Naraku Apaixonado? escrita por Amanda Catarina


Capítulo 2
Encontro




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Capítulo 2

Há momentos na vida em que as coisas parecem que sempre serão as mesmas...

Naraku, um único youkai e tantas vidas interligadas a sua. Inuyasha queria fazê-lo pagar pelos crimes passados, sobretudo, pela morte de Kikyou. Miroku e Sango queriam vingança contra ele. Sesshoumaru queria acertar diferenças com ele. Kagura queria se ver livre dele. Kouga queria matá-lo. Contudo, as ameaças que pairavam sobre sua cabeça não o preocupavam, na verdade, quase o divertiam. Às vezes, ele imaginava como as coisas seriam quando todos seus inimigos estivessem enfim derrotados, se ficaria aliviado ou se morreria de tédio.

Olhando para a lua minguante, recostado no batente da porta de seu aposento, ele ouvia o relato de Kagura sobre um fracassado ataque contra Sesshoumaru, devido à intervenção de uma youkai lobo.

— Isso não faz o menor sentido, Kagura. - disse ele em seu tom sereno.

— Estou lhe dizendo, Naraku, trata-se de uma oponente ainda mais forte que os dois irmãos.

— Muito bem, havendo oportunidade irei verificar isso pessoalmente. Se for isso mesmo, será mais alguém que me tornará mais poderoso quando eu absorvê-la.

— Como quiser, Naraku, mas acho que as coisas não vão ser tão fáceis assim... - disse ela. “Espero que essa tal consiga colocar um fim em você.” — acrescentou mentalmente e depois deixou o recinto.

ooo ooo ooo ooo

Naraku aguardava, oculto pela vegetação, ao lado de uma estrada, no decurso da qual Yeda, a youkai lobo, vinha caminhando tranqüila.

As vestes da youkai consistiam de uma calça escura, um quimono curto, de mangas compridas, num tom verde escuro. Os cabelos de um negro brilhante, emoldurando um rosto pálido e bonito, caiam fartos para além do meio das costas, sua franja, apenas um pouco mais curta que o comprimento, jogada de lado na altura nos ombros, por pouco não escondia um dos olhos, que eram azuis claros. Não aparentava trazer qualquer arma e não tinha nem mesmo uma bolsa. Quem a visse poderia pensar ser uma simples humana passeando por aquelas bandas, não fossem as orelhas de lobo, é claro.

Ambos, já tinham identificado a presença um do outro e, a qualquer instante, estariam frente a frente. Yeda parou e Naraku surgiu cortando a estrada até ficar diante dela. O meio youkai vestia aquela sua roupa de babuíno, que ocultava seu rosto.

O aspecto de Yeda surpreendeu um pouco Naraku. Ele buscou identificar seu poder, mas não percebeu nada anormal ou excepcional na energia dela. No entanto, seu físico despertou-lhe uma certa admiração, o que não era típico dele, sobretudo, depois de ter se livrado da consciência de Onigumo, o homem do qual tinha nascido e de quem Kikyou cuidara há muitos anos.

— Não está calor para uma roupa dessa? - Yeda perguntou quebrando o silêncio.

Naraku demorou uns instantes para responder.

— É difícil acreditar que alguém com uma expressão tão delicada tenha pulverizado os zumbis da Mestra dos Ventos, Kagura.

— Hn... aquilo foi brincadeira de criança... - disse encarando fixamente a pessoa diante de si. – Você também não parece digno da fama que tem, ou será essa uma das suas múltiplas formas?

Ele permaneceu parado.

— Muito bem, vejamos se é forte como dizem! - bradou a youkai e partiu pra cima dele com suas garras.

Por pouco, Naraku não foi atingindo em cheio. Esquivou-se por um milímetro, surpreso com a velocidade da youkai.

— Vejo que és mui habilidosa, minha cara, mas ainda sim, não é páreo para mim. - ele provocou e criou uma barreira diante de si.

— Não me faça rir... - retrucou ela, e num golpe transversal, destroçou a barreira como se fosse vidro.

Naraku vidrou os olhos. Apesar da surpresa, a graciosidade do movimento o fez estremecer um pouco, mas não de medo. Ficou preocupado então, ao perceber-se desatento e subestimando a adversária, mas iria colocar um fim àquilo. Num violento ataque, avançou com dezenas de tentáculos contra a youkai.

