— Larga essa criança, Iceburgh — Nicolau tentou negociar.

Os moradores saíram e gritavam para que o algoz não machucasse o garoto. Um cenário caótico tomou conta, pois houve muito falatório.

— A gente pode deixar que fuja sem ser preso. Pedimos que não faça nenhuma besteira com essa criança — falou Elza para aquele que um dia foi o seu amigo.

— Não posso acreditar nisso. Sempre tive raiva do sucesso de vocês. Pensei que a vinda da Equipe Kumo e da Equipe Black seria o momento ideal para acabar com os sorrisos que eu tanto odiei.

Lorelei, Luiza e Simon permaneceram quietos  e deixaram tudo para Elza e Nicolau.

— Você tanto nos odeia assim?

— Claro que sim! Nicolau, o seu pai havia sido um dos responsáveis por acabar com a Equipe Rocket. Giovanni desapareceu depois disso, e eu perdi o meu sonho como cientista. Mas o destino uniu a mim e Alexander. Eu nunca imaginaria que ele era um dos algozes de Giovanni até ele me contar. Guardei o meu ódio mesmo após a morte dele. Direcionei tudo para vocês.

— Que homem triste você é. Podia ter tocado a vida e vivido plenamente — comentou Nicolau.

Iceburgh gritou. Não queria continuar com a conversa sobre o passado. Agarrou o menino e se afastou cada vez mais.

Kyuubi tentou avançar, mas Elza impediu.

O velho segurou a criança no braço e correu para dentro da floresta. Todos ali foram atrás, mas Elza e Nicolau pediu que ficassem atrás. Muitas pessoas atrapalhariam uma possível negociação.

Durante a fuga, Iceburgh escorregou e caiu numa ravina. Largou a criança, que rolou para um pouco longe. Levantou e percebeu uma sombra atrás. O velho virou e deu de cara com um grupo com mais de vinte Abomasnows. Cada um deles com características distintas. Havia algumas fêmeas com Snovers. O que parecia ser o líder tinha pelos maiores e era maior em altura. 

Elza achou a criança e viu Iceburgh ser arrastado para dentro da floresta. Só Arceus saberia o que fariam com ele. E ela não se interessou em ajudar.

— Aonde foi Iceburgh? — Nicolau questionou.

— Sumiu. 

— Como assim?

— Posso garantir que ele nunca mais voltará. É como se a floresta o tivesse engolido. O mais importante mesmo é levarmos o menino aos seus pais.

...

Jason prometeu a Baoba que salvaria Zeraora das garras da Equipe Kumo. Entretanto, a manipulação causada pelo capacete deixou essa promessa dificílima de ser cumprida, pois o objeto era muito mais resistente que qualquer gigaremo feito. 

— Como ele está? — Jason perguntou acerca da situação de Emboar.

— Está muito ferido. Mas Emboar é forte para aguentar até voltarmos à Moscold. Seu Charizard que ficou 100% depois que comeu aquela berry, hein?

— Diz a verdade, senhor Shingo. O senhor que explodiu aquela nave?

— Sim. Meu mestre e eu arrasamos com tudo. Claro que aquele velho só pensou em dinheiro, mas deu tudo certo. Aqueles criminosos não escaparam por isso.

— Pois eu agradeço por nos ajudar, senhor... — falou Cheyenne ao se aproximar dos dois. — E não se sinta culpado pela guerra na minha aldeia. Eles invadiriam mesmo com a nave intacta.

— Ah para com isso. Eu fiz aquilo para que Jason pudesse me dever uma. Aliás, me deve duas. 

Jason coçou a cabeça e perguntou o que Shingo queria dele.

— Melhor você terminar essa luta. Não está preocupado?

— Não, senhor Shingo. Confio em Pyro. Ele está apenas treinando os seus novos poderes. Logo, acabará com essa luta.

A confiança que Jason tinha era quase sobrenatural. Sequer ordenou Charizard com as técnicas, deixando toda a luta com a expertise do pokémon.

Zeraora estava quase sucumbindo quando coletou muita energia das nuvens e jogou um Thunder em direção ao dragão. Charizard foi pego em cheio e tomou todo o choque para si. Claro que ele sentiu o dano, mas a sua tipagem dragão tirou a super efetividade do golpe. Por fim, Pyro segurou Zeraora e deu uma mordida no capacete. Girou o adversário várias vezes até fazer com que o capacete saísse da cabeça de Zeraora. Charizard esmagou o objeto com a sua mandíbula. Após isso, permitiu que Zeraora caísse em suas costas.

— Ele está quase morrendo! — exclamou Jason ao ver que Zeraora não respirava.

— O que vai fazer?

— Senhor Shingo, avisa aos outros que eu fui para o Centro Pokémon de Moscold.

— Espere... — Shingo colocou Emboar dentro da pokébola e entregou a Jason.

O menino saiu nas costas de Charizard e voou até a capital.

...

Moscold

A situação de Emboar foi estabilizada rapidamente, haja vista era apenas uma ferida que não atingira pontos vitais. Zeraora, porém, teria que ficar na terapia intensiva por muito tempo. A enfermeira informou que o pokémon mítico seria levado à coma induzido.

— Obrigado pela informação, senhorita. Posso obter créditos?

Havia uma cabine com uma máquina parecida com caixa eletrônico. O garoto inseriu a pokédex num encaixe e comprou créditos para ligar para o laboratorio de Gary.

A doutora Milla surgiu no vídeo e informou sobre a ausência de Gary. Falou que Warden Baoba estava hospedado no laboratório.

— Eu vou passar para ele.

— Pra mim?

— É o Jason. Deve ser sobre Zeraora.

Baoba surgiu na pokédex.

...

Algum tempo se passou. Cheyenne, Yakutia e os guerreiros de Geada ajudaram os feridos e carregaram os mortos. Uma grande fogueira foi acesa e os corpos dos kumos foram cremados. 

— Sabe de uma coisa? Quando vi uma estrela errante desaparecer no céu, pensei que era você ou Cheyenne — Yakutia falava com Nicolau perto da grande fogueira.

— Não era? Ainda bem. Eu me odiaria se morresse.

— Acabei descobrindo que aquela estrela era o...

— Sim. Iceburgh tinha uma vida errática. Teve um momento em que senti pena. Viveu apenas para agradar os outros. Talvez eu seja igual a ele, tirando a parte má. Sempre vivi querendo agradar meu pai.

Elza e Lorelei surgiram. A líder de ginásio disse ao pai que falara com a sua mãe sobre o fim da guerra.

— Tenho que dar a insígnia para Jason! Cadê ele?

— Ainda não voltou.

Yakutia também queria falar com Jason.