Naraku Apaixonado? escrita por Amanda Catarina


Capítulo 15
Indecisão




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Capítulo 15

Yeda ficou vários instantes em silêncio, depois de Sesshoumaru ter-lhe perguntado onde ela estava e porque sua expressão parecia tão aflita.

– Eu... - começou ela gaguejando um pouco – ...já é tarde, acho melhor irmos embora.

– Pode ser, mas você não respondeu minha pergunta.

– Vamos... chame a Rin... - desconversou e seguiu para perto de Inuyasha e Kagome.

Um pouco depois, o grupo todo seguia pela estrada de terra. Sesshoumaru à frente, Yeda por último. Com exceção destes dois, os demais cantavam cantigas animadas, enquanto caminhavam descontraídos.

Yeda sentia-se apreensiva e ansiosa. E se, momentaneamente, fechasse os olhos, a face de Naraku se imprimia em sua mente. Aquele belo rosto que já começava a sumir de sua lembrança, tornava-se novamente vívido para seu tormento.

Ao chegarem na mansão, a youkai até tentou ditar algumas ordens, mas estavam todos ainda tão exaltados, que nem lhe deram ouvidos. Ela não se importou. Adentrou o salão de sua casa, exausta, como quem estivesse voltando de uma impetuosa batalha, e de certa forma, aquilo refletia bem a realidade.

Em seu quarto, ela se atirou na cama do jeito que estava e largou o braço sobre o rosto.

– E agora?

Sua mente fervilhou entre diversos raciocínios, mas não achava solução para o impasse de partir ou ficar, sendo que queria tanto uma coisa como a outra.

– Se eles fossem capazes de perdoá-lo...

Ela murmurava de tempos em tempos, contudo, tão logo a sentença deixava seus lábios, convencia-se de sua impossibilidade.

Girando a vista pelo luxuoso quarto, apertando as costas contra o colchão macio, ela chorou sentida. Estabilidade, segurança, conforto. Um lar, uma família... Tudo conquistado por meio de tanto trabalho. Como podia ser capaz de cogitar abandonar tudo aquilo?

Sentiu-se fraca como nunca antes, como se sua energia vital escapasse de si. Seu rosto tombou para o lado e uma letargia a venceu, fazendo-a submergir num sono sepulcral.

ooo ooo ooo ooo

Naraku montara um acampamento nos arredores da floresta próxima ao vilarejo. Uma pequena fogueira servia mais para iluminar o espaço do que aquecer, mesmo porque, ele não sentia frio algum, graças a seu youki.

Estava satisfeito e sorria sempre ao lembra-se dos doces lábios de Yeda. Como era difícil se conter. A vontade de ir buscá-la naquele mesmo instante, era quase irresistível.

Contudo, o novo momento em sua vida, tinha como característica honrar uma palavra empenhada. Por isso, nunca ansiou tanto por um alvorecer. Mal podia esperar para reencontrá-la e dessa vez não mais se separar dela.

– Talvez fosse bom ter um trunfo na manga, caso ela insista em ficar... mas o que poderia ser?

ooo ooo ooo ooo

Yeda acordou perturbada e piscou ante a luminosidade, sem acreditar que tinha conseguido simplesmente dormir com a mente tumultuada daquele jeito. Inspirou fundo e, ao tentar erguer o corpo, sentiu as pernas dormentes. Devia ter ficado na mesma posição a noite inteira.

– O que vou fazer se ele vier aqui mesmo? Claro que Sesshoumaru e Inuyasha vão enxotá-lo. Mas e depois? Não seria melhor eu sumir daqui? Mas e se ele os ameaçar? Não posso deixá-los a mercê de Naraku...

Erguendo-se ela foi retirando as partes do quimono até restar só o último, que era branco e terminava um pouco abaixo dos joelhos. Arrancou a presilha dos cabelos e chacoalhou a cabeça, passando os dedos entre os fios, que cobriram suas costas como um manto.

