A Última Filha - Predador escrita por Ariane Rosa


Capítulo 11
Capítulo Onze




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– Sem se meter em problemas. – Ross nos disse.

– Está bem, cara. – Nero disse sem interesse.

Estávamos indo embora do treinamento quando ele nos disse isso.

Já se fazia uma semana desde o aviso de Ártemis, e ainda não havia acontecido nada.

E enquanto eu me virava de costa e caminhava para longe de Ross, ele pegou em meu ombro e me puxou pra trás.

– Haide...

– Eu sei. Eu não vou me meter em problemas. – Eu o interrompi tentando me soltar.

Ele apertou meu ombro e me fez virar para encará-lo.

– Não. Não é isso. – Ele me disse sério.

Eu o olhei esperando, então ele soltou meu ombro e eu cruzei os braços impaciente.

Ele suspirou irritado e disse:

– Precisamos conversar.

– De novo?

Ele suspirou novamente e perguntou:

– Está brava comigo, não é?

– O que você acha? – Perguntei ironicamente.

Ele olhou para o chão e disse:

– Desculpe.

Eu fiquei em silêncio e isso o fez volta a me olhar.

– É sério. – Ele continuou.

– Eu sei. – Eu disse lentamente.

Ele continuou a me olhar desconfiado.

– Certo. Você acha mesmo que eu acredito nisso?

Eu fiz uma careta e disse:

– Acredite no que quiser, Ross.

Eu me virei de costa, mas, novamente, ele pegou em meu ombro e me fez virar de volta para encará-lo. Eu cruzei os braços novamente e perguntei rudemente.

– O que?

– Acha que eu sou o pior irmão do mundo? – Ele perguntou sério.

Eu o olhei com a expressão vazia.

– Dá onde você tirou isso? – Perguntei séria.

Ele suspirou e disse:

– Você me fez entender isso há algum tempo atrás.

Eu continuei o encarar com a expressão vazia. E naquele momento estava pensando naquela pergunta. Depois de alguns segundo de silêncio, dei de ombros e disse:

– Às vezes.

Ele balançou a cabeça positivamente e então me aprecei:

– Ross, olha, eu não disse aquilo tudo de propósito. Estava irritada. E você me conhece, sabe como sou.

– Eu sei. Mas você estava certa de tudo. – Ele me disse parecendo um pouco triste.

E, de repente, um puro impulso quase me fez me jogar em cima dele, mas me contentei há tempo. Por algum motivo quis abraçá-lo. Mas espere. É o Ross. Tenho certeza de que ele me jogaria longe se eu fizesse isso.

Mordi os lábios com o pensamento.

– Ah, preciso ir. – Eu disse rapidamente.

Ele me olhou triste e disse:

– Está bem.

Eu dei um sorriso nervoso e saí rapidamente de lá.

...

Eu não me encontrei com Noah na entrada, e então ligue pra ele, também não me atendeu. Comecei a ficar preocupada.

No intervalo continuei o procurar foi quando me dei de encontro com Alan.

– Oi. – Ele disse enquanto me segurava para não cair.

– Oi. – Eu disse distraída olhando para os lados.

Eu o olhei e disse:

– Bom, quase.

– Quase? – Ele perguntou com um sorriso.

– É. Estou procurando pelo meu namorado.

– Ah, entendi.

Eu dei um sorriso, me coloquei na ponta dos pés e olhei pelo seu ombro. E ali estava Noah sentado nos olhando. Eu suspirei aliada e disse:

– Ah, achei ele. Eu vejo você depois.

Ele balançou a cabeça positivamente e então foi em direção à mesa onde Noah e Agnes estavam sentados.

– Ah, até que fim encontrei você. – Eu disse quando estava diante da mesa. – O que houve? Por que não retornou minha ligação?

Noah cruzou os braços e ficou em silêncio. Ele estava com a expressão modificada, estava azeda e mortal.

– Noah? Tudo bem? – Perguntei com as sobrancelhas juntas.

– Nesse exato momento? Não. – Ele disse rudemente.

Eu levantei as sobrancelhas pelo seu tom, ele não costumava falar assim comigo.

– Certo. Então, pode me dizer por que não retornou minhas ligações? – Eu perguntei tentando entender sua expressão.

– Eu não as vi. – Ele disse com o mesmo tom de antes.

– Desde quando não olha seu celular? – Perguntei séria.

– Desde quando você é amiga do Alan? – Ele perguntou ironicamente.

Ah, então é isso.

Eu cruzei os braços e disse irritada:

– Isso é ridículo.

– Ela tem razão. – Agnes concordou.

– Não se mete. – Noah lhe disse mortalmente.

Ela fechou a cara numa expressão azeda.

– Está bem. Você está agindo como um idiota agora.

– Ah, é. Tem razão. – Ele disse ironicamente. – Eu sou um idiota pra você.

Eu revirei os olhos e disse:

– Você tem que parar com isso. Não tem nada de errado com o Alan.

