Guardiã - O Projeto Evans escrita por Alex Baggins


Capítulo 6
Capítulo 5




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Ou pelo menos era isso que ele achava, até Lily se mexer, arqueando as costas e soltando outro berro de gelar até a alma.

Esse grito fez James acordar do transe em que estava. Ele correu e se jogou ao lado do corpo que se contorcia e gritava.

-Lily! – gritou James, sacudindo o corpo mole da menina, tentando reanima-la – Marlene! Faça alguma coisa!

Marlene tirou a cabeça dos joelhos e encarou o menino como se tivesse acabado de notar que ele estava ali. Os olhos dela estavam inchados e marejados, pulando um pouco para fora.

-Faça alguma coisa! – repetiu James quando a menina não respondeu.

-Não há nada que possa ser feito – respondeu ela com uma voz rouca cheia de dor – a não ser esperar passar.

James parecia indignado com a resposta da menina.

-Não há nada que possa ser feito?! Deve haver algo! – ele puxou Lily para seu lado, aninhando-a em seus braços.

James sentiu um líquido pegajoso escorrer por seus dedos. Era sangue. Olhou para baixo e viu que seus dedos estavam vermelhos com o sangue que escorria de um longo corte vertical no braço de Lily. Como se soubesse que ele estava olhando, Lily, ainda inconsciente, passou suas unhas sujas de carmim sobre o machucado, deixando ainda mais fundo. James segurou as mãos da menina, e ela começou a se debater.

Ele olhou para Marlene assustado, mas a menina não estava olhando para ele. Estava com a cabeça abaixada novamente, as próprias unhas enterradas nos braços, deixando um rastro de sangue por onde seus finos dedos passavam.

-Marlene! O que está fazendo? Pare, me ajude aqui!

Marlene levantou os olhos e soltou as mãos, parecendo preocupada, quase assustada.

-James! – disse – Afaste-se de Lily, ela pode acordar!

-O que. Eu...

A frase foi deixada no ar, interrompida pelo movimento de Lily. Ela havia se levantado rapidamente, os olhos completamente negros arregalados. Ela girou e num piscar derrubou James no chão. Ela girou novamente, estralando o pescoço e com um movimento brusco de braços, as carteiras voaram para todos os lados, quebrando nas paredes. Ela soltou uma risada cruel, que não soava nada como a risada da verdadeira Lily.

Marlene se levantou com um pulo e com um giro de sua varinha, Lily estava novamente no chão, fortemente amarrada, gritando a plenos pulmões.

James encarava a cena do canto da sala, aonde tinha se encolhido quando a ruiva (agora com os cabelos cinza) começou a arremessar as mesas para o alto. Sua boca estava escancarada, obviamente em choque. Mas logo que saiu de seu estado de transe, correu novamente até Lily que esperneava, amarrada, batendo os pés e as mãos fortemente, sem parar de berrar nem um segundo, como se estivesse tentando acordar a escola inteira.

-Lily! Pare, pare, você está se machucando! - ele tentou segurá-la, mas ela era muito forte, e continuou se debatendo – Lily, Lily, por favor... – sua voz não passava de uma súplica fraca.

Novamente, porém com um pouco mais de cuidado, James voltou a puxar a menina para o colo, acariciando seus cabelos de forma delicada. Ela soltou bufou com raiva e tentou arranha-lo, mas ele não ligou. Continuava repetindo sem parar:

-Pare, Lily, essa não é você... Volta.

Lentamente, a menina se aquietou. Seus olhos negros começaram a se fechar, como uma criança que relutava em aceitar que estava com sono. Ela piscava, e a cor de seus olhos oscilava entre o verde costumeiro e esse negro assustador. Os dedos voltaram à coloração normal, deixando de ficar negros. E, como se tinta escorresse por entre os fios, os cabelos ficaram vermelhos novamente, e a pele começou a ganhar cor, passando de branco para um tom róseo bem mais saudável. E ela dormiu.

Marlene caminhou até ele, os olhos mais esbugalhados do que antes, completamente pasma. Sentou-se na sua frente e passou os dedos (já limpos do sangue) pelos cabelos da amiga.

-C-como... C-como você... – gaguejou, mas foi interrompida por James.

-O que exatamente acabou de acontecer aqui?

-E-eu não sei se devo contar.

-Conte-me! – exclamou o moreno, seus olhos adquirindo um brilho enlouquecido – Eu tenho todo o direito de saber!

