- As câmeras já conseguiram reconhecer os rostos dos sobreviventes à explosão... – diz um dos fiscais ao general – O calor das chamas danificaram as coleiras e os dois estão vivos e virtualmente invisíveis.

- Mais uma vez? Mantenha a câmera nestes pirralhos! – ordena o general. – E quem foram os dois que escaparam?

***

Walber estava dirigindo o carro, levando Alisson, Iara e Thiane para o mais próximo à escola possível, onde ele poria seu plano em prática, no entanto no meio do caminho ele vê Wilgner jogando uma granada no interior do carro de cima de um telhado.

Só tem tempo de destravar as portas antes que o carro explodisse. Sente um imenso calor e suas roupas queimarem antes de conseguir pular para fora do veículo em chamas.

O garoto rola pelo chão tentando apagar as chamas, embora cada movimento fosse uma tortura. Quando apaga o fogo do próprio corpo olha para o carro em chamas. Pedaços do carro caiam perto dele e a fumaça não o permitia que visse e nem respirasse direito.

- Nãããoo! – grita pelos amigos, desesperado.

Então vê um movimento e nota que Alisson também conseguira pular do carro. Walber rasteja até ele e o puxa para longe do carro. Alisson gemia de dor, com as roupas queimadas e a carne chamuscada em algumas partes do corpo, mas ainda consciente.

Quando está em uma distancia segura do carro em chamas, Walber escuta sons de tiros e pede mentalmente para que fosse alguém matando o Wilgner, mas não acreditava que isso iria acontecer.

Foi então que caiu a ficha e Walber percebe que suas amigas Iara e Thiane poderiam ter morrido na explosão. Desesperado, Walber vai até o carro em chamas, embora o calor fosse quase insuportável. Ele se aproxima do carro e consegue ver em meio a fumaça os corpos em chamas de suas amigas.

Ele cai de joelhos chorando e gritando o nome das meninas...

Volta à atenção para Alisson e o encontra desmaiado. Walber fica ainda mais desesperado, achando que ele estava morto.

- Droga Alisson! – ele chorava – Não me deixe sozinho neste jogo!

- Calma... – diz Alisson abrindo os olhos – Eu estou vivo...

Walber respira, aliviado...

***

Leandro estava apavorado. Neto e Pedro acabaram de ser brutalmente assassinados por Taline, que por sua vez foi morta por sua amiga Carol. Havia se escondido próximo a uma lata de lixo. Longe o suficiente para que fosse notado.

Olhava para os corpos ensanguentados, segurando com força a escopeta de Neto, que ainda havia conseguido pegar.

Então ele decide tentar falar com sua amiga. Mesmo sabendo que ela tinha decidido entrar para o jogo, ele estava determinado a confiar na amizade de anos dos dois.

Assim sendo, Leandro acompanha Carol mantendo uma distancia segura até que decide falar com ela e chama seu nome. Carol reconhece e sua voz e olha para o amigo. Ao vê-lo imediatamente a menina começa a chorar, arrependida de ter matado duas pessoas. Ela entrara para o jogo e estava envergonhada por isso.

Leandro se aproxima dela, agora mais confiante, e os dois se abraçam.

- Muito comovente... – diz Mônica de longe, com um sorriso irônico olhando com o binóculo para o casal de amigos. Ela tira a arma que havia encontrado da cintura e mira. Ainda estava carregada com cinco balas. O suficiente para vencer o jogo, com um pouco de sorte e de habilidade.

Então Mônica aperta o gatilho...

***

35 minutos depois...

Felipe estava se achando um cara de muita sorte. Tinha conseguido chegar a aquela altura do jogo com poucos encontros com oponentes e sem ter matado ninguém. Estava frustrado por este último fato. Kelly havia morrido numa circunstancia que o envolvia, mas não tinha sido ele o assassino, e sim, Thiane.

E além disse ainda conseguiu pegar a arma de Thiane, que ela havia deixado cair antes de entrar no carro que Walber tinha encontrado.

Em pouquíssimos minutos completariam 10 horas de jogo. Parecia bem mais que isso. E devido os tiros e a explosão que ele havia escutado, Felipe acreditava que lhe restariam poucos oponentes.

Então ele vê não muito longe, dois garotos caminhando com dificuldade. Reconhece Alisson caminhando apoiado em Walber.

Pelo estado de ambos imaginou que eles haviam protagonizado a explosão, e sobrevivido a ela. E provavelmente àquela altura do jogo Iara e Thiane já estivam mortas.

Notou que os dois não estavam sendo identificados por seu localizador. Frustrado, pensou que o equipamento não estivesse em pleno funcionamento, o largou no chão.

Mirou em Alisson... Havia sido seu primeiro oponente, horas atrás, e queria que ele fosse sua primeira vítima. Disparou.

Por sorte, com um segundo de vantagem, Walber viu Felipe e previu o ataque, deixando Alisson cair no chão e pulando para o lado. A bala não acerta ninguém. Porém, a única arma de que Walber e Alisson dispunham era o machado, que Walber ainda conseguira resgatar do carro em chamas.

Felipe se aproxima, correndo também com dificuldade devido à perna infeccionada. Mas logo fica a poucos metros dos garotos e aponta a arma.

***

Leandro corria ofegante, escapando com sorte dos tiros disparados por Mônica. Mesmo ferida ela corria atrás dele, determinada a mata-lo.

Minutos antes, quando estava abraçado com Carol, Leandro ouviu disparos e de repente o corpo de sua amiga ficou pesado e tombou para o lado. A bala a atingiu na cabeça e a menina fora morta. Pelo sorriso no rosto e as lágrimas nos olhos, Leandro preferiu acreditar que sua amiga tinha morrido feliz e sem sofrer. Isso amenizava a dor de sua perda.

Leandro levava a escopeta, mas ainda não havia atirado, com medo de parar, errar o tiro e ser baleado. No entanto decidiu tentar a sorte. Vira-se, foca a mira da arma em Mônica e dispara.

Cinco alunos restantes...