Regina narrando

No dia seguinte, assim que Emma saiu para a delegacia e, era o meu dia de folga, resolvi lavar a louça que eu não tinha conseguido lavar ontem... 

- Henry, desça aqui por favor. Tem uma coisa que preciso te dizer. - Os passos dele acoaram de longe no corredor, logo ele apareceu e sentou-se na bancada.

- Bom dia mãe, o que foi? - Ele sorriu. Enxuguei a mão no pano de prato mais próximo e me virei.

- Henry, eu vou ter que viajar. 

- Mas... Você não pode deixar Story Broke. - Ele franziu a testa.

- E... Eu não vou. Eu vou para Fairytail Land. O meu mundo. 

- O que você vai fazer lá? - Suspirei e me virei de costas, ajeitei o pano em cima da pia e olhei novamente para Henry. 

- Agora que a maldição foi quebrada, eu tenho que ... Terminar algumas coisas, terminar alguns assuntos pendentes, que eu deixei para lá quando vim às pressas. - Sorri. - Ta bem? - Passei a mão pelo seu cabelo.

- Emma... Já sabe? - Ele me olhou seriamente. Logo tirei a mão de seu cabelo. Não podia fugir dessa pergunta.

- Não, Henry, ela não sabe. Ainda. Eu vou contar para ela hoje. Já que hoje que eu decidi que iria. 

Ele assentiu com a cabeça.

- Você vai voltar? Você pode não ir?

- É claro que sim Henry. É claro que vou voltar. Mas, a única pessoa que poderia me impedir de ir, ainda não sabe que eu vou. Quero dizer, eu não posso dizer não se Emma pedir para eu ficar. Ela conhece Fairytail Land e, sabe dos perigos por lá. Mas... Eu vou ter que quebrar a minha promessa. Vai ser preciso que eu use magia. Na minha terra, não se faz nada sem magia. 

- Mas, então me promete que vai tentar não usar? - Ele sorriu triste.

- Prometo que vou tentar. - Afanei novamente seus cabelos. - Henry. Meu deus. Olha a hora, você vai chegar atrasado na escola. - Ele se levantou e pegou a mochila.

- Tchau mãe. - Ele berrou e saiu de casa.

Suspirei e terminei a louça. Reguei a minha nova macieira e subi para pegar algumas roupas adequadas para minha "viagem". Abri o closet e empurrei todas as roupas para a esquerda, uma enorme porta dourada fora vista. Girei a maçaneta e empurrei a porta, ela dava num corredor cinza imenso. Entrei e fechei a porta. Se olhasse para direita ou para a esquerda, veria manequins dourados com todos os meus trajes que já usei e deveria ter usado em Fairytail Land. Segurei uma ponta do vestido preto de quando fui ao casamento de Branca de Neve, avistei o vestido branco e azul do dia em que Cora matara Daniel, sorri olhando o vestido de qual eu visitara Maleficent e lhe roubara a maldição que eu havia lhe dado. Todas essas lembranças de meu mundo me fez ter realmente uma grande dúvida sobre o que fazer. Eu tinha que ir, só não... Só não queria. Por Emma, por Henry e... Por Bella. Eram as únicas pessoas que gostavam de mim de verdade, como poderia deixar para trás.

Meu sorriso se desfez quando vi o traje com o qual, tinha arrancado o coração de meu pai, agora era certo. Eu tinha que ir. Peguei uma mala qualquer e tirei dos bonecos os vestidos que iria precisar. Era óbvio que não ia caber na mala, então, lancei um feitiço na mesma. Peguei alguns sapatos e jóias, dobrei os vestidos cuidadosamente e os coloquei na mala, fiz o mesmo com os sapatos e as jóias. Fechei o zíper da mala e troquei o meu pijama por roupas comuns. Coloquei o sapato que não me machucava e desci ruidosamente com a mala. A apoiei no pé da escada, fui até onde os casacos ficam pendurados e peguei mais um de meus sobretudos preto, o coloquei e o abotoei, procurei no bolso a chave da porta e do carro, não estava ali. Fui até a bancada onde as chaves ficam e peguei a que precisava. Olhei no relógio e percebi que havia perdido muito tempo escolhendo os vestidos e lembrando de Fairytail Land. Não sentia fome e, Emma estava para chegar. Sentei-me na mala e esperei que ela abrisse a porta. Meus olhos estavam vermelhos pois havia chorado, apenas de pensar que ficaria longe de Emma.

Quando ela abriu a porta, não me viu, virou-se logo para trancar a mesma, tirou a jaqueta vermelha e a pendurou, colocou as chaves em cima da mesa e finalmente se virou para mim. Quando seus olhos bateram em mim, ela olhou delicadamente para baixo e viu que eu estava com meu sobretudo, o que significava que eu ia sair, depois, viu onde eu estava sentada, em uma mala. Só tinha uma explicação, eu iria embora.

- Onde você vai? - Ela perguntou pausadamente.

- Emma, - Levantei e puxei a mala até mais perto dela. - eu vou até a minha terra. 

- Quê? Por que? - Ela estava séria.

- Eu preciso ir. Tenho que resolver algumas coisas.

- Que coisas?

Emma narrando

Eu não podia suportar Regina indo embora novamente, estávamos bem aqui, por que ela tinha que ir até lá? Estava com tanta raiva do dia na delegacia, fora tudo tão confuso, eu só queria ir para casa e relaxar... com Regina. 

