The Princess And The Thief escrita por Pacheca


Capítulo 3
The Challenge


Notas iniciais do capítulo

POV Narrow, espero que curtam! O próximo também será POV dela :)



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Segui pelos telhados até o outro lado da praça. As pessoas ainda cantavam e dançavam, bêbadas e exaltadas, mal percebendo o mundo a sua volta.

Desci em um beco iluminado, mas logo me misturei e achei quem eu procurava. Marvel, pegando a bolsa de um homem de seus 40 anos, quase desmaiado com tanta cerveja.

Puxei seu capuz sobre sua cabeça e peguei seu braço, arrastando-o comigo até uma outra rua, outro beco. Ele tentava se soltar, mas eu mantinha o aperto firme.

— O que você está fazendo, Crawler?

— Você é um tolo, Marvel.

Soltei seu braço quando as sombras nos escondiam e eu tinha certeza que ninguém nos ouvia.

— Eu escolhi o melhor alvo.

— E o pior. Eu sei que a perspectiva de ganhar um pouco mais te anima, mas não deixe que te cegue.

— Me cegar como?

— Ela te viu, Marvel. E a princesa te entregaria para a guarda real.

— Acha que eu seria capaz de te trair assim, Crawler? Como um rato imundo?

— Nós somos ratos imundos, Marvel. Não acho que você o faria, mas quem sabe o que está em jogo?

— Eu não tenho mais nada, Crawler. Nada pra proteger. Só a “Irmandade”.

Suspirei. Acho que ele percebeu sua tolice, aquilo já me parecia bem claro.

— Tudo bem. Vamos logo, a noite já está quase acabando e temos que descansar.

Corri até outro daqueles barris e subi em um telhado. Não precisava olhar pra trás para perceber que Marvel me seguia, eu podia ouvi-lo. Atravessamos todo o vilarejo em minutos, apenas a lua nos entregaria de onde estávamos.

Chegamos ao nosso local, o esconderijo. Era mais que um esconderijo, era nossa casa. De quase todos nós. Empurrei as pedras que tampavam a entrada e desci a escada também de pedra.

Mesmo quando Marvel escondeu a entrada novamente conseguíamos ver o caminho. Depois de tanto tempo vagando por ai, no escuro total algumas vezes, nos acostumamos com o escuro. Mais uma razão para vivermos nos subterrâneos.

Quase todos já estavam lá embaixo. Marvel logo se afastou, mas eu verifiquei quantos faltavam. Não muitos, para minha satisfação. Clove caminhava na minha direção, alarmada.

— O que há?

— Cato. – Antes que eu pudesse pedir uma explicação, o garoto loiro com ar nobre veio num passo pesado até mim.

— Boa noite, The Ruler. – Ele fez uma mesura sarcástica.

— O que você quer, Cato? – Sentia os olhares de todos sobre nós, mas ignorei.

— Seu lugar, Dark Queen! – Ouvi algumas exclamações pelo local, mas de novo ignorei.

— Um desafio?

— Agora mesmo.

— Posso ao menos saber o por que?

— Porque você simplesmente não merece ser chamada de líder, porque você é egoísta demais pra salvar qualquer um de nós. – Ele se referia a Seneca. Eles eram como irmãos.

Seneca era um dos meus aprendizes, ainda não tinha condições de sair sozinho. Infelizmente, eu sou uma das sombras mais procuradas do reino. Sombras, porque ninguém soube me descrever.

Armaram uma emboscada para me capturar uma vez, quando eu treinava Seneca. Eu consegui fugir, mas eles o pegaram. Alguns dias depois ele foi executado em praça pública por roubo.

— Pois bem, então.

Dei algumas ordens e em poucos segundos uma área entre os outros ladrões ficou desocupada. Uma área quadrada, todos em volta, olhando.

Tirei minha capa e a atirei para Clove. Ela era meu braço direito, mas eu sabia que ela sempre foi apaixonada por Cato. Ela não queria que o desafio fosse adiante.

