Meredith

- Mãe! O que foi?! O que aconteceu?

Saí dos braços de Andrew e fui para mais perto dela, o que tinha acontecido com a minha rainha? Tudo bem que a gente distanciou-se bastante, como se ela estivesse com raiva de mim, ou algo do gênero, não nos falávamos há semanas, mas ela continuava sendo minha rainha, e ninguém a machuca! Eu nunca tinha visto-a chorando assim, só uma vez, quando ela foi me falar do acidente que tinha acontecido com o meu pai.

- Eu acho melhor eu ir indo Meredith...

Andrew falou meio encabulado e envergonhado, eu o compreendo, ele beijou minha testa.  E se dirigiu a porta da cozinha, olhou para trás e disse:

- Tchau pequena.

- Tchau Andrew.  Até... Amanhã de noite?

- Até amanhã de noite.

Ele foi saindo lentamente pela a sala deixando – me sozinha com a minha mãe. Os olhos dela não estavam iguais a antes, aliás, fazia bastante tempo que eu não os vi. Seu cabelo ruivo estava bagunçado. Suas mãos com marcas de unhas como se ela tivesse pressionado bastante nesses minutos. Como tinha falado, eu não falo com ela há semanas, graças ao seu namorado.

Recordo-me muito bem da primeira vem que o vi, fazia uma semana que eu tinha ficado com o Andrew e minha mãe estava ficando louca se arrumando lá em casa:

Estava me arrumando enquanto minha mãe me dava instruções sobre como eu devia agir, andar, gesticular, falar, como se eu fosse à filha perfeita, queria que ele gostasse de mim pelo o que eu sou não pelo o que minha mãe tenta fazer com que eu pareça...

- FILHA! Isso é o que se vista? Pode colocar um vestido e um salto alto.

- Mãe! É o meu estilo, deixa minha calça e minha blusa preta e all star.

- Não, você tem que estar apresentável.

- Antes você gostava! Até ele aparecer...

- Antes! Pessoas e opiniões mudam!

- É... Parece que você mudou para pior! Você só fica falando grosso comigo agora!

- É o quê?! Repita o que você falou Meredith  Parker

- Nada não! Eu estou indo colocar o vestido. Feliz? Não se preocupe, eu vou virar a filha que você sonhou ter. Desculpa se eu nasci diferente.

Peguei meu MP3 e coloquei os fones, se era para aguentar a minha nova mãe que fosse de um jeito bom, pois eu não gostava dessa mudança repentina dela, ela virou uma ridícula, mimada e grossa!

Coloquei um vestido colado, roxo, e um pouco curto, coloquei um salto prata. Olhei – me no espelho, parecia que eu ia para um casamento e não para a casa de uma pessoa comum. Minha mãe olhou para mim e mandou-meeu fazer uma escova no cabelo e depois prender, mas não totalmente. Sinceramente isso é a maior besteira do mundo.

Entramos no carro, minha mãe dirigia enquanto batia de leve seus dedos contra o volante, prova de que estava nervosa, a casa do seu novo namorado era muita afastada da cidade, perto das florestas, quase nas montanhas.

No caminho ela não parou de reclamar:

- Não se esqueça de ser educada!

-Eu vou dar a educação que você me deu.

- Eu devia ter dado um melhor! Você mudou bastante sabia?

 - Eu mudei? Eu?! Você que virou grossa e estranha.

Ela me deu um tabefe e eu fiquei em choque, ela nunca tinha me batido, sei que ela podia 0 fazer. Afinal essa mulher é supostamente a pessoa que me deu a luz... Mas ela ainda era muita chata!

Um homem alto, magro, cabelos castanhos, olhos pretos como a noite, branco e bastante gentil saiu e abriu a porta para a minha mãe, os dois se beijaram e eu fiquei esperando dentro do carro.

- Meredith, esse é o Marcus, Marcus esta é a minha filha.

- Olá, meu nome é Meredith. – fiz tudo exatamente como ela mandou, não queria irritá-la mais, então fingi que era a pessoa mais educada do mundo.

