Capítulo 17 – And I know my great grandfater.

Drake andava de um lado para o outro, murmurando coisas que eu não conseguia entender. Eu já estava tonta só de olhar para ele.

– Drake, para um pouco.

– Você está grávida, Alicia – gritou fazendo boa parte das pessoas olharem para nós.

– Obrigada por avisar São Francisco inteira da minha situação.

– Caralho, eu ajudei você a fugir e você está grávida!

– Acho que já entendemos que eu estou grávida e se você falar grávida mais uma vez eu juro que arranco meus tímpanos. E outra coisa, se você me mandar de volta para o Acampamento eu deixo a Thalia sem brinquedinho.

– Alie, pensa bem. Tem uma vida dentro de você – gesticulou em direção a minha barriga.

– Que vai ficar aqui por alguns meses.

Drake respirou fundo, tentando se acalmar, passou as mãos pelo cabelo com raiva, puxando os fios sem delicadeza nenhuma. Conhecendo ele como eu conhecia, resolvi me afastar e olhei em volta. Estávamos próximos a um píer, pelo que eu podia ver através da névoa mortal, não muito longe do Monte Otris, tanto que poderíamos ir a pé.

– O que você quer fazer agora, Alie? – Drake perguntou aparentemente mais calmo.

– Vamos ao Monte Otris. Como disse, preciso checar uma coisa lá. Depois podemos ir procurar Percy, Annie e o Nico.

– Tem certeza?

– Absoluta – falei sem olha-lo.

[...]

O Monte Otris estava em ruinas novamente. Por entre paredes destruídas, estava eu e Drake, nos escondendo das duas “pessoas” que estavam ali dentro, quase tínhamos sido pegos e Drake me olhava como se fosse me matar a qualquer momento.

– O que vamos fazer, senhor?

– Não sei – sua voz era rouca e assustadora – Já mandou uma tropa atrás deles?

– Sim. Eles não devem estar longe.

– Já é a segunda vez que eles invadem aqui e saem sem serem pegos. Odeio esse lugar.

– É o que temos por agora, meu senhor. Os mortais não chegam até aqui e os semideuses e deuses acreditam que tudo esteja destruído. Por hora, é um ótimo esconderijo – concluiu.

– Quem nos preocupa sabe onde nos encontrar.

– Eles não nos atacariam. Ainda mais com o filho de Poseidon no estado em que está. Falando nisso senhor, está mais forte?

– Não – falou rudemente – O garoto está sem forças. Pelo que conheço dele, deve estar se deixando levar por isso para não deixar que eu use as forças dele. De qualquer jeito, ainda temos as duas semideusas. Poseidon poderia ter nos ajudado e tido mais filhos.

– Por outro lado seriam mais semideuses atrás de você.

– Bobagem. Eu sou Urano, nenhum deles conseguiria me deter.

– Agora, quem sabe. Você não está em condições de ficar se gabando, irmão. Essa é a verdade. Acho que outro que nos trariam problemas é o filho de Hades.

– Pelo que eu soube, o garoto de Hades namora a filha de Poseidon, trazendo ela, poderemos trazer ele até aqui – arregalei os olhos para Drake, que colocou um dedo em frente aos lábios, pedindo silencio e com a cabeça, indicou para eles, que continuavam a falar.

– E os semideuses que capturamos?

– Estão trancados. A filha de Hades será um problema, ela pode saber de todos os nossos passos.

– Mas não poderá fazer nada trancada em uma cela. Foi bom termos a capturado.

Arregalei os olhos. Jully tinha sido capturada? Fiz menção de levantar, mas Drake segura meu braço e me puxa para baixo.

– Não! – sussurrou – Você está louca? Quer morrer agora, Alicia?

– É a Jully, Drake. Não podemos simplesmente deixa-la aqui!

– Temos que pensar em um plano para ajuda-la, Alie. Entrarmos agora só colocará você em perigo também.