– Ah, é. Eu que sou o problema. – Ele disse alto.

– É. Você que é o problema. – Eu concordei rudemente.

Ele me olhou mortalmente, mas ficou em silêncio.

– Você e seu ciúme pelo Alan. – Eu continuei elevando o tom de voz.

– Ele tem algo de errado. – Ele disse lentamente, mas duro.

– Não. Você que tem. Já chega disso. Cansei de dizer que não tem nada de errado com ele, acho que o problema aqui é você. – Eu disse alto.

Eu desviei os olhos dele por um momento e olhei para os lados, tinha algumas pessoas só me encarando, então respirei fundo e disse mais calma:

– Noah, precisa parar com isso.

Ele me olhou em silêncio e então eu disse:

– Certo. – Eu me virei brutalmente e saí de perto deles.

...

Ótimo. Noah e seu ciúme idiota. Agora estava irritada porque meu namorado não gosta de um garoto que eu conheci. Ridículo! Ele é muito infantil...

– Tudo bem?

Eu olhei para meu lado e vi Alan. Ele havia acabado de me tirar da minha linha de pensamentos.

Eu estava na escadaria da escola. Tinha matado aula e ele pelo visto também.

– Não. – Eu disse desviando o olhar do dele.

Ele se sentou ao meu lado e perguntou:

– O que aconteceu?

Eu voltei o olhar e disse:

– Por que quer saber?

– Porque talvez eu possa ajudar. – Ele disse parecendo confiante.

Eu dei um meio sorriso e disse:

– Não. Acho que não pode.

– Por quê? – Ele perguntou se colocando mais perto de mim.

– Porque... – Hesitei. – É complicado.

Eu desviei o olhar novamente e ele suspirou.

– Já que não vai me contar, – Ele se levantou e me olhou. – que tal nós darmos o fora daqui?

Ele estendeu a mão para mim. Eu a olhei hesitante.

– Ah, eu não sei...

– Vamos. – Ele insistiu. – Eu sei que você quer muito isso. E você não tem nada a perder.

Ele me deu um grande sorriso que foi irresistível, então suspirei e disse:

– Está bem.

Ele me ajudou a me levantar e então saímos de lá.

Ele estava certo. O que eu iria perder? Precisava esquecer o que tinha acontecido.

Alan e fomos pelos becos, logo depois viramos à direita numa viela. Fomos até o final dela, e a nossa esquerda havia uma porta de metal.

– Que lugar é esse? – Perguntei olhando para os lados. Ali era completamente afastado. Só se podia ver o céu e as paredes que bloqueavam as passagens.

– É o meu lugar favorito. – Ele disse abrindo a porta.

Eu o olhei ironicamente e disse:

– Belo lugar pra trazer garotas.

Ele me deu um sorriso.

– Você é a primeira. – Ele fez um gesto com a mão. – Primeiro as damas.

Eu dei um passo em direção à porta, mas a vozinha disse:

Não entre. Saía daí. É uma armadilha.

Eu mordi os lábios e ele perguntou:

– Não quer entrar?

O olhei por um momento, mas, então, entrei.

Para! O que está fazendo? – A vozinha gritou.

Cala a boca. – Pensei de volta.

Eu te avisei. – E então silêncio.

O lugar era escuro e sombrio. E grande, mas não tinha janelas, só a porta atrás de mim. Havia algumas mesas pequenas ali cheias de objetos que não reconheci. Mas uma mesa maior se destacou no meio delas. Forcei os meus olhos a enxergarem algo, mas queimaram quando ele acendeu uma lâmpada acima dele. Pisquei algumas vezes e então o olhei ao meu lado.

– Bem vinda ao meu lugar secreto. – Ele disse jogando a sua mochila na mesa grande. Fiz o mesmo.

– O que você costuma fazer nesse lugar? – Perguntei maliciosamente.

– Coisas. – Ele me disse docemente.

– Ah, sei. – Eu disse me virando e olhando as mesas.

Senti seus olhos em minhas costas, mas ignorei isso.

– Brigou com seu namorado, não é? – Ele perguntou depois de algum tempo.

Olhei para a parede sem a vê-la. Suspirei e perguntei:

– Se sabia por que me perguntou?

Ele não respondeu e isso me fez virar em sua direção. Ele me encarava de um jeito que não reconheci. Sua expressão estava séria e sombria. Então ele finalmente deu de ombros e disse:

– Só queria saber se você iria me contar, antes de eu começar a dizer coisas. Entende?

Eu abaixei a cabeça e disse:

– Estávamos brigando porque ele tem ciúmes de você.

Ele suspirou e disse:

– É. Costumo provocar isso nos namorados das minhas amigas.

Eu ri com suas palavras e voltei o olhar. Ele me olhava com um sorriso torto que só o Noah podia fazer, mas por algum motivo era idêntico ao dele. Eu fiquei séria e disse:

– Eu não sei se ele e eu vamos poder mais continuar com isso.

