Hidden Enemy escrita por laurazanchi


Capítulo 10
Trouble




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Megan abriu os olhos, sua cabeça ainda latejava e o corpo doía, mas o efeito da droga já havia passado. Ao olhar em volta percebeu que ainda estava no Hotel Rivers, mas estava num quarto diferente, e havia um homem sentado numa poltrona de costas para ela, o que havia acontecido?

– Quem é você? – Ela perguntou desconfiada.

– Ah, você acordou. – Ele disse enquanto se virava para Megan.

– Responda.

– De nada. – Ele disse irônico.

– O que? – Megan estava ficando confusa.

– Não se lembra da noite passada? – Ele arqueou as sobrancelhas.

– O que? – Megan arregalou os olhos fazendo o rapaz desconhecido rir. – Do que você está rindo? – Ela estava cada vez mais confusa.

– Responda. – Disse ele num tom provocativo.

– Eu não sei.

– Tente lembrar. – Disse ele com calma.

Megan começou a forçar sua memória, ela precisava pelo menos tentar se lembrar o que havia acontecido. Aos poucos algumas coisas vieram até sua mente, mas nada que fizesse sentido ou se encaixa-se. Lembrou-se de ter comido brownies no dia anterior e lembrou-se de uma garota que ela não conhecia.

– Eu me lembrei de algumas coisas, mas nada faz sentido. O que você sabe sobre a noite passada?

– Não muita coisa.

– Não importa, me diga o que você sabe.

– Ok, eu estava na festa do Hotel Rivers, mas tudo estava muito entediante, então eu resolvi sair para fumar. – Ele começou com calma.

– E então?

– Então eu sai pela porta dos fundos que dava num beco, me escorei na parede e acendi meu cigarro, foi quando eu ouvi os gritos.

– Que gritos? – Megan o interrompeu.

– Os seus gritos. – Ele disse como se fosse uma coisa óbvia. – Então eu apaguei meu cigarro e segui os gritos, assim que eu cheguei você estava caída no chão quase desmaiando. Eu não sei como você foi parar lá, mas eu não te conhecia, e você desmaiou antes menos de poder me dizer seu nome, então eu pensei em te levar até o hospital, mas você estava com um forte cheiro de bebida alcoólica, então eu acabei de trazendo pra cá para evitar confusões. – Ele finalizou.

Agora tudo fazia sentido, ela conseguiu se lembrar de tudo que havia acontecido no dia anterior, desde a briga com Jason até ter sido drogada por Dave. Ela se sentiu mal ao lembrar de todas as coisas ruins que haviam acontecido noite passada, mas se sentiu aliviada ao lembrar-se que não havia sido estuprada por Dave e seus amigos.

– Então quer dizer que a gente não...? – Megan perguntou envergonhada.

– Transou? Claro que não! Que tipo de cara você pensa que eu sou? – Ele parecia ofendido.

– Eu não sei, acabei de te conhecer.

– Tudo bem.

– Obrigada. – Disse ela sorrindo timidamente.

– Então, afinal de contas, qual é seu nome?

– Megan.

– Nome bonito, eu sou Steven. – Ele sorriu.

– Prazer, Steven. – Ela retribuiu o sorriso.

– Agora quer me contar por que você estava drogada ontem a noite?

– Os caras que me levaram para o beco, eles me deram uma bebida com algo misturado, mas eu não sei ao certo o que era.

– Você aceita bebidas de estranhos?

– Você tem razão, eu fui uma completa idiota, deveria ter ido embora daquele lugar antes de isso ter acontecido.

– Que lugar?

– Eu também estava na festa do hotel, mas minha amiga me levou para um quarto, e la estava tendo uma festa também, mas era uma festa de drogas

– Você usa drogas? – Ele perguntou preocupado.

– Não!

– Ótimo.

– O que é isso? – Finalmente ela percebeu que não estava mais usando o vestido que pegou emprestado de Molly na noite anterior

– Ah, quando te encontrei jogada no beco seu vestido estava todo rasgado e molhado, então eu tive que vestir isso em você. – Ele falou como se fosse a coisa mais normal do mundo.

– Você me viu nua?!?

– Roupas íntimas. – Corrigiu ele. – E eu não sou nenhum pervertido, você esteve a noite inteira dormindo na minha cama e eu nem encostei em você.