Depois, veio até a porta que conduzia ao seu jardim e sentou-se numa pedra, próxima ao laguinho onde duas carpas viviam tranqüilas. Seus olhos arderam, mas não havia mais lágrimas.

– Por quê?... Justo eu que nem ligava para bandos ou paixões?

Algumas horas depois, seu tom foi amável ao dispensar Rin quando esta veio até ali chamá-la. Recusou o desjejum e, pela manhã inteira, não deixou aquele jardim. Qualquer barulho diferente, que seus aguçados sentidos captavam, fazia seu coração dar um pulo no peito.

ooo ooo ooo ooo

Um tanto distante do vilarejo onde Yeda e seus amigos viviam, Kana e Kagura contemplavam a sacada adornada de uma certa propriedade.

– É um lugar maravilhoso... tenho certeza que seria do agrado de Naraku e da youkai lobo - comentou Kagura.

– Ainda é cedo para pensar nisso, pode ser que eles resolvam ficar por lá...

– Você acha mesmo, Kanna?

– Sim, só nos resta esperar... mas, aqui ou lá, tão certo como o sol nasce todos os dias, esses dois vão ficar juntos.

– Isso já passou da hora... muito bem, eu vou fazer uns passeios então, qualquer coisa você me chama.

– Não arrume confusão.

– Claro que não, só vou comprar algumas coisinhas...

– E não fique desperdiçando dinheiro assim, não é nada fácil ganhá-lo por vias honestas.

– Eu sei, eu sei... quer parar de bancar a mãe chata?!

– É melhor ir se acostumando, porque nossa futura "mãe" me parece ser bem autoritária.

Bah, conversa... eu nunca a verei como minha mãe - revidou mal humorada.

A pequena apenas riu levemente, vendo a outra sair apressada.

ooo ooo ooo ooo

O sol já era bem alto, quando Yeda enfim encontrou ânimo para deixar o quarto. Prendeu os cabelos num rabo-de-cavalo e vestiu um quimono claro, de estampa florida.

Ao abrir as portas de correr, ela se deparou com Inuyasha. Ele tinha quase sua estatura agora, por isso, seus olhos se encontraram praticamente numa linha reta.

– Ah, finalmente... eu já estava começando a ficar preocupado. O que se passa?

Ela engoliu em seco, precisava que sua voz soasse normal.

– Um pequeno mal estar apenas, coisa de mulher...

Inuyasha corou a face e Yeda passou por ele. Em alguns instantes, ele a seguiu.

– É só isso mesmo?

– Claro... - respondeu sem se voltar a ele, seguindo em direção ao salão principal.

– Meu irmão falou que você estava estranha ontem...

– Querido, não há com que se preocupar.

Aquilo não estava o convencendo.

– Alguma missão?

– Nada disso... - retrucou, vasculhando o salão como quem procurasse algo.

– O que está caçando? - perguntou, mas como não obteve resposta, se aproximou e puxou grosseiramente o braço de Yeda, virando-a com tudo. – O que há? - indagou com certa zanga.

– Me solta... - pediu debilmente e abaixou o rosto.

– O que você tem? - ele pousou a mão na bochecha dela e estranhou a frieza de sua face.

Yeda afastou a mão dele e saiu de lado, sem saber o que fazer.

– Me deixa sozinha...

– Desse jeito, é claro que não! - retrucou um tanto alto.

– Então me desculpe por isso...

Os olhos de Yeda manifestaram o brilho azulado e, numa fração de segundo, uma descarga de youki atingiu Inuyasha. Tão certeira, veloz e potente que nem Sesshoumaru captou e, mesmo o baque do corpo tombando no chão de madeira, passou despercebido.

Que péssima idéia! Onde ela estava com a cabeça?

– Céus, devo estar ficando maluca... quando isso vai acabar?! - choramingou, estática, com os olhos fixos no meio-youkai.

Alguns minutos se passaram. Yeda se virou de costas e apoiou as mãos numa bancada próxima, então, começou a falar sozinha, num tom bem baixo.

