Guardiã - O Projeto Evans escrita por Alex Baggins


Capítulo 5
Capítulo 4




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Lily saiu andando, sem esperar para ver se James a seguia. Marlene a acompanhava calmamente, sem dar muita atenção para os alunos que cochichavam e a encaravam quando passava. Sirius olhou para James e ambos se levantaram e começaram a andar.

As meninas os conduziram para uma porta a alguns metros do Salão. Lily fez um gesto para que eles entrassem primeiro, depois fechou a porta atrás de si. Marlene se sentou numa das cadeiras e esperou todos se sentarem para começar a falar:

–Bem, é óbvio que vocês sabem por que estamos aqui.

James e Sirius se entreolharam.

–Não, na verdade, não. – discordou James.

Lily revirou os olhos.

–Aparentemente eu vou ter que repensar todas as minhas frases, porque vocês nunca entendem nada. – comentou ela de forma ácida – É óbvio que estamos aqui para discutir nossa atual situação.

–Nossa atual situação? – perguntou Sirius enquanto se esticava, apoiando os pés em cima de uma carteira – Você quer dizer o fato de que estamos unidos pela eternidade? Ah, isso não é de todo ruim, não é, Marlie?

Marlene chutou a carteira em que Sirius estava apoiado, o que fez o maroto perder o equilíbrio e cair.

–Não, não é de todo ruim. Passar a eternidade protegendo um ser com meio cérebro e com a necessidade sexual e carência equivalente a de um cachorro? Meu sonho. – respondeu ela sarcasticamente.

–Podemos ir direto ao assunto? – pediu Lily – Eu estou realmente exausta e não estou no clima de bater em vocês dois.

Marlene balançou a cabeça como se tentasse retornar o foco.

–Lily está certa. Vamos direto ao ponto. Precisamos conversar sobre como vamos lidar com nossa complicada situação.

–Vocês têm certeza que não há nenhum outro jeito? – perguntou James.

Lily assentiu.

–Eu vi isso acontecer algumas vezes, mas não há outro jeito. Estamos unidos para a eternidade, como numa maldita música trouxa. – resmungou a menina.

–Então vamos tentar fazer essa convivência o mais confortável possível. Não quero odiar cada segundo da minha vida enquanto a vivo. – pediu Marlene.

–Isso é uma... Trégua? – perguntou Sirius.

–Mais ou menos. Vocês tem que entender que, na maioria das vezes, vocês não vão nem notar nossa presença. Não vamos interferir na vida de vocês. Somos Guardiãs, sombras que vão garantir sua proteção. Não criamos laços com protegidos. Somos estritamente profissionais.

–O que estamos pedindo é que, nas poucas vezes que fomos entrar em contato, evitem piadinhas ou assédios. – concluiu Lily – Ou serei obrigada a trancá-los em uma masmorra por algumas horas. Ou dias. Nunca fui muito boa com noção de tempo.

Marlene riu da amiga, parecendo relaxar um pouco. Ela se espreguiçou na cadeira, posicionando os braços atrás da cabeça.

–Bem, era basicamente isso que tínhamos que falar. – disse ela soltando um suspiro cansado – Esse ano vai ser igual aos outros. Pretendo passa-lo de forma tranquila.

–Fale por você. – discordou a ruiva – É meu último ano antes de ter que passar o resto da minha vida cuidando desse pentelho. – ela apontou James com o queixo – Eu vou mais é aproveitar.

–O que quer dizer com aproveitar, ruiva? – perguntou Sirius com um sorriso cafajeste, recebendo um tapa de James.

–Certamente não quero dizer que você pode me esperar na sua cama, Black. – replicou Lily sem se alterar, enquanto James parecia se engasgar na própria saliva.

–Assim você me magoa, Evans. – choramingou o outro falsamente.

–Dez pontos para a Grifinória, então. – cantarolou a menina.

Marlene tossiu, chamando a atenção da amiga.