– Ok, tudo bem.

– Vai querer café da manhã ou almoço? – Ele mudou de assunto rapidamente.

– Almoço? Que horas são?!? – Ela perguntou preocupada.

– São 11:37, por que?

– Droga! – Megan se levantou rapidamente e correu para o banheiro.

Esther deveria estar muito preocupada, Megan havia faltado aula novamente, e não havia avisado ninguém sobre onde estava. Há essas horas Esther já deveria ter chamado a policia. Ela precisava ir para casa imediatamente, mas ela estava sem carro, o seu havia ficado na casa de Molly, e o Hotel Rivers ficava longe de sua casa, então ela teve uma ideia.

– Você tem carro? – Perguntou enquanto tentava pentear o cabelo com os dedos.

– Sim.

– Então vamos.

– Vamos?

– Sim, você vai me dar uma carona.

– Vou?

– Vai. - Disse ela enquanto vestia uma calça jeans que havia encontrado encima da mesa.

– Ei, essa calça é minha. – Ele protestou.

– Me desculpa, mas eu não posso sair só de camiseta na rua.

– Tudo bem, pode usar, contanto que você devolva depois.

– Ok, agora vem logo, não tenho muito tempo, minha mãe já deve estar chamando a policia. – Megan puxou Steven para fora do quarto.

– Tudo bem. – Ele acabou cedendo.

Megan e Steven desceram até a garagem e foram até o carro dele, que era muito bonito, era um camaro 1967 conversível, ela que adorava carros antigos ficou de boca aberta.

– Belo carro. – Elogiou.

– Obrigada. – Ele sorriu enquanto o ligava.

Durante o percurso até sua casa, Megan foi explicando o caminho para Steven, que ficou surpreso pela casa dela ser tão longe, fora isso, eles não conversaram sobre outra coisa. Apesar e ter acabado e conhece-lo, Megan já havia gostado bastante de Steven, ele estava sendo muito legal e gentil com ela, já era a segunda vez que ele estava a salvando, ela já tinha um sentimento por ele, um sentimento de gratidão.

– Chegamos. – Disse ela enquanto ele passava na frente da sua casa.

– Vou te ver novamente qualquer dia desses?

– Seria muito bom. – Disse ela sorrindo.

– Toma, salve seu número aí. – E entregou seu celular para Megan, que salvou seu número e o devolveu.

– Muito obrigada por tudo. – Ela agradeceu.

– De nada, agora acho melhor você ir, sua mãe deve estar preocupada.

– Você tem razão, tchau.

– Até mais.

– Prometo que vou devolver sua roupa. – Disse ela enquanto corria até a porta de entrada.

– Ok.

Steven foi embora assim que Megan entrou em casa. Ao abrir a porta, ela encontrou sua mãe, seu pai e uma mulher misteriosa sentados na sala, o que seu pai estava fazendo ali? Assim que eles a viram, Esther deu um salto e suspirou, Megan não sabia se era de raiva ou alivio.

– Onde você estava!?! – Esher estava gritando.

– Por que o papai está aqui? – Megan ignorou a pergunta de Esther.

– Você deixou sua mãe preocupada. – Ele se manifestou.

– Que roupa é essa? Com quem você estava? – Esther continuou gritando.

– Não grita. – Disse Megan.

– Responda! Essa roupa é masculina. – Disse Esther segurando na blusa que Megan estava vestindo. – De quem é essa roupa?!

Droga, o que ela iria responder? Não poderia simplesmente dizer “Molly me levou para uma festa de drogas, três caras me drogaram e quase me estupraram, mas fui salva por um cara que me levou para seu quarto, e essa roupa é dele.” Esther provavelmente surtaria e a proibiria de sair a noite, então ela acabou tendo uma ideia.

– É do Jason. – Mentiu. – Eu estava com ele.

– Quem é Jason? – Seu pai perguntou.

– O namorado dela. – Esther respondeu.

– Ex. – Ela corrigiu. – Nós terminamos.

– Vocês terminaram e você está usando a roupa dele? – Esther perguntou confusa.

– É que... – Megan precisava pensar em uma desculpa o mais rápido possível! – Ah, mãe! Você queria que eu viesse pelada para casa? Minhas roupas ficaram encharcadas na chuva de ontem.