– ...desse jeito não convém que eu fique mais com eles, além do que as coisas já estão encaminhadas por aqui, não precisam mais de mim... e eu... não posso mais lutar contra isso que sinto por ele. Se ele estiver mesmo mudado como disse... - fez uma pausa – ...se eu houvesse só mais uma prova de que ele diz a verdade...

Num lampejo, Yeda ergueu o rosto com uma ideia em mente. Restava sim algo suficientemente relevante e que poderia dar um novo rumo às coisas. Enfim uma esperança!

Seus olhos se alargaram de satisfação. Virou-se num ímpeto e se aproximou rápido do meio-youkai. Ajeitou-o no braço e usando o procedimento anterior ao contrário, transferiu youki a ele, fazendo-o despertar no mesmo instante.

– Êh... isso tudo é ressaca? - ela falou diante da expressão confusa dele, e seu tom era aquele debochado e matreiro que ele conhecia tão bem.

– O que aconteceu?

– Não sei... quando eu olhei, você estava caído...

– Que isso... não lembro de nada... nem do que estava fazendo antes...

Yeda se levantou e estendeu às mãos a ele.

– Que tal um chá?

Ele ficou meio desconfiado, mas acabou concordando e seguiram dali.

Mais tranqüila, Yeda conseguiu disfarçar bem sua ansiedade, mesmo porque enquanto Naraku não voltasse a aparecer, ela só podia esperar.

Ao anoitecer, ela chamou todo o grupo para jantarem no salão principal e, para ela, aquilo teve o sabor de uma triste despedida. Nenhum deles, contudo, notou qualquer anormalidade com ela, que mesmo chorando por dentro, sorriu graciosamente o tempo todo.

Findado o jantar, a youkai lobo veio até a varanda da casa, de onde ficou olhando os queridos amigos seguirem para suas respectivas casas. Quando o pátio ficou vazio, ela ergueu os olhos ao céu tingido de azul escuro e a luz prateada de uma linda lua cheia reconfortou sua alma.

– É o fim... o fim dessa vida... - murmurou ela e seguiu para seu quarto. Precisava se arrumar melhor, pois seu amado estava a caminho.

ooo ooo ooo ooo

Garboso, trajando vestes recém adquiridas e de extremo requinte, Naraku subiu devagar, a alameda recentemente pavimentada. Aquela era a área mais nobre do vilarejo, que muito em breve se tornaria uma verdadeira cidade.

Em alguns minutos, ele parou diante do imenso portão, e antes que desse sinal de sua presença, o mesmo se abriu.

Yeda, sua amada, surgiu à sua frente. Com um olhar indecifrável e uma aura sinistra aterradora, ela usava um traje semelhante à antiga roupa de caça de Sango, complementado apenas com um quimono curto por cima, num tom esverdeado. Um modelo muito parecido com o traje que ela usara na noite em que eles se encontraram pela primeira vez, ele recordou.

Sesshoumaru saiu à varanda de sua casa, ao mesmo tempo em que Inuyasha correu à porta da sua. Os dois avistaram Yeda no portão e sentiram uma presença estranha lá.

– O que foi? Yeda?! - gritou Inuyasha.

Sesshoumaru, mais rápido, surgiu ao lado da youkai lobo e assim que seus olhos contemplaram a figura dona daquela presença, uma exclamação de espanto deixou seus lábios.

– Você!? - falou ele então.

Yeda e Naraku continuaram se encarando, indiferentes à aproximação do youkai branco.

– Mas o que está acontecendo aqui?! - berrou Inuyasha, chegando junto de Yeda e, num gesto grosseiro, a empurrou para o lado. – Que?! Naraku!! - exclamou num grito.

Sesshoumaru estranhou a apatia de Yeda, mas logo sacou Toukijin, da qual nunca se separava.

– Desapareça daqui, seu verme! - exigiu apontando a lâmina ao intruso.