- Que coisas? - Repeti com raiva.

- Eu não posso te contar Emma. São coisas do mundo de onde eu...

A empurrei contra a parede e segurei uma de suas mãos, com meu outro braço, a prendi para que ela não saísse.

- O que você vai fazer em Fairytail Land?

- Tenho que resolver alguns problemas da maldição.

- Que problemas? - A apertei mais contra a parede. 

- Alguns ... problemas. - Ela respirava com dificuldade.

- Me diz Regina! 

- Me solta, está machucando. - Durante alguns segundos continuamos naquela posição, com a mão livre ela tentava me afastar, mas, ambas sabíamos que eu era mais forte. - Emma! - Ela berrou. - Me solte. 

A soltei e ela caiu ruidosamente no chão, virei-me de costas e apoiei uma mão na cintura, outra na testa, onde eu esfreguei. Quando virei-me novamente para Regina, ela estava no chão e uma das mãos esfregava seu pescoço. 

- Desculpe. - Estendi a mão para ela se levantar. Ela a pegou e eu a puxei. - Você tem mesmo que ir?

Ela assentiu com a cabeça ainda esfregando o pescoço. 

- Toda despedida vai ser assim? - Ela perguntou com um sorriso nos lábios. - Dolorosa para alguma de nós? 

- Emma! Regina já foi? - Henry entrou ruidosamente pela porta. - Ah, oi. - Ele ficou vermelho. - Você vai mesmo, não é?

Regina assentiu novamente e ele a abraçou, logo depois a soltou.

Regina puxou sua mala até o carro e eu a ajudei a colocá-la no banco de trás. 

- Até mais Emma. - Ela me abraçou como nunca havia abraçado antes. Logo depois me beijou. - Regue a minha macieira por favor. - Ela sorriu e eu afirmei com a cabeça. Ela entrou no carro e Henry correu até onde eu estava, o carro de Regina já estava longe o suficiente para que ela visse que nós voltamos para casa. 

- Por que a deixou ir? - Ele perguntou sério.

- Como... Você sabe algo que eu não sei garoto? - Me abaixei do seu lado.

- Ah, bem, pelo visto sim. - Ele sorriu sem jeito.

- E o que é? - Segurei seus ombros. - O que é?

- Ela disse que se você pedisse para ela não ir, ela não iria.

- O que? - Me levantei e olhei para a estrada, o carro já havia sumido de vista.

- Emma, não da mais tempo. - Ele entrou em casa e me puxou. - Você nem sabe onde é o portal para Fairytail Land. - Logo depois bateu a porta.

Regina narrando

Estacionei o carro dentro da floresta e fui andando até o poço de onde Emma e Mary Margaret haviam saído. Peguei um vestido qualquer na mala e um sapato que combinassem, peguei um colar da mesma cor e tirei o sobretudo, logo depois a blusa e um vento gelado bateu em minhas costas, tirei a saia e coloquei tudo na mala. Tirei os sapatos que usava e os deixei em cima da borda do poço, como havia feito com as novas roupas. Abri o zíper do vestido e com dificuldade o coloquei. Quero dizer, depois de vinte e oito anos usando roupas normais, aquilo ficara um pouco difícil... Fechei o zíper novamente e abotoei o colar em volta do meu pescoço, subi nos novos sapatos e me preparei para pular dentro do poço. 

- O que minha rainha está fazendo? - Gold saiu mancando de trás de uma árvore.

- O que você está fazendo aqui? Há quanto tempo está aqui? 

- Não muito, mas, suficiente para ver tudo. - Ele sorriu com desdém, me rodeou e parou atrás de mim, encostou seus lábios no meu ouvido. - Alguém com o corpo como o seu, não deveria esconder. - Suas bochechas se contraíram e senti que ele sorria. 

- Ah Gold, por favor, deixe-me em paz. - Me afastei dele.

- Onde você vai? Para Fairytail Land? - Ele sorriu.

- Na verdade, sim. Gold, - Respirei fundo. - quero fazer um acordo. 

- Ah, é mesmo? - Ele riu. - Qual seria? 

- Você não pode em hipótese alguma, deixar Emma vir atrás de mim, tudo bem? 

- E o que você faz por mim? - Ele sorriu.

- O que você quer? Eu não tenho nada que você queira e, nem pretendo ter. Afinal, não posso ter filhos com Emma. - Foi minha vez de sorrir.

- Quero que mate Hook, eu não consegui matá-lo daquela vez e, você terá que matar por mim.

- Mas, ele está na cidade, aqui, em Story Broke.

- Mesmo sendo prefeita, você não sabe de muita coisa, não é? Ele foi para lá - Ele apontou para o poço. - hoje de manhã. Mate-o e eu não deixarei Emma ir atrás de você.

Estendi o braço para ele. - Fechado. - Ele apertou minha mão e me puxou para junto de seu corpo. 

- Só mais uma coisa Regina, tome um pouco de cuidado. - Ele piscou. - Está avisada.  - Logo me soltou e eu o olhei.

- Tchau Gold. Lembre-se do nosso trato. 

- Nunca esquecerei "pequena Regal". - Ele sorriu com desdém e eu bufei. 

Subi na borda do poço e puxei a minha mala junto. Fechei os olhos e pulei.