Como Irritar Um Capitão Pirata escrita por Mrs Jones


Capítulo 7
Capítulo 6 - Seja mais esperta do que o Capitão


Notas iniciais do capítulo

Oi fofas, mais um capítulo para vocês. Espero que gostem. A propósito, onde estão minhas leitoras que não apareceram para comentar no cap anterior? Ele está postado desde ontem e ninguém deixou review. #chatiada rsrsrs to só brincando, sei que vcs devem ter coisa melhor para fazer. Enfim, espero que gostem e não esqueçam de comentar e fazer uma escritora feliz.



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Capítulo 6 – Seja mais esperta do que o Capitão (parte 1)


Toc, toc.

– Entre!

– O senhor me chamou, Capitão?

– Chamei! Estava esperando por você, meu amor...

Ruby acordou sobressaltada. Felizmente, para sua segurança, ela ainda se encontrava no mesmo lugar em que dormira: em sua rede. Passara a noite toda a sonhar com o Capitão e em todas às vezes, quando o sonho chegava numa parte decididamente imprópria, ela acordava assustada. O último sonho fora o pior de todos. Começara com Ruby indo à cabine do Capitão e terminara com Killian Jones nu, a esperá-la na cama.

“Vou acabar ficando louca”, pensou enquanto trocava de roupa.

Haviam navegado durante toda a noite, mas agora o navio estava parado. A Princesa não sabia o que estava acontecendo lá em cima, mas presumia que já tivessem chegado ao seu destino. De fato, quando ela subiu ao convés, viu que estavam próximos a uma ilha, mas o Capitão tinha uma expressão de descontentamento no rosto. Parecia mais irritado do que nunca: gritava com os marujos e dizia que eram imprestáveis.

– O que está acontecendo? – Ruby perguntou a Jack quando ele passou por ela.

– O Capitão errou o caminho e agora está nos culpando por sua falha – ele respondeu amargamente.

“Quem ele pensa que é para tratar as pessoas assim?”.

Killian estava próximo ao timão, examinando seu mapa, o mesmo que ele manchara de tinta.

– Então quer dizer que o senhor culpa os outros pelos erros que você cometeu? – Ruby vociferou, aproximando-se do Capitão – Tudo bem, eu sei que o senhor é a autoridade maior neste navio, mas não significa que deva subestimar as pessoas. Estes homens não são seus sacos de pancada. Eles têm sentimentos, sabe?

A essa altura todos pararam o que estavam fazendo e observaram a cena. O Capitão não disse nada, apenas ficou encarando Ruby com aqueles olhos incrivelmente bonitos e ela o encarava de volta, com as mãos na cintura.

– Só porque foi idiota demais para não saber olhar o mapa, não quer dizer que deva descontar nesses pobres homens. – ela continuou – E sabe o que mais? Aposto que está envergonhado por ter errado o caminho e que culpar os outros para parecer menos culpado. Seria mais fácil admitir seus erros, porque ninguém é perfeito... nem mesmo você.

O Capitão continuou quieto. Apenas olhava para ela. Estaria irritado? Admirado? Arrependido? Ninguém poderia saber, pois ele não demonstrava nenhuma reação. Apenas ficou lá, estagnado e atento a cada palavra que ela dizia.

– Quem você pensa que é para tratar as pessoas assim? – ela abaixou a voz – Se quer que eles gostem de você, tem que ser amigo deles...

O Capitão piscou, olhou a tripulação, que ainda observava a cena (todos pareciam impressionados), e voltou a olhar para Ruby.

– Precisamos conversar – disse. E em seguida atravessou o convés e foi para sua cabine. Ruby respirou fundo e o seguiu. Quando ela passou, os piratas lhe lançaram sorrisos afetuosos e olhares encorajadores. Ela retribuiu.

Na cabine, Killian estava de costas para a porta e com as mãos sobre a mesa. Quando ela entrou e fechou a porta ele disse:

– Você tem que parar de ser tão intrometida. Ainda é minha prisioneira, caso tenha esquecido. Não tem nenhuma permissão de dizer o que pensa.

– Posso ser prisioneira, mas ainda tenho livre arbítrio.

Ele se virou para olhá-la.

– Você tem um grande senso de justiça – ele disse e ela não sabia se era um elogio ou não – Mas não devia tomar a frente de assuntos que não dizem respeito a você. Eu não os culpei pelo meu erro. Acontece que abandonei o timão por pouco tempo e Smee se confundiu com o mapa...

