Como Irritar Um Capitão Pirata escrita por Mrs Jones


Capítulo 61
Capítulo 57 - Não há lugar como nossa casa


Notas iniciais do capítulo

Hello! Peguei emprestado o título do episódio da season finale de Once, já que combina tanto com esse capítulo. Eu não sei o que vão achar, mas eu achei que poderia ter caprichado mais. Eu pesquisei um bocado pra escrever a cena do parto, mas como nunca assisti a um, pode ser que não tenha ficado realmente parecido com a realidade. E como vão notar, peguei algumas falas emprestadas do casamento de Rumple e Belle. O próximo, como já sabem, vai ser o epílogo. Estou tentando não pensar que vai ser o último rsrs Me apeguei demais a vocês e a essa fic, mas agradeço por isso, porque esse universo aqui me faz muito feliz. Obrigada por todo apoio!
O próximo talvez demore um pouco porque vou tentar fazer um capítulo maior do que todos os outros. Vou ter que reler a fic inteira pra não deixar passar nada e não esquecer de nenhum personagem. Espero que vocês gostem das trigêmeas. Enfim, acho que não tem muito o que falar por agora.
Ah, vocês viram que o Hook vai ganhar uma repaginada no visual? Mal posso esperar pra vê-lo vestido em roupas normais.
Bom, acho que é só isso. Espero que gostem e não deixei de comentar. Beijos e até a próxima



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Capítulo 57 – Não há lugar como nossa casa

– Você me trata como se eu fosse explodir a qualquer momento – Ruby gritava com Gancho – Droga, Killian, se não quer essa responsabilidade basta dizer...

– Você sabe que é uma gravidez de risco e se te trato assim é porque me preocupo com você. Sabe de uma coisa? Você é orgulhosa demais pra admitir que precisa de ajuda. Quer fazer tudo sozinha? Ótimo! Só não me chame quando as coisas ficarem complicadas.

– Eu vou morar com a mamãe, você vai ver...

– Então vai! Eu não estou te impedindo, faça o que quiser...

Killian saiu batendo a porta e Chapeuzinho caiu no choro. Os últimos meses tinham sido difíceis pra ela, ainda mais com o excesso de proteção de Gancho. Ela se sentia cansada o tempo todo e mal conseguia caminhar com aquela barriga enorme. Engordara quase vinte quilos e estava se sentindo horrível. Felizmente, os bebês estavam crescendo saudáveis e poderiam nascer a qualquer momento, embora Ruby ainda não tivesse completado os nove meses de gravidez.

– A gravidez múltipla muitas vezes dura menos tempo do que a gravidez comum, devido ao rápido crescimento do útero – dissera a doutora Coleman, em uma das muitas consultas de Ruby – Pode ser que você não complete as quarenta semanas.

– Ela está na trigésima sétima semana – falara Killian – Quer dizer que as bebês podem nascer a qualquer momento?

– Sim, mas não se preocupem. Você só não deve se esforçar muito, Ruby, mas fique tranqüila. Doutor Whale vai me auxiliar no parto. Em casos de gravidez múltipla um parto normal é arriscado, principalmente se um dos bebês estiver na posição transversal. Assim vamos realizar uma cesariana, é mais seguro.

Foi o suficiente pra que Gancho triplicasse os cuidados com a esposa e Ruby já estava estressada com tanta superproteção. Os dois brigavam tanto ultimamente que chegavam a ficar dias sem se falar. Tinker Bell, que quase sempre escutava as brigas, repreendia o comportamento de Killian, dizendo que ele estava sufocando Ruby.

Tink achava tudo aquilo muito estranho, já que sua natureza não a preparara para a geração de filhos. Ela sentia-se confusa e estressada o tempo todo, mas Will não a tratava tão melindrosamente como Killian tratava Ruby, de modo que Tink sentia-se livre.

– Ele acaba me colocando mais nervosa do que já estou – Ruby desabafara com a amiga – A doutora diz que elas podem nascer a qualquer momento e confesso que estou aterrorizada.

– Ruby, não exagere tanto. Killian se preocupa com você, mas claro que não precisa te tratar como se estivesse morrendo. Vai dar tudo certo, não se preocupe.

Era a primeira semana de julho e a cidade estava em polvorosa com os preparativos de um casamento duplo. August pedira Kate em casamento e já que Gold e Belle também iam se casar, resolveram realizar um casamento duplo. Ruby e Killian eram padrinhos de August, mas Killian estava pensando em não ir, já que as contrações de Ruby poderiam vir a qualquer momento.

– Eu tenho que ir, elas são minhas amigas – insistira Ruby.

– Você não devia se esforçar, ouviu o que a doutora disse.

– Killian, a cidade inteira vai estar lá... Kate e Belle vão me matar se nós não formos.

Não havia nada que Killian pudesse fazer e Ruby já até comprara um vestido vermelho, três números maior do que costumava usar. Gancho, no entanto, amanhecera mal humorado no dia do casamento. A verdade é que ele estava muito ansioso. Desde que ouvira o coraçãozinho dos bebês e os vira no ultrassom, ele não via a hora de carregar aquelas coisinhas tão pequenas e fofas. O homem ficou ainda mais protetor quando o ultrassom revelou que eram meninas.

Enquanto Ruby chorava pela briga de minutos atrás, Gancho analisava suas atitudes e acabou por concordar com o que Tinker Bell lhe dissera. Ele estava sufocando Ruby com seus cuidados excessivos. A pobre Chapeuzinho quase não saía de casa, a não ser quando ia ao hospital. Agora, ouvindo o choro de sua esposa, ele acabou por sentir pena dela e entrou no apartamento, culpando-se por ter feito ela chorar.

