A Substituta escrita por Erika N


Capítulo 1
Introdução


Notas iniciais do capítulo

Nota: A leitura desta introdução é necessária para que se possa entender as diferenças entre a história original de "Saint Seiya" e as ideias usadas por mim nesta fanfic.



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A Substituta

Autora: Érika

"Saint Seiya" é propriedade de Masami Kurumada, Shueisha e Toei Animation.

Introdução


- Nenhum cavaleiro de Athena morreu (nem mesmo os de ouro e os de prata). O que aconteceu foi que eles se encontravam em "khoma" e, por isso, o nível de seus cosmos estava baixíssimo. Depois da luta contra Hades, Athena trouxera de volta todos os seus cavaleiros, mas não os ressuscitando. Como eles estavam em khoma, tudo o que ela fez foi salvá-los da morte. Ainda que eles tivessem morrido, Athena não poderia ressuscitá-los, mesmo tendo poderes para fazê-lo, pois isso mudaria o destino não apenas do ressuscitado como também das pessoas ao seu redor, e Athena sempre esteve consciente de que não deveria interferir no destino, embora fosse uma deusa. Se uma pessoa morresse, por mais doloroso que fosse, ninguém deveria fazer nada, já que seria necessário respeitar o ciclo que Deus impôs a cada indivíduo. Somente uma vez Athena abriu uma exceção e, mesmo contrariando seus princípios e sabendo ser este um ato indevido, ressuscitou uma pessoa (isto será comentado no Capítulo 1).

- Depois da batalha contra Hades e tendo ajudado os cavaleiros de bronze enviando-lhes armaduras de ouro, Poseidon despertou definitivamente. Aliás, Poseidon não dominou Julian Solo; pois Julian sempre foi a própria reencarnação de Poseidon, assim como Saori a de Athena.

- Athena aprisionara na ânfora somente os poderes de Poseidon, e não sua alma, pois se esta tivesse sido aprisionada, obviamente Julian teria morrido. Na luta contra Hades, os poderes de Poseidon estavam começando a voltar, por isso Julian pôde auxiliar os cavaleiros de bronze. Após a batalha contra o deus dos infernos, Athena restaurou totalmente os poderes de Poseidon, já que ele se tornara seu aliado.

- Julian, enquanto deus, não teria motivo algum para ajudar os cavaleiros, ao contrário, deveria vê-los como inimigos, mas embora na era mitológica ele tenha sido adversário de Athena, nos tempos atuais a parte dominante era a personalidade de Julian. Ele e Poseidon eram um só, se completavam, e como Julian amava Saori, apesar das guerras e da rivalidade, ele resolvera se aliar a ela e a seus cavaleiros. Obviamente, o fato de que Poseidon agora auxiliava Athena e seus santos guerreiros não obrigaria Saori a retribuir o amor dele, posto que Julian decidira ajudá-la porque a amava, mas sem impor condições ou fazer chantagens. Entretanto, ele continuava sonhando em conquistar o coração da deusa, ainda que os sentimentos amorosos dela estivessem direcionados a outra pessoa.

- Poseidon também não ressuscitou ninguém, até porque seus generais-marinas também não morreram. Assim como os cavaleiros de Athena, eles estavam em khoma e, novamente, a exemplo dela, Poseidon apenas os salvara da morte.