O jantar foi servido, era Lagosta o meu preferido, como eu já estava com roupas que não tinha nada a ver com a minha personalidade, cabelos escovados e apenas um pouco presos e tinha que agir de uma maneira impecável, eu resolvi falar sobre o jantar.

- Marcus... Lagosta é o meu favorito! Muito obrigada!

Ele apenas sorriu enquanto acariciava a mão da minha mãe, sabia que ela estava feliz com aquele homem, mas foi justamente ele quem transformou ela em uma pessoa mimada e irritante, não gostei da idéia dele ser meu padrasto. Os dois riam enquanto se esfregavam por debaixo da mesa, era nojento e repulsivo.  

No olhar da minha mãe dava para perceber que expressava aprovação, seria bastante diferente se eu me comportasse do jeito que eu queria... Eles dois se olhavam de um jeito totalmente apaixonante, de certa forma estava feliz, porém enciumada.

- Bem... Mãe! A senhora vai dormir aqui, né? Eu vou indo, pegar um táxi... Ônibus, hoje é sexta tem mais veículos rodando, nem é tão longe.

 - Não Meredith... Eu ínsito que durma na minha casa hoje. Tem um quarto espacialmente para você, sua mãe me falou dos seus gostos, vá lá, terceira porta á esquerda. Divirta-se.

A minha mãe olhou para ele como se estivesse surpresa, estava claro que ela não me queria naquela casa, não naquela noite tão especial.

Confesso que me assustei ao andar naquele corredor assustador onde eu me sentia uma intrusa. No corredor tinha foto da minha mãe com o Marcus, em vários lugares, pergunto-me se ela se lembrava que tinha uma filha enquanto ela postava as fotos. A antiga Amanda lembraria, mas duvido muito que esta nova tenha recordado.

Entrei no suposto cômodo, era branco com uma cortinha vermelho seco caindo pela janela, à vista dessa mesma era de várias árvores enormes todas com as folhas verdes, as paredes do quarto eram cobertas de espelhos, um lindo lustre no teto e um tapete enorme, macio e roxo no quarto. Eu amei o quarto, não dava para não dizer o contrário, parecia que eu tinha desenhado e ele só tinha feito virar realidade.

No quarto tinha uma porta que dava para o closet, estava cheio de roupas lindas, vesti um dos pijamas que tinha, fui à outra porta, esta dava para o banheiro, nele tinha vários cremes, perfumes e uma banheira só para mim.

Não resisti e despi-me e entrei na banheira, a água relava-me, batendo nos meus ombros e fazendo com que eu esvaziasse o meu pensamento, depois de alguns minutos dentro da banheira sai da mesma e vesti o mesmo pijama que eu já tinha colocado.

Pulei na minha cama oval, parecia que eu estava nas nuvens, ela era muito confortável, eu dormi nele sentindo-me uma princesa. Mas antes de adormecer, eu escutei muitos gemidos, eles vinham do quarto deles, isso fez com que eu ficasse com mais nojo da minha mãe. Talvez tenha sido por isso que ela não queria que eu ficasse para dormir.

Acordei com uma empregada chamando o meu nome, ela tinha uma aparência de quarenta e cinco anos, tinha alguns cabelos brancos e uma expressão de cansada, mas ela era muito sorridente e gentil! Ela carregava consigo uma bandeja e nela havia um café da manhã muito atraente.

- Bom dia Meredith.

- Bom dia, mas... Bem me perdoe, mas como sabe o meu nome?

- Doutor Marcus mandou lhe chamar assim. Aqui esta o seu café.

- Muito obrigada, mas eu posso ir para a mesa.

-Não! Doutor Marcus deixou bastante claro quando disse que você tinha que comer no quarto para você não se incomodar com nada.

- Bem, tudo bem, você acha que eu vou morar aqui agora?

- Não, querida! Esse olhar de preocupação era por isso?

Concordei calmamente com a cabeça, se eu me mudasse como ficaria eu e o Andrew? Eu me mudaria para uma escola mais próxima? 

- Eles provavelmente só vão decidir isso quando tiverem certeza do que for melhor para você.- ela beijou a minha testa e voltou a realizar seus afazeres.