– Ruby... amor, me desculpa. Eu não queria falar aquilo... eu não quero que vá morar com sua mãe, preciso de você aqui... Me desculpa eu sou um idiota – ele afastou os cabelos que caíam no rosto de Ruby e passou um braço por trás dela, puxando-a para mais perto – Não chore.

– Eu não sei se consigo... – ela choramingou, enxugando as lágrimas - Isso é demais pra mim... eu não sei se vou conseguir cuidar delas... e se eu for uma mãe horrível?

– Oh, querida, você vai ser uma ótima mãe. – Gancho lhe acariciava o rosto – Vai ficar tudo bem.

Como sempre, acabaram por fazer as pazes. Ainda moravam no mesmo apartamento, que virara uma bagunça com tantas coisas de bebês espalhadas. Eles pensaram em se mudar, mas era bobagem, já que logo voltariam à Floresta Encantada. Ruby ficou um pouco preocupada porque já não tinham mais a casa na Ilha dos Enamorados, já que tudo fora destruído.

– Nossas filhas precisam de um teto, não podemos viver em tendas na floresta – ela dissera, nervosa e estressada.

– Eu sei, querida, mas vamos dar um jeito.

– Que jeito? Não se pode construir uma casa da noite para o dia, Killian. E não podemos simplesmente ficar vivendo sob o teto de outra pessoa.

Regina dissera que protegera seu castelo da maldição, de modo que ele ainda estava inteiro. Ela oferecera abrigo aos que precisavam, mas Chapeuzinho achava que seria melhor se ela e Killian ficassem em Storybrooke.

– E vamos ficar aqui sozinhos? Você ficou louca?

– Não é pra sempre – ela explicara – só até reconstruirmos nossa casa. Podemos pagar os anões pelos serviços, eles já vão ajudar Branca a reconstruir o castelo.

– Mas nós podemos viver no navio enquanto isso. Não podemos ficar tão longe da família, meu amor.

Ruby estava relutante em morar no navio porque achava que não seria bom para as bebezinhas. Gancho tentava convencê-la, mas os dois sempre discutiam. Da última vez a briga fora tão feia que ficaram quase uma semana sem olhar para a cara um do outro. Os dois eram teimosos e orgulhosos demais, por isso nenhum dos dois dava o braço a torcer e ia falar com o outro.

– Vocês são dois idiotas, sabia? – Mary dissera à irmã – Ele é um idiota por achar que pode resolver tudo por você e você é uma idiota por achar que pode fazer tudo sozinha.

– Killian quer que eu concorde com tudo, Mary – Ruby esclarecera, um tanto irritada – Ele quer que a gente more num navio com três crianças pequenas, imagine só... Eu disse a ele que devíamos ficar aqui por um tempo, pelo menos até termos uma casa decente.

– E quer ficar aqui sozinha com o Killian? Todo mundo vai voltar, Ruby. Sabe, a Emma também está relutante em ir conosco, mas sei que ela vai acabar concordando. Vocês não podem ficar aqui sozinhos, e se precisarem de um médico? E devo lembrá-la de que não se pode sair de Storybrooke?

Chapeuzinho não pensara por esse lado, mas os argumentos de Mary quase a convenceram de que a ideia de morar num navio era melhor.

Todos estavam animados com a ideia de voltar pra casa. É claro que a Floresta Encantada não era mais um lar, não com tantos ogros à solta, mas unidos eles podiam dar um jeito nisso. E claro, poderiam usar magia pra restaurar boa parte do que fora destruído. Os campos podiam ser semeados e os palácios e casas reconstruídos. Ergueriam um hospital e uma escola, quem sabe até uma lanchonete pra Vovó. Dariam início a uma nova era, a era dos finais felizes.

Nos meses que se passaram, Storybrooke finalmente encontrou a tranqüilidade que precisava. As pessoas tiveram que reconhecer que Regina não era mais a Rainha Má e a prefeita se mostrava mais gentil do que nunca. Com o tempo, passaram a aceitar Cora também e quase esqueceram as maldades de mãe e filha.

Enquanto isso, os feijões mágicos iam se desenvolvendo. Quando a muda germinou e começou a crescer, todos vibraram. Aquilo significava que os feijões podiam nascer e que podiam abrir portais. Novas mudas foram retiradas da primeira e logo a plantação se estendeu. Dentro de seis meses os feijões estariam prontos, aí poderiam voltar para a Floresta Encantada.

Bem, aqueles seis meses estavam prestes a se completar e feijões grandes e transparentes já eram vistos na plantação. As pessoas pararam de pensar nisso por um tempo, já que o tão aguardado casamento duplo agitara a cidade.

Storybrooke inteira fora convidada (já que Kate e Belle conheciam todo mundo), de forma que a pequena igreja não comportaria todo mundo. A cerimônia ia acontecer na praça principal da cidade e depois haveria uma grande festa.

Ruby começou a se arrumar logo depois de sua briga com Gancho. Ela não deixou de admirar o quanto o marido ficara elegante de terno. O problema é que ela engordara um pouco mais nos últimos dias e o vestido não queria entrar. Ela acabou atrapalhando-se toda e chamou por Killian quando ficou entalada no vestido.

– Pare de rir! – ela mandou quando ele caiu na risada.

– Viu só? Quando é que vai admitir que precisa da minha ajuda?

– Cala a boca e me ajuda aqui.

– Você é tão orgulhosa...

– Cuidado, vai rasgar meu vestido...

– Ainda acho que devíamos ficar aqui. Elas entenderiam se disséssemos que você não está se sentindo bem.