– Mas Jack disse...

– Jack! Não dê ouvidos ao Jack, ele me odeia e distorce as coisas... Ele faz parecer que eu sou o vilão da história, mas eu não sou.

– Mas você não devia se irritar com eles por causa disso. O Sr. Smee pode até ter errado, mas você não tem o direito de falar com ele assim...

– Você faz ideia da bobagem que ele fez? Acabamos pegando o caminho errado e agora não sei como voltar ao rumo certo. Meu mapa está danificado e eu estava navegando na direção certa porque me lembrava do caminho.

– Posso ver o mapa?

Ele a olhou por uns instantes, até que se virou e pegou o mapa sobre a mesa. Havia vários borrões de tinta sobre os desenhos, não admirava que Smee tivesse errado o caminho. Ela examinou o mapa por uns minutos e abriu um sorriso.

– Eu sei onde estamos! Aquela é uma das Ilhas Irmãs.

– Como você sabe?

– Ora, sei porque já li muito sobre elas. Elas estão representadas no mapa, está vendo? – ela apontou no mapa o local onde estavam - Sei que estamos bem perto da Ilha das Tarântulas.

– Mas é exatamente para lá que estamos indo. Você sabe o caminho?

– Não sei... mas se você tivesse um livro...

– O livro! – ele exclamou se lembrando de repente. Como pudera esquecer o livro que andara lendo tanto nos últimos anos? Ele procurou o livro pela bagunça sobre a mesa. Quando o encontrou folheou as páginas velhas e amareladas até encontrar o que queria: um mapa desenhado à mão e várias páginas que falavam sobre a Ilha das Tarântulas.

Eles compararam os dois mapas.

– Veja – disse Ruby – a parte que está manchada nesse mapa, corresponde a esta – ela apontou o mapa do livro. – Vamos ter que passar por entre as Ilhas Irmãs e seguir para o norte, assim vamos sair nas Ilhas Rochosas e depois, seguindo mais para frente, chegaremos à Ilha das Tarântulas.

– Ora, mas é mais simples do que eu imaginei! – O Capitão exclamou satisfeito.

– Obviamente há mais caminhos do que você conhece...

– Você é bastante esperta hein?

E ela sorriu orgulhosa de sua inteligência. Já de volta ao convés, Killian pôs o navio para navegar.

– Espero que você esteja certa – ele disse à Princesa. E quando contornaram a ilha puderam ver que havia outra ilha há poucos metros da primeira – Você tinha razão!

E a partir daí passaram a navegar para o norte. Os piratas faziam seu trabalho, mas vez ou outra lançavam olhares ao Capitão. Ainda estavam impressionados com o fato de ele ter escutado tudo o que Ruby tinha a dizer, sem se irritar com isso. Agora os dois conversavam e o Capitão admitia que dessa vez houvesse perdido para uma mulher.

– Nunca imaginei que fosse dizer isso, mas você salvou o dia. Teríamos perdido muito tempo se fossemos procurar o caminho certo e sabe se lá aonde iríamos chegar.

– Ainda acha que não devo me intrometer em assuntos que não dizem respeito a mim?

Ele sorriu.

– Acho, mas dessa vez você fez bem em se intrometer. Agora, se não se importa, acho que devia me deixar sozinho. Tenho muito em que pensar e você fala demais.

– E o que é que eu vou fazer até a hora do almoço?

***

– Quero que escreva todos os dias. Fale sobre o que quiser, mas não deixe de escrever. Isso vai lhe ajudar a refletir – O Capitão deu a Ruby um livro grosso com capa de couro.

– E você vai ler o que escrevi?

– Obviamente que sim. Quero saber tudo o que se passa nessa sua cabecinha.

Ela riu.

– E agora, se não se importa, tenho um navio para comandar – e o Capitão saiu deixando-a sozinha na cabine.

***

Meu nome é Ruby e fui seqüestrada por um bando de piratas. Me raptaram quando eu e minha irmã Mary Margaret íamos de carruagem para o nosso castelo. E então nos trouxeram para este navio pirata, onde tenho sido mantida prisioneira. Minha irmã foi libertada, de forma que ainda espero pelo resgate. Sou a princesa de um reino fabuloso e meu pai vai mover o céu e a terra para me encontrar.

