“O sol ponha-se ao longe, as sombras do fim da tarde pareciam dançar em volta das árvores e das flores. Josh olhava para mim, ele sorria e os nossos corpos estavam muito próximos.

- Astoria… - eu ouvi-o dizer. Senti o meu corpo estremecer pela proximidade. Eu queria beijá-lo? Eu não sabia, era bom estar com ele, mas realmente não sabia se queria namorar com Josh.

Mas, antes que eu tivesse tempo de pensar em algo ou de fazer algo, os lábios dele tinham esmagado os meus num beijo intenso. Não era o tipo de beijo que vemos nos filmes, não é o tipo de beijo que sentimos o mundo parar de girar, que sentimos estarmos no céu e a saltitar nas nuvens. Não era o beijo, mas era um beijo doce e agradável.

De repente, os meus ouvidos apuraram um som diferente, parecia um soluço, talvez um choro de uma criança ou algo parecido. Afastei-me de Josh, sorri-lhe e depois olhei para o lado abrindo a boca de espanto. Eu não podia acreditar no que os meus olhos viam, Draco Malfoy tinha acabado de presenciar o nosso beijo e eu podia ver lágrimas a caírem pelo seu rosto. Eu nunca tinha visto os olhos dele assim. Aqueles olhos cinzentos que sempre demonstravam frieza e escuridão, hoje mostravam dor e sofrimento. Senti os remorsos caírem sobre mim. Porque Draco estava assim? Porque eu me sentia como se tivesse acabado de o trair?

Os meus pensamentos foram interrompidos por outro som, Draco acabara de sair a correr daquela linda clareira. Não pensei no que ia fazer, era como se eu não comandasse o que fazia e só seguisse os meus instintos.

Eu estava a correr atrás de Draco, algo dentro de mim dizia para eu correr, porque eu tinha de salvá-lo, eu tinha de falar com ele.

Corri, corri e corri, até perceber que estava completamente perdida.

As árvores à minha volta tinham perdido a cor, as plantas tornavam-se cinzentas e o seu tornava-se escuro. Um vento forte passava, o que me fez estremecer. Senti como se a minha felicidade tivesse desaparecido. Draco… eu precisava de encontrar o Draco…”

Acordei assustada e confusa naquela manhã. Por que razão tinha sonhado com Draco? A minha cabeça latejava. Eu só podia estar a enlouquecer, aquele sonho não tinha lógica nenhuma. Eu nunca me preocuparia com o que o ser desprezível ia pensar.

Levantei-me da cama de mau humor por ter sonhado com o Malfoy. Tomei um duche demorado. Por alguma razão, aquele sonho idiota não saia da minha cabeça e isso estava realmente me irritando. Eu odeio-o.

Depois do banho, fui escolher o que vestir. Depois de tanto procurar, optei por usar um vestido branco de verão, pois hoje, por estranho que pareça, estava calor e calcei umas all stars azuis claras. Amarrei o meu cabelo, passei uma maquiagem simples e desci as escadas para ir tomar o café da manhã.

Na sala de jantar, encontrei os meus pais que comiam sem conversar, o que já é normal e a minha irmã Daphne.

Sentei-me à mesa e nem falei.

- Bom dia para você também Astoria – disse ironicamente o meu pai.

- Bom dia só se for para você – respondi. Peguei o meu suco de abóbora e bebi-o.

- Esta noite iremos a casa do seu noivo. – anunciou a minha mãe.

- E porque raio vamos lá? – questionei irritada. O meu dia mal começou e já estou sentindo que não vai correr nada bem.

- Astoria!!! – corrigiu a minha irmã – Não se fala assim e muito menos se fala com a boca cheia.

- Desculpa – disse enquanto mastigava o meu café da manhã e soltei uma pequena risada ao reparar no olhar reprovador de Daphne.

- Iremos lá para acertar alguns pormenores sobre o casamento, temos de saber quando iremos oficializar o noivado e claro, começar os preparativos para o grande dia.

- É… o grande dia – ironizei, fingindo uma falsa animação.

Depois do café da manhã, fui até ao Beco Diagonal onde iria me encontrar com Josh.

Cheguei lá às 12:00h em ponto e encontrei Josh em frente à sorveteria me esperando.