– Eu não vou mentir! Por que não podemos ir? Eu estou perfeitamente bem.

– Querida, olha só o seu tamanho, tem certeza de que quer sair desse jeito?

Foi o suficiente pra Chapeuzinho começar um chororô e Gancho, que não era nada delicado quando se tratava dos sentimentos de uma grávida, não soube como acalmá-la.

– Eu sabia, estou gorda como uma porca... – ela soluçava.

– Não, meu bem, eu só quis dizer que você não devia sair com uma barriga desse tamanho, pode acabar caindo e se machucando e...

– Sai daqui, seu insensível! – ela começou a bater nele e Gancho tentava segurá-la – Suma da minha frente!

Killian nunca aprendia a ficar de boca fechada. Certa vez ele mencionou algo sobre uma modelo que achava bonita e Ruby ficou histérica, dizendo que ele não a amava mais porque ela estava do tamanho de um elefante. Numa outra ocasião, ele comentou que Ruby ia precisar usar uns números a mais, já que estava crescendo tanto, e ela bateu nele por chamá-la de gorda.

– Você é tão sentimental... – ele dissera – Eu só disse que sua barriga cresceu, por isso precisa de roupas maiores.

– Você é um insensível – ela reclamara.

Ele não sabia o que fazer para que ela parasse de chorar. Amaldiçoou a si mesmo por ter falado demais e finalmente conseguiu segurá-la.

– Estou horrível... – ela choramingava. – Vou ser a madrinha mais feia de todas...

– Você está linda, meu amor.

– Mentira! Pare de mentir, eu sei que estou redonda como um balão de gás...

Gancho caiu na gargalhada ao ouvir essa comparação e ela chorou mais ainda. Tinker Bell ouviu a barulheira e adentrou o apartamento, brigando com Killian.

– Que foi que você fez agora, Killian? – ela usava um vestido verde-folha e deixara os cabelos soltos. Sua barriga já estava de um tamanho razoável e ela esperava uma menina, que se chamaria Raquel(1).

– Ele me chamou de gorda... – choramingou Ruby, soluçando.

– Killian! – Tink ralhou, botando as mãos na cintura – Que falta de tato! Sinceramente, você não é nada delicado...

– Eu não disse que ela está gorda, só disse que... – Gancho tentou justificar, mas Tinker o interrompeu.

– Eu não quero saber! Sai daqui, vai! – ela o botou pra fora, depois se voltou pra Ruby – Ora, não exagere tanto, amiga. Você está maravilhosa com esse barrigão, aposto que muita gente vai sentir inveja.

– Inveja de quê? – Ruby se sentou de frente pra penteadeira, onde Tink começou a arrumar seu cabelo – Estou inchada, cheia de olheiras, mal consigo andar. Sabe o que vão dizer? Olha lá a Ruby, que rolha de poço!

Tinker Bell soltou uma gargalhada.

– Você é tão dramática! Bem que a doutora Coleman disse que você andava muito nervosa. Também, não é pra menos, o cabeça-de-vento do Killian não sabe nem como tratar uma grávida...

– Ai Tink, estou tão assustada! Ela disse que as bebês podem nascer a qualquer momento e ainda por cima vão cortar minha barriga.

– E o que você queria? – Tink encarou Ruby pelo espelho enquanto pranchava o cabelo da amiga – Acha que ia dar conta de empurrar três crianças? O Will disse que é melhor se a Raquelzinha nascer de cesariana. Aquele imprestável nem vai estar comigo na hora do parto, é tão frouxo que desmaia quando vê sangue. Vocês já escolheram os nomes das bebês?

– Já, mas não podemos revelar ainda.

– Ah qual é, Ruby, pensei que fosse sua amiga.

– É uma tradição da família, anunciamos o nome do recém-nascido numa cerimônia

– Entendi, coisa da realeza. Viu? Ficou lindíssima! Agora a maquiagem.

***

Enquanto isso, na praça, as pessoas iam chegando e procurando por um lugar nas fileiras de cadeiras. A decoração era muito simples, com flores diversas e tendas brancas pra proteger as pessoas do sol. A cerimônia seria celebrada por um juiz, já que não havia padres na cidade.

Killian e Will acabaram indo na frente, já que as esposas ainda se arrumavam. Acabaram por encontrar Regina, que estava ao lado de Henry e usava um luxuoso vestido azul.

– Onde estão as garotas? – ela perguntou, ao notar que os homens tinham vindo sozinhos – Espero que não estejam se sentindo indispostas.

– Estão se arrumando, sabe como são as mulheres – disse Will.

Avistaram Mary e David, que conversavam com Archie. Mary engravidara de novo e a família recebera a notícia com grande alegria. Ela ainda estava em seu terceiro mês, mas já era possível notar o crescimento da barriga. Jack e Riley se agarravam a um canto. Graham esperava por Emma, que agora era sua namorada. Vovó e Marco, que finalmente admitiram seus sentimentos um pelo outro, discutiam em alto e bom som. Juliet e Josh passeavam pela praça. Anne estava sentada com a cabeça apoiada no ombro de Albert. Ela suspeitava estar grávida, mas não comprovara nada ainda. Ashley e Thomas brincavam com a pequena Alexandra. Gold, sentado sob a sombra de uma árvore, parecia um tanto impaciente. August não estava à vista.

Muita coisa acontecera nos quase seis meses que haviam se passado. Neal acabara por perdoar Gold e não foi nenhuma surpresa quando ele se mudou pra Storybrooke com a noiva, surpresa mesmo foi saber que ela era Wendy Darling.

