If I Tell You... escrita por Miranda


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Boa leituraa!



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– Vi tudo preto e depois não me lembro de mais nada! - disse Drixy aos prantos para um médico gordinho e que aparenta ter 50 anos.

– Tudo bem, se acalme, você ficará bem. Só me explique uma coisa: por que subiu na árvore?

– Desde pequena eu gosto de fazer isso, na minha antiga casa, tinha um carvalho em frente a minha janela, e como meus pais não tinham tempo para construir uma casinha lá, eu ficava pendurada nos galhos, eu sempre fiz isso, nos galhos é onde eu me sinto em paz. - disse a garota parando de chorar, ela só contou a verdade para o médico pois não tinha mais ninguém no quarto.

– Vejo que a memória não foi afetada... Fique tranquila, você fraturou a perna direita e ela ficará engessada durante 14 dias.

– Isso tudo?

– É o tempo necessário. Vou passar as informações para seus pais e daqui a pouco volto. - o médico disse e saiu do quarto.

Enquanto o médico ficou fora do quarto ela se lembrou que havia brigado com a Flávia. Pensou em escrever uma carta para o Orfanato, alegando que a mulher a machucara, mas não tinha como provar, tinha gente na praça e viu que ela tinha caído sozinha. Apesar de que ela estava fugindo da mulher lá, mas eles não aceitariam isso fácil. Decidiu por fim seguir como se nada houvesse ocorrido, mas não pediria desculpas, ela não estava errada. E como Flávia havia descobrido a história dela?

A porta abre, Andrew, Flávia e o médico entram.

– Bem senhorita, você já pode ir pra casa, e repouse ok? Vou pedir que a enfermeira traga uma cadeira de rodas e a leve para o carro.

– Não precisa. - a menina disse.

– Regras do hospital. - depois de dizer isto o médico saiu.

– Drixy, você nos deu um baita susto. - disse Andrew calmamente.

– E eu não fiquei assustada também não? Como assim vocês estão revistando minhas coisas? O Governo vai atrás de vocês, sabiam? Só quando eu permitir vocês poderiam falar desse assunto comigo! Eu vou falar com as irmãs e eu vou ser tirada de vocês a força! - Drixy disse em tom arrogante, mas não gritou.

– Calma, em casa conversamos. - disse Flávia.

Minutos em silêncio, depois a enfermeira entra com a cadeira de rodas, onde Drixy se senta e é levada até o carro do casal, a enfermeira a coloca no carro, de modo que a perna com gesso branco fique no banco. O caminho até a casa foi em silêncio, e ao chegarem, Drixy negou ajuda e saiu andando a caminho da praça. O casal achou melhor ela ter um espaço depois do ocorrido.

Andar com esse gesso não era fácil, ela tinha que colocar o peso do corpo na perna esquerda, se sentou no banco de madeira e pegou o iPhone ligou para Edgar.

Dois toques, ele atende:

– Alô?

– Oi, é a Drixy!

– Oi, tá melhor? Meu pai disse que você foi pro hospital...

– Tô bem, tô na praça, pode vir aqui pra gente conversar?

– Tô descendo!

E desligou.

Drixy olhou as horas e viu que eram 17 hrs e nem havia comido nada. Minutos depois, Edgar chega e se senta ao seu lado.

– Eita! - disse se referindo ao gesso que cobria a perna da garota do joelho até o pé. - Tá explicado porque faltou hoje...

– Eu sei... agora nem posso correr!

– Putz! Vai pra escola amanhã?

– Claro! Naquela casa eu não fico mais!

– Por que?

– Tédio. - Drixy mentiu, não queria contar tudo pra um desconhecido.

– Hoje o pessoal perguntou por você...

– Pelo menos alguém se importa comigo. - dramatizou.

– Sabe, queria pedir desculpas por hoje de manhã...

– Desculpado, eu fui uma idiota.

– Não foi nada!

– Fui, eu sou uma otária. - ela disse e soltou o cabelo que estava com um rabo de cavalo e fez um coque no topo da cabeça.

– A verdade é que eu te acho linda, mas não tenho coragem de admitir.

É claro que Drixy não acreditou naquilo que o garoto disse, no dia anterior ele tinha beijado a Paola, agora ele não estaria apaixonado por ela! Mas deve ser assim que os adolescentes normais são.

O garoto se aproximou dela e a beijou. Ela não sabia o que fazer e deixou os lábios fechados, fazendo com que o beijo fosse um selinho. Era o primeiro beijo dela. Ele se afastou dela e ficou olhando pro chão, envergonhado.

– Tô com fome! - ela disse.

– Quer ir lá em casa?

– Só se tiver comida!

– Tem sim, vem. - ele disse e a puxou pelo braço.

– Devagar, cuidado com meu gesso.

Ele ajudou ela a caminhar até a casa dele. Abriu a porta e ela entrou.

– Filho, eu já ia te chamar pra lanchar. - disse uma mulher loira de olhos azuis. Bem alta e magra, parece uma modelo.

– Oi mãe, trouxe uma amiga pra lanchar tá bem?