— Precisa de alguma arma?

— Só meus punhos.

— Tudo bem então. – Entreguei a espada e o punhal para Clove.

— Eu não vou aliviar porque você é uma garota, Dark Queen.

— Não era o que eu esperava.

Thresh, quem diria o vencedor, nos deu o sinal para começar assim que falou as regras. Era bem simples: não há regras.

Cato e eu ficamos rondeando a área, até que ele avançou. Tentei me esquivar, mas ele prendeu uma das minhas pernas e me derrubou. Me prendendo entre seus joelhos, ele cerrou os punhos e me atacou.

Senti sangue banhar minha boca e meu queixo assim que ele acertou meu nariz. Consegui tirá-lo de cima de mim. Coloquei a mão sob o nariz e olhei meu sangue.

Parti pra cima dele, e antes que ele pudesse fugir, segurei sua cabeça e a acertei com meu joelho. Agora o rosto dele estava tão sujo de sangue quanto o meu.

Desviei do outro ataque e o derrubei. Chutei a lateral do seu corpo o tanto quanto pude antes que ele me derrubasse de novo. Ele tentou me prender, mas eu me levantei e pulei sobre suas costas.

Ele me tirou de cima dele, mas eu segurei seu pescoço com meu braço. Apertei e senti ele começar a lutar por ar. A única maneira de vencer é matando o adversário ou que ele te declare a líder.

— Ainda quer ser líder? Ou eu vou ter que te matar? – Ele tentava se libertar do aperto, mas acertei a parte de trás de seu joelho esquerdo com um chute e ele desmoronou.

— Responda! – Apertei mais e ele grunhiu.

— Não...!

— O que? – Relaxei um pouco o aperto pra que ele pudesse falar e que todos o escutassem. – Não o que?

— Não sou o líder! – Ele desistiu de lutar contra meu braço. – Você venceu.

Soltei-o e ele caiu no chão, o rosto encostado no piso de pedra. Os poucos lampiões iluminavam nossa situação deplorável.

Me joguei em uma cadeira velha enquanto cuspia o sangue e limpava meu rosto. Clove me ajudou, mas logo a dispensei.

— Foi muito bom, Creeper. – Sorri com o suposto elogio. – Mas deveria ver aquele médico. – Abernathy, nosso médico subordinado. Não simpatizava muito com ele, mas considerei a ideia de visitá-lo.

Cato estava de pé, ainda com o pescoço vermelho, apanhando suas coisas no chão.

— Pode continuar conosco, Cato, apenas não me desafie novamente. Mas a escolha é sua. Contanto que não nos entregue, pode ir aonde quiser.

— Continuarei sozinho, longe dessa humilhação. – Entendia o ponto dele, mas queria que ele ficasse, por Clove.

— Tem certeza? – Clove o observava, triste. Ele assentiu.

— Então que as estrelas iluminem seu caminho, Cato, filho dos Ludwig.

Ele foi caminhando na direção da saída, todos se afastando sem tentar impedi-lo.

— Clove, vá. – Ela me olhou surpresa. – Vá com ele. Se puder trazê-lo de volta o faça, mas se não, acompanhe-o.

— Por que quer que eu vá, Creeper?

— Porque ele precisa de você mais do que eu. – Segurei sua mão e continuei. – As portas estão sempre abertas, Clove, filha dos Fuhrman.

Ela sorriu e foi até Cato. Ele não questionou sua companhia, só prosseguiu calado. Os dois formariam uma bela dupla lá fora.

— Descansem, agora! – Todos me olharam, minha voz um pouco elevada. – Amanhã é um novo dia. Vamos!

Fechei meus olhos ouvindo todos se acomodarem em algum lugar. Me levantei da cadeira e peguei minhas coisas, agora no chão. Me acomodei em uma elevação mais ao canto, olhando todos.


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Notas finais do capítulo

Reviews :D