John estava tão apaixonado por Anita que não pensou duas vezes antes de pedir sua mão. Embora todos esperassem um casamento na igreja, os dois não quiseram saber de cerimônias e se casaram apenas no civil.

Ruby, Mary, Belle, Tink, Mabel, Ariel e Ellanor saíram juntas várias vezes, embora seus maridos não gostassem muito disso. Ashley ia às vezes, quando a pequena Alexandra lhe dava sossego, e vez ou outra elas arrastavam Emma e Kate junto, quando elas desgrudavam de seus respectivos namorados. Elas também chamavam Regina, que sempre ia, mas nunca conhecia nenhum cara de que gostasse.

Os homens também saíam juntos e na maioria das vezes se reuniam pra comer, jogar videogame e discutir sobre esportes. Embora Gancho gostasse de passar esse tempo com os amigos, gostava mais quando estava junto da esposa, dedicando-se a ela e às bebês.

– Killian, onde está a Ruby? – Mary veio para o lado deles.

– Ainda está se arrumando, e não quer me ver nem pintado de ouro.

– O que você fez? – Mary pôs as mãos na cintura, já imaginando que os dois tinham brigado outra vez.

– Nada...

Ruby e Tink chegaram em seguida e Chapeuzinho lançou a Killian um olhar mortal.

– Ainda está com raiva? – ele perguntou, ao que Ruby não respondeu – Ah, não vai falar, não é? Tudo bem, só não me chame se algo lhe acontecer, porque eu não vou vir.

Ele dizia isso, mas claro que viria correndo se Ruby precisasse. Mais pessoas foram chegando e logo a praça lotou tanto que já não havia mais assentos. Tiveram que providenciar mais uns bancos e enquanto isso os noivos caminhavam de um lado para o outro, nervosos.

Quando as noivas chegaram, as madrinhas e padrinhos foram posicionados na entrada do tapete vermelho. Henry era o pajem responsável por levar as alianças, enquanto que Grace, a filha do Chapeleiro Maluco, era a daminha de honra.

– Você está bem? – Killian perguntou a Chapeuzinho, que estava de braço dado com ele.

– Estou ótima, melhor impossível. – ela se abanava com um leque.

– Você está linda!

Apesar da enorme barriga, Ruby conseguira ficar deslumbrante naquele vestido vermelho. Tink alisara os cabelos dela e prendera os fios num coque meio bagunçado. Por sorte, a ex-fada sabia ótimos truques com maquiagem e conseguira disfarçar as olheiras de Ruby.

– Ah sei... diz o cara que me chamou de gorda.

– Eu não te chamei de gorda...

Ruby ia replicar, mas os padrinhos e madrinhas já iam caminhando pelo tapete vermelho estendido no centro da praça. Emma e Graham estavam à frente deles, Tink e Will atrás, e Neal e Wendy por último. Caminharam a passinhos de tartaruga e Ruby amaldiçoou os sapatos que usava por apertarem seu pé.

– Você está bem mesmo? – Gancho sussurrou para ela, certificando-se de que a esposa ficaria bem.

– Quer parar de perguntar? – ela sussurrou de volta – Já disse que estou bem.

Doutor Whale e doutora Coleman também estavam ali e Killian ficou aliviado quando os viu. Disse a si mesmo que tudo ficaria bem e continuou a caminhar devagar, até que chegaram lá na frente, no pequeno altar improvisado.

As noivas entraram em seguida, cada uma mais linda do que a outra. Embora o pai de Belle achasse que ela estava louca por se casar com Rumplestiltskin, acabou levando a filha até o altar. Kate entrou em seguida com o pai e depois começaram a cerimônia.

Fazia tanto calor que só se via pessoas se abanando. Os padrinhos se sentaram na primeira fileira de cadeiras, de onde podiam ter uma visão melhor. As pessoas que estavam nas últimas fileiras mal conseguiam escutar as palavras do juiz.

– Uh! – fez Ruby, botando a mão na barriga.

– Que foi? – Gancho arregalou os olhos.

– Umas delas acabou de chutar – ela riu, depois pegou a mão do marido pra que ele pudesse sentir os movimentos da nenê.

Emma, que estava sentada ao lado da tia, também pôs a mão na barriga de Ruby e sentiu a bebê se mexer. Ela se lembrou de quando estava grávida de Henry. Aquele filho teria sido uma felicidade pra ela, se não estivesse numa situação tão horrível. Ela lembrava-se da dor do parto e do médico perguntando se ela não queria segurar o bebê. Emma se recusara a ver o filho, mas arrependia-se amargamente por isso. Talvez, se ela tivesse visto Henry, teria ficado com ele.

O juiz falou um bocado, até que foi a vez de Henry entrar com as alianças e os casais disseram seu votos.

– Rumplestiltskin – disse Belle, com lágrimas nos olhos – essa coisa que nós temos nunca foi fácil... Eu te perdi muitas vezes. Eu te perdi para a escuridão e te perdi para a fraqueza. Mas agora eu percebo que não passei minha vida te perdendo, eu passei minha vida te encontrando.

Rumple estava emocionado e segurou as mãos de Belle entre as suas.

– Belle – disse – quando nos conhecemos, eu não era apenas mal amado e mal amante, eu era inimigo do amor. O amor só me trouxe dor. Minhas barreiras estavam erguidas, mas você as derrubou. Você me trouxe pra casa. Você trouxe luz pra minha vida e me libertou das trevas. E eu te prometo que nunca esquecerei a distância entre o que eu era e o que sou. – ele lhe enfiou a aliança no dedo – Eu devo a você mais do que posso dizer. Como você pode ver o homem por trás do monstro, eu nunca vou saber.