–Não é querendo atrapalhar tal tocante demonstração de afeto. – disse ela – Mas você não tem um encontro com o Diggory agora, Lils?

James puxou o ar com um ruído estranho, a cara completamente roxa.

Diggory. – rosnou ele – Aquele... Aquele...

–Quando você achar um adjetivo apropriado me mande uma coruja. – interrompeu Lily e virando-se sorridente para a amiga, ela disse – E, sim, eu tenho um encontro com Diggory, mas não estou com muita pressa. Aquele menino não larga do meu pé desde que eu atingi a puberdade.

–Bem, ele e metade de Hogwarts. –murmurou Sirius.

–Eu te incluo nessa lista, Black. Pensa que eu não vejo? É só Potter virar a cara que você parece que vai pular em mim.

Sirius deu de ombros, um sorriso cafajeste pendendo dos lábios enquanto James grunhia obscenidades.

–Não posso evitar, ruiva. – desculpou-se – É meu instinto natural desejar meninas bonitas.

–Devo me sentir lisonjeada, então? – perguntou Lily arqueando a sobrancelha.

–Isso vai me render um encontro?

–Você não presta, Black.

James, que parecia muito entretido em encarar Sirius com raiva e murmurar coisas que fariam um marinheiro corar, virou-se para as meninas e disse:

–Vocês estão muito engraçadinhas. Como foi que em seis anos nunca vi esse lado de você? - perguntou cruzando os braços.

–Ora, amor, não é minha culpa se você não soube aproveitar nossa companhia. – resmungou Marlene com um sorriso torto.

–Você nos odeia! – reclamou James indignado.

–Vocês são facilmente odiáveis. Enfim, - Marlene se levantou e passou as mãos na saia, alisando-a – eu já vou saindo. Coisas para fazer, mocinhos para agradar. – Sirius fez um som chocado – Vou dizer ao seu irmão que você disse “oi”, Black.

Sirius se levantou com um salto, derrubando a cadeira atrás de si. Marlene já tinha saído e ele correu atrás dela, gritando seu nome de forma indignada.

Sobrou James e Lily. A menina parecia entediada, arrumando as longas madeixas ruivas no reflexo da janela. Já o moreno parecia preocupado, torcendo os dedos nervosamente.

–Você vai realmente sair com Diggory, Lily? – perguntou ele, levantando os olhos apenas para encontrar o olhar fixo e curioso da bela ruiva.

–Vou.

–Mas ele é um idiota, Lily! – exclamou James, depois corando e continuando em voz baixa – Eu só não quero que você se machuque.

Lily parecia surpresa com o comentário do menino. Ela caminhou até ele e levantou a cabeça baixa dele com um dedo.

–Eu agradeço a preocupação, Potter, mas sou uma moça crescida e uma guardiã qualificada. Sei me cuidar. – e com uma bagunçadinha no cabelo dele, ela se virou e saiu.

Ele suspirou audivelmente.


***



Depois de alguns minutos dobrando corredores apressadamente e ignorando os berros insistentes de Sirius, Marlene finalmente conseguiu ficar só. Ela estava na área leste do primeiro andar, uma parte relativamente vazia do castelo. Ela era geralmente usada por casais na hora do café, ou por alunos matando aula. Passou por alguns corredores vazios, até encontrar o que procurava. Uma estátua curvada de uma bruxa miúda e enrugada, encostada numa parede cheia de portas. Contou a terceira delas e entrou.


Regulus estava lá. Marlene sempre se surpreendia com o quão parecido ele era com o outro irmão. Os mesmos cabelos escuros ondulados, que batiam no queixo, os mesmos olhos azuis frios como dois cubinhos de gelo, a mesma linha do maxilar definida e travada. Ambos os lábios eram cheios, mas um era sempre franzido, enquanto o outro era sempre inchado de beijos.

Ele estava sentado com as pernas esticadas, um livro apoiado precariamente no joelho. Não percebeu quando a garota entrou, ou então não a deu atenção.

