Casa De Ferro escrita por I am not Volunteer


Capítulo 7
Pique esconde


Notas iniciais do capítulo

Bem esse capítulo não está tão assustador, mas mesmo assim espero que vocês gostem e boa leitura =)



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Jack olhou para as duas crianças com um olhar desesperado, mas elas não pareciam se importar muito, riam para ele como crianças inocentes.

A menina tinha cabelos castanhos batendo no ombro e uma franjinha que chegava quase nos olhos, o laço branco muito bem feito preso em seus cabelos era cheios de bolinha e deixavam-na com uma aparência mais nova. Ela usava um vestido branco longo cheio de babados de borboletas.

Seus olhos também castanhos passavam a Jack uma sensação de confiança, a mesma coisa acontecia com o menino, muito parecido com ela, o qual os cabelos castanhos eram bem curtos. Ele vestia uma roupinha de brincar, um macacão.

Ele depois de tanto encarar as crianças que persistiam a sorrir, acabou sorrindo para elas:

-Então vocês estão mortos, certo? - falou Jack que viu as crianças concordarem com a cabeça. - Há quanto tempo?

- Não sabemos ao certo, uns 20 anos eu acho, ou mais. - falou a menina.

-Só sabemos que nunca saímos daqui desta casa, e na maioria do tempo estamos nessa biblioteca.

-Bem, ela parece ser um lugar muito aconchegante mesmo. - falou Jack

As crianças começaram a rir, Jack não entendeu direito porque estavam rindo, mas sorriu para elas mesmo assim:

-Mas bem, já saímos uma vez dessa casa, quando fomos visitar você. - o menino riu como se lembrasse de algo - Bem, tentamos te ajudar, porém acho que você se assustou um pouco.

Então Jack lembrou-se da sombra:

-Foram vocês que quebraram o meu espelho? E a sombra eram vocês? E eram vocês que fizeram eu ter aquele sonho? - Jack então se levantou.

Olhou para as crianças que estavam rindo, sentiu raiva, sentiu-se burro, como se todo o medo fosse em vão, era um medo apenas causado por crianças que não paravam de rir, crianças menores que ele.

Ele começou a se afastar delas andando para trás, elas se levantaram e começaram a correr de um lado para outro falando coisas como: ”só queríamos ajudar, não precisa ficar chateado” ou “ nós gostamos de brincar” ou até “ tentamos avisar você para não vir aqui”.

Elas corriam de um lado para o outro, para bem longe dele, então Jack percebeu que se deixasse elas irem poderia perder muitas resposta:

-Voltem, esperem, ainda quero falar com vocês - gritou para elas que pareciam nem se importar.

Ele olhou para um lado, depois para o outro, queria saber como fazer que elas voltassem, mas não sabia, Jack se viu perdido no meio de tantas informações dadas pela metade, queria ouvir mais, foi então que lhe ocorreu uma ideia:

-Vocês gostam de brincar, então vamos brincar. - falou ele enquanto fechava os olhos com as mãos - Vou contar até dez enquanto vocês se escondem, se eu achá-los, vocês voltam a falar comigo, combinado?

Umas risadinhas foram ouvidas do fundo da biblioteca depois um “sim”, ele começou a contar, contou bem devagar de um a dez, às vezes enquanto contava ouvia uns risos se passava na cabeça dele como elas conseguiam rir tanto:

-Preparados ou não, lá vou eu! - então ele abriu os olhos e encontrou a biblioteca vazia, mesmo sabendo que as crianças estavam, sentiu medo por estar sozinho de novo.

Então ele pegou o lampião que tinha deixado no chão e saiu andando pelo meio das prateleiras de livros. Andou até encontrar algumas caixas empilhadas, chegou perto delas devagar e as abriu nada.

Depois continuou caminhando, a cada caixa que passava abria para ver se não tinha nada dentro, depois encontrou uma passagem entre as prateleiras que levava até o centro da biblioteca onde havia as mesas e os sofás, se aproximou das mesas e as olhou por baixo, e de novo nada.

Aproveitou e acendeu as velas que as crianças tinham apagado antes, o lugar voltou a ficar claro.

Voltou pelo mesmo corredor, quando chegou ao final voltou a andar revirando caixas.

Foi então que se deparou com o espelho que vira antes, a frase continuava lá:

“A  maiorias das pessoas morrem quando acham que ficou tudo bem.”

Jack se arrepiou todo e decidiu logo continuar o caminho, rodou a biblioteca toda revirando caixa e abrindo portinhas secretas nas prateleiras, porém todas apenas tinham livros que também deviam ser secretos, mas não importantes para o momento.

Ele começou a reparar que já havia passado por todos os lugares, voltou ao meio e olhou novamente em baixo das mesas, olhou para cima dos lustres velhos, atrás do sofá, em todos os lugares possíveis e até os impossíveis, mas nada encontrou.