Yeda estendeu a mão e eis que fachos de luz saíram de suas garras, criando algo semelhante à Ferida do Vento da Tessaiga de Inuyasha, contudo, bem mais potente. E esse seu contra-ataque despedaçou os tentáculos de Naraku antes mesmo deles se aproximarem de seu alvo.

— Ora, Naraku, é só isso? - debochou – Vou te mostrar como um youkai de verdade luta. - disse e seus olhos cresceram e ficaram com um brilho azulado. O chão ao redor rachou e tremeu, e a energia sinistra de Yeda preencheu toda a área.

Naraku que já ficara abismado com o outro ataque, além de ferido, se espantou com a onda de energia. O mais sensato era fugir, e ele normalmente não hesitava em fazer isso quando sentia as coisas fora de controle, mas por algum motivo não conseguiu reagir, encarou a youkai esperando insanamente para ver o que ela iria fazer.

Yeda estendeu a mão novamente, que dessa vez começou a brilhar. Concentrava sua energia para um disparo de youki, mas se deteve ao sentir a presença de alguém.

— Naraku! Maldito! Agora eu peguei você!

Yeda vidrou os olhos ao ver um garoto com orelhas de cachorro, cabelos brancos, quimono vermelho e uma espada enorme, saltar pra cima de seu oponente.

Naraku não se surpreendeu com Inuyasha, mas sim com o fato de estar tão entretido que não percebera ele se aproximando. Interceptou o golpe diagonal da Tesssaiga com facilidade.

— Quem é ela? - Kagome falou baixo, olhando para Yeda.

— Miserável, eu te acerto! - gritou Inuyasha se recompondo para outro ataque.

Yeda envergou uma sobrancelha e bufou, então baixou sua mão ainda estendida. – É fila, é? - disse irônica para Naraku.

Ao entender o comentário Naraku riu consigo levemente. – Não atrapalhe, Inuyasha! - bradou ao meio-youkai e o atingiu com um potente disparo.

Inuyasha foi arremessado contra uma árvore e Kagome correu em seu auxílio.

— Ah, vocês estão aí... - falou Sango vindo correndo até eles. – É mesmo o Naraku?

— Ele mesmo. - afirmou Kagome.

Enquanto isso, um pouco mais afastado.

— Sua popularidade... ou melhor, impopularidade, te impede até de ter uma lutinha básica.

— Pois é... - ele assentiu e tirou a máscara para poder encarar Yeda diretamente, mas por breves instantes apenas. A situação ali era comprometedora, com o bando de Inuyasha e uma oponente desconhecida, ele não seria imprudente de levar aquilo adiante.

— Ainda nos veremos... - disse Naraku e desapareceu simplesmente.

— Hn... - bufou Yeda e ficou lá olhando na direção de Inuyasha.

— Estou bem Kagome, não foi nada... - ele disse vindo na direção da youkai. – E você quem é? - berrou estúpido.

Yeda fez cara de quem não gostou, mas respondeu. – Meu nome é Yeda. – disse cruzando os braços.

— Você teve sorte por eu ter chegado. Não sabe que aquele é Naraku. Se não fosse por mim ele teria matado você. - disse se achando.

A resposta de Yeda foi uma divertida risada. – É mesmo?

— Ora, devia me agradecer... - dizia ele prestes a arrumar confusão, mas então sentiu Kagome tocar em seu ombro.

— Calma, Inuyasha. Er... a senhora nos desculpe...

— Senhora?! Puxa... pareço tão velha assim...? - disse num tom fingido de indignação.

— Não! - a menina humana ficou muito sem jeito – É que... a gente...

Sango e Miroku calados, apenas acompanhavam a conversa.

— Então você é o Inuyasha? É... até que se parece um pouco com Sesshoumaru.

— Ora, não me compare aquele miserável! Trate logo de seguir seu caminho e pare de nos aborrecer. - intimou abusado.

— Inuyasha! - exclamou Kagome e deu um pisão no pé dele, que gritou tão alto que até derrubou umas folhinhas das árvores.

Yeda riu.

— Permita-me perguntar... - começou Sango – Por que Naraku estava aqui?

Inuyasha se recompôs e encarou a youkai, curioso.