– Você não tem idade para passar a noite fora sem avisar! – O pai de Megan disse sério.

– Como é? Quer bancar o pai amoroso agora? Pare de fingir que se importa com alguma coisa além da porra da sua conta bancária! – Megan gritou.

– Megan! – Esther a repreendeu.

– Você não pode falar assim comigo, Megan! – O pai disse.

– Por que você simplesmente não vai embora? Ninguém te convidou para vir pra cá! Muito menos essa vagabunda loira, quem é ela? Sua amante nº 13?

– Megan! – O pai e Esther gritaram ao mesmo tempo.

– Foi por causa dela que você largou a mamãe não é?

– Megan, chega disso! Eu convidei seu pai porque acho que você precisa de um pai para te apoiar nesse momento difícil que você está passando!

– Você acha que eu preciso de um pai? Então por que não simplesmente comprou um saco de batatas e desenhou um rosto? Seria mais útil, pelo menos o saco de batata me ouviria quando eu precisasse lhe contar algo! – Megan gritava cada vez mais alto. – Quer saber? Eu não vou ficar aqui ouvindo mais mentiras! – Megan subiu correndo as escadas e bateu a porta de seu quarto.

Deitou em sua cama e suspirou, agora ela não precisava fingir ser forte, agora ela poderia simplesmente chorar as lágrimas que vem guardando a alguns dias enquanto assistia tudo desabar. Ninguém sabia, mas Megan realmente se sentia péssima com tudo que estava acontecendo, ver o corpo de Lucy pendurado em uma árvore, receber um bilhete de seu assassino no hospital, saber que Anna havia morrido, ter sido traída por Jason e quase ter sido estuprada na noite anterior. Em tão pouco tempo tanta coisa havia acontecido, era coisa demais para ela digerir, sua vida estava uma bagunça, a cada dia mais coisas ruins aconteciam, ela não admitia a ninguém mas estava morrendo de medo. Toda noite quando fechava seus olhos as lembranças voltavam. E para piorar tudo duas pessoas que ela gostava tanto haviam a decepcionado na noite anterior, o que ela faria agora? Ela precisava descansar naquele momento, então fechou seus olhos e continuou derramando lágrimas até pegar no sono.

No dia seguinte, ela acordou bem cedo para tomar seu café da manhã, não queria correr o risco de dar de cara com seu pai ou com aquela vagabunda loira logo de manhã. Quando terminou, pegou suas coisas da escola, enfiou dentro de sua bolsa preferida e saiu. Ainda faltavam duas horas para a aula começar, mas ela ficaria andando por aí nesse tempo, talvez passasse rápido.

Esther acordou e desceu para preparar panquecas para o café da manhã, quando chegou na cozinha se deparou com o pai de Megan, que já estava lá tomando seu café.

– Bom dia, Jeffrey.

– Bom dia.

– Vai querer panquecas?

– Você contou a ela?

– O que? - Esther franziu a testa.

– Você contou a ela sobre o motivo da nossa separação?

– É claro que não!

– Então por que ela disse aquilo ontem?

– Eu não faço ideia! – Esther arqueou as sobrancelhas.

– Tem certeza? – Jeffrey insistiu.

– Sim, eu tenho certeza!

– Ótimo. – Ele respondeu grosseiro.

– O que foi? Eu não tenho culpa se está estampado na cara daquela piranha que ela é uma vadia destruidora de lares! Já está sendo muito difícil conviver com ela aqui dentro dessa casa depois de tudo o que aconteceu! – Esther perdeu o controle e começou a falar um pouco alto demais.

– Eu pensei que você tivesse me perdoado quando prometeu não contar para ela! – Ele arregalou os olhos enquanto Esther ria irônica.

– Te perdoar? Você acha que eu fiz isso por você? Como você é ingênuo, Jeffrey! Eu fiz isso por ela! Porque eu não queria que ela crescesse sem pai da mesma maneira como eu cresci, mesmo com o pai dela sendo um estúpido, egoísta e mentiroso!

– O que está acontecendo aqui? – Uma voz feminina interrompeu a discussão.

– Bom dia, Meredith. – Jeffrey tentou soar normal.

– Não é da sua conta. – Esther respondeu grosseira.