Ele balançou a cabeça e deu uns passos em minha direção. Olhou-me sério e perguntou:

– Não acha que vai mais dar certo?

Eu dei de ombros e disse:

– Não. Pelo menos, desse jeito.

Alan estava perto de mim como Noah fazia quando estava apaixonado, só que não me dizia.

Comecei a ter dificuldades para respirar, mas ignorei isso. Desviei o olhar do dele por precaução.

– Haide, – Ele começou hesitante. – sei como se sente. E acho que posso te fazer feliz. De alguma maneira.

Eu voltei o olhar triste e perguntei:

– Por que está dizendo isso?

Ele colocou uma das mãos em meu rosto e disse:

– Porque eu te amo.

Eu olhei confusa e foi quando ele me beijou.

Porque não escutei minha vozinha? Como sou burra.

Alan me beijou, mas não senti nada, nada que eu sinto quando Noah me beija. Se eu estivesse inconsciente o beijo de Noah me traria de volta, mas o de Alan...

Abri os olhos e tentei não retribui o beijo, mas estava difícil, ele conseguia me forçar a beijá-lo de volta. Então eu parei de beijá-lo e olhei para sua mão que ainda estava em meu rosto, então prestei atenção no seu pulso exposto pela jaqueta. Havia uma tatuagem ali, e tudo veio à tona.

Eu o olhei sem acreditar. E ele me olhava mortalmente, então me soltou e se virou de costa para mim. Caminhou até a mesa e colocou as mãos nela.

Um arrepio subiu pela minha espinha e fez com que meus pelos se arrepiassem. Era como se tivessem ejetado gelo em minhas veias. Meus olhos arderam com a triste. O que havia feito?

Nunca havia reparado, naquele dia em que Agnes havia me salvado do caçador, que ele tinha uma tatuagem de uma serpente em volta de uma espada. E só agora a achei familiar.

Eu não acredito que o beijei. Depois de tudo que eu e Noah passamos para ficarmos juntos, beijei justo a pessoa que queira me matar. Como sou idiota.

– É você. – Finalmente disse. – Você que tentou me matar.

Ele suspirou e disse:

– Não era pra você descobrir, pois estava começando a gostar de você.

– Por quê? – Perguntei sem entender.

Ele se virou pra mim e disse:

– Por que é o que eu faço. Sou um caçador. – Eu continuei o olhar em silêncio. – E, ainda por cima, nunca encontrei um semideus como você. Você é filho de quem? Zeus não, Poseidon também não. Porque já matei filho de todos os deuses, menos de um.

Desviei o olhar e perguntei:

– O que quer de mim?

– Simplesmente te matar. – Ele disse como se não fosse nada. Como se isso não significassem nada. Como se fosse normal.

Eu voltei o olhar desesperada. Estava presa ali com ele.

Minhas mãos começaram a esquentar, eu teria que dar um jeito de sair dali. Olhei para o meu lado esquerdo e vi um metal comprido e pontudo que parecia ter o tamanho de uma régua. Então voltei o olhar confiante.

Mente vazia. Mente vazia. Mente vazia... Pensei.

O metal tremeu na mesa por um momento e então voou em direção a Alan, mas ele o pegou e mais rápido que jogou em minha direção, só que não tive tanta sorte. Senti aquilo cravar no meu ombro e atravessar um pouco o outro lado. Então a dor. A dor foi insuportável, desejei poder matá-lo.

– Nossa. Isso foi fácil. – Ele disse com um tom zombeteiro.

Eu tentei não gritar enquanto batia contra a parede e caía no chão.

Alan pegou um punhal que estava na mesa e caminhou até mim. Mas alguém, que naquele momento eu não esperava, nem em sonhos, apareceu.

Ross se colocou entre mim e Alan e lhe deu um soco. Ele bateu contra a parede e foi quando Ross o pegou pelo pescoço e o levantou. Os pés de Alan se debatiam levemente no ar. Umas das mãos dele tentou tirar a de Ross que estava em seu pescoço e a outra tentou atingi-lo com o punhal. Mas isso foi inútil. Ross a pegou e no exato momento em que ele iria atingi-lo com ela, eu gritei:

– Ross, não!

Ele ficou estático e gritou de volta:

– Ele tentou te matar!

– Já chega Ross! Acabou! – Minha voz falhou na última palavra.

Ele ficou ali olhando Alan sem se mexer, então, depois de um tempo, ele suspirou irritado e o soltou, mas então acertou o ombro de Alan com o punhal. Ele gritou enquanto caía no chão de dor. E pude ver que Ross havia cravado o punhal todo nele.

Ele saiu de perto de Alan e caminhou até mim. Ajoelhou-se e tirou o pedaço de metal do meu ombro. Eu gritei com a dor insuportável ali. Não olhei, mas senti algo quente e úmido molhar minha calça e meu casaco.

– Tudo bem, tudo bem. – Ele sussurrou no meu ouvido enquanto me pegava no colo e me carregava, então ele foi até a primeira sombra que viu.


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