A Substituta escrita por Erika N


Capítulo 2
Prólogo




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A Substituta

Autora: Érika

"Saint Seiya" é propriedade de Masami Kurumada, Shueisha e Toei Animation.

Prólogo



Terminada a batalha contra o deus dos infernos e seus espectros, Saori e os cavaleiros foram embora do Mundo de Hades e retornaram à Terra.

Os cavaleiros de bronze Jabu, Geki, Ban, Ichi, Nachi; as amazonas de prata Marin e Shaina; Kiki e "Seika" estavam muito preocupados, achando que todos os outros poderiam ter morrido, embora eles não se atrevessem a admitir isso. Portanto, ficaram surpresos ao ver Athena e os demais de volta; evidentemente foi a melhor surpresa da vida deles. Porém, o sorriso que cada um tinha em seus lábios logo desvaneceu-se quando notaram que Shiryu trazia em seus braços Seiya, o qual estava gravemente ferido. Além disso, à medida em que Athena e os cavaleiros se aproximavam, Jabu e os outros perceberam que eles tinham os olhos irritados, ou seja, era óbvio que estiveram chorando.

Nachi começava a sentir uma certa inquietude nos olhares de Saori, Ikki, Shun, Hyoga e Shiryu, e também tinha sensibilidade suficiente para perceber que Jabu e os outros estavam igualmente inquietos. Por isso, foi ele quem se decidiu a romper o silêncio, que já estava começando a tornar-se incômodo:

- O que houve com o Seiya?

Antes que qualquer um pudesse falar alguma coisa, Ikki antecipou-se e respondeu rapidamente:

- Está morto.

Nesse momento, seu rosto era uma máscara e ninguém jamais poderia imaginar o que ele estava sentindo. Por outro lado, suas palavras, ditas de modo tão direto, deixaram todos sem ação. "Está morto": duas simples palavrinhas, mas com a profundidade de um abismo. Porém, outra vez o silêncio foi rompido, pois "Seika" começou a gritar tão alto que dir-se-ia que ela poderia ter despertado o próprio morto. Sua reação histérica fez com que todos saíssem de seu torpor, sobretudo quando ela chegou perto de Shiryu e começou a sacudir Seiya e a soluçar palavras incompreensíveis, tamanho era o seu descontrole. Ao mesmo tempo, Shaina e Saori aproximaram-se de "Seika" para tentar contê-la. Shaina foi mais rápida e conseguiu segurar a moça pelos ombros e afastá-la de Seiya, mas ela continuava berrando. A amazona, perdendo a paciência, deu-lhe um bofetão. "Seika" ficou boquiaberta, seus olhos, esbugalhados; Shaina sentiu uma vontade quase doentia de rir, mas conseguiu se conter. Logo, sentiu-se um pouco arrependida, afinal, ela havia encontrado "Seika", portanto, sentia-se um pouco responsável por ela, embora supostamente "Seika" fosse a mais velha das duas.

Marin observava toda a cena pensativa e perguntava-se se seria aquele o momento para dizer que ela era a verdadeira Seika e que aquela moça era uma impostora. Porém, ela mantinha-se calada porque considerava que fora Shaina quem procurara "Seika", não fora "Seika" quem resolvera ir até o Santuário, por isso, havia alguma possibilidade de que, por algum grande engano, aquela moça realmente pensasse que era irmã de Seiya. Ainda assim, o mais provável era que ela fosse alguma inimiga do Santuário, que talvez servisse a algum deus ou deusa. E a maneira como ela reagira ao saber que Seiya havia morrido intensificou as suspeitas de Marin, pois ela considerou que a falsa Seika tinha atuado exageradamente. Marin tinha consciência de que existiam inúmeras pessoas no mundo que reagiam descontroladamente quando perdiam um ser querido, mas apesar disso, não podia deixar de sentir que havia algo artificial na atitude daquela intrusa. Ademais, Marin achou que naquele momento já não adiantaria nada dizer que ela era a verdadeira irmã de Seiya, pois ele estava morto, e embora ela, sempre tão tranqüila, estivesse com uma grande vontade de gritar, conseguiu se conter. Mas pensou que, mesmo que também reagisse histericamente, não correria o risco de levar uma bofetada de Shaina, já que usava uma máscara. A esse pensamento, Marin quase sorriu, mas se deteve com um choque, perguntando-se como era possível que se atrevesse a ter pensamentos cômicos quando acabara de saber que seu único irmão estava morto. Por fim, Marin chegou à conclusão de que seria mais sábio manter-se calada acerca daquela moça, porque se ela realmente tivesse más intenções, estando segura de si e de que ninguém desconfiava dela, seria mais fácil desmascará-la (Marin ainda não sabia que, durante algum tempo, houvera uma certa suspeita de que ela era a irmã de Seiya).

Os pensamentos da amazona foram interrompidos por uma voz suave, mas que nesse momento adquirira um tom imperioso:

- Creio que estamos todos um pouco alterados, mas isso não lhe dá o direito de agredir essa moça, Shaina - disse Saori.

Shaina não respondeu e Saori continuou:

- E quero pedir-lhes, ou se necessário, ordenar-lhes, que tenham a delicadeza de não se aproximarem nem mais um centímetro de Seiya.

- Não pode ordenar isso! Quem você pensa que é? Só porque é a deusa Athena, acha que tem alguma autoridade? Por sua culpa ele está morto! Você não é tão poderosa? Por que não pôde salvá-lo? - berrou "Seika".

- Mas quem é você afinal? - perguntou Saori, irritada com a insolência da moça.