– Costuma tratar todas as suas visitas assim? – Meredith perguntou irônica.

– Cale a boca, não minta para si mesma! Você sabe muito bem que eu te odeio tanto quando você me odeia, e está sendo um sacrifício ter uma vagabunda como você dentro da minha própria casa, mas saiba que o único motivo de eu estar fazendo isso é pela minha filha! – Esther gritou e foi em direção a escadaria, subiu e foi para seu quarto.

– Ele também acordava assim mal-humorada quando vocês eram casados?

– Esqueça isso. Me perdoe pelo o que ela disse.

– Não tem que me pedir desculpas, está tudo bem. – Mederith se aproximou e abraço Jeffrey. – Mas eu não posso evitar, tenho que te falar isso.

– O que? – Ele perguntou preocupado.

– Acho que ela dá muita liberdade para a Megan, deve ser por isso que ela está assim tão mal educada.

– Você acha?

– Sim, você como pai deveria tomar providências.

– Você tem razão, vou resolver isso assim que ela voltar da escola.

– Ótimo, agora vamos comer algo porque eu estou faminta.

Megan estava caminhando em direção a escola, por sorte, aquelas horas sentadas na calçada da frente do Big Coffe haviam passado rapidamente. Assim que adentrou a escola, foi em direção ao corredor em que ficava seu armário, rezando para não dar de cara com Jason, cujo armário também ficava naquele corredor. Guardou algumas coisas lá dentro, grudou mais uma foto na porta, e por fim o trancou, quando estava se virando para ir em direção a sala de aula, alguém a abordou, não era Jason, mas ela também não ficou nada feliz ao ver quem era.

– Megan! – Molly correu em sua direção.

– Olá. – Megan respondeu sem mostrar entusiasmo.

– Eu preciso pedir desculpas pra você, eu fui embora da festa com um cara e te deixei sozinha lá.

– Então você tinha ido embora?

– Sim, mas eu não estava consciente, só depois de algumas horas que eu lembrei que você estava lá comigo. Como você voltou para casa?

– Ah, um cara me deu uma carona.

– Um cara da festa? – Molly arregalou os olhos.

– Da festa do Hotel Rivers, porque se dependesse de algum cara daquele lugar repugnante que você me levou, a essas horas eu estaria estuprada e morta, jogada em algum beco por aí.

– O que? – Molly perguntou confusa.

– Molly, depois do que aconteceu entre a gente no banheiro, você voltou para seus amigos drogados e eu sentei com uns caras que me chamaram, eles me deram uma bebida misturada com alguma droga e eu acabei ficando muito tonta, então eles me pegaram, me levaram para o beco atrás do hotel e tentaram me estuprar, mas eles fugiram quando o cara que me deu carona apareceu. – Megan disse como se fosse a coisa mais normal do mundo e encarou a expressão de culpa no rosto de Molly.

– Droga! Isso é culpa minha, fui eu quem te levei para aquele lugar! Me desculpa, por favor. – Ela implorou.

– Tudo bem, isso já passou.

– E por favor, não conte a ninguém sobre isso, se isso for parar nos ouvidos da minha mãe ela vai querer me mandar para uma clinica de reabilitação de novo!

– Você é uma viciada? – Megan arregalou os olhos.

– Não! – Molly pareceu ofendida. – Eu só uso de vez em quando, para esquecer os problemas, mas a minha mãe é muito exagerada!

– Tudo bem, prometo não contar para ninguém. – Megan acabou cedendo. - Agora eu tenho que ir, até logo.

– Espera, e sobre o que aconteceu no banheiro... - Molly começou mas foi interrompida por Megan.

– Tudo bem, já passou, deixa pra lá.

– Ótimo! - Molly suspirou aliviada. - Então, até logo.

Megan se despediu e continuou andando até a sala de aula, quando a pessoa que ela menos queria ver naquele dia apareceu no corredor. Jason. Imediatamente ela levantou a cabeça e fixou o olhar num ponto a frente, fingindo nem ter o visto, e começou a andar mais rápido, mas infelizmente nada disso funcionou.

– Megan... – Ele segurou o braço dela.

– Me solta! – Ela puxou seu braço com violência.

– A gente precisa conversar.

– Não temos nada para conversar!

