- Droga, Alicia, você não vai! – Drake tentava tirar a mochila das minhas mãos.

- Se você tentar me impedir, Drake, eu juro que eu esqueço que você é meu melhor amigo.

- Você corre perigo, Alie! Você mesma me contou que ele trouxe os monstros para capturar você e Victória. Por favor.

- Meu irmão vai morrer, Drake.

- Caralho. Espera-me aqui. – praticamente rosnou, saindo do chalé apressado.

            Guardei minhas coisas na mochila e, mesmo sem vontade, esperei Drake em minha cama. Por algum motivo desconhecido por mim, levei minhas mãos até minha barriga, prometendo que nada aconteceria com aquela criança.

- Você sabe onde encontrarmo-los? – Drake voltou para o chalé com outras roupas, mochila, arco e uma aljava cheia de flechas.

- Eu tenho uma noção. – menti. – Mas, tenho um plano.

- Ok. Eu vou com você e, se algo acontecer, eu te trago para cá na hora e não há Zeus que me impeça.

- Tudo bem.

- Falei com um filho de Hermes. Ele arranjará alguns dólares, dracmas, ambrosia e néctar para levarmos.

- Você mandará uma mensagem de Íris para o Nico, perguntando onde eles estão. Diga que foi Quíron que pediu e, se perguntar por mim, estou no treino.

- Alie...

- Drake, assim é mais fácil.

- Ok.

            Entreguei um dracma a ele, que foi à fonte.

- Oh, Íris deusa do Arco-Íris, aceite essa oferenda e mostre-me Nico di Ângelo.

            Drake jogou o dracma no Arco-Íris e a imagem tremulou até aparecer Nico. Eu estava na frente do filho de Apolo e atrás de mensagem de Íris, de modo que Nico não me veria.

- Drake? – Nico perguntou confuso.

- E aí.

- Aconteceu alguma coisa? Alicia...

- Estamos bem. Quíron pediu para eu perguntar onde vocês estão.

- Quíron? – perguntou desconfiado.

- É. – Drake engoliu em seco. – Outros semideuses fora... Hum... Chamados para a missão e... Ele precisa... Saber onde vocês estão para... Hum... Ajudarem vocês de certa forma.

- São Francisco. – respondeu – Nos contaram que vocês foram atacados, é verdade?

- É, mas estamos todos bem. – fiz sinal para Drake encerar ou não Nico desconfiaria. – Bem, tenho que ir. Quíron pediu para ser rápido. Espero que todos estejam bem. Até mais.

            Drake passou a mão pelo Arco-Íris antes que Nico respondesse e eu suspirei aliviada. Agora sabia onde eles estavam e para onde ir.

- Hey, Drake. – um garoto moreno entrou no chalé com os bolsos lotado de coisas – Eu não consegui muita coisa.

- Já vai ajudar. O que você conseguiu?

- Quinhentos dólares, vinte dracmas e um pouco de Ambrosia e Néctar.

- Não conseguiu muita coisa?

- Já consegui mais, acredite. Se perguntarem por você e Alicia?

- Nos dê três horas, se perguntarem nesse tempo, diga que não sabe de nada. Depois disso, “voltamos” para Nova Iorque porque Sally está mal.

- Ok. Se cuidem. Mandem noticias.

            Depois de nos despedirmos do garoto, deixei um bilhete para Victória com o que Drake falou para o filho de Hermes.

- Como vamos? – ele perguntou enquanto eu colocava o casaco.

- Pégaso, vamos aproveitar que não está chovendo. – afirmei fechando os botões.

- Você quer ir de pégaso até São Francisco? – questionou com os olhos arregalados.

- Claro que não. Vamos de pégaso até o aeroporto.

- Você esqueceu um detalhe, Alie. Sabe Zeus? Ele não gosta do seu pai.

- Zeus está ocupado demais destruindo o planeta para notar uma semideusa filha de Poseidon em seu território.

- Tem certeza?

- Tenho Drake. Vamos?

- Diz-me o que eu não faço por você?

- Não vou nem comentar sobre isso.

            [...]

            Mesmo não demonstrando isso, eu estava com medo e, quando o avião decolou, eu gelei. Apesar do tempo, eles ainda faziam algumas viagens de avião quando as coisas estavam melhores e eu e Drake conseguimos uma das últimas passagens na classe econômica.

            Passei a maior parte do voo dormindo e Drake notou que tinha algo errado comigo no instante em que eu levantei para vomitar no banheiro, mas naquele momento ele não falou nada. Sabia que não esconderia a gravidez dele por muito tempo. E se ele descobrisse que eu estava grávida, me levaria de volta para o Acampamento na hora.

            Assim que chegamos ao aeroporto, a primeira coisa que eu fiz foi correr para a lanchonete, precisava comer urgentemente. Drake acompanhou-me, sempre me encarando de olhos estreitos e testa franzida, ele sabia que algo estava errado.

- Aonde nós vamos agora? – ele perguntou depois que saímos da lanchonete.

- Monte Otris.

- O que? – sua voz saiu elevada, deixando claro a sua surpresa.

- Precisamos ir para lá checar uma coisa, Drake.

- Alie, aquilo deve estar em ruínas agora.

- Só checar uma coisa. – repeti.

            Pedimos um táxi, mas paramos no meio do caminho para eu vomitar, com Drake segurando meu cabelo.

- Pode nos deixar aqui, senhor. – ele disse ao taxista entregando algumas notas.

- Ok, melhoras moça.

- Obrigada. – limpei minha boca.

            O filho de Apolo pegou nossas coisas e me ajudou a andar até o banco que tinha próximo dali. Ele me sentou e me encarou, ajoelha em minha frente. Droga!

- Você está esperando o que para me contar o que tem de errado com você?

- Não tem nada de errado comigo. – olhava para uma criança que estava por ali.

- Não minta para mim. Olha para mim, Alicia – pediu.

- Droga, Drake. – sentia as lágrimas escorrendo por meu rosto.

- O que aconteceu, Alie? – pude notar a preocupação em sua voz.

- Eu estou grávida, Drake. Grávida.