– Mas esse monstro se foi. – ela sorriu - O homem por trás dele se reergueu. Eu te amo por isso. Ás vezes, o melhor livro é o que tem a capa mais empoeirada, e às vezes, a melhor xícara de chá está lascada.

Rumple beijou Belle com tanto vigor que todos aplaudiram. Ruby enxugou as lágrimas e Gancho balançou a cabeça ao vê-la tão sensível.

– Que lindo! – Tinker Bell também chorava – Você nunca me disse coisas bonitas assim, Will.

– Mulheres... – Will balançou a cabeça.

Kate e August também disseram seus votos.

– August – começou Kate – você foi o primeiro homem pelo qual me apaixonei. No começo, achei que jamais fosse se interessar por uma garçonete ingênua, mas você me mostrou que eu era mais do que isso. Você, Pinóquio, me mostrou o que é o amor. Eu te amo!

Pinóquio sorriu.

– Kate, palavras são incapazes de ilustrar o que sinto por você. Apesar de todos os erros que cometi, você me mostrou que eu podia ser perdoado. Agradeço por ter conhecido você no momento em que me senti mais desesperançado e agradeço por ter acreditado em mim quando eu mesmo não acreditava. Eu te amo!

Eles se beijaram timidamente e mais uma vez as pessoas aplaudiram. Atiraram arroz quando os recém-casados passaram novamente pelo tapete vermelho e Ruby sentiu pena de quem ia varrer aquela bagunça depois. Vieram os cumprimentos e Chapeuzinho tentou fugir quando Belle e Kate quiseram tirar uma foto com ela.

– Deixa de ser boba – falou Kate, vestida num lindíssimo tomara-que-caia cheio de rendas na barra – Acha mesmo que não vou tirar uma foto com minha melhor amiga? Você está linda!

Belle usava um modelo discreto de vestido e fez questão de tirar foto com todas as amigas. Depois veio a festa e as cadeiras foram substituídas magicamente por mesas de comida. Havia tantas guloseimas que Ruby não sabia o que experimentar primeiro.

– Eu não sei vocês, mas estou morrendo de fome – ela disse, servindo-se de um delicioso manjar de coco.

– Você está sempre com fome – riu Mary – Mas eu também ando esfomeada, por causa da gravidez.

– Você e Gold pensam em ter filhos, Belle? – perguntou Tink, acariciando a barriga – Talvez Bae gostasse de um irmão mais novo.

– Ah, não pensamos nisso ainda – Belle sorriu daquele seu jeito meigo – mas eu ia adorar ter um casal de filhos.

Depois veio a hora da valsa, coisa que era tradição nos casamentos da Floresta Encantada. Enquanto todos iam para a pista de dança, Ruby foi sentar-se sob a sombra de uma árvore.

– Você não sabe o quanto está fofa com essa barriguinha – Gancho a olhava com um sorriso bobo no rosto.

– Nem vem, não vai conseguir me agradar assim – ela disse, mas estava sorrindo.

– Não está tão zangada assim, está? Ah, vamos lá, você não consegue me odiar por muito tempo.

– Você é um idiota, sabia? – ela riu e Gancho se aproximou para beijá-la.

– Eu sei. – ele lhe acariciou a barriga – Sabe de uma coisa? Se elas herdarem sua teimosia teremos problemas.

– É mesmo? Não se esqueça de que elas podem herdar seu orgulho e arrogância.

– E minha beleza.

– Convencido!

A valsa continuou por um bom tempo, sempre mudando de música. As pessoas estavam se divertindo, mas Ruby sentia dores nas pernas e costas. Tinker Bell veio se sentar sob à sombra, queixando-se das dores nas costas.

– Não sei como você agüenta carregar três – ela disse a Ruby – Estou carregando uma e já fico achando que vou morrer.

– Bem, não é nada fácil... Ai!

– O que foi? – Killian e Tink perguntaram ao mesmo tempo.

– Uma contração!

– Ah meu Deus, elas estão vindo! – Gancho ficou atordoado sem saber o que fazer.

– Vá buscar a doutora Coleman – mandou Ruby – Mas seja discreto!

Gancho se afastou e Ruby agarrou a mão de Tink, respirando fundo e tentando se acalmar.

– Está doendo muito? – a loirinha perguntou

– Não, foi só por um instante, talvez seja alarme falso.

Gancho voltou com a doutora Coleman e metade da família viera junto.

– Que foi que eu disse sobre ser discreto? – Ruby suspirou.

– O que estão esperando? Levem essa menina para o hospital – disse a Vovó.

– Ruby, quanto tempo as contrações duraram? – a doutora se abaixou ao lado dela.

– Foi menos de um minuto... Ai! – Chapeuzinho gemeu quando novas contrações vieram.

– Está na hora – disse a doutora – Temos que ir agora.

– O que está acontecendo? – Kate parou de dançar e veio até a amiga – As bebês estão vindo?

– Estão sim, Kate, mas não precisa se preocupar.

– Claro que preciso me preocupar, você é minha amiga.

Kate queria ir com eles ao hospital, mas a festa ainda estava cheia de gente e ela não podia sair assim e deixar os convidados. Ruby conseguiu caminhar até seu carro, estacionado a poucos metros da praça. Gancho estava tão nervoso que não parava de perguntar como ela se sentia.

– Cale a boca, não vê que está deixando a menina nervosa? – a Vovó reclamou. – Entrem logo! Eu dirijo!

– Não acho que seja uma boa ideia... – ia dizendo Killian, mas a Vovó simplesmente abriu a porta e tomou o lugar do motorista.