–Boa noite, Black. – cumprimentou Marlene num tom de voz comedido.

Regulus levantou os olhos do livro e fechou-o, marcando a página que estava com um dedo.

–Boa noite, Srta. McKinnon. Como foram suas férias?

Marlene sentou-se de frente para o garoto, os olhos nunca deixando os olhos dele.

–Cansativas. Você sabe como os últimos dias de treinamento podem ser exaustivos.

–Sei. – houve um silêncio curto e confortável antes de ele perguntar – Já sabe quem é o seu protegido?

A menina arqueou a sobrancelha numa careta incrédula.

Você não sabe?

Regulus parecia confuso. Colocou o livro de lado e deu de ombros.

–Eu deveria?

–Deveria, uma vez que meu protegido é o verme-cego do seu irmão.

A boca de Regulus se abriu em um perfeito “O” de surpresa e choque. Se a situação toda não fosse tão complicada, Marlene teria rido.

–Ora... Bem... – gaguejou ele tentando se recuperar do choque – Acho que isso será um tanto quanto desconfortável para você.

–Talvez – concordou a morena – Mas eu e Sirius concordamos em tentar tornar nossa convivência o mais confortável possível.

–Sirius não é muito bom com promessas.

–Eu sei.

Outro silêncio se instalou dessa vez mais longo e mais tenso. Marlene brincava com as pontas do cabelo enquanto tentava arrumar os pensamentos na cabeça. Com um suspiro barulhento, ela largou as mãos do lado do corpo, se endireitou e disse:

–Não é por isso que estou aqui.

–Sei que não. Recebi sua coruja.

A voz de Marlene estava trêmula e preocupada quando ela falou:

–Então você sabe. Eles têm a ficha dela.

Regulus assentiu.

–Sim, eles têm. O que eu não entendo é o que um bando de Comensais da Morte pode querer com uma ficha do Departamento de Mistérios de uma nascida trouxa.

–Voldemort quer recrutá-la. Precisa saber mais sobre ela.

–Voldemort recrutando uma nascida trouxa? – Regulus indagou de forma descrente - Me parece improvável, McKinnon.

–Você só diz isso, pois não tem ideia do tamanho do poder de Lily. – a garota havia mudado o tom de voz para um frio e cortante como uma lâmina afiada – Não a chamei para ser Guardiã por nada, sabe. Se o poder dela cair nas mãos de Voldemort, só Merlin sabe o que pode acontecer. Será como entregar uma arma de destruição em massa a um assassino de sangue frio. Eu não quero nem pensar nessa possibilidade. – ela hesitou antes de continuar – Você acha... Que talvez consiga pegar de volta a tal ficha, Black?

O garoto fez uma carranca surpresa por alguns segundos, mas logo se recuperou.

–Dificilmente. – Marlene pareceu murchar com a resposta – Mas posso tentar. Porém irá sair caro.

A morena fez um gesto impaciente.

–Oh, por favor, eu tenho dinheiro...

–Eu não quero dinheiro. – interrompeu – Eu quero um encontro. Com você.

Ela arregalou os olhos, como se pega de surpresa. Depois se levantou, e com um sorriso lisonjeado, disse:

–Bom, então eu acho que nós nos vemos por ai... Regulus. – e virando-se, ela deixou a sala ainda com um sorriso pendurado nos lábios.


***



–Lily. – sussurrou Amos Diggory intensamente.


Lily segurou a forte vontade de revirar os olhos. Diggory a irritava. Desde o quarto ano, Amos a perseguia insistentemente, e se ela não precisasse dele já teria se livrado do encosto. Ele era um garoto bonito, com olhos azuis e bochechas rosadas. Não era nenhum Sirius Black, mas ainda assim, bem atraente.

–Amos. Sentiu minha falta? – perguntou a ruiva com um tom de voz provocante.

Ele não respondeu. Avançou rapidamente na menina, puxando-a pela cintura. Sem nem dizer nada, ele selou os lábios da bela ruiva com um beijo quase animalesco.

