa?

- Não sei, mas vai ter volta. – Vixi, agora fiquei com medo. Ele riu maleficamente. Nãããõo!!!

  Ele foi buscar um garfo na cantina, voltou alguns minutos depois e ficamos conversando sobre várias coisas. Tomara que continue assim.