A garota o encarou, a dúvida e a confusão deixando seus olhos. Limpou as lágrimas secas nas costas da mão e se endireitou, assumindo uma posição hostil.

-Você não tem direito nenhum! – rebateu – Você é apenas mais um inconsequente que apareceu nas nossas vidas para atrapalhar tudo!

-Ótimo! – retrucou James irritado – Não me conte! Uma hora ou outra eu vou descobrir mesmo, uma vez que irei passar o resto da minha vida preso a ela.

-Que seja. Mas por mim você não vai saber de nada que não seja da sua conta. – Marlene deu de ombros – O que importa agora é leva-la para a Ala Hospitalar.

James assentiu e, ignorando o fato de que era um bruxo e podia carrega-la com magia, pegou Lily nos braços e levantou-se. A outra não fez objeção.

Ambos saíram silenciosamente da sala. Estavam em uma parte remota do sétimo andar, por isso caminharam por algum tempo. James sugeriu uma passagem secreta que passava por de trás de um espelho e caía em um túnel escuro e frio. Instantaneamente, James fez menção de tirar o casaco para colocar em Lily, mas Marlene o segurou dizendo:

-Nem se preocupe. Lily não sente frio.

-Como assim “não sente frio”? O que quer dizer com isso?

-Quis dizer o que disse. Que ela não sente frio. Mas se te faz sentir melhor, vá em frente e cubra-a.

James olhou confuso para a morena, mas deu de ombros e cobriu Lily do mesmo jeito.

Andaram por mais algum tempo sem dizer uma palavra, seus passos compassados ecoando nas paredes geladas do túnel. Depois de alguns minutos, James virou a direita bruscamente e atravessou a parede. Marlene arqueou uma sobrancelha duvidosa, mas seguiu o Maroto, e acabou se achando num corredor próximo a enfermaria. Deu um tapinha no ombro do garoto que a esperava e disse:

-Muito esperto.

James revirou os olhos e seguiu para as enormes portas da Ala Hospitalar. Marlene passou a sua frente e bateu na porta com os nós dos dedos. Não demorou muito para Madame Pomfrey aparecer, enrolada num roupão azul. Ela estreitou os olhos sonolentos para o Maroto, mas sua expressão logo se suavizou quando o viu quem ele carregava.

-De novo? – perguntou ela virando-se para Marlene, que assentiu de leve – Bem, então ande, traga-a para dentro!

James se encaminhou para dentro, onde deixou Lily gentilmente em uma maca. Madame Pomfrey correu até um armário cheio de frasquinhos coloridos e etiquetados e começou a pegar vários deles, enquanto bombardeava Marlene com perguntas:

-O que houve?

-Mais um lapso. – respondia a morena com uma voz preocupada – Fazia algum tempo que ela não tinha um desses. Foi bem ruim. Duas salas completamente destruídas e os braços dela estão com alguns cortes bem feios, além de hematomas nas pernas.

- E você? – indagou a enfermeira.

- Eu estou bem. Alguns arranhões apenas.

-Você sabe onde fica o ditamno.

-Sei.

Marlene caminhou até o armário cheio de frascos onde estava Madame Pomfrey e pegou um recipiente com um líquido escuro e conta-gotas. A menina abriu o frasco e aplicou um pouco nos próprios braços arranhados, soltando um gemido baixo de dor. Ela assistiu suas feridas se fecharem lentamente, mordendo o lábio inferior na tentativa de segurar outro gemido.

Madame Pomfrey fazia o mesmo procedimento com Lily, curando hematomas e fechando cortes. Colocou um pano molhado na testa da ruiva, tentando abaixar uma febre baixa, porém insistente. Enquanto isso, James estava sentado numa maca qualquer, a visão turva e a cabeça girando. Era muito para absorver, muito em apenas um dia. Ele parecia prestes a explodir. Daquela noite, sua última memória era uma vaga imagem de Marlene murmurando algo com a enfermeira, e essa caminhando até ele, dizendo algum feitiço que ele não pode ouvir, mas o deixou muito sonolento. Ele tentou lutar contra a súbita vontade de descansar e não acordar tão cedo, mas suas pálpebras estavam tão pesadas... Ora, apenas uma sonequinha rápida não ia fazer mal algum.

Antes que James pudesse concluir qualquer pensamento, ele já havia apagado.