Já passei por muita coisa desde que cheguei aqui. Pretendo contar em detalhes como fui humilhada e maltratada por esses homens, mas isso fica para depois, pois por hora, irei falar do Capitão. Ele é um verdadeiro maluco! E caso esteja lendo, senhor Capitão, saiba que eu o acho um ignorante, insensível e egoísta. E este seu navio é o lugar mais errado do mundo. Aqui os marujos dormem em redes, enquanto o Capitão tem uma cabine só para ele e uma cama espaçosa e confortável. Sei que é confortável porque já dormi nela uma vez, mas isso é outra história. O Capitão também vive dando ordens aos outros piratas, como se eles fossem seus empregados. Eu mesma sou tratada como escrava e ontem mesmo fui obrigada a carregar baldes cheios de água quente apenas por que ele queria tomar um banho relaxante. Achei injusto o fato de ele tomar banho e aqueles pobres homens ficarem imundos. Sem mencionar o fato de que os marujos fazem todo o trabalho pesado e o Capitão apenas faz uso de sua bússola e seus mapas e assim direciona o navio. Ele me disse que as coisas devem funcionar assim num navio e que herdou o posto de capitão que era de seu pai.

Apesar de tudo, acho que ele é um homem que já sofreu demais. Perdeu a mãe quando ainda era criança e o pai sumiu pelo mundo, de forma que ele não tem ninguém que se preocupe com ele. Também tem dois irmãos com os quais não tem uma relação muito boa, mas pretendo mudar isso se puder. Irmãos devem ser amigos, Capitão.

Ele me deu esse diário porque eu não tinha mais o que fazer. Ele diz que causo confusão por onde passo, de forma que não posso ajudar nas tarefas do navio. Mas vez ou outra ele me manda fazer alguma coisa, como costurar suas roupas ou massagear seus ombros. Coisas que uma princesa não devia fazer. Sei que não devo ser tratada a pão-de-ló, mas o mínimo que ele pode fazer e me arrumar um trabalho menos pesado. Eu sei que o senhor provavelmente vai dizer que uma massagem não é um trabalho pesado, mas eu digo que sim. É um trabalho pesado quando você está trancada numa cabine com um homem na banheira a lhe fazer sugestões inconvenientes. Ah, esqueci de dizer que o Capitão também é um safado. Creio que está há muito tempo sem se “divertir com mulheres” e agora fica a tentar me seduzir.

Estou muito orgulhosa de mim mesma, pois fui capaz de encontrar o caminho para a Ilha das Tarântulas quando o Capitão não foi capaz de fazê-lo. Sei que ele ficou irritado por ter sido vencido por uma mulher, mas era isso ou ficaríamos navegando sem rumo. Estou ansiosa com a expectativa de chegarmos à Ilha. Há uma lenda que diz que há um magnífico tesouro enterrado nela e só posso presumir que o Capitão está atrás dele, ou não estaria tão preocupado em chegar lá.

A cada dia que passo nesse navio fico mais maluca do que já sou. Minha vida mudou de uma hora para outra e ainda tento lidar com isso. Tenho de admitir que nos últimos dias tenho me sentido viva, livre, até feliz... nunca me senti assim, pelo menos não trancada num castelo, cheia de obrigações. Vivem me dizendo o que fazer, o que dizer, o que vestir. Eu disse ao Capitão que tenho livre arbítrio, mas não é verdade. Nunca me deixam fazer o que quero, mas ao menos tenho os pensamentos livres. Pelo menos disso eu não posso reclamar. Apesar de ser mandão o Capitão praticamente me deixa fazer o que quero. Hoje eu até passei um sermão nele! Pensei que ele fosse se zangar, mas no fim só disse que não devo me intrometer nos assuntos dele. Bem, acho que vou parar por aqui. Já falei por demais e já está quase na hora do almoço. Posso sentir o cheio de peixe que vem da cozinha.

Sei que o senhor está lendo isso, Capitão, e só espero que a cada dia o senhor se torne menos rabugento, menos egoísta e menos mandão. Ah, e se tem uma coisa que gosto de fazer é te irritar!


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Gostaram de saber as coisas pelo ponto de vista da Ruby? Me digam se acharam legal essa ideia de ela ter um diário então continuo colocando alguns trechos do que ela escreve, ok? Nós próximos capítulos também vai ter trechos do diário do nosso Capitão gostosão. Estou me divertindo muito escrevendo essas cenas deles rsrsrs Quero um Killian Jones para mim...