Ruby se sentou no banco de trás, com Killian de um lado e Anita do outro. A Vovó arrancou o carro e dirigia com tanta velocidade que parecia o fim do mundo. Felizmente, as ruas estavam praticamente vazias e não havia trânsito.

– Mamãe, vá mais devagar! – pediu Anita, temendo que a mãe acabasse por enfiar o carro num poste.

– É questão de vida ou morte, Anita! – a idosa respondeu, virando o volante com destreza – Quer que seus netos nasçam no carro?

Ruby gemia de dor e agarrava a mão boa de Killian. Ele mal conseguia sentir os dedos, de tanta força que Ruby colocava no aperto.

– Respire! Respire fundo! - ele dizia

– Eu não vou conseguir... eu não vou conseguir...

– Acalme-se, minha filha – Anita agarrou a outra mão de Ruby – Estamos chegando.

Os pneus do carro cantaram quando a avó freou ao chegaram ao estacionamento do hospital. Os médicos e enfermeiros de plantão se assustaram e saíram pra ver o que acontecia.

– Preparem a sala de cirurgia – a doutora chegou logo em seguida e desceu do carro – temos que fazer um parto.

Duas enfermeiras trouxeram uma maca e Gancho arranjou forças pra tirar Ruby do carro e carregá-la até a maca. As contrações eram terrivelmente dolorosas e Ruby mal tinha forças pra falar. Eles a levaram para a sala da anestesia, onde seria preparada para o parto.

– A bolsa, alguém precisa pegar a bolsa com as coisas das meninas – disse Gancho, acompanhando as enfermeiras que levavam a maca.

– Eu pego – Tinker Bell acabara de chegar com Will – Me dê a chave do apartamento. Do que mais precisa?

– Traga roupas pra Ruby também. Nós já separamos tudo numa bolsa. Obrigada, Tink.

Mary e David também estavam lá. John também viera, sendo agora padrasto de Ruby. E Josh insistiu tanto pra ver a irmã que Anne teve que levá-lo ao hospital. Todos foram levados pra sala de espera e faziam perguntas a uma enfermeira, que apenas disse que Ruby ia ficar bem e que o parto logo iria começar.

Na sala de anestesia, Ruby foi posta numa roupa de cirurgia e chorava de dor. Lhe aplicaram a anestesia e ela agarrou a mão de Killian, aterrorizada.

– Killian, estou com medo – ela confessou. Ele se aproximou e lhe deu um beijo na testa.

– Não tenha medo, vou estar lá com você.

– Vai ficar tudo bem, não é?

– Vai sim! Nos vemos daqui a pouco.

Gancho foi levado para outra sala, onde lhe deram uma roupa especifica: calça, um blusão largo, máscara, touca e sapatilhas descartáveis. Ele estava se sentindo ridículo vestido com aquelas roupas verdes, mas precisava fazer isso por Ruby. Whale o levou até a sala de cirurgia, onde os enfermeiros já tinham preparado a maca e todos os instrumentos necessários para o parto.

– Você está mais nervoso do que ela, não é? – comentou a doutora, rindo da expressão de preocupação no rosto de Killian – Não se preocupe, vai ser tão rápido que vocês nem vão notar.

Ruby chegou em seguida. Ela parecia calma, mas seu coração batia tão rápido que parecia pular algumas batidas.

– Oi – ele sorriu pra ela – Como se sente?

– Dolorida, nervosa, ansiosa, amedrontada... Você está bonito assim.

– Com essa roupa verde? É um sonho realizado sabe, sempre quis ser médico.

Eles riram. Todos os médicos estavam vestidos de maneira semelhante e havia um pediatra pra cada bebê. Em partos como aquele, todo cuidado era pouco.

– Bom, vamos começar – disse Whale.

– Fique calma, querida – Gancho segurou a mão dela. Ele tentava tranqüilizá-la, mas estava quase tendo um ataque de nervos de tão ansioso.

Doutor Whale usou um bisturi pra fazer um corte na barriga de Ruby. Killian fechou os olhos ao ver o sangue que escorria, mas Ruby não sentiu dor nenhuma por causa da anestesia.

– Não vai desmaiar hein, papai – brincou um dos médicos.

Na sala de espera estavam todos muito ansiosos. Emma e Graham chegaram com Henry e depois Regina veio acompanhada de Ariel e Ellanor.

Gancho estava perto da esposa e evitava olhar o trabalho dos médicos, pra não ficar mais apreensivo ainda. Os médicos falavam pouco, concentrados no que faziam e Ruby viu Charlotte a um canto, passando os instrumentos cirúrgicos que a doutora Coleman lhe pedia.

– Killian, o que está vendo? – perguntou Ruby. Um pano estendido à sua frente bloqueava sua visão e ela não via nada além da luz forte acima dela e Killian parado a seu lado.

– Sinceramente, só vejo sangue e umas coisas estranhas – ele disse, dando uma olhada na barriga de Ruby.

– Essa coisa estranha é o útero da sua esposa – riu doutor Whale – Já conseguimos ver uma das meninas.

Quando a primeira bebê foi retirada, Killian não agüentou a emoção e deixou umas lágrimas escaparem. O choro da nenê foi ouvido por todo o hospital.

– Essa aí tem um pulmão forte – comentou um dos pediatras e Killian sorriu ao ver aquela coisinha suja de sangue que uma das enfermeiras lhe passava.

– Ela é linda, amor – ele disse a Ruby, carregando a nenê meio desajeitado e mostrando-a à esposa. – Olha só, é igualzinha a você.