- Entrementes, Kanon realmente passou a ser um cavaleiro de Athena. Todavia, como Saga estava de volta, Kanon ficara sem armadura. Saga quis que Kanon continuasse com sua armadura de Gêmeos, ainda que esta, por direito, fosse sua, mas Kanon não aceitou (seu orgulho não lhe permitiria concordar com esta oferta; ademais, ele considerou que não seria justo). O impasse foi resolvido graças a Poseidon, o qual opinou que mesmo não sendo mais um de seus guerreiros, Kanon deveria ficar com a armadura de Dragão Marinho, pois era inegável que as escamas o haviam escolhido como usuário e, portanto, pertenciam a ele. No princípio Kanon hesitou, pois estava disposto a lutar por uma nova armadura como se ainda fosse um aprendiz; mas após consultarem Athena, e com sua aprovação, Kanon e Poseidon firmaram o acordo que permitiu ao primeiro continuar usando as escamas de Dragão Marinho, ainda que não fosse mais um general-marina e apesar dos erros que cometera no passado. Erros que foram sinceramente perdoados por quase todos, já que Miro por exemplo, ainda desconfiava dele. Mas suas suspeitas eram equivocadas, porquanto Kanon demonstrara, ao enfrentar os espectros de Hades, que efetivamente havia mudado. Quanto a Poseidon, não lhe importava que Kanon servisse Athena, já que ela era sua aliada. Se o guerreiro, hipoteticamente falando, decidisse servir a Hilda, Poseidon tampouco se incomodaria, uma vez que ela também era uma aliada de Athena, e os três lutavam pelo mesmo objetivo: a paz. Na verdade, o importante era que Kanon havia se arrependido de seus erros e estava verdadeiramente disposto a corrigi-los. Claro que ele não se tornara um santo subitamente, pois tinha defeitos e qualidades como qualquer outra pessoa, e sua vida continuava sendo feita de acertos e erros (muitas vezes, mais de erros) , mas pelo menos ele já não era mais um inimigo da Humanidade e da paz, e estava defendendo a justiça, como seu irmão.

- Saga nunca fora má pessoa realmente. De fato fora extremamente fraco e, por esse motivo, sucumbira ao domínio de Ares, mas ele sempre esteve em conflito consigo mesmo e, no fim, antes de entrar em profundo estado de khoma, pedira perdão a Athena por todos os seus pecados. Logo que ela o salvara da morte, Saga mostrou-se recuperado, totalmente livre (e para sempre) do domínio de Ares, tendo prevalecido sua alma generosa . Porém, isso não impedia que ele continuasse se sentindo culpado pelas faltas cometidas no passado recente. Então resolveu fazer o possível e até o impossível para defender a Humanidade e agradar Athena, sentindo muito medo de voltar a decepcioná-la. Mas realmente ele era um bom homem, e possuía mais virtudes do que seu irmão Kanon.

- Shion e Ares eram primos e o primeiro era originalmente o Mestre do Santuário, mas em sua ausência, Ares era o encarregado de comandar o lugar. Um dia, pouco após o nascimento de Athena, Ares decidiu matá-la, pois já estava arquitetando tal plano havia muito tempo. Porém, não encontrava uma forma de matar a deusa sem antes se livrar de Shion, e apesar de seu péssimo caráter, Ares realmente gostava de seu primo (sem dúvida, Shion era a única pessoa em todo o universo, dentre todos os humanos, deuses e afins, à qual Ares era afeiçoado). Mesmo assim, em primeiro lugar e acima de todas as coisas, estava a sua vontade, assim, ele não hesitou mais: foi falar com Shion e o abraçou. Shion estranhou, já que decididamente tais demonstrações de afeto não faziam parte da personalidade de Ares. Ele não era afetuoso com ninguém, nem mesmo com suas amantes, as quais ele usava apenas para ter prazer. Aliás, o termo mais apropriado não seria "amantes", mas sim "escravas", pois para Ares elas eram apenas isto. Não obstante, a admiração de Shion não durou muito e ele nem teve tempo de retribuir o gesto, pois Ares o abraçou apenas para poder cravar uma adaga nas costas dele (esta arma seria utilizada logo depois, quando ele tentasse matar Athena). Em seguida, Ares se retirou, deixando Shion estirado no chão. Pouco depois apareceu um guarda. Quando ele viu Shion no chão, em meio a uma poça de sangue, ajoelhou-se ao seu lado e começou a sacudi-lo para que despertasse. Shion abriu os olhos e tentando respirar, começou a falar algo, mas não pôde concluir, pois a dor que sentia era imensa. Alguns segundos depois, novamente ele tentou falar, mas não conseguiu, pois qualquer esforço fazia com que suas costas latejassem terrivelmente. O homem, vendo que o estado do Mestre era realmente lamentável, saiu correndo em busca de ajuda. Nesse ínterim, Ares já tinha entrado no quarto onde estava o bebê Athena, aproximou-se de seu berço e estava prestes a assassiná-la, até que Aioros (nessa época ele tinha dezoito anos) apareceu e o impediu a tempo. Aioros ficou tristemente surpreso com o gesto de Ares, porque naturalmente nunca teria imaginado aquilo; sempre pensara que Ares fosse uma boa pessoa, como seu primo Shion. Mas o cavaleiro de ouro de Sagitário não teve tempo para maiores reflexões, pois Ares começou a atacá-lo e chegou a atingi-lo. Mesmo assim, Aioros conseguiu fugir com o bebê Athena em seus braços. Ares, então, formulou a mentira de que Aioros era um traidor, e disse isso a todo o Santuário. Aparentemente ninguém duvidou dele.

