A muitos séculos uma grande guerra no submundo foi travada. Os seres das sombras quase conseguiram invadir o céu, mas o poder das trevas foi mais uma vez sobrepujado. Porém o preço pago por essa vitória foi muito alto. Seis dos sete arcanjos patronos perderam suas vidas para selar os demônios sob o chão que hoje pisamos. Deixando infelizmente escapar o príncipe do mal, Kamael e o braço direito de Deus Gabriel.

Gabriel estava muito ferido, mas vendo que seu rival ainda estava vivo e livre, alçou voo. Ao chegar, abriu os portões do céu e invadiu a ala das armas. Ele sabia que se Kamael ainda tivesse forças viria atrás do motivo da guerra, “As armas Celestes” recém-criadas por Deus antes de descer a terra dos humanos. O céu estava quase vazio todos os anjos estavam em terra e não havia tempo de reuni-los.

Nesse momento, Kamael entortou as barras do portão que estava fraco pela falta de poder lá encima. Adentrou pela cidade de ouro e cristais matando o que entrava em seu caminho e deixando tudo em ruinas com sua sombra negra. Gabriel voava apresado pelo castelo divino com as Celestes transformadas em miniaturas presas todas em um colar, quando ouviu o choro de bebês.

– Essa não... – Ele disse ao abrir as portas do salão berçário.

Havia várias daquelas coisinhas pequenas, inocentes, mas que já pressentiam o mal que se aproximava. Sabia que seu tempo estava acabando e que seu corpo ferido talvez não aguentasse a viagem, porem não podia deixa-los ali para morrer. Tornou-se então em uma luz branca e carregou os pequenos para fora do céu que ruía.

Imenso foi o ódio de Kamael ao ver a ala das armas vazia. Juntou as forças que tinha, pra virar uma imensa fera de fogo destruindo o castelo de dentro para fora, de onde viu o arcanjo descendo à Terra. Tentou segui-lo, mas o paraíso tinha seu próprio poder torturando e fera com sua luz. Percebendo que perderia Kamael apontou e rogou uma maldição atingindo Gabriel e seus pupilos.

– “Dessa guerra de Titãs nenhum de nós sairá vivo. Mas tão certo quanto que a noite vêm sobre o dia, eu voltarei e trarei comigo a escuridão. E nenhum anjo ou arcanjo no céu poderá mudar isso.”

Ao terminar a sentença sua forma física foi destruída e seu espectro foi mandado a terra.

Gabriel rasgou o ar no mundo humano colidindo com o solo. Era o fim de seu tempo.

­– Me perdoem...

Olhava aquele monte de bebês tão diferentes acolhidos em seus braços. Viu-se então uma grande explosão e em seguida uma luz branca que separou seus espíritos ao sabor do vento.

– HAAAAAAAAAARRRRRR!!! – O garoto de quinze anos acordava suando em sua cama. – Que sonho estranho. NOSSA! Três da manhã. Tenho que dormir amanhã tem aula.