Inuyasha, que também tinha Tessaiga consigo, se apressou a fazer o mesmo, contudo, aguardou o próximo passo do irmão.

– Pela surpresa que leio nestes olhos dourados, penso que não contou aos dois de meu retorno, minha cara Yeda... - falou Naraku, tranqüilamente, nada intimidado com a espada a centímetros de sua cabeça.

– Céus, Yeda... de novo você fica escondendo as coisas da gente! - esbravejou Inuyasha, posicionando-se então ao lado de Sesshoumaru.

– Isso não importa mais... foi a última vez, pode ter certeza...

Os três ficaram chocados com o tom frio dela. Além disso, sua expressão ganhara um ar estranho, quase maligno. Não parecia a mesma Yeda de sempre.

– Eu tenho uma pergunta pra te fazer... Naraku... - falou ela.

Naraku apenas a encarou, esperando.

– A Jóia de Quatro Almas... onde está?

Inuyasha e Sesshoumaru ficaram surpresos com a menção da jóia.

– Comigo, naturalmente... - confirmou ele.

– Você conseguiu completá-la?

– Quase... os únicos fragmentos que faltam são os que estão com o youkai lobo Kouga.

Milhares de coisas passaram pela mente de Inuyasha. Então, durante todo aquele tempo, Yeda estava mancomunada com Naraku e seu objetivo era se apossar da Jóia de Quatro Almas?!

– Vocês... - balbuciou Sesshoumaru, entre os dentes, provavelmente chegando à mesma conclusão que o irmão. – Expliquem-se, ou ambos sentiram a lâmina de Toukijin!

– Inuyasha, Sesshoumaru, fiquem quietos! Minha conversa aqui é com Naraku.

– Mas que absurdo sem nexo é esse, Yeda?! - retrucou Inuyasha.

– Silêncio! - mandou ela e então dois feixes de luz surgiram e aprisionaram os irmãos, mantendo as mãos deles ligadas a seus corpos. Ambas as espadas ficaram caídas ao chão.

– Eu não acredito... sua... traidora... como pôde nos enganar assim?! - gritou o meio-yokai.

Aquilo doeu no coração de Yeda, tanto que abalou sua concentração por um instante, o que foi o suficiente para que Inuyasha conseguisse se soltar.

Ele já não era tão impulsivo, mas a ideia de que Yeda fosse aliada de Naraku, o deixou tão furioso, tão ultrajado, que, num segundo, alcançou sua espada e não hesitou erguê-la contra a youkai lobo.

Naraku vidrou os olhos diante de Tessaiga avultada sobre a cabeça de sua amada, e na velocidade de um raio, surgiu à frente do meio-youkai, ou seja, às costas de Yeda, e segurou a lâmina grossa com as mãos nuas.

– Não se atreva a machucá-la! - bradou furioso.

Yeda voltou-se na mesma hora, preocupadíssima, e levou a mão aos lábios ao ver sangue escorrendo da mão de Naraku. Inuyasha deu um passo para trás completamente desconcertado. Primeiro, por sua fúria ter chegado ao ponto dele atacar Yeda e segundo, por ver Naraku ferir-se para defendê-la.

– Naraku! - exclamou Yeda, transtornada, tão próxima ao meio-youkai que seu peito chegou a resvalar no ombro dele.

Sesshoumaru, ainda aprisionado, ficou estarrecido diante da expressão de Yeda e ponderou por alguns instantes.

– Não foi nada... - tranquilizou-a Naraku, mas sem voltar-se a ela, com os olhos fixos em Inuyasha.

– Impossível! Isso é impossível... - balbuciou o jovem meio-youkai.

– Será que vocês não percebem que eu a amo!? - gritou Naraku. – Não percebem!?

Inuyasha voltou a balançar a cabeça num gesto de inconformismo, contudo, Sesshoumaru, pela primeira vez, tentou analisar a situação com mais critério. Havia alguma chance daquilo ser verdade? E se fosse, que direito ele e Inuyasha tinham de interferir ou julgar?