- Quis o destino que Shura encontrasse Aioros. Eles lutaram e Capricórnio pensou que conseguira matar o suposto traidor do Santuário, mas se equivocou, pois Aioros sobreviveu, entregou o bebê Athena a Mitsumasa Kido e entrou em sono profundo (isto era o que precedia o khoma). Mitsumasa, pensando que ele tivesse morrido, foi embora levando consigo o bebê e a urna com a armadura dourada de Sagitário.

- Shion não despertou, mas o guarda que o vira ferido conseguiu ajuda. Ele voltou, acompanhado de outro guarda, ao local onde estava Shion. Os dois o carregaram e o levaram à uma das casas de saúde do Santuário. Algum tempo depois, ambos os guardas procuraram Ares e, ao encontrá-lo, falaram sobre o estado de Shion. Ares ficou desconcertado por quatro razões: 1ª) ele pensara ter conseguido matar Shion, nunca imaginara que, mesmo tendo sido abandonado gravemente ferido, ele conseguiria sobreviver; 2ª) no afã de se livrar de Athena, ele se esquecera completamente de levar o corpo de Shion para fora do Santuário. Simplesmente tentou matá-lo e depois não pensou mais no assunto; 3ª) a ferida de Shion não devia ter sido tão grave quanto ele pensara, do contrário, ele deveria estar morto; 4ª) poderia haver alguma possibilidade de que Shion tivesse despertado em algum momento e que o tivesse acusado. Contudo, Ares descartou essa última hipótese, conjecturando que se seu primo tivesse dito algo, aqueles dois homens não estariam lá naquele momento, falando sobre o estado de saúde dele. Após refletir por um breve instante, Ares perguntou aos guardas se Shion estava consciente e se tentara dizer alguma coisa. Um dos guardas respondeu que ele, de fato, tentara falar algo, mas não conseguira, e entrara em khoma . Ares rapidamente falou sobre Aioros, afirmando que fora ele quem tentara matar seu primo e depois Athena. Os guardas não estavam sabendo de nada e acabaram acreditando totalmente nas palavras de Ares, levando-o em seguida para ver Shion. Ao vê-lo, Ares não ficou nem um pouco preocupado, pois, pelo estado de seu primo, deduziu que dificilmente ele sairia do khoma, e se saísse, não hesitaria em tentar matá-lo novamente. Mas sendo um deus, ele tinha certeza de que não poderia estar errado ao concluir que Shion jamais se recuperaria. E assim, Ares o levou para Star Hill (alegando que o deixaria em um local onde talvez ele tivesse mais chances de cura) e deixou-o por lá, pensando que seria a melhor solução, pois seu primo permaneceria oculto até que realmente morresse e sua consciência ficaria tranqüila, já que ele não chegara a matá-lo, muito embora o estado em que Shion se encontrasse não diferisse muito da morte.

- Em seguida, Ares intitulou-se o novo Mestre do Santuário e começou o seu governo, embora às vezes se preocupasse, pois não sabia se Athena estava morta ou viva. Ele pensava que Aioros estivesse morto, pois Shura lhe dissera que lutara com Sagitário e o matara (isso foi o que Capricórnio pensou), mas não lhe falara nada sobre ter visto um bebê com ele. Claro que se Shura tivesse dito alguma coisa, Ares inventaria que aquela criança não poderia ser Athena; afinal de contas, ele dissera a todos que conseguira salvar a deusa da "traição" de Aioros e que ela estava em segurança no Santuário. Ademais, Ares não via motivos para que alguém desconfiasse de suas palavras, já que ele era um deus e, agora, também o Mestre. Para complementar, apenas ele mesmo, Shion, Dohko e Aioros (estes dois últimos por serem considerados os principais cavaleiros de ouro do Santuário) conheciam a pequena Athena pessoalmente. Assim, ainda que Shura a visse, se ninguém lhe dissesse, ele não seria capaz de saber se determinado bebê era ela ou não. Shura, de fato, vira um bebê, mas não pensou que fosse Athena, já que Ares dissera que a tinha salvado, e ele realmente não tinha por que duvidar da palavra do primo de Shion. Como Shura não via motivos para matar um ser inocente, decidira ir embora deixando aquela criança entregue à própria sorte. Aconteceu, porém, que ele se esquecera de comentar o assunto com Ares. De qualquer modo, achou que não tinha importância mesmo, posto que na sua opinião, o "misterioso" bebê não possuía nenhuma relação com o Santuário.