Lily o deixou ali por um tempo, sentindo a boca dele na dela. Passado alguns segundos, ela o empurrou gentilmente. As pupilas de seus olhos estavam dilatadas, os lábios vermelhos e borrados com o batom dela.

–Diggory... – começou ela.

–Amos. – corrigiu o outro – Me chame de Amos.

Lily revirou os olhos.

–Tanto faz. – ela posicionou ambas as mãos na nuca dele, fazendo movimentos circulares. Ela viu seus olhos se fecharem e um arrepio percorrer pelo corpo dele – Você sabe porque estou aqui, não sabe? Porque nós estamos aqui.

Ele assentiu levemente, sem nunca abrir os olhos.

–Você quer informações. – gemeu – Sobre o Ministério. Você sabe que meu pai trabalha lá.

Ela escorregou as mãos para os cabelos dele, e o puxou para mais perto, depositando um beijo suave nos lábios dele.

– E você vai me dar o que eu quero? – sussurrou ela contra a boca dele.

Ele aprofundou o beijo, tomado por uma intensidade selvagem, parando apenas por um segundo para sussurrar:

–Eu vou te dar o que você quiser.

Ele desceu seus beijos para o pescoço dela, os olhos fechados, completamente concentrado,

Mas os olhos verdes de Lily... Esses estavam abertos. E completamente negros.


***



James caminhava desolado pelos corredores frios e vazios do castelo. O Mapa do Maroto estava no bolso, para o caso dele se perder.


A cabeça de James girava totalmente cheia, a mente trabalhando a mil. Tanto acontecera em tão pouco tempo, tudo no mesmo dia...

James, desde o terceiro anos, sonhava em passar seus dias com Lily Evans. Era complicado, mas ela a amava. Amava o modo que o cabelo dela reluzia a luz do sol, amava o modo que seus olhos se arregalavam levemente quando ela acertava alguma questão, como se estivesse surpresa por saber a resposta. Amava como sua voz era macia quando falava com Marlene...

E agora ele estava atado a ela, mas não do jeito que ele queria.

Lily estava calma quando falou com ele, mas ele conseguia ouvir um quê de rancor na voz dela. Era compreensível, afinal, ele interrompeu a vida que ela tinha planejado.

Mas não fora ele. Por mais idiota que ele pudesse ser ás vezes, ele nunca poderia fazer isso com ela.

Ainda perdido em seus próprios pensamentos confusos, James dobrou uma esquina qualquer. O silêncio era sepulcral, mas conforme ele ia se aproximando do próximo corredor ele foi ouvindo um choramingo baixo.

Ele se aproximou, procurando a origem do som. O choramingo cessou por um instante.

E o primeiro grito cortou o ar.

James se apressou seus passos rápidos ecoando nas paredes de pedra fria. O segundo grito chegou, longo e agudo, impregnado de agonia. Os pelos da nuca dele se eriçaram, seu sangue parecia ter se congelado com tal berro. Finalmente, ele achou de onde vinham os gritos: uma porta fechada no fim de um corredor estreito. James correu até a porta e a abriu, atirando-se para dentro.

A cena que ele encontrou ali o chocou profundamente. Sentada no chão, a cabeça escondida entre as pernas, Marlene choramingava baixinho, no canto escuro da sala. No centro, havia um corpo flácido e pálido, de olhos fechados. As pontas dos dedos estavam negras, como se estivessem apodrecendo. Os cabelos estavam opacos e cinza, espalhados no chão, abertos em leque.

Demorou um pouco para James reconhecê-la sem seu brilho, sem sua aura de cabelos flamejantes, mas aquele era um rosto que ele reconheceria de qualquer jeito.

Porque aquela era Lily.

Morta.



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Notas finais do capítulo

Grandes desculpas por qualquer erro, escrevi esse capitulo rapidamente e sem beta.
Deixem reviews!



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