– Eu preciso explicar algumas coisas, eu e a Ramona não temos nada, aquilo foi só um deslize. – Jason finalizou e quando Megan abriu a boca para falar algo, Ramona se materializou atrás de Jason o agarrando pela cintura e lhe depositando um beijo na bochecha.

– Tem certeza? – Megan finalizou fuzilando os dois com os olhos, e saiu andando até a sala de aula.

A primeira aula era de matemática, e como sempre, eles trabalhariam nas duplas que o Sr. James havia separado no início das aulas. Megan entrou na sala e avistou Katie sentada numa mesa no fundo da sala escrevendo algo em um caderninho, ela parecia muito concentrada, então Megan foi em direção a ela e puxou uma cadeira para sentar. Fazia tempo que elas não conversavam fora da aula, nem mesmo na hora do almoço, geralmente Katie sumia e só aparecia na hora da saída.

– Bom dia. – Disse Katie ainda sem tirar os olhos do caderninho.

– Bom dia, o que está fazendo?

– Só umas anotações, nada importante. – Ela finalmente olhou para Megan enquanto fechava o caderninho.

Nesse momento o Sr. James entrou na sala e iniciou a aula. As aulas seguintes passaram rapidamente, e logo chegou a hora do almoço. Megan guardou seus livros de matemática em seu armário, pegou os livros que usaria nas próximas aulas e dirigiu-se até o refeitório. Pegou um hamburguer e um refrigerante e se sentou sozinha na mesa mais isolada que tinha lá. Ela desembrulhou seu hamburguer da embalagem de papel e começou a comê-lo, a luz forte do refeitório fazia seus olhos claros arderem. Ela não entendia o motivo de ter luzes tão fortes lá. Quando estava quase terminando sem hamburguer, uma sombra a cobriu, tampando a luz, ela ficou tão aliviada que nem percebeu o que estava fazendo sombra.

– Megan?

Imediatamente ela parou tudo que estava fazendo e congelou, seus músculos estavam rígidos e milhares de coisas passavam por sua cabeça, o que ele queria agora?

– O que foi? – Disse ela grosseira.

– Posso sentar?

– Não, você não pode.

– Megan, por favor, não fale assim comigo.

– E você quer que eu fale como depois do que você fez comigo?

– Eu fiquei preocupado com você, estava chovendo e você saiu daquele jeito.

– Jason, entenda uma coisa, você não faz mais parte da minha vida! – Megan bateu na mesa fazendo seu refrigerante espirrar para cima, pegou sua bolsa e saiu, deixando Jason parado ali mesmo.

Quando é que Jason iria entender que eles não tinham mais nada? Megan havia confiado nele e ele havia simplesmente pego sua confiança e jogado no lixo.

Ela andou com passos firmes até o pátio da escola e sentou-se em uma mesa na sombra e ficou lá, olhando para o nada, novamente pensando em tudo que havia acontecido em tão pouco tempo. Em menos de 2 meses ela havia se mudado para essa cidade completamente diferente, se apaixonado por um cara que ela costumava julgar perfeito, duas pessoas que a odiavam haviam morrido de forma cruel, havia sofrido um acidente que a fez pirar e quase ir parar no hospício, tinha descoberto que a pessoa que ela considerava sua melhor amiga era dependente química, quase foi estuprada, e por fim, havia conhecido um cara misterioso que parecia ser algum tipo de super herói. Realmente, era muita coisa para uma garota de 16 anos digerir em tão pouco tempo.

– Megan? - Katie estava parada atrás dela enquanto segurava uma bandeja.

– Ah. Oi, Katie. - Soou um pouco grossa.

– Posso me sentar aqui? Se não for incomodo. - Katie perguntou.

– Olha, você pode. - Megan disse encarando a bandeja de Katie. - Mas só se você me der um pouco das suas batatas fritas. - Ela sorriu.

– Ah, sem problemas. - Ela sorriu e se sentou ao lado de Megan. - Então... Eu vi o que aconteceu no corredor, você terminou com o Jason? - Katie perguntou e o sorriso de Megan desapareceu. - Desculpa, eu não deveria ter perguntado, não é da minha conta.

– Não, tudo bem. - Ela suspirou. - Ele me traiu. - Ela olhou para baixo.