– Eu não vou deixar Jully ali nem por mais um segundo!

– Que tal se juntar a ela, querida filha de Poseidon? – fechei os olhos com força, rezando que fosse apenas imaginação.

Abri os olhos e virei minha cabeça para onde tinha visto a voz. É, os deuses não gostavam muito de mim. De pé há menos de dez passos de distancia estava o homem que conversava com Urano. Ele tinha um corte militar, usava ternos e óculos tão escuros que não era possível nem ver o contorno do seu olho. Mencionei que ele era absurdamente alto e ameaçador?

– Você nos poupou trabalho, Alicia Blofis – ele disse sorrindo. Os dentes dele eram capaz de me deixar cega, de tão brancos que eram – Fico feliz que tenha vindo. Vamos, entre – com o braço, indicou o caminho onde de onde tinha vindo e para a nossa total e completa infelicidade meu bisavô ainda estava ali, como um fantasma nos olhando.

– Ah, desculpa. Se eu chegar atrasada para o jantar minha mãe me mata. Voltamos outra hora – falou Drake se virando e segurando meu braço com força.

– Nem mais um passo, filho de Apolo – ameaçou o homem. Eu adoraria que ele parasse de sorrir.

– Olha, senhor... Quem ser que você seja – comecei – Nós temos mesmo que ir. Espero que não se importe com a nossa desfeita. Mas podemos voltar outra hora... Ou nunca.

E ele finalmente parou de sorrir.

– Agora – rosnou.

Dei as mãos para Drake e segurei o punho da minha espada com mais força. Eu pensava em mil maneiras de nos tirar dessa. Ou ao menos tirar ele dessa. Eles não me matariam logo de primeira, não é?

– Olhe quem eu achei nos espionando, irmão – o Sorriso disse para Urano.

Espera, irmão?

A forma fantasmagórica de Urano sorriu. Ele estava como em um circulo azul. Seu sorriso era ainda mais brilhante que o do Sorriso. Os olhos eram de um azul profundo, olhei para o céu para checar, mas de qualquer maneira não seria preciso, era só olhar para os olhos dele e ver a mesma cor refletida.

– Ei, bisavô. Tudo bem? – sorri. O jeito era ganhar tempo.

– Cria de Poseidon – disse apenas.

– Então... Eu estou disposta a negociar com você.

– Negociar? Comigo? – pude notar o tom de diversão em sua voz.

– Alie, que merda você está fazendo? – Drake sussurrou em meu ouvido. Pena que eu estava disposta a ignora-lo.

– Eu meio que ouvi sua conversa com o Sorriso e você tem algo que eu quero e eu tenho algo que você quer.

– E o que seria de ambas as partes? – foi o Sorriso quem perguntou.

– A filha de Hades, eu quero ela e vocês me querem. Cá estou. Porém só me entrego com duas condições.

– E quais seriam?

– Você liberta Jully e Drake.

– Alicia? – Drake gritou indignado.

– Cala a boca, Drake. Continuando, teriam que jurar pelo rio Estige que os deixariam em paz.

– Só isso? – Urano perguntou.

– Irmão! – Sorriso falou indignado.

– Silêncio, Ofíon!

Estreitei os olhos. Eu já tinha ouvido falar de Ofíon, mas onde?

– Ei, não foi você que governou o mundo junto com Eurínome até vocês serem derrotados por Cronos e Reia? – perguntei para ele.

– Detalhes demais, semideusa – rosnou.

– Porque, se seus problemas são os com titãs, vocês estão contra os deuses? – perguntei com o cenho franzido.

– Alguém deve pagar – Urano disse.

– Mas os deuses não tiveram culpa do que eles fizeram com vocês. Além disso, vocês meio que já foram vingados.

Senti a sala tremer por alguns segundos, depois uma fumaça negra tomar conta de tudo. Senti uma mão em meu ombro e o aperto de Drake em minha mão se intensificar e segundos depois eu já não estava mais ali.