Megan estava sentada roendo as unhas, já não aguentava mais esperar, então quando olhou novamente para a porta sentiu uma sensação de alívio percorrer seu corpo inteiro, sua espera havia acabado.

– Nossa, mas como você demorou! Tudo bem, me desculpa por ter ligado essa hora mas eu precisava falar com alguém e achei que você seria a pessoa certa. Ok, alguns dias atrás eu tive um sonho muito estranho, estávamos na festa em que a Lucy morreu então eu ouvi duas garotas discutindo e quando cheguei lá eram Lucy e Jena, elas gritavam uma com a outra, até que a Jena pegou uma faca e apunhalou Lucy, depois ela se virou e me matou também, eu não tenho certeza, mas isso pode ser um sinal, não é? Sabe, é meio absurdo, eu não consigo imaginar a Jena fazendo algo assim! Mas dizem que os psicopatas são assim, agem como pessoas normais, estão disfarçados entre a multidão, agem de uma maneira que nunca ninguém iria desconfiar que eles são assassinos... Você já precisa ir? Tudo bem, já está tarde, mas prometa não contar para ninguém, ok? Espero poder confiar em você e obrigada por ter me ouvido, até logo. – Então Megan se despediu e foi para casa.

Os dias seguintes passaram rapidamente, todos já haviam esquecido sobre a morte de Lucy, ou pelo menos fingiam ter esquecido, logo as aulas voltaram normalmente, e por incrível que pareça Megan ficou muito feliz, era como se um peso tivesse sido retirado de suas costas, no primeiro dia de volta a escola Megan acordou muito cedo e foi para a escola o mais rápido possível.

– Bem-vinda de volta. – Jena a surpreendeu logo na entrada.

– Ah, obrigada! – Megan forçou um sorriso e continuou andando, o rosto angelical de Jena não lhe enganava mais. Chegando ao seu armário Jason a surpreendeu.

– Bom dia, Meg! – Então Jason fez algo inesperado, quando Megan se virou ele lhe deu um selinho que fez Megan ficar paralisada por alguns instantes.

– Megan? Você não gostou?

– Não! Quer dizer sim! Eu só não esperava...

– Tudo bem, eu entendo, preciso ir, te vejo mais tarde?

– Claro, até mais. – Megan se despediu e foi para a aula. O resto da manhã passou rapidamente, então Megan foi para o refeitório e se sentou sozinha em uma mesa, logo Jason apareceu.

– Vai comer tudo isso? – Ele estava surpreso.

– Estou faminta, não tomei café da manhã hoje! – Megan levou a faca com que passava manteiga no pão e encarou Jason com os olhos arregalados, fazendo-o rir alto, logo ela percebeu a posição estranha em que se encontrava e também começou a gargalhar.

– Então, quer sair hoje?

– Eu acho que sim, estou precisando.

– Que tal irmos ao Big Coffe?

– Acho que é uma boa ideia.

– Tudo bem, eu passo na sua casa as 20:00 hrs, não chame ninguém!

– Ok. – Então Megan e Jason continuaram conversando até a hora do almoço acabar, então os dois foram para a aula.

Chegando na sala da aula de matemática, Megan avistou Katy no fundo da sala, já esperando por ela.

– Megan, sente-se aqui! – Megan sentou-se ao lado de Jena e pegou seu caderno.

– Bem vindos de volta, espero que tenham tido tempo para descansar nessa semana inteira que vocês tiveram de folga pois hoje vamos começar um novo projeto com as duplas que vocês formaram no inicio das aulas. – Então o professor James terminou de explicar o trabalho. – Nossa aula acabou, tragam a primeira parte na próxima aula.

– Então, eu te ligo depois pra gente combinar quem vai fazer o que, ok? – Disse Katie enquanto esperava Megan terminar de guardar suas coisas.

– Tudo bem, até mais. – Então Megan se despediu e saiu andando.

– Ei, Megan! – Molly corria atrás de Megan. – Se lembra de mim? Eu sou amiga do Jason, nós nunca mais nos falamos.

– Ah sim, Molly! Lembro sim. – Megan sorriu meio desconfiada.

– Então, tudo bem com você?

– A cada dia tentando melhorar, não é? Ainda não esqueci completamente o que aconteceu...

