Regina narrando

Bella não parava de procurar e remexer o guarda-roupa, tirava vários e vários vestidos de dentro do mesmo e os colocava na cama.

- Hã... Bella? Pra que você tá escolhendo esses vestidos? - Ela parecia determinada em escolher os melhores.

- Se você não vai contar porque está indo atrás da caixa de Gold, não te conto dos vestidos. - Ela sorriu e voltou-se novamente para as vestes.

- É... só que... Os vestidos não são seus. - Enfatizei bem o 'seus'. 

- Nem a caixa. - Ela riu se sentindo a mais esperta. 

- Bella... Eu sei que você quer ir comigo, mas, você não pode. - Eu permaneci calma e ela me olhou fundo nos olhos, podia ler e sentir todos os seus sentimentos mais profundos. Porém, o que mais me assustou é que... Ela estava com medo. Mas... Medo de quê? Ela estava comigo e eu a podia proteger! Afinal, eu finalmente tinha minha magia de volta! - Ta tudo bem? - Cheguei mais perto dela e toquei-lhe o ombro. De todas as reações que eu esperava, essa não estava na lista.

Bella largou os vestidos e me abraçou. Não como Emma me abraçava, não como meu pai anos atrás me abraçou, mas... Como minha... Amiga. E, pelo seu abraço, pude sentir que ela precisava de conforto. Bella começou a chorar e eu só a pude abraçar de volta. Ela chorava tanto que era até difícil lembrar que era Bella quem eu estava abraçando. Sentir toda a sua dor, todo o seu medo... Todo o seu sentimento. Era algo que, nunca tinha acontecido com nenhum outro. Nós tínhamos uma espécie de ligação. A apertei contra meu corpo e a abracei com vontade. 

Naquele momento, bateu-me uma saudade de meu amor verdadeiro, lembrei-me de todos os bons momentos, todos os que passamos juntos eram perfeitos. Meus longos cabelos pretos feito fumaça entre seus dedos... Sua outra mão tocava-me a pele e seus lábios vermelhos feito as minhas maçãs tocavam a minha bochecha. Daniel era perfeito. Ele me amava além de tudo. Acima de tudo. Faria de tudo para me proteger. - Algumas lágrimas começaram a escorrer pelas minhas bochechas em direção ao ombro de Bella. - Ele faria tudo por mim. Assim como eu por ele. Algo dentro de mim me fez questionar se... Estar com Emma era mesmo o certo. Era mesmo o que eu queria. Sentia tanta falta dela e de Henry, mas, será que ela era só um "tapa-buraco"? Pela falta do meu verdadeiro amor? Lágrimas de duvida substituíram as de tristeza. As de saudade. Ficamos assim por longos minutos, talvez horas. Quem de fato estava contando?

Logo escureceu e continuamos abraçadas, uma chorando no ombro da outra. Sem dizer uma palavra. Até que, um barulho ensurdecedor é escutado por ambas de nós. Tapamos os ouvidos com as mãos e comecei a andar em direção ao barulho.

- ONDE VOCÊ VAI? - Com grande dificuldade, ouvi o que Bella gritava. 

- LÁ EMBAIXO! - Gritei de volta.

- ONDE? - Ela não me escutava. Tinha de ver o que era isso. Apontei para as escadas e ela logo me acompanhou. Seus olhos visivelmente vermelhos. Era evidente que ela tinha chorado um pouco mais que eu. Balancei a cabeça negando que ela descesse. 

- FIQUE AQUI! - Berrei e, dessa vez, ela ouviu, pois estava do meu lado. Teria de segurar o vestido para descer e isso me doeu antes mesmo de fazê-lo. 

Segurei a saia do vestido e desci o mais rápido que podia. A cada passo o barulho ficava cada vez mais alto. Continuei correndo e tapando os ouvidos. No grande salão de festas, uma luz forte emanava e era de lá que o barulho vinha. Quando cheguei perto o suficiente para abrir as portas, o barulho parou abruptamente e fui jogada para trás por algo que não consegui ver. Rolei alguns metros no imenso corredor e bati as costelas num móvel qualquer. Com o impacto, tudo que havia em cima daquele móvel desabou sobre mim. Tapei a minha boca para não gritar e tentei me levantar. Meu corpo todo doía. Principalmente as minhas costelas. Me apoiei numa das paredes e com a outra mão, usando magia, curei as costelas quebradas. Porém, a magia não funcionava. Por mais que eu me concentrasse e usasse todo o meu poder, a dor não melhorava. Apertei meu braço contra o tórax e, ainda me apoiando na parede, fui em direção a sala. 

Meu cabelos estavam todos no meu rosto quando consegui, com dificuldade abrir a porta da sala de festas. Estava uma bagunça. Sofás virados, copos no chão, cortinas arrebentadas, flores caídas e etc. No fundo da sala se via uma silhueta e logo ao seu lado um chapéu. Cheguei perto da pessoa caída no chão e me ajoelhei com certa dificuldade ao seu lado. Seu cabelo castanho cobria-lhe todo o rosto. Puxei-a contra o chão e tirei-lhe o cabelo do rosto. Era Ruby. Mas... O que ela estaria fazendo ali? Quero dizer... Com o chapéu do Jefferson?