– Solte-me, Yeda... - mandou altivo Sesshoumaru.

Ela o encarou, perdida e indecisa.

– Solte-me! - ele literalmente gritou então.

Num mero reflexo Yeda atendeu, fazendo sumir o facho de luz.

– Isso, ajude-me a matar esse verme, mano!

– Você cale a boca e não se mova! - retrucou ainda no mesmo tom e, se colocou à frente do velho inimigo.

O choque foi tamanho que de fato paralisou Inuyasha.

– Naraku? - intimou Sesshoumaru. – O que o trouxe aqui? Qual é sua intenção?

Ele encarou o youkai branco com certa desconfiança, mas logo respondeu:

– Vim por Yeda, porque eu a amo. Pretendo ficar com ela, custe o que custar, pois sei que ela sente o mesmo por mim.

– Isso é verdade, Yeda? Você mantém sentimentos assim por este sujeito?

– Sim... - confessou ele num tom baixo – ...mas só o aceitarei, se ele fizer uma coisa...

Naraku voltou-se para ela. – O que? - perguntou aflito.

– Quero que use a Jóia de Quatro Almas para remover sua maldição do Buraco do Vento da mão de Miroku. E que depois entregue a jóia para Inuyasha.

Os dois irmãos ficaram ainda mais espantados e, ao mesmo tempo, o resto do grupo surgiu no pátio.

– Rin, fique aí! - mandou Sesshoumaru.

– Kagome, não venha!

Miroku correu e se pôs à frente das mulheres.

– Deixem comigo!

As moças se detiveram e o monge correu à frente.

– Naraku seu maldito! O que faz aqui!? - exclamou ele.

Indiferente ao rapaz, Naraku encarou Yeda com uma expressão interrogativa.

– Remover a maldição? - perguntou ele.

– Sim, se o que diz sentir por mim é verdade, não vai me negar esse pedido...

Ele se surpreendeu com a astúcia dela. Não estava em seus planos abrir mão da jóia, mas entre aquela fonte de poder e o amor dela, ele sabia bem o que lhe era mais importante. Assim, meteu a mão por dentro do quimono e puxou dali a resplandecente pedra.

– Aqui está... - disse muito calmo.

– Use-a e remova o buraco.

Naraku refletiu alguns instantes antes de voltar a falar.

– Não é algo que dê para fazer assim... imagino que apenas uma sacerdotisa seja capaz. Talvez a velha anciã saiba um meio... tudo que posso fazer é entregar-lhe a jóia.

– Então me entregue.

Ele não hesitou, nem por um instante, e Yeda ficou muito atenta a este gesto dele. Seu coração sabia que ele estava redimido, mas sua razão ainda precisava daquela prova. Voltando-se então aos dois irmãos, com a jóia na palma da mão, ela falou:

– Nossa história acaba aqui... - e entregou a jóia a Inuyasha. – Partirei com Naraku.

– Não diga uma besteira dessa! - revidou ele.

­A euforia na expressão de Naraku parecia palpável.

Rin, sem poder mais se conter, saiu correndo. Sango ao vê-la fez o mesmo e Kagome veio por último.

– O que está acontecendo?! - gritou Rin e na mesma hora Sesshoumaru lançou-lhe um olhar tão severo, pela desobediência, que a deixou completamente acuada, contudo, ainda sim, ela ficou encarando Yeda na espera de uma explicação.

Kagome tocou no ombro de Inuyasha, ele parecia petrificado, enquanto, Sango buscou os braços de Miroku.

Yeda, ao lado de Naraku, encarou os três casais à frente.

– Meus amigos queridos... vivemos juntos por sete anos, conheço a história de vocês assim como conhecem a minha, mas há um detalhe que venho ocultando... não é de hoje que me apaixonei por Naraku. Mesmo sabendo de seu passado, isso já é assim há algum tempo, e depois do que ele acabou de fazer, estou disposta a partir com ele, a menos que... - ela tomou fôlego – ...a menos que vocês possam perdoá-lo e aceitá-lo.