Depois do almoço voltamos para casa.

Perdi-me nos meus pensamentos. E me encontrei no quarto da minha mãe, ela continuava chorando feito um bebê.

- Mãe, me conta! O que aconteceu?

- O Marcus... Ele... Vai ter que se mudar!

-O quê?! Por quê?

- O hospital ofereceu um cargo muito bom para ele em Las Vegas... Ele aceitou, nos chamou para ir com ele, mas não posso fazer isso com você.

Finalmente minha mãe estava voltando a ser quem ela realmente era, mas vai ser bastante complicado ter a mesma confiança e amizade que eu tinha antes com ela. Porém ela necessitava de apoio e consolo.

- Mãe, eu realmente não iria me mudar, mas tudo bem! Vamos ficar bem sem ele, certo?

- Certo! Eu vou melhorar.  E você e o Andrew?

Antigamente eu falaria tudo para ela, e eu descreveria em mínimos detalhes o quanto eu o amo e quero passar o resto da vida com ele, mas estamos no hoje, e atualmente ela não é a mesma pessoa, ou eu não sou mais  a mesma, ou nós duas mudamos, quem afinal sabe?

- A gente... É só amigo, nada mais. Não pode abraçar um amigo?

- Pode sim, eu só achava que vocês dois estavam namorando.

- Não, mãe. Não estamos, somos apenas amigos!

- Parece que você me esconde algo. Por que você não me conta mais nada? Fica sendo essa adolescente que eu não reconheço. Você é uma mimada, ingrata. O que aconteceu com a nossa amizade?

- Mãe, por que eu te falaria tudo? Você passou mais de duas semanas distante. OK? Eu mudei, ou você mudou. Só me deixa em paz! Você acha que pode entrar na vida de uma pessoa e sair e quando você não tem mais ninguém lembrar que ela existe?! Esta enganada, eu só não falo mais coisas por que eu tenho que lhe respeitar, mas o que eu mais queria agora era que você estivesse naquele avião, não o meu pai!

Saí do seu quarto e tranquei-me no meu, era tão injusto o que ela fazia comigo, deixava-me de lado e depois voltava querendo que tudo fosse igual, não é assim que funciona, ela magoou muito os meus sentimentos. Comecei a chorar, acho que aquelas lágrimas estavam acumuladas desde minha infância. Quando eu tentei me acalmar, ouvi minha mãe chorando, o que me deu mais vontade de chorar.

Resolvi tomar um banho, ele sempre me acalmou, mas não funcionou dessa vez, só deitei na cama e tentei dormir. Não demorou muito para eu adormecer, afinal já estava bastante tarde, provavelmente já era uma da madrugada, precisava estar bem descansada amanhã, afinal eu vou para a praia amanhã com a Andie e a Zoey.

Acordei de manhã com uma mensagem da Andie:

“ Meh! Meus pais já estão querendo ir, pronta? A Zoey já está aqui comigo, está tudo bem com você, bem espero que sim. Não atendeu nenhuma ligação minha de ontem, o Andrew te pediu em namoro. Sim? Diz que ele pediu! Beijos”

Olhei no meu relógio, droga, já eram oito e meia e tínhamos combinado que íamos sair de casa oito, respondi a mensagem com pressa, nesta eu afirmava que já estava pronta e ia descer. O problema é que eu não esta nem perto de preparada.

Coloquei o primeiro biquíni que eu vi. Ele era laranja com bolinhas amarelas, e uma saída de banho branca por cima. Arrumei meu cabelo em um rabo-de-cavalo, passei protetor, arrumei uma pequena bolsa e fui até a cozinha deixar um bilhetinho para a minha mãe:

“Estou indo na praia com a Andie

Te amo

Meredith”

Até que eu parei, com tudo que estava rolando... Eu realmente a amava? Acho que não, risquei o te amo deixando o bilhete assim:

“Estou indo na praia com a Andie

Te amo

Meredith”

Obviamente ela ficara com muita raiva ou bastante chateada, mas eu não ligo mais para o que ela pensa ou deixa de pensar sobre mim. Ela fez suas escolhas e, eu, fiz as minhas.