– Eu entendo, eu também estava lá, na hora que as luzes se apagaram eu fui embora, então não cheguei a ver... Você sabe...

– Sim. – Megan paralisou.

– Então, eu só queria saber como você estava, é melhor irmos agora, se não vamos chegar atrasadas.

– Tudo bem, até mais.

Então Megan foi para a aula de física, hoje a professora iria entregar as provas, mas Megan não estava ansiosa ou nervosa, na verdade nem se importava mais.

– Bom dia, alunos, vou entregar os testes hoje e como sempre, vou entregar por notas, da menor para a maior, Ok? Quem eu chamar venha buscar! – Então a professora voltou para a mesa e começou a chamar os nomes. – Jordan Smith, Perrie Flitz... – A professora continuava anunciando, Megan não estava nem prestando atenção, estava encarando um ponto fixo no seu caderno quando ouviu alguém chamar sua atenção.

– Megan Wood.

– O que?!? – Anna Shields, a dona das maiores notas da sala estava em pé encarando Megan com raiva. – Só pode ser um engano! Eu tenho certeza de que a melhor nota foi minha!

– Sinto muito, mas dessa vez a melhor nota é da Megan.

– Isso está errado! Corrija de novo!

– Eu vou fazer uma correção geral com todos agora mesmo, sente-se e aguarde. – Megan não entendeu o porque Anna estava tão brava, pegou sua prova e voltou para seu lugar, mas percebeu que pelo resto da aula Anna a encarou com ódio, Megan já estava começando a ficar assustada, quando a aula acabou e Megan estava saindo, Anna a barrou para lhe dar um aviso.

– Dessa vez você conseguiu, mas eu sempre fui a melhor da turma e sempre vou ser, acho melhor você voltar a ser só uma garotinha assustada ou você vai acabar se dando mal. – Então Anna saiu seguida por suas amigas, Megan revirou os olhos e continuou andando, guardou suas coisas, pegou o material necessário e voltou para a aula.

O resto do dia passou rápido, Megan voltou pra casa e dormiu, mais tarde acordou com o telefone tocando.

– Alô? – Megan disse enquanto acendia a luz. – Sim, eu posso, aonde? Ok, tudo bem, estarei ai em 20 minutos. – Então Megan levantou, escovou os dentes, penteou os cabelos e saiu.

– Oi, o que você precisava falar comigo? Que papel é esse? Você me chamou aqui só pra entregar isso? Tudo bem, deve ser realmente importante, você já precisa ir? Ok, tudo bem, eu também já vou. – Então Megan se despediu e voltou para casa, queria chegar em casa o mais rápido possível para poder ler a carta dentro do envelope.

– Megan, onde você estava? – Esther perguntou assim que Megan chegou em casa.

– Ah, eu só tinha ido tomar um ar fresco.

– Hum, então, vai querer o que pro jantar hoje? Seria strogonoff mas o açougueiro ficou me enrolando, queria de todo o jeito que eu comprasse uma carne caríssima, que ainda por cima era dura e também... – Esther foi interrompida por Megan.

– Tanto faz, eu acho que vou comer uma torrada, mas agora preciso subir, tenho muito dever de casa, ok? Falo com você depois.

– Tudo bem, vou fazer torradas para nós. – Esther disse enquanto Megan subia as escadas, se dirigiu ao seu quarto e trancou a porta, sentou-se em sua casa e pegou o envelope na bolsa, o abriu e o leu. “Cuidado, ela não é o que você acha que ela é, ela está te cercando para te enganar, Jena é mais perigosa do que você imagina, há 5 anos atrás ela deixou uma menina cega durante uma aula de ciências, você precisa achar provas e denuncia-la antes que seja tarde demais.” Megan ficou paralisada, olhando para a carta, isso era verdade? Jena era realmente uma psicopata fria e calculista? Megan precisava descobrir, e rápido!

– Megan. – Esther gritou tirando Megan do transe. – Preciso de ajuda.

– Ok, estou indo, mãe. – Megan gritou em resposta enquanto guardava a carta rapidamente, quando terminou escondeu ela e desceu.

– O que você quer? – Perguntou quando chegou a cozinha.

– Não tem ketchup para as torradas, você pode comprar mais?