– Ah, meu Deus, eu sinto muito!

– Tudo bem, já passou. – Megan olhou para Katie. – E eu conheci um cara novo.

– Um cara novo?

– Sim, ele é bem legal, ele disse que vai me ligar qualquer hora. – Megan sorriu ao se lembrar de Steven.

– Você não acha que é cedo demais? Quero dizer, você acabou de sair de um relacionamento.

– Você tem razão... Mas isso não me impede de sair com ele, certo? Podemos ser amigos.

– Amigos. – Katie concordou.

Logo o sinal tocou e todos voltaram para suas salas. Quando as aulas acabaram, Megan pegou rapidamente suas coisas e foi embora. Tudo que ela desejava para aquele fim de tarde, era um banho quente, um balde de pipoca e um bom filme de suspense, mas as coisas seriam bem diferentes. Assim que ela chegou em casa, se deparou com seu pai, sua mãe e Meredith sentados no sofá, o que era muito estranho. Megan fechou a porta atrás de si e se virou para eles, que mantinham os olhares sobre ela.

– O que foi? – Ela perguntou.

– Precisamos ter uma conversa séria. – Disse seu pai.

Ela olhou para sua mãe, que parecia extremamente perturbada, e assim que percebeu o olhar de Megan sobre ela, escondeu seu rosto em suas mãos.

– Pode falar. – Ela disse largando a mochila no chão.

– Bem... – Seu pai se levantou e passou suas mãos pela barriga, desamassando sua camisa social branca da Tommy Hilfiger. – A partir de hoje, haverão regras nessa casa. Você terá hora para sair e para voltar, hora para dormir, hora pra almoçar, hora para fazer seus deveres e para estudar. Sair a noite em dias de semana está proibido, e sempre que você for sair com alguém, terá que pedir permissão para sua mãe. Você entendeu? – Ele olhou para Megan.

– Isso é algum tipo de brincadeira? – Ela perguntou.

– Eu pareço estar brincando?

– Mãe, você concorda com isso? – Megan olhou incrédula para Esther, que não respondeu.

– O papel com seus horários está pregado no seu quadro de avisos. – Seu pai disse.

– Ótimo. – Ela disse irônica e então subiu para o seu quarto.

Megan bateu a porta atrás de si, passou a chave, e então caminhou em direção ao seu quadro de avisos, na esperança de aquilo ser apenas uma pegadinha, mas não era. Pregado com ímãs de rostinhos sorrindo, estava um papel branco com seus horários. Ela revirou os olhos e se jogou em sua cama. Ficou um bom tempo assim, encarando o teto, até sentir que seu celular estava tocando.

– Alô?

– Megan?

– Hmm... Sim... Quem está falando? – Ela perguntou.

– É o Steven.

– Steven. – Megan se sentou rapidamente em sua cama.

– Eu disse que te ligaria. – Ele deu uma risada que soou extremamente sexy nos ouvidos de Megan. – Então, estou entediado, quer dar uma volta?

– Ahmm... Só um momento.

Há pouco tempo atrás, Megan diria sem nem pensar duas vezes, mas agora ela estava proibida de sair a noite em dias de semana. Ela se levantou da sua cama de casal king size, e caminhou até a janela. Deu uma breve olhada para baixo e para os lados. Não era muito alto, e ao lado de sua janela tinha um cano, ela poderia descer por ali.

– Você pode passar aqui. – Ela finalmente disse para ele.

– Ótimo, chego aí em 15 minutos.

– Espera, Steven... Você pode parar duas casas a frente da minha?

– Por que?

– Eu te explico depois.

– Tudo bem, até logo. – Ele disse e desligou.

Megan resolveu ficar com aquela roupa mesmo, mas deu uma ajeitada no cabelo e passou um gloss neutro. Logo ela ouviu seu celular tocar novamente, era Steven, e ela já sabia o que era. Megan enfiou seu celular no bolso da calça jeans, colocou um pé para o lado de fora da janela, depois o outro, e então desceu escorregando pelo cano. Suspirou aliviada ao encostar seus pés na magra bem cortada do jardim de sua casa. Olhou para os lados, e então saiu andando cuidadosamente para fora do terreno da sua casa. Quando pisou na calçada já podia avistar o carro de Steven parado. Ela estava livre.


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