Ele então já atordoado se sentou no sofá e olhou para cima, estava exausto, já havia passado por tanta coisa naquele dia e ainda por cima ainda sentia que não estava curado do mal estar que tinha tido mais cedo.

Lembrou-se da irmã e da briga, sabia que não podia ser sua irmã ali,  ela nunca diria algo assim para ele.

As cenas de quando eram mais novos, deles brincando nos fundos da casa, de todas as vezes que apostavam corrida na volta da escola, quando riam das implicâncias de sua mãe,de todas as vezes que Jinn cuidou dele depois que seu pai morreu.

Um mini filme começou a passar em sua cabeça, um dia Jinn estava no quarto dele sentada na beira da cama falando que ele precisava comer se não ia acabar piorando:

“-Jack, papai não gostaria de saber que você está desistindo de tudo por causa dele - falava a irmã carinhosamente.

-Não quero mais comer, não tenho fome- ele falava com rancor e voz de choro.

Então Jinn começou a falar sobre a promessa deles ao pai antes dele morrer, na promessa um disse que cuidaria do outro até a morte. Jinn também lembrou a Jack que eles tinham prometido também que cuidariam de sua mãe, pois ela sofreria muito.

Jack ouviu sua irmã e deu um sorrisinho para ela e aceitou a comida, depois de quase toda comida ser engolida por ele, a menina interrompeu o silêncio e disse:

-Imagina se ele descobrisse que você não está cuidando de mim, sabe, eu também vou precisar de cuidados no futuro, você não pode mesmo desistir assim.

Os dois riram e depois disso as coisas começaram a voltar ao normal, eles tinham dez anos e seu pai tinha morrido há dois meses. Os outros quatro anos se passaram e Jinn nunca tinha precisado realmente de ajuda, entretanto Jack sempre precisava, ou para se livras das encrencas com sua mãe, ou qualquer outra coisa.”

Jack começou a chorar, sentia falta de sua irmã, era a primeira vez que ela realmente precisava dele e ele não podia fazer nada, nem sabia onde ela estava.

Jack apertou as pernas entre os braços e abaixou à cabeça, o barulho do seu choro começou a ser ouvido por toda a biblioteca. Ele começou a se sentir culpado por não saber cuidar de sua irmã direito, e mais culpado ainda por desejar que ela estivesse lá para resolver tudo.

Então Jack ouviu algo, parou de chorar e levantou a cabeça, eram as risadas das crianças. Elas não se repetiram, ele seguiu por um dos corredores tentando ouvi-las de novo.

Seguiu por onde sabia que elas tinham vindo, ouviu de novo, começou a correr entre os livros, ouviu mais uma vez, sentia que estava chegando perto, pois ouvia mais algo, e a última vez que ouviu, ele já estava parado na frente do espelho.

Começou a analisá-lo, olhou para trás dele e não tinha nada.

Ficou olhando por mais ou menos dois minutos, foi ai que se lembrou do dia anterior, quando chegou ao banheiro de sua casa e o espelho estava quebrado, e viu a sombra.

Eles eram a sombra, mas não era uma sombra atrás dele, ela estava dentro do espelho, às crianças estavam dentro dele.

Começou a olha-lo fixamente, para todos os cantos, mas foi só quando se fixou nos próprios olhos que viu duas sombras atrás dele, ficou olhando por um tempo e cada vez mais elas ficavam com as formas de duas crianças.

-Um, dois, três, achei vocês. - falou Jack que caiu no chão com um sopro forte vindo do espelho, quando abriu os olhos viu os dois sentados do lado dele.

-Vamos brincar de novo? - falou o menino

-Não, talvez depois, mas agora preciso conversar com vocês.

-Está bem, você nos achou, tem esse direito. - falou o menino sorrindo, mas com um olhar decepcionado.

-Por que vocês foram à minha casa?

-Queríamos te ajudar. - falou a menina.

-Me ajudar de que?

- Você ainda não percebeu? Nós não queríamos que você viesse aqui.

-Por quê?

-Porque você corre perigo aqui!

Nesse momento ouviu as portas da biblioteca serem abertas e passos se direcionarem para o local onde eles estavam.

-Precisamos ir, foi um prazer conhecer você, boa sorte. - falaram os dois juntos enquanto corriam por entre as prateleiras.

-Ei, voltem. – Falou Jack, desesperado.

Os passos se aproximavam, Jack se sentiu perdido, levantou-se rápido e se pressionou contra uma estante, não tinha para onde ir, os passos estavam cada vez mais rápidos.

Jack se abaixou no chão e esperou a morte.


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Notas finais do capítulo

Vou tentar escrever outro amanhã.