Levaram a chorona pra pesar e tomar banho e Killian escutou quando um dos pediatras disse que ela estava saudável e pesava quase três quilos.

– Aí vem a outra! – alguém disse.

O choro dessa também ecoou pelo centro cirúrgico, mas não era um choro alto como o da outra irmã. Novamente uma das enfermeiras segurou a bebezinha e a mostrou aos pais, depois ela foi levada pra pesar. Ruby e Gancho estavam entre o riso e o choro e os médicos achavam graça da reação dos pais.

E por último nasceu a terceira irmã, que era a menorzinha das três. Depois disso não viram mais as bebês porque elas iam ser higienizadas e levadas para o berçário. Killian acompanhou tudo até o final, quando os médicos fecharam os cortes na barriga de Ruby. Ela ainda chorava quando foi levada para o quarto e Gancho passou pelo berçário, onde as trigêmeas foram colocadas em pequenos bercinhos.

– É irmão, agora começam as responsabilidades – Will deu tapinhas no ombro de Gancho, que só tinhas olhos paras as meninas.

Todos tinham vindo espiar as bebês pela janela do berçário.

– São tão fofinhas! – Tink comentou.

– Elas têm o nariz igualzinho o da Ruby – notou Anita.

– Aquela ali é tão pequena – Henry apontou para a bebê que nascera por último.

– Aquela ali deve ter recebido menos nutrientes – disse Killian, lembrando-se de que a doutora dissera que uma das bebês poderia comer mais do que as outras.

Veio a doutora e informou que as meninas estavam saudáveis e não corriam nenhum risco. A mais velha nascera com 2,8 kg, a irmã do meio nascera com 2,7 kg e a menorzinha nascera com 2,4kg. Uma delas chorava, as outras duas apenas mexiam as mãozinhas e abriam e fechavam as boquinhas. Ainda estavam com os olhinhos fechados, de forma que não dava pra ver de que cor eram.

– Onde elas estão? – perguntou Ruby, já acomodada em um dos quartos – Eu quero vê-las!

Gancho entrou carregando uma delas. Will carregava a outra e Anita a terceira. Ruby caiu no choro ao ver suas princesinhas e colocou duas delas pra mamar ao mesmo tempo. A que estava no colo de Killian ia ter que esperar, mas parecia muito confortável no colo do pai.

– Elas se parecem um pouco com o Killian – comentou Anita, assistindo enquanto a filha amamentava – Mas têm seu nariz e queixo.

– Como vamos saber qual é qual? – perguntou Will – Estão todas vestidas de cor-de-rosa.

– Ora, Willian, uma mãe sabe exatamente como diferenciar os filhos – disse a Vovó – Ainda não vão revelar os nomes?

– Ainda não, sejam pacientes – Gancho olhava a bebezinha em seu colo, encantado.

Todo mundo adorou as trigêmeas e doutor Whale teve que expulsar as pessoas porque Ruby precisava descansar. Ela passou a noite no hospital e Kate e Belle vieram visitá-la depois que a festa acabou. Chapeuzinho acabou adormecendo e as trigêmeas foram colocadas num berço ao lado da cama.

***

Duas semanas mais tarde...

– Ela deve estar com fome – disse Gancho.

– Ela acabou de mamar!

– Então está com sono.

– Ela acabou de acordar.

– Faça alguma coisa!

– Estou meio ocupada, caso não tenha notado.

– Meghan, querida, não chore, o papai está aqui...

Dá um jeito nessa criança, eu quero dormir – a voz de Will veio do apartamento ao lado.

Will, não seja tão grosseiro! – Tink ralhou.

– Amor, você já trocou a fralda? – perguntou Killian, ao que Ruby revirou os olhos.

– Eu já troquei a fralda e já dei de mamar, o que é que ela quer, afinal?

– Ela quer você.

– Mas eu estou ocupada!

– O que eu faço?

– Eu não sei, Killian, se vira.

Tinker Bell adentrou o apartamento, impaciente. Will reclamava da barulheira e Ruby dava de mamar a Hanna, que chorava toda vez que era colocada no berço. Killian tentava fazer Meghan parar de chorar e Cristine dormia no berço, quase sem se importar com o barulho.

– Ela quer colo – disse Tink, tirando Meghan dos braços de Killian e mostrando a ele como carregá-la. A nenê parou de chorar e ficou olhando pra Tink com aqueles olhinhos azuis – Viu? Você não está carregando direito, é por isso que ela chora tanto.

– Como é que aprendeu essas coisas? – Killian arqueou as sobrancelhas, surpreso.

– Eu li na revista Mamãe&Bebê. Aqui, segure assim. Viu? Agora ela vai dormir.

Tink voltou ao seu apartamento e Will finalmente pôde dormir. Eram pouco mais de onze da noite e Ruby não pregara os olhos. Cuidar de três filhos era estressante, principalmente se um deles não parasse de chorar.

– Você devia dormir – disse Killian. Meghan erguia as mãozinhas, tentando alcançar o rosto dele – Eu cuido delas.

– Eu não posso – Ruby soltou um longo bocejo – A Cristine vai acordar daqui a pouco e garanto que vai estar com fome.

– Ela é tão quietinha. Ela e a Meghan são verdadeiros opostos.

Ruby riu.

– A Meghan herdou sua impaciência e a Cristine herdou minha tranqüilidade.

– Eu não sou impaciente.

Hanna dormiu depois de amamentada e Ruby a colocou no berço, tendo o cuidado de não acordar Cristine. As três estavam acostumadas a dormir no mesmo berço, mas logo que crescessem iam precisar de berços separados. Meghan não chorava, mas também não queria dormir.