- Dohko (ou Mestre Ancião, como também era conhecido) era o único dentre todos os cavaleiros que nunca confiara muito em Ares, mas como nunca vira nada realmente comprometedor no Santuário (graças ao governo de Shion, ele imaginava), continuara servindo ao primo de Ares normalmente. Mas tão logo o próprio Ares começou a assumir o controle do Santuário, Dohko resolveu ir embora. Ele tinha, então, duzentos e quarenta e três anos (assim como Shion). Durante a encarnação anterior de Athena, Dohko e Shion lutaram contra Hades. Aquela fora a primeira e única vez em que a deusa usara todos os seus cavaleiros em uma só batalha. Athena e seus guerreiros conseguiram derrotar Hades e seus servos, mas também acabaram morrendo na luta, sendo Dohko e Shion os únicos sobreviventes. Então, ambos sabiam que duzentos ou trezentos anos mais tarde, o selo de Athena perderia o efeito e Hades voltaria. Claro que Dohko e Shion não imaginavam que ainda estariam vivos dois séculos depois, mas foi o que ocorreu, e com o momento se aproximando (na verdade, ainda faltavam dezoito anos para o ressurgimento de Hades e seus espectros, mas Dohko e Shion não tinham como prever a data exata em que isto ocorreria), o Mestre Ancião estava se preparando com todas as suas forças; o mesmo fazia Shion até ser atacado por seu primo. Como os dois falharam ao tentar proteger Athena em sua encarnação anterior, eles carregavam um sentimento de culpa (já que sem Athena o mundo ficava ainda mais desprotegido do que o normal). Agora, devido à sua avançada idade e vasta experiência de vida, Dohko acreditava que poderia proteger sua deusa onde quer que ela estivesse (pois duvidava que ela se encontrasse no Santuário). Ainda assim, mesmo longe de Athena, ele devia manter-se vigilante, até que Hades reaparecesse, principalmente no presente momento em que sua luta seria solitária, pois já não tinha o apoio de Shion. Assim, o Mestre Ancião permaneceu em Rosan, na China, sua terra natal.

- Oito anos mais tarde, Seiya foi levado do orfanato para a Fundação Graude. Logo depois, Seika fugiu de lá. Ela escapara porque estava prestes a completar dezoito anos, idade na qual os órfãos eram "dispensados" do orfanato; logo, Seika decidiu antecipar-se. Primeiro, ela foi à Fundação Graude, tentar ver Seiya, mas não conseguiu. Ainda insistiu, mas foi em vão. Outrossim, ela tinha consigo um bom dinheiro, o qual roubara do orfanato. Aquela fora a primeira e a última vez em que ela praticara tal delito, e mesmo assim apenas porque se tratava de um caso extremo, pois ela precisava de bastante dinheiro enquanto não conseguia emprego. Sem referências, Seika não conseguiu trabalhos muito bons, mas ao menos podia se sustentar. Um dia, porém, ela foi contratada por uma senhora que estava muito mal de saúde para ser temporariamente sua dama de companhia. Quando a mulher se recuperou, propôs a Seika que esta continuasse a trabalhar para ela e que a acompanhasse quando ela regressasse ao seu país. Naturalmente Seika aceitou. Aquela senhora era uma turista grega no Japão e, pouco tempo depois, Seika a acompanhou rumo à Grécia. Foi deste modo que ela chegou ao Santuário. Sua patroa era uma amazona, e decidiu treiná-la.