– Oi. - disse Drixy acenando.

– Olá, tudo bem? Sou Tracy, mãe do Ed. Pode se sentir a vontade.

– Obrigada.

Ed sentou na mesa de metal que ficava na sala de jantar e Drixy o acompanhou, a mesa estava repleta de comida. Salada de frutas, biscoitos, sucos, leite, pão e bolo. Depois Tracy também se sentou e cortou um pedaço do bolo de laranja para Drixy, que agradeceu e tomou um suco de uva.

– Que bom saber que meu filhinho já fez novos amigos!

– Mãe...

Drixy riu.

– É eu moro aqui em frente e também estudamos na mesma escola.

– Nossa que legal! Sabe meu filho é bem tímido...

– Mãe, para...

– Tímido? Desculpe senhora, mas seu filho não é nem um pouco tímido.

– É? Por que?

– Ele já ficou com uma garota ontem e está fazendo um sucesso na escola.

– Edgar, por que não me contou isso?

Ed deu um tapa na cabeça da ruiva, que riu.

E ficaram conversando enquanto comiam, depois Ed e Drixy viram televisão e aproximadamente 19 horas ela se despediu de todos e foi pra casa. Ao chegar, Andrew estava na poltrona vendo TV, como sempre, Flávia estava costurando no sofá e Teo estava na cozinha.

Drixy se sentou no sofá que estava vazio e disse:

– Vocês vão conversar comigo ou não?

– Vamos sim. - disse Andrew desligando a TV.

– Pra não sobrar pra mim, vou subir, valeu? - disse Teo.

– Teo, você fica! - disse Drixy, e o garoto se sentou ao lado dela.

A sala ficou em silêncio.

– Vocês não vão dizer nada? - perguntou a ruiva.

– Você que nos deve explicações! - disse Flávia.

– Eu? Quem mexeu nas minhas coisas?

– Fui eu! - confessou Flávia

– Por que?

– Porque você nunca nos contou nada.

– Então você está errada, não podia ver meu histórico a não ser que eu permitisse Artigo 4 parágrafo 6 linha 29. Leram o contrato? - indagou a jovem.

– Drixy, você é muito fechada. - disse Andrew.

– Eu nem confio em vocês ainda. Vocês tem que respeitar meu espaço, não é fácil ganhar uma família nova. Vocês nunca passaram por isso, não sabem como é! Eu vi muita gente ser devolvida, vi muita gente voltar pro Orfanato com marcas de tapas, e olha como eu estou, com a perna engessada. Nem uma semana eu estou aqui e já estou sentindo saudades do Orfanato, honestamente, vocês tratam esse assunto com tranquilidade mas não é tranquilo. É difícil!

– Drixy, nós já comunicamos o Orfanato do ocorrido e eles resolveram marcar uma sessão de terapia com todos nós. - disse Andrew.

– Até eu? - perguntou Teo.

– Todos nós. - disse Andrew.

– Vocês contaram tudo, até que revistaram minha mala?

– Você não ouviu garota? - disse Flávia arrogantemente.

– Cada palavra falada pode ser usada contra você no Tribunal. - disse Drixy.

– Já chega, toda terça feira às 19 horas vamos nos encontrar com o Sr. Belson. - disse Andrew.

– Se é assim que vocês tomam decisões nessa casa... só me resta concordar. Agora eu estou com sono, vou dormir, boa noite. - disse Drixy e foi subindo as escadas com a perna engessada dobrada para trás, Teo foi ajudá-la.

Já no andar de cima, a ruiva agradeceu.

– Obrigada Teo.

– De nada, escuta...

– Fala.

– Eu não quero que você fique estranha comigo, eu gosto muito de você. Tu é uma amiga que eu sempre quis ter...

– Teo, eu não estou estranha com você nem pretendo, apesar de tudo você tem me ajudado bastante. - disse Drixy que em seguida o abraçou.

– Deixa eu rabiscar teu gesso?

– Claro, vem. - ela disse e os dois entraram no quarto da garota.

Eles pintaram o gesso de preto e Teo escreveu em tinta branca:

"Cabelo de fogo"; "Retardada"; "Magrela"

– Lembra quando eu te disse que eu nunca beijei ninguém? - perguntou a garota.

– Lembro, o maior mico da história do Canadá!

– Hey. - ela deu um tapa no ombro dele.

Eles riram.

– Hoje o Ed me beijou.

– Jura? Aleluia! Aleluia! Aleluia Aleluia! Aleeluia! - ele cantou.

– Sem brincadeirinhas.

– Viu, você é quase uma garota normal.

– Quase.

– Vou dormir, já tá tarde.

– Vai lá tampinha!

– Boa noite magrela!

– Boa noite.

A menina desarrumou a cama, colocou um pijama e dormiu, o fim de semana havia sido longo e a segunda também, nem ela nem Teo foram para a escola e muito menos Andrew fora trabalhar. A menina estava exausta e amanhã ainda tinha aula. Mais uma vez dormiu, porém, sem sonhos.


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