– Tudo bem, qual é o mercado mais próximo?

– Tem um do lado da sua escola, tome cuidado e volte logo.

– Não se preocupe comigo, eu sei me cuidar, não sou mais uma criança.

– Eu sei, querida, mas é que eu fico preocupada depois daquela tragédia que aconteceu.

– Eu não gosto de ficar lembrando, tchau.

Megan resolveu ir com sua vespa para ir mais rápido, colocou o capacete foi indo, mesmo não querendo Megan começou a lembrar novamente da noite em que Lucy morreu, por mais que ela tentasse os flashbacks sempre voltavam, completamente perdida em seus pensamentos Megan nem percebeu que o sinal estava fechado e continuou andando, então na mesma hora um carro em alta velocidade veio e acertou a vespa, fazendo Megan voar uns 2 metros.

– Aaaaaah, droga. – Megan gemeu ao acertar o chão.

– Está tudo bem? – O homem que havia acertado Megan perguntou ao se abaixar. – Alguém chame uma ambulância! – Várias pessoas cercaram Megan para ver se estava tudo bem, várias pessoas estranhas, Megan estava muito confusa naquele momento, só queria ir pra casa, olhava para todas aquelas pessoas querendo manda-los embora, foi quando reconheceu um rosto na multidão.

– Megan, o que foi que aconteceu com você? – Molly se abaixou e segurou a mão de Megan. – Está doendo em algum lugar? – Megan não queria responder mas se sentiu segura assim que Molly segurou sua mão, segura o suficiente para desmaiar.

Horas depois Megan acordou num quarto de hospital, Esther estava sentada em uma poltrona ao lado de sua cama e abriu um grande sorriso ao ver que Megan havia acordado.

– está se sentindo bem, querida? – Esther disse enquanto passava a mãe no seu cabelo.

– O que é isso na minha perna? – Megan arregalou os olhos assustada.

– Fique calma, você trincou o tornozelo, vai precisar usar isso por um tempo, está se sentindo bem?

– Acho que sim.

– Eu fiquei tão preocupada! – Esther lhe lançou um olhar triste. – O que exatamente foi que aconteceu?

– Eu não sei direito, só sei que comecei a lembrar da noite em que a Lucy morreu, as imagens começaram a voltar e quando eu percebi estava jogada no chão gemendo de dor.

– Ah, querida, a culpa foi toda minha, eu não devia ter te lembrado daquilo antes de você sair. – a mãe disse triste.

– Não, não foi sua culpa, eu devia ter prestado atenção, não fique assim, eu estou bem agora. – Megan sorriu para a mãe.

– O Jason vem te visitar amanhã, hoje o médico só liberou pessoas da família.

– Amanhã? Por quanto tempo vou ter que ficar aqui?

– Por pelo menos mais uns 3 dias, você bateu a cabeça, tem que ficar em observação.

– Droga.

– Querida, é para seu próprio bem, não fique zangada.

– Ok, ok. – Então a conversa das duas foi interrompida pelo médico que entrou no quarto.

– Olá, Megan, está se sentindo melhor?

– Acho que sim.

– Isso é ótimo, agora você tem que descansar, aqui estão os seus remédios, tome e volte a dormir.

– Pra que? Eu posso dormir sem isso!

– Megan. – Esther a repreendeu.

– Ok. – Contra vontade Megan engoliu os remédios e voltou a dormir.

Enquanto Megan dormia uma pessoa não identificada usando um casaco e um gorro preto entrou no quarto, sentou-se ao lado de Megan e lhe fez um carinho na cabeça, se abaixou e lhe deu um beijo na testa, depois colocou uma carta nas mãos de Megan e saiu. O beijo fez Megan acordar, abriu os olhos devagar e tomou um susto ao ver a carta na sua mão, imediatamente a abriu e a leu “Megan, tome cuidado, não tente se matar novamente, ainda não é sua hora, você não é a próxima.” O que diabos era aquilo? Alguém estava tentando assustar Megan? Jena havia escrito aquela carta? Megan sentiu a testa levemente úmida pelo beijo e então esfregou a mão com força para limpar, sentiu nojo de si mesma naquela hora, o assassino de Lucy havia visitado Megan e lhe dado um aviso, ele estava a solta e voltaria a atacar em breve!