- O treinamento de Seika foi um dos mais curtos da História, tendo durado apenas dois anos. Ela tinha um grande potencial, era perfeita nos treinamentos, mas quando se tornou amazona, não teve um desempenho tão louvável nas lutas. Entretanto, como mestra era excelente, vide o treinamento que Seiya viria a receber mais tarde, tornado-se um dos mais poderosos cavaleiros de bronze. Durante seu período de treinamento, Seika decidiu adotar o nome de Marin, em homenagem à sua mestra, que se chamava Helena Marin. Como tal nome fora escolhido ainda no início de seu treinamento, ninguém sabia que na realidade ela se chamava Seika, nem mesmo Ares. A única exceção, evidentemente, era sua mestra.

- Na época em que Marin conquistou sua armadura, algumas pessoas no Santuário já estavam começando a perceber que talvez Ares não fosse muito confiável; entre elas, a própria Marin, sua mestra e Saga. Dois dias após se tornar uma amazona, Marin (que era um pouco bisbilhoteira) encontrou Shion em Star Hill. Como ela nunca o vira em toda a sua vida, não sabia que aquele homem era o primo de Ares (embora tivesse chegado ao Santuário anos após a suposta traição de Aioros, ela já ouvira falar de Shion algumas vezes). Porém, Marin não teve muito tempo para pensar sobre quem seria aquele desconhecido, porque começou a sentir o cosmo de alguém que estivera durante muitos anos na sombra, mas que de repente começava a ver uma luz, a princípio muito tênue, e logo em seguida reluzente. Então, Shion abriu os olhos lentamente. Ao se deparar com Marin, ele a olhou com desconfiança e, cauteloso, perguntou quem era ela. Marin respondeu-lhe e depois fez-lhe a mesma pergunta, mas Shion hesitou em responder, pois para ele, ela era só uma estranha, e como o seu cosmo ainda estava enfraquecido, ele imaginou que, se houvesse um conflito entre os dois, possivelmente ela seria a vencedora. Provavelmente se ele a conhecesse não precisaria se preocupar muito, pois apesar do cosmo, ela apresentava muitas deficiências como guerreira. No entanto, Shion pensou que havia algo que poderia fazer e, decidido, comentou com a amazona de Águia que havia uma guerreira no Santuário que também se chamava Marin, embora fosse mais conhecida por seu primeiro nome, Helena. Mas Shion não pôde concluir seu raciocínio, pois Marin o interrompeu, dizendo que a conhecia e que treinara com ela. O primo de Ares começou a olhar Marin com outros olhos, porque imaginou que, como ela fora aluna de Helena Marin, deveria ser uma pessoa confiável. Apesar disso, ainda havia a hipótese de que ela estivesse mentindo, mas Shion considerou tal fato improvável e, diante das circunstâncias, resolveu dizer quem era. Marin ficou boquiaberta ao saber que estava perante o antigo Mestre do Santuário; Shion nem precisava ver seu rosto para perceber sua surpresa porque quando a amazona ouviu seu nome, soltou uma exclamação de espanto. Mas continuava sem entender nada, pois ouvira dizer que, anos anos antes, Ares levara seu primo a um centro especializado no tratamento de cavaleiros em khoma ou sono profundo, e que Shion continuava lá atualmente. Ela não entendia porque ele se encontrava naquele local, se era primo de Ares, como havia revelado. Por fim, a guerreira contou a Shion suas dúvidas e ele comentou que fora Ares quem tentara matá-lo e que ele era um farsante. Então, Marin concluiu que suas suspeitas (e as de outras pessoas no Santuário) acerca da conduta de Ares realmente estavam corretas: sob hipótese alguma deveriam confiar nele, embora ainda tivesse que considerar que aquele estranho poderia estar mentindo e não fosse o antigo Mestre. Por isso, Marin ficou um pouco reticente, mas logo em seguida teve uma idéia, e disse que voltaria depois. Antes que Shion pudesse dizer qualquer coisa, ela partiu. Mais tarde, ela realmente voltou, só que acompanhada de Helena Marin, pois como Shion se referira a ela, a amazona de Águia percebeu que sua mestra poderia dizer com certeza se aquele homem era mesmo Shion ou não. Helena Marin também ficou admirada em vê-lo, pois quando sua discípula lhe dissera que conhecera um sujeito que dizia ser o antigo Mestre, ela pensou que se tratasse de um impostor. Porém, ela se equivocara: imediatamente o reconheceu, não apenas pelo porte, pelos cabelos e pela voz (não pelo rosto, o qual ela jamais tinha visto até aquele momento, já que os Mestres do Santuário, assim como as amazonas, também usavam máscaras), mas também pelo cosmo.