Sonhou que estava deitado nos jardins de Hogwarts, e surpreendentemente Lily estava deitada ao seu lado, a cabeça apoiada em seu peito. Ele soltou um suspiro feliz. Aquela posição era extremamente confortável e ele quase podia sentir o cheiro dela. Uma mistura de fragrâncias. Algo apimentado, porém floral. Ainda havia um cheirinho de morango e... Isso era cheiro de café? Não importava, era algo inebriante. Ele afundou o rosto nos cabelos dela, onde o cheiro ficava mais forte. Era real demais, quase tão real que doía.

-Potter – chamou suavemente a ruiva em seus braços.

Ele soltou um grunhido feliz e não respondeu.

-Potter – repetiu a menina – Potter! POTTER!

James acordou atordoado. Ficou ainda mais confuso quando notou que estava deitado na Ala Hospitalar, usando nada além de uma cueca. É essa nem era a parte mais estranha: Lily Evans estava de fato deitada ao seu lado.

Ela o encarava raivosa com seus olhos verdes. Estava presa num abraço, bem baixo de James e ele tinha a cara afundada no pescoço dela.

-Lily! – exclamou ele, soltando-a tão rápido que ela rolou para fora da cama e caiu no chão com um baque – Me desculpe! – ele se apressou em ajuda-la, mas ela o afastou com a mão e se levantou.

-Eu vim te acordar – grunhiu ela enquanto arrumava os cabelos e a camisola que usava – e você agarrou enquanto dormia e não me deixou sair.

-Me desculpe – repetiu James – eu abraço as coisas a minha volta enquanto durmo.

-Isso não explica o porquê de você estar fungando no meu cabelo.

James teve a ousadia de parecer constrangido.

-É que ele cheira muito bem. – justificou-se.

-Tanto faz. – disse Lily – Agora se vista, não tenho obrigação nenhuma de te ver seminu.

Mas apesar do que dizia, Lily olhou, seus olhos passeando preguiçosamente pelo corpo do Maroto, desde o abdômen definido, os ombros largos até aquele “V” que descia perigosamente até...

-Gostando do que vê Evans? – perguntou James sorrindo maliciosamente.

Lily deu de ombros.

-Ora, se eu estivesse seminua aqui você também estaria olhando.

-Sim, mas não tão descaradamente. Você não disfarça nada bem, se me permite o comentário.

A ruiva bufou.

-Não, não permito. – e se afastou para o outro canto da Ala Hospitalar.

Ele deu de ombros e se virou para sua própria cama e começou a vestir as calças que havia encontrado na mesa ao lado. Havia ali também uma camisa de botões e a gravata grifinória, além de um par de sapatos. Quando estava terminando de abotoar sua camisa, virou-se para perguntar algo a Lily, mas ele logo esqueceu o que ia dizer.

Lily estava algumas camas à frente, se trocando. Na frente dele. Sem vergonha alguma! Ela havia tirado a camisola que estava usando, ficando apenas de calcinha e sutiã, e então colocou a saia. James sabia que ela estava brincando com ele, provocando-o, mas quando ela começou a abotoar a camisa, ele mal pode controlar a vontade de desabotoar tudo que ela abotoava. A pele dela era branca como marfim, com algumas sardas aqui e ali, mas sem defeito algum.

Quando ela terminou de se arrumar, James não conseguiu mais se controlar e caminhou até ela dizendo:

-Se eu soubesse que você se trocaria assim para mim, eu te agarrava de noite mais vezes, lírio.

Lily não respondeu, como se não tivesse nem ouvido, mas James não desistiu.

-Ah, ruiva, não é nada divertido quando você não responde minhas provocações. – reclamou apoiando o rosto na curvatura do ombro dela.

-Você diz isso como se eu ligasse. Não se esqueça que eu não sou um parque de diversões para você, Potter. – respondeu ela sem se alterar e sem se afastar.

-Mas para o Diggory você é? – perguntou o menino com um tom acusatório.

Lily riu do desespero do menino, deixando-o ainda mais irritado

-Ao contrário, meu bem, Diggory é um parque de diversões para mim. A hora que eu chamar ele vem, assim como você. A diferença é que vindo de você eu não quero nem educação. – e dizendo isso ela deu uma piscadela para ele e saiu da Ala Hospitalar em passadas firmes e rápidas.


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Notas finais do capítulo

Podem me matar pela demora, eu deixo.
Mas se serve de consolo, o próximo capitulo vai vir com tudo! Muitas tretas, muito romance, e muitas provocações.
E ei, pelo menos eu não matei a Lily.



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