1 Semana depois...

Os dias de servidão de Jason foram bem difíceis para ele. Sua mente sempre pensando sobre o seu pai e os seus amigos. Mas as palavras do Grande Bruce sobre o tempo dos dois mundos serem diferentes acalmou o seu coração. Era inimaginável acreditar que existiam tempos diferentes e mundos também.

Às vezes o Grande Bruce era encontrado dormindo no jardim, treinando, lendo algo ou assistindo à TV. Quando ele assistia, impedia Jason de entrar no quarto. A alegação: Jason era pequeno demais para o programa que assistia.

Throh e Sawk eram os dois guardas pessoais do Grande Bruce, apesar de serem mais fracos e terem treinado com ele. Seus serviços eram guardar a entrada dos aposentos e vigiar tudo ao redor do templo. Segundo Gyatso, havia alguns espíritos malignos em forma de ogros que viviam tentando entrar na cidade ou no templo.

Jason conseguiu um tempo para brincar com os dois pokémons lutadores. Entre uma pausa e outra, analisou os dois seres.

Nome: Sawk

Designação: Pokémon karatê

Número: 539

Tipo: Lutador

Sexo: Macho

Grupo de ovos: parecido com humano

Peso: 51 kg

Altura: 1,40 metro

Razão de gênero: 100% masculino

Estado: Velocidade

Nome: Throh

Designação: Pokémon judô

Número: 538

Tipo: Lutador

Sexo: Macho

Grupo de ovos: parecido com humano

Peso: 55 kg

Altura: 1,30 metro

Razão de gênero: 100% masculino

Estado: Energia

Pyro e os outros pokémons de Jason ficaram soltos pelos corredores. Havia uma bagunça causada por eles, principalmente por Tyrantrum.

Celebi fazia companhia ao Grande Bruce durante a sua meditação. Ele também meditava enquanto flutuava no ar.

O barulho das coisas quebrando atrapalhou Bruce.

— Que raios é isso? — perguntou ao chegar no corredor.

Ele viu Jason, os seus pokémons e Sawk e Throh bagunçando o corredor. Todos fugiram.

Bruce, com muita raiva, caminhou pelo templo em busca dos culpados pelo barulho.

Pouco tempo depois, Bruce apareceu no recinto de descanso em que todos os guardiões estavam. Gyatso, Jizo e Ryūjin tomavam chá numa mesa e ao fundo Kagutsuchi e Fujin treinavam golpes de fogo e vento. O homem carregava Jason pela gola da camisa e Pyro por trás da nuca do pokémon (segurava os dois como se segurava um gato).

— Grande Bruce... aparecendo de repente no nosso momento de lazer? — indagou Ryūjin.

— Cale-se, Ryūjin. Seja mais respeitosa com o seu mestre. Desculpe por essa insolência, Grande Bruce — disse Gyatso.

— Esses dois me causam muitos problemas. Eles fazem barulho e até ludibriaram Sawk e Throh a entrarem na brincadeira deles!

Mas os guardiões não demonstraram nenhuma lamentação pelo ocorrido. O próprio Bruce buscava um servo e impediu de Jason voltar.

— Nós só estávamos brincando, não é, Pyro? — O Charmander assentiu.

Bruce viu Ryūjin e se aproximou. Pôs as mãos sobre os seios da guardiã. Aquilo deixou todos boquiabertos.

— Tá bom aí? — indagou ela.

— Claro que sim... — respondeu, fazendo uma cara de pervertido.

Ela deu uma bofetada nele que o fez cair contra a parede. Gyatso quase desmaiou por causa do atrevimento dela.

— Adoro mulheres com temperamento difícil.

Jason se aproximou de Bruce e o consolou. O homem ficou furioso com o menino e pediu que ele voltasse para a Terra.

— Dessa vez eu não quero ir. Quero que o senhor me treine.

— Vai sonhando. Agora vá buscar o meu saquê.

...

Mais duas semanas no templo do Grande Bruce. Dessa vez o homem saiu para uma pequena missão fora.

Gyatso explicou que o mundo espiritual era um mundo paralelo ao da Terra. Existiam outros mundos com outros guardiões e espíritos. Bruce era apenas um deles.

Nesse meio tempo, Jason continuou servindo ao Bruce. Pedia todos os dias para que ele o treinasse. Toda vida que relembrava o rosto de Bernardo Greco, sua raiva aumentava. Levara uma surra por ser fraco e criança.

— O que diabos essa criança faz aqui? — indagou Bruce ao chegar no seu quarto e ver Jason dormindo sentado no chão e escorado na parede.

Na manhã seguinte, Jason acordou deitado numa cama. Era bem maior e mais confortável do que a que dormia.

— Onde estou?

Ele saiu até o jardim. Bruce treinava perto do lago. O homem vestia apenas uma calça. Fazia movimentos vagarosos com os braços. Celebi e Charmander acompanhavam a cena.

— Trouxe o meu saquê?

— Pode me treinar?

— Quanta teimosia! Já falei que não.

A mucama levou o saquê. A cada gole, Bruce fazia careta. Odiava a bebida.

— Por que não pode beber outra coisa?

— Comer e beber é opcional quando se tem vida eterna. Infelizmente bebidas alcoólicas são proibidas nesse mundo. Mas consegui fazer com que abrissem uma exceção. Droga! Devia ter pensado numa outra bebida ao invés de saquê.

Jason pensou numa possibilidade.

— Se eu te arranjar uma bebida alcoólica, vai me treinar?

Bruce riu da cara do garoto. Perguntou a ele como faria isso? Uma vez saindo do mundo espiritual, nunca mais poderia retornar. Jason correu de volta ao quarto dos servos e pegou o outro frasco de vodka que comprara em Rock'atown (o primeiro ele deu a Charmander na luta contra Shaymin).

— Aqui. Toma.

Bruce abriu a latinha e provou. Sua reação foi exagerada e feliz. Pela primeira vez depois de tantos milênios provou vodka. Lembrou da vez em que era humano e amava encher a cara.

— E aí?

— Como uma criança tem acesso a vodka? Seu pai deve ser o pior pai. Esquece ele!

— Não! O senhor me prometeu que ia me treinar. Cumpra a sua palavra.

A vodka foi consumida rapidamente. Bruce adorou se embriagar com bebida boa.

— Garoto... hoje é o seu dia de sorte. Estou disposto a treiná-lo.

— Oba!! Mas treinar a mim significa aos meus pokémons também.

— Tá brincando com a minha cara?

— De maneira alguma. Por favor, treine os meus pokémons!

— Tudo bem. Vou treiná-los. Mas em troca ficará nesse mundo por 2 anos. Isso são 2 dias lá na Terra. Que tal?

Jason assentiu. Comemorou com Charmander. Queria ver o seu pokémon evoluir e ficar poderoso. Bruce interrompeu o menino e disse que evoluir Pyro seria problema.

— Por quê?

— Ele não pode evoluir. Sinto muito, mas o seu Charmander será Charmander para sempre.

Um balde de água fria!!