- Helena Marin e sua aluna mantiveram contato com Shion, visitando-o constantemente. Durante essas visitas, eles planejaram que Shion não voltaria ao Santuário e nem reivindicaria seu lugar como Mestre, mas também não permaneceria em Star Hill, pois seu primo poderia aparecer a qualquer momento para "visitá-lo" e ele já estava se arriscando o suficiente em ainda estar naquele lugar mesmo após ter despertado. Assim, decidiram que seria melhor que ele partisse. Seu desaparecimento deixaria Ares muito preocupado, claro. Quando Shion reaparecesse, teria o fator surpresa a seu favor, por conseguinte, seria mais fácil atacar o Santuário se Ares estivesse despreparado. Shion e as duas amazonas não queriam lutar contra ninguém a não ser Ares, que era seu único alvo. Mas eles sabiam que não seria fácil derrubá-lo, por ele ser um deus. Logo, eles queriam preparar sua estratégia com toda a cautela possível. Para finalizar, o renascimento de Hades e seus espectros já devia estar próximo, então, Shion precisava ficar alerta. Aliás, ele comentou sobre essa futura batalha com Marin e sua mestra, de modo que ambas também ficaram atentas. Depois Shion foi embora.

- Nesse meio tempo, a nova geração de cavaleiros de bronze já estava em treinamento, inclusive Seiya que, sem saber, vinha sendo treinado por sua própria irmã. Apesar de tê-lo reconhecido assim que o viu, ela fingiu que não o conhecia, porque a vida no Santuário era muito dura, e Marin sabia que, tornando-se cavaleiro, Seiya percorreria um caminho sem volta. Certamente ele teria lutas dificílimas e precisaria fazer sacrifícios se quisesse sobreviver e triunfar nas batalhas. Dessa forma, ela concluiu que seria mais prudente não revelar a seu irmão que ela era a Seika, pois não existiriam laços entre eles, apenas uma relação distante entre uma mestra e seu aluno. Portanto, quando Seiya se tornasse um cavaleiro, poderia se concentrar somente nas lutas e proteger Athena (embora Marin não soubesse onde o ser divino poderia estar, já que ela, sua mestra e Shion duvidavam que a deusa realmente estivesse no Santuário). Marin sentia muito afeto por seu irmão, mas procurava ocultar. E Seiya, mesmo ignorando a verdade, também se afeiçoou muito a sua mestra.

- Quando Shion chegou a Jamir, local no qual ele resolvera se estabelecer (tivera um motivo especial para ir até lá), logo conheceu Mu, o qual tornou-se seu discípulo. Mu iniciou seu treinamento aos doze anos e terminou aos dezessete.

- O treinamento dos cavaleiros de bronze durou oito anos. Seiya (na Grécia) e Jabu (na Argélia) treinaram dos dez aos dezoito anos de idade; Ikki (na Ilha da Rainha da Morte) e Geki (no Canadá) treinaram dos quinze aos vinte e três anos; Alexei Hyoga (na Rússia) e Nachi (na Libéria) treinaram dos onze aos dezenove anos de idade; Ichi (na Finlândia) e Ban (na Tanzânia) treinaram dos quatorze aos vinte e dois anos; Shiryu (na China) treinou dos doze aos vinte anos de idade; Shun (na ilha de Andrômeda) foi treinado dos sete aos quinze anos.

- Logo após finalizar seu treinamento, Mu partiu para o Santuário. Mas ele não permaneceu no local por muito tempo, pois constatou que seu mestre tinha razão: provavelmente Athena não estava lá. De qualquer modo, o próprio Shion instruíra Mu a ir e observar atentamente os acontecimentos. Por isso, e tendo permanecido um ano insatisfatório no Santuário, Mu pediu permissão para ir embora. O principal motivo de sua partida foi um fato muito obscuro que ocorrera cinco meses antes: o desaparecimento de Saga. Mu ainda permaneceu mais algum tempo no Santuário por estar investigando o sumiço do cavaleiro de ouro de Gêmeos, mas sua procura foi infrutífera.

