Luke P.O.V.

            - Como assim a gente vai fazer um exercício com as Belas? – Grover perguntou se levantando da cadeira – Isso é um absurdo, elas podem roubar alguma tática, ou identificar uma fraqueza obscura.

            Não podia negar, isso era verdade. O garoto sabia pensar.  Mas, necessitávamos analisar o inimigo também. Já era notável que iriamos ganhar, mas de qualquer forma, garantir sempre foi a melhor opção.

            - Para de reclamar Fletcher, ou você não quer ficar em uma sala cheia de mulher. – Connor disse, causando uma explosão de risadas na sala.

            - Parece que alguém aqui tem fobia de peitos. – concluiu Travis, causando mais risadas.

            - Muito engraçado vocês. – Grover disse irônico – Depois, não reclamem que elas notaram cada defeito que a sua voz tem, e se aproveitaram.

            Foi nesse segundo que todos decidiram falar ao mesmo tempo. Cada um gritava, ou melhor, berravam seu ponto de vista. Era absurdo como eles conseguiam se entender. Quem sabe eles nem se entendiam.

            - Calem a boca! – gritei pondo ordem naquela bagunça animal.

            Todos me olharam. Alguns com olhares confusos. Já Percy, tinha o seu olhar perdido de sempre. Era frustrante falar com ele, enquanto eu expressava minhas opiniões, parecia que ele estava em um outro universo.

            - Quem deu a você essa autoridade, Luke? – Nico fez questão de enfatizar o meu nome.

            - Eu sou o líder! – comecei falando – É o meu dever colocar orde...

            - Você ERA o líder. – ele disse me interrompendo – No passado, eu sou o novo chefão dessa porra agora.

            O poderoso chefão não era mais eu. Sim, eu havia perdido muita coisa desde que saí do colégio. Não conseguia ver Nico como um cara responsável. Talvez eu não o consiga ver assim, porque ele não é.

            - Então, vamos aliviar essa tensão. Que tal começar a trabalhar? Já que isso nunca matou ninguém. – Charles disse cortando o clima tenso.

            - Trabalhar nunca matou – Percy disse parecendo uma gelatina mole na cadeira – Mas para que arriscar?

            - Percy, para de cagar para a competição, isso é muito importante. – Grover disse com uma voz tranquila, como se o Percy estivesse drogado.

            Chris, que estava dormindo em sua cadeira desde que a reunião começou, até agora se levantou em um pulo. Sua cara de medo era exageradamente preocupante.

            - Não suja a cadeira com o seu cocô! – ele berrou.

            - É como minha mãe sempre disse: Antes de falar, ouça. Antes de agir, pense. Antes de desistir, tente. Antes de cagar, veja se tem papel. – Nico disse como se estivesse citando um poema muito profundo.

            Definitivamente, aquele clube era composto por animais.

Nico P.O.V.

            Enquanto todos expressavam o seu ponto de vista, não tão organizadamente e calmamente quanto devia. Mas quem se importa? Era a primeira reunião, podíamos fazer certa bagunça.

- EI! – gritei fortemente – Todo mundo cala a boca! Temos umas convidadas.

Entraram na sala a ruivinha, e a garota-que-fez-xixi-na-calça. Segurei o riso quando relembrei a cena em minha cabeça. Era algo que eu iria guardar na minha mente para o resto da eternidade.

- Obrigada. – elas disseram em um coro, mas em tons de voz diferentes.

Enquanto a Rachel (mais conhecida como a ruiva-peguete-do-Percy) disse com um leve sorriso. Annabeth (nomeada de garota-que-fez-xixi-na-calça) falou de uma forma arrogante, como de costume.

- Viemos falar da proposta de termos as aulas, ou melhor, algumas aulas, unidos – Annabeth começou dizendo – O tema da primeira aula é uma performance de músicas ou artistas que vocês tenham vergonha de gostarem.

Esse não era o combinado. Mas concordei, ia ser engraçado e constrangedor. Não havia preocupação, sou gostoso, nunca passo vergonha. É uma maldição.

- O objetivo é simples: criar uma espécie de “campo” mais intimo entre nós. – Rachel continuou o raciocínio de Annabeth – Quanto mais próximos formos, mais fácil de nos comunicarmos. Como dividimos o mesmo espaço estudantil.

Não havia sentido no raciocínio delas para mim. Mas honestamente, esses treinos iriam ser divertidos, por isso, ficava balançando a cabeça como se dissesse “Sim”.

Seria bem legal ter aulas com alguns peitos presentes. É decepcionante, totalmente desestimulante, não ter nenhuma mulher no clube.

- Um segundo, tem dever de casa? – Percy perguntou mostrando-se perplexo – Sério?

- Cantar algo que tenhamos vergonha? – Charles se manifestou – Se eu tenho vergonha, por que eu cantaria?

Eram perguntas interessantes, ou não.

- Garotos, temos que nos aproximar, isso é um fato. – Rachel disse segura – Por que não começando pelas nossas vergonhas?

A sala ficou alguns segundos em completo silêncio, e logo começaram a discutir novamente. Qual era o problema desses animais?

- Calem a boca! – Rachel gritou ficando vermelha – Vocês topam ou não topam seus mal educados?

Nunca havia visto a namoradinha do Percy irritada. Ela sempre me pareceu tão tranquila. Mas é como dizem: Tem a primeira vez para tudo nesse mundo.

- Vai com calma, ruivinha. Não queremos ver seu rosto mais vermelho que seu cabelo. A raiva não faz bem para o coração. – disse colocando os braços em volta de seu pescoço – Topamos sim.

Ela me olhou com o canto do olho, e tirou afastou meu braço do seu corpo. Levantou as sobrancelhas, e abriu a boca para falar algo, mas desistiu.

 Annabeth suspirou. Não reconhecia se era de alivio, ou se era como se ela bufasse irritada. Apenas ignorei e olhei para ela sinalizando para elas darem seu “Tchau” e saírem pela porta.

- Ah, claro. – Annabeth disse antes de sair – Venham fantasiados, enfim, usem a imaginação. Pode ser em grupo, dupla, trio... O que você quiserem.

- Até a próxima. – Rachel pegou no braço de Annabeth e foi embora da sala.

Olhei para a sala cheia de homens. Todos estavam como se um ônibus estivesse atropelados eles, exceto Percy, que parecia perdido como sempre.

- Animo, seus babuínos! – gritei o mais alto que pude – Essa sala vai ter mulher na próxima vez que nos reunirmos!

Os gritos de comemoração ecoaram. Estava satisfeito com o rumo que este ano estava tomando.

- Façam a lição, queremos passar uma boa impressão. – Luke disse se mantendo ereto – Temos de ter boas apresentações. Lembrem-se que elas são o time inimigo nas competições oficiais.

- Sim, chefe! – Travis gritou fazendo reverencia.