- Oi – sorri beijando a sua bochecha.

- Tudo bem? – ele perguntou sorrindo.

- Sim – afirmei não muito convicta se estava a mentir ou a dizer a verdade.

- Então, o que os seus pais queriam ontem?

- Ah, isso – revirei os olhos – Era mentira, foi só uma desculpa que o Malfoy desprezível arranjou para acabar com o nosso encontro.

- Esse cara gosta mesmo de você – comentou. O QUÊ? O MALFOY? GOSTAR DE MIM? O JOSH ENLOUQUECEU?

- O QUÊ? – comecei a rir muito alto – Ele odeia-me Josh e é por isso que faz essas coisas, para me chatear, para me enlouquecer.

- Se você o diz… mas na minha opinião ele só fez isso por estar com ciúmes.

- Ciúmes? De nós? – perguntei próxima dele.

- É, acho que ele já percebeu o que sinto por você – ele mordeu o lábio. Ahh merlin, que coisa fofa.

- E o que você sente por mim?

Ele não respondeu, puxou-me para mais perto e beijou-me. Foi um beijo bom, Josh beijava bem e era como se encaixássemos. Pensando bem, nem eramos assim tão diferentes, talvez fossemos almas gémeas.

Quando o beijo acabou eu sorri e ao ver que ele retribui o sorriso soube que aquilo era o início de algo.

A tarde foi agradável, passeamos pelo Beco Diagonal, conversamos e fomos às Gemialidades Weasley, sempre gostei daquela loja, eu sei que é dos Weasley e eles não são uma família da elite e bla bla bla, mas eu gostava de ir lá, tinha sempre coisas engraçadas e interessantes.

Perto das 17 horas, encontrei a Sophie, a Pansy, o Blásio e infelizmente, o Malfoy.

- Hey gente – sorri.

- Olá Astoria – a Soph abraçou-me – Não sabia que estava por aqui – Ela olhou para Josh – Quem é ele?

- É o meu namorado – respondi.

Não sei se foi impulso, ou talvez só curiosidade, sei que olhei directamente para o Draco para saber a reacção dele.

Não consegui perceber o que ele estava a sentir, se raiva, ódio ou talvez, vontade de me matar.

Ele me encarou, e vi os seus olhos frios e sem vida serem possuídos por ódio. Virei o rosto e olhei para Josh.

- Que legal Asty – a Soph sorriu – Parece que sou a única sem namorado – ela soltou uma gargalhada.

- Sempre te avisei para não ser iludida, ninguém gosta de você – Pansy comentou, sorrindo falso.

- Vá para a merda, Parkinson. – Soph e Pansy se encaravam, o clima estava a ficar pesado.

- Que é isso, meninas? Já vão começar? – interrompeu Blásio.

- Desculpa amor, é que ela consegue tirar-me do sério.

- Olha quem fala, cara de cachorro. – reclamou Soph.

Vi que Pansy ia responder e que elas não iam-se calar, até que decidi intervir.

- PAREM IMEDIATAMENTE!

Elas pararam de brigar e encararam-me.

- Vocês têm de começar a se dar bem.

- Isso é impossível!

- Pela primeira vez na vida concordo com a Parkinson – disse Soph cruzando os braços.

- Ér… Blásio, eu tenho de ir.

- Oh, já?

- Sim, vemo-nos amanhã, adeus – ele começou a afastar-se.

- Vá e não volte – gritei para ele ouvir.

- Astoria querida, não se esqueça de logo à noite, encontramo-nos na minha casa – ele fez um sorriso safado e zombeteiro e desaparatou.

- O que ele queria dizer com aquilo? – perguntou-me Josh, nada contente.

- Nada… - afirmei irritada e tentando-me controlar.

O resto da tarde foi agradável, entre brigas e risos, quando me apercebi já eram 19:00h e eu estava muito atrasada.

- Gente, eu tenho de ir para casa – afirmei olhando para o meu relógio de pulso.

- Mas já?

- Sim, tenho um jantar…

- Com o Malfoy? – perguntou Josh e vi nos seus olhos que isso o irritava. Eu até lhe podia relembrar que o odeio o Malfoy, mas eu estava mesmo atrasada.

- Sim, infelizmente – dei-lhe um selinho e desaparatei.