- O que Mu não sabia (aliás, ninguém em parte alguma) era que Ares morrera. Aconteceu da seguinte maneira: Saga estivera investigando os passos de Ares, pois as suspeitas e os rumores acerca do comportamento dele estavam se tornando cada vez mais freqüentes. Logo, Saga começou a tentar descobrir, de todas as formas, se Athena realmente se encontrava no Santuário. Mas Ares descobriu o que Gêmeos estava fazendo e o ameaçou. Saga não se amedrontou e o enfrentou. Houve um confronto entre eles. Como Ares dizia que Athena residia atrás do salão do Mestre, Saga conseguiu uma brecha na luta e correu em direção às cortinas que ocultavam os demais cômodos do salão (rezando silenciosamente para que, se Athena realmente estivesse por lá, não se ofendesse e nem interpretasse mal aquela invasão). Porém, afinal, Saga estava com a razão: ninguém habitava ali. Vendo sua farsa descoberta, Ares ficou furioso e a luta intensificou-se. Saga jamais havia matado sequer uma mosca, quanto mais um ser humano. Todavia, ainda que o assassinato fosse contra todos os seus princípios, ele acabou matando Ares. Pouco tempo depois, o espírito do deus dominou Saga e este, sob tão maléfica influência, passou a governar o Santuário. Ou seja, Ares, mesmo depois de morto, continuou sendo o Mestre. Desde então, ninguém nunca mais vira Saga (isto é, as pessoas o viam, mas pensavam tratar-se de Ares, o qual se apossara de seu corpo e de sua mente). Obviamente todos estranhavam que Saga tivesse sumido deixando em sua casa zodiacal a sua armadura; isto poderia indicar que alguém o raptara. Mas logo se perguntavam por que o suposto raptor ainda não havia feito nenhum contato ou ameaça.

- Ares não viu inconvenientes em deixar Mu ir embora. Nunca o vira treinando com ninguém, não tinha discípulos, parecia completamente inútil. Ares não conseguia compreender como um ser tão insignificante se tornara cavaleiro, e mais ainda, de ouro. Tudo porém fazia parte da estratégia de Mu. Ele camuflava seu cosmo, mostrando-se fraco justamente para não atrair a atenção de Ares. Além disso, estava concentrando seu cosmo e todas as suas forças para a luta contra Hades, já que seu mestre lhe falara do grau de periculosidade que essa batalha representaria para todos eles. Então, Mu foi embora. Ares sabia que ele consertava armaduras, mas como também nunca o vira fazendo isso, pensava que ele devia ser um incompetente (talvez ele "piorasse" as armaduras ao invés de consertá-las); novamente, Ares estava enganado.

- Logo após voltar para Jamir, Mu conheceu Kiki e passou a treiná-lo. Nesta época, o cavaleiro tinha dezoito anos e Kiki oito.

- Às vezes Mu visitava o Mestre Ancião (Shion lhe falara sobre ele, e durante o tempo em que estivera no Santuário, Mu também ouvira alguns comentários sobre aquele cavaleiro). Foi por intermédio de Mu que Dohko soube que Shion se recuperara do khoma depois de tanto tempo.

- Dois anos mais tarde, os novos cavaleiros de bronze terminaram seus treinamentos e regressaram ao Japão. E assim começou o Torneio Intergaláctico. Nem todos estes jovens se tornaram bons lutadores, mas eles se consideravam preparados para a luta. Ikki, Shiryu, Seiya, Hyoga e Shun lutaram muito e mataram alguns adversários (exceto Shun, que jamais matará alguém em toda a sua existência).

- Ares se perguntava se Saori Kido era de fato a reencarnação de Athena mas, considerando que todos os cavaleiros que ele enviava eram derrotados pelos aliados dela, ele estava quase certo de que ela era mesmo a deusa. Por isso, Ares mandou que procurassem Mu e o Mestre Ancião e dissessem a eles que deveriam retornar ao Santuário imediatamente. Mas os dois "rebeldes" se recusaram. Quanto ao Mestre Ancião, Ares sabia que não havia nada a se fazer, pois ele era muito idoso, então não importava (mesmo assim, era muito sábio e isso preocupava o deus). Contudo, no que se referia a Mu, Ares considerava uma imensa afronta, achando que o jovem era um petulante, algo difícil de imaginar devido à aparência angelical do cavaleiro. De todas as formas, Ares continuou sustentando sua farsa, fingindo que a verdadeira Athena sempre estivera no Santuário, durante todos aqueles dezoito anos.