A declaração surpreendeu o próprio Naraku, mas sendo um fato ele ter se redimido e, não lhe parecendo tão vergonhoso assim, emendou o apelo:

– Sei que ela sofrerá tendo que deixá-los, por isso... imploro vosso perdão - e, se ajoelhando no chão, curvou a cabeça diante deles todos.

Um silêncio cruciante se estendeu por vários instantes, durante o qual cada um deles ficou remoendo sua própria mágoa contra o velho inimigo.

– De jeito nenhum! Isso nunca!! - vociferou Inuyasha.

Depois disso, um novo silêncio veio confirmar a impossibilidade do perdão, ao menos, naquele momento.

– Eu compreendo... - concordou Naraku e se colocou em pé.

Foi a vez de Yeda esboçar um sentimento quase palpável, mas de tristeza e não de alegria.

Ficando à frente de Rin, Sesshoumaru encarou Yeda.

– Então é isso? Está decidida?

– Estou...

– Naraku... - começou ele ­– as maldades que cometeu não são coisas que se esquecem assim de uma hora para outra. Não basta dizer “eu sinto muito” e tudo fica bem... e abrir mão dessa jóia, para ter ao lado uma youkai imbatível como ela dá quase na mesma.

Naraku e Yeda o encararam, atônitos. Inuyasha voltou a se manifestar:

– Yeda, o que há com você?! Você... você não pode partir com ele! Isso é uma insanidade! E quanto a nós?! Como pode nos deixar por um traste sem honra como esse aí?!

Aquelas palavras pesaram no coração dela.

– Eu... entendo você, Inuyasha, mas sempre acreditei que o arrependimento é possível. Pelo laço que se estabeleceu entre eu e ele, sinto que ele é um ser diferente agora. E estou disposta a dar-lhe essa chance. Pode ser que eu venha a me arrepender, pode ser que não... seja como for, é isso que escolho.

– Não!! - ouviram todos alguém gritar. – Ele não pode levá-la! Ela é nossa mãe!

Com os olhos marejados, Yeda encarou a jovenzinha que gritava.

– Rin...

– Você não vai! Gosta mesmo dele não é? Então a gente deixa ele ficar! Você não tem que ir embora! Aqui é sua casa!

Ela já não era criança, mas em sua mente infantil, as coisas eram tão simples quanto suas palavras. Chorando, ela se agarrou a youkai lobo.

– Yeda, você não pode ir! Não pode!

– Mas Rin...

Aproximando-se, Sesshoumaru desvencilhou a menina da youkai.

– Talvez, todos precisemos de um tempo... - disse ele, olhando para Yeda e abraçando a moça, que soluçava desconsolada, contra seu peito.

Abismados, Naraku e Yeda o encararam com surpresa.

– Não posso dizer que estou convencido das intenções dele, mas respeito seu desejo de correr este risco. Por hora, vocês devem partir. Até mesmo para que possam conhecer a extensão do que sentem um pelo outro.

Yeda assentiu com um gesto, jamais esperara ouvir tais coisas de alguém tão recatado como Sesshoumaru. Daquela vez era ela quem estava sendo aconselhada, ao invés de aconselhar.

– Siga seu coração, Yeda, mas não se esqueça daqui. Talvez, qualquer dia desses, nossas vidas voltem a se cruzar. Agora venha... despeça-se direito de nós e parta com um sorriso nos lábios - encerrou o youkai branco.

Os dois apaixonados ficaram emocionados diante daquilo. Assim, entre palavras de encorajamento e muitas lágrimas, a comovente despedida transcorreu.

Depois de tudo, Yeda e Naraku, abraçados, desceram a alameda recentemente pavimentada.

CONTINUA...

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Agradeço muito todos os comentários até aqui! ^_~

No próximo capítulo: Naraku & Yeda finalmente juntos!


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