— Quem sabe? - retrucou ela com certo cinismo.

— Ele é seu inimigo, eu presumo. - tentou a exterminadora.

— Ah, isso é você que está deduzindo, só sei que não fiz nada e ele me atacou, justo eu que sou tão pacífica, como pode? - ela disse num tom de zombaria e ficou de lado para o quarteto.

— Eu não gostei desse seu jeito! - reclamou Inuyasha. – Desembucha de uma vez ou vai se entender com a minha Tessaiga.

Yeda aceitou a provocação e deu um risinho sapeca.

— Ah é? Então vem! - falou e se colocou em posição de combate.

Os amigos de Inuyasha se espantaram, mas ele não pensou duas vezes, brandiu a Tessaiga e realmente disposto a cortar a youkai ao meio.

— Inuyasha, não! - Kagome gritou.

Mas a espada de Inuyasha não achou nada, e antes que ele desse conta de qualquer coisa, foi atingido no estômago. Uma dor cortante o fez dobrar os joelhos e não conseguiu manter a espada na mão. Tudo que viu, foi um vulto negro diante de si.

— Óh... nem precisei usar energia, um soquinho e já está no chão... - Yeda disse se recompondo, ficando em pé na frente dele.

— Miserável... - ele falou entre os dentes.

Sango levou a mão a seu osso boomerange e Miroku ergueu seu cajado, prontos a ajudar o amigo, mas Yeda desapareceu momentaneamente e surgiu bem diante dos três.

— Vamos parar, não sou inimiga, nem quero lutar contra vocês. - disse séria.

— ...até parece que vou deixar quieto... - resmungou Inuyasha.

— Fique aí! - ela bradou alto dessa vez, e fez mesmo o meio-youkai estancar no lugar com isso.

Os demais também ficaram meio acuados.

— Está ficando tarde... pretendem acampar, ou vão passar a noite no vilarejo aqui perto? - Yeda perguntou.

— Na verdade, nem sabíamos que tinha um vilarejo aqui perto... - adiantou-se Kagome – Mas por quê a pergunta?

— Gostaria de conversar um pouco com vocês, saber de suas lutas contra aquele Naraku...

— Ah... entendi... Como não temos muito dinheiro, vamos acampar mesmo, a senhora... digo, a senhorita pode nos acompanhar.

Yeda assentiu com um leve sorriso.

Inuyasha continuou emburrado num canto por algum tempo.

— Pára de frescura, Inuyasha e venha logo, temos que buscar minhas coisas para preparar o jantar e todo o resto.

Mal humorado, o meio youkai se ergueu e veio andando, e de nariz empinado, passou por Yeda.

— Mas que droga... - resmungou ele.

Miroku e Sango riram do jeito rabugento dele e Yeda também. E assim, logo depois, estavam numa conversa descontraída em meio às arrumações do acampamento.

Yeda conheceu um pouco da história de Kagome, a colegial com alma de sacerdotisa, de Miroku, o monge com o buraco do vento na mão, e de Sango, a exterminadora de youkais. E ela falou também um pouco sobre si, e que conhecera o pai de Inuyasha, além de ter se encontrado com Sesshoumaru há poucos dias.

Inuyasha ficou todo tempo com o rosto virado, sem querer conversar com Yeda, mas quando ouviu sobre seu pai, ficou atento, e curioso, prestou atenção.

Por fim, depois de se fartarem com as delícias da culinária da outra era, trazidas por Kagome, todos dormiram tranqüilos.

ooo ooo ooo ooo

Muito longe dali, Naraku refletia em seu encontro com Yeda. A toda hora, o golpe dela, parecido com a Ferida do Vento, se repetia em sua mente.

“Ela tem um domínio e um nível completamente diferente de tudo que já encontrei. Jamais pensei que um yokai forte assim pudesse ter uma forma tão pequena... tão pequena e bela.” ele balançou a cabeça, se repreendendo por tal pensamento.

— Ah... você está aqui... - falou Kagura surpresa com a presença de Naraku.

— Lamento desapontá-la, minha cara, sei o quanto gosta de me ver longe.

— Voltou logo, por acaso venceu aquela youkai tão rápido assim?

Naraku não respondeu, nem deu qualquer satisfação. Fechou os olhos e voltou a suas meditações.

CONTINUA...


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