- Ela é Seika, a irmã de Seiya que esteve desaparecida por anos. Mas eu consegui encontrá-la - disse Shaina impassível, e notou o olhar de surpresa da deusa. E não só ela: Ikki, Shiryu, Shun e Hyoga também foram surpreendidos pela notícia.

"Seika" falou novamente:

- Seiya soube que tinham me encontrado porque Marin comunicou-se com ele através do cosmo. Eu senti que meu irmão estava muito mal, mas não queria pensar que morreria, que nunca mais nos veríamos frente a frente!

Não seria necessário que a suposta Seika continuasse falando; Saori já estava desconcertada, mas a impostora prosseguiu e quase cuspiu estas palavras na deusa:

- Claro que você não se importa, não há nada mais valioso no universo do que Athena, não é mesmo? Ainda que sofram, que tenham que enfrentar os maiores tormentos e fazer os piores sacrifícios, você é indiferente à sorte de seus seguidores, afinal, você é uma deusa, por que deveria ter consideração para com meros seres humanos imbecis que não fazem mais do que a obrigação deles de morrerem para protegê-la, se for necessário?! Ele deu a vida por você! E você, o que fez por ele? Ignorou a luta sem fim dele para defendê-la e também para proteger a Terra. E essa Terra é como você, Athena: fria e impiedosa. Essa Terra, se soubesse, certamente desprezaria os feitos de meu irmão; ele seria considerado um pobre ridículo, por tentar salvar um mundo que não tem mais salvação.

Marin continuava achando toda a situação bastante curiosa: aquela impostora defendendo o falecido Seiya, enquanto ela, a verdadeira Seika, irmã e mestra dele, permanecia quieta. Além disso, era óbvio que "Seika" havia conseguido derrubar facilmente a postura altiva que Athena demonstrara antes, pois agora era visível que Saori se encolhia ante cada palavra da intrusa. Assim, Marin constatou que a deusa Athena, em sua encarnação atual, era uma pessoa fraca e relativamente fácil de se intimidar, embora devesse considerar que os argumentos de "Seika" eram arrasadores, ainda que talvez levemente piegas.

Apesar disso, Marin teria gostado de dizer aquelas coisas, se bem que não tivesse nada contra a deusa Athena, ao contrário: respeitava-a muito, mas não conseguia deixar de se ressentir um pouco contra essa deusa a quem Seiya entregara sua própria vida, essa deusa que não fora capaz de protegê-lo como ele a protegera. Finalmente, era preciso considerar que, devido à situação, efetivamente Athena não teria ânimo para enfrentar ninguém, nem mesmo uma "singela" moça que "chorava" a morte do "irmão". Todavia, Saori ainda fez um último esforço e falou friamente:

- Não tenho por que tolerar suas ofensas. Tenha a bondade de se retirar do meu caminho.

Essas palavras não atingiram "Seika". Na verdade, tiveram efeito contrário, pois ela disse:

- Ah, então você quer fugir? Pois vou dizer uma coisa, Athena: você pode fugir de mim, dos seus cavaleiros, de quem você quiser, mas não poderá escapar de si mesma! O seu egoísmo matou um de seus cavaleiros, mas também destruirá você.

- Chega! Saia da frente! Você não é ninguém para falar assim comigo, nem me conhece - disse Saori, perturbada.

"Seika" gritou:

- Eu a odeio, infeliz! Tomara que você morra! - e deu uma bofetada em Athena.

Na mesma hora, Ikki, Shun e Hyoga puseram-se em posição de defesa, para impedir que "Seika" tentasse agredir Athena novamente. Shiryu também teria se prontificado a defender a deusa, se não estivesse com Seiya em seus braços.

Jabu e os demais cavaleiros de bronze também se posicionaram perto de Saori, com exceção de Ichi, que pegou "Seika" pela mão e a afastou dali. Ela não protestou; pelo contrário, tinha até um sorrisinho em seus lábios, e ninguém sabia que pensava consigo mesma: "Como a deusa Athena é insignificante! Por isso, não entendo como conseguiu derrotar Hades. Mas é claro que estou contente por saber como a atual Athena é indefesa, já que isso será conveniente para os meus planos."

Marin foi a única que notou o leve sorriso de "Seika", e que, tão subitamente como começara, ela parara de chorar. Por outro lado, Marin também percebeu que Shaina estava sorrindo e se perguntou se seria epidemia; aliás, achava estranho que a amazona de Ofiúco sorrisse naquelas circunstâncias, quando seu grande amor havia morrido. Depois, Marin ponderou que talvez Shaina estivesse satisfeita por "Seika" ter batido em Athena, já que a amazona e a deusa não eram exatamente grandes amigas, por causa de Seiya, é claro (ainda que agora ele tivesse que permanecer apenas na lembrança).

Shaina, como todos os outros, ficara estupefata com a ousadia de "Seika", mas passado o momento, não pôde deixar de sentir admiração pela moça. Pensava exatamente como ela: Athena era uma péssima deusa, tinha uma pedra no lugar do coração, pois Seiya fizera de tudo para defendê-la, e como ela retribuíra? Deixando-o morrer. E não importava que Athena fosse sua deusa: Shaina não sentia nenhum respeito por ela, e odiava sua ingratidão.

Depois que Ichi se retirou com "Seika, a irmãzinha desolada", Saori disse abatida:

- Shiryu, venha comigo até o quarto do Mestre - e assim, somente ela e Shiryu (sempre carregando Seiya) começaram a subir as intermináveis escadarias das doze casas zodiacais.

Ikki abraçou Shun pelos ombros e os dois também se retiraram, sendo seguidos por Hyoga.

Jabu e os outros estavam cabisbaixos, e cada um, perdido em seus pensamentos, foi cuidar de seus afazeres.


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