- Athena e seus cinco cavaleiros de bronze derrotaram todos os seus oponentes até chegarem ao Santuário (Mu, por sua vez, também foi para lá, não atendendo ao chamado do Mestre, mas sim porque sabia que os cavaleiros de bronze planejavam invadir o local). Derrotaram Ares; após poucas semanas de descanso, tiveram de ir a Asgard e novamente triunfaram, na batalha contra Hilda e seus guerreiros-deuses. Depois, Athena e seus cavaleiros venceram Poseidon.

- Assim como os cavaleiros de Athena (excetuando-se um) e os generais-marinas de Poseidon, os guerreiros-deuses também não morreram, mas sim entraram em khoma. Terminada a batalha contra Athena, e voltando a ser a mesma pessoa nobre de sempre (embora se sentisse culpada por ter sido fraca e sucumbido ao domínio do Anel dos Nibelungos, mas sobretudo por ter feito seus valorosos guerreiros sofrerem inutilmente), Hilda conseguiu salvar a todos (exatamente como Athena e Poseidon fizeram com seus guerreiros). Entrementes, nem todos os seres divinos se importariam em respeitar o ciclo de vida e morte que Deus impôs a cada indivíduo, como o faziam Athena, Poseidon e Hilda, sendo que até mesmo a deusa grega chegou a desrespeitar esse ciclo uma vez, indo contra as regras do Todo-Poderoso.

- Todas as pessoas que tinham cosmo-energia se desejassem, poderiam manter sua aparência sempre jovem, mesmo que já fossem idosas. Claro que havia pessoas com uma aparência mais amadurecida porque este já era seu aspecto normal, caso do Aldebaran, com mais de quarenta anos, mas que se ainda tivesse vinte e cinco, teria praticamente a mesma aparência, já que ele possuía naturalmente um semblante mais maduro. Evidentemente, mesmo que com o transcorrer do tempo a aparência de um determinado indivíduo fosse amadurecendo, ainda assim, se ele quisesse, seu aspecto poderia permanecer jovem. Dohko era uma exceção, posto que na batalha contra Hades ele apresentara um físico jovem, não por ter utilizado seu cosmo para conservar a juventude, mas sim por tê-lo concentrado durante muitíssimos anos, especialmente para utilizá-lo naquela luta. Se a pessoa preferisse, não precisaria usar o cosmo para aparentar juventude; podendo manter o aspecto correspondente a sua idade. Mas não eram muitos os que tomavam tal decisão.

- Por fim, chegou o momento da luta contra Hades. Após a vitória de Athena e dos cavaleiros de bronze sobre Poseidon, Dohko e Mu conversaram com a deusa sobre a futura batalha. Assim, ela também pôde se preparar, embora não tivesse comentado nada com os cavaleiros de bronze, pois desejava protegê-los de mais sofrimentos. Porém, quando o momento chegou, ela percebeu que deveria ter preparado não apenas o seu cosmo, mas também seu coração.

- Mu e Athena tentaram evitar, mas mesmo assim os cavaleiros de bronze interferiram na batalha, pois eles não queriam fugir de suas responsabilidades, e desejavam proteger a deusa mesmo que a luta fosse inglória. Foi então que ela percebeu que se os cavaleiros de bronze insistissem em se envolver naquela batalha, teria que salvá-los deles mesmos, e isso seria ainda mais difícil do que defendê-los de Hades.

- Todos os cavaleiros de Athena, e ela mesma, imaginaram, à medida em que avançava a luta contra Hades, que aquele seria o fim. Mas se enganaram. Finda a batalha, todos estavam exaustos, muito feridos. Os cavaleiros de ouro, inclusive Aioros e Shion, que reapareceram durante a luta, estavam em khoma, mas ninguém havia morrido, exceto um cavaleiro.


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