– Ela está muito enérgica hoje – comentou Killian.

Ela tentava engatinhar na cama, mas era pequena demais e seu corpinho não lhe dava sustentação. Os pais riam de suas tentativas de se locomover.

– Elas são tão engraçadinhas...

– Olha lá, a Cristine acordou.

– Viu? Eu disse que ela ia acordar. Vem aqui, pequena. – Ruby a tirou do berço e Cristine a encarou e sorriu – Oi, meu amor.

– Amor?

– Hum?

– Eu não quero brigar, mas...

– O que foi, Killian?

– Os feijões já estão prontos, Anton me contou quando fui ao supermercado hoje. Já estão todos se preparando pra voltar à Floresta.

– Ah. – ela o encarou – Bom... você quer voltar, né? Então... é, acho que é melhor se a gente voltar.

– Mesmo?

– Uhum. Vai ser o melhor pras meninas, não podemos ficar sozinhos na cidade e elas já estão apegadas à mamãe e ao resto da família. Acho que a gente pode viver no navio por uns tempos. Você tinha razão, é o melhor a se fazer.

– Sabia que ia concordar comigo – ele sorriu – As meninas vão adorar o navio, você vai ver.

Meghan remexeu no berço e acordou Hanna. As duas começaram a chorar e Cristine abriu um berreiro quando perdeu o colo da mãe.

Ah meu Deus, não é hoje que eu durmo – Will reclamou.

***

– Então Storybrooke ainda vai existir? – perguntou Ruby a Mary, que viera ajudá-la com as nenês.

– Vai, mas ninguém vai ficar aqui. Regina diz que é bom que a cidade continue aqui, para o caso de precisarmos voltar.

– Então a Emma resolveu ir?

– Bom, Henry e Graham insistiram e ela acabou concordando. No fundo ela sabe que não pode ficar aqui sozinha, não quando passou tanto tempo sem saber quem era sua família. Parece que mudou de ideia também.

– É, mudei. Killian diz que vai fazer o melhor pra deixar o navio confortável pras meninas.

– Vai ser bom pra elas.

Ruby e Killian iam deixar os móveis na casa, menos o berço das meninas. Iam levar apenas as roupas e objetos pessoais. Gancho começara a empacotar as coisas em caixas de papelão e Ruby arrumou uma bolsa com as roupinhas das bebês.

James e sua antiga tripulação preparavam o Rei dos Oceanos. O navio comportava mais de cem pessoas e seria um meio fácil de viajarem pelo portal aberto pelo feijão. Pela janela Ruby viu a movimentação nas docas e o vaivém de homens abastecendo as embarcações.

– Aonde o Killian foi? – Branca carregava Meghan.

– Ao supermercado. Vamos precisar de suprimentos quando chegarmos lá, não é? Isso é meio triste, não acha? Deixar um lugar na qual vivemos por quase vinte e nove anos... Estou me sentindo meio deprimida.

– Todos estão. Imagine só, deixar pra trás a vida na modernidade... viver numa terra praticamente inóspita e quase desabitada...

– O que tinha lá quando você e Emma caíram pelo portal? Além dos ogros, é claro.

– Eu te disse, há um acampamento de refugiados. Alguns dos palácios estavam completamente devastados, alguns ficaram semi destruídos. Podemos reconstruir tudo, mas vai levar um bom tempo.

– A Regina não pode fazer isso com magia?

– Pode, mas acho que não é tão simples assim.

Gancho chegou acompanhado de Anton, ambos estavam carregados de pacotes de papel.

– Você por acaso comprou o supermercado inteiro? – Ruby arqueou a sobrancelha.

– Que foi? Só estou pensando no bem estar das meninas. – disse Killian - E você precisa se alimentar bem, já que está amamentando.

– E os feijões? – perguntou Mary a Anton.

– Ainda estão sendo colhidos. Também vamos levar umas mudas, os feijões podem ser produzidos novamente, isso vai possibilitar a ligação entre mundos. Claro que vamos precisar controlar o uso deles, mas Regina diz que já pensou numa solução. Em todo caso, os feijões vão começar a ser distribuídos no horário do almoço, cada família tem direito a um deles.

Mary foi embora pra empacotar suas coisas e enquanto isso Anton ajudou Killian a descer com as caixas. No apartamento ao lado, Tinker Bell se recusava a deixar a geladeira e o microondas.

– Como é que espera usar isso, Tink? – Ruby riu – Esqueceu que não temos energia elétrica na Floresta?

– Ora, mas podemos muito bem construir uma hidrelétrica, ou sei lá, aproveitar a energia do sol.

– E você por acaso vai começar também uma fábrica de burritos congelados e lasanhas? – Will achou graça - Não vamos precisar de um microondas, amor.

– Não é justo, vamos deixar pra trás tanta coisa boa... E o que vou fazer da vida? Acabei de me dar conta de que amo ser repórter.

– Você pode ser repórter e criar um jornal pra circular em nosso mundo. – sugeriu Ruby. Tink pareceu gostar da ideia e resolveu deixar os móveis ali mesmo.

Mais tarde, por volta de meio dia, os feijões começaram a ser distribuídos. Toda a família de Ruby e Killian se reunira nas docas e iriam ser transportados pelo portal com o navio. Chapeuzinho subiu à bordo com as meninas e as três ficaram muito curiosas com o que viam. Gancho veio em seguida e disse que a cabine tinha sido arrumada de jeito que parecesse um quarto.

– É, você estava certo, podemos viver aqui – Ruby colocou as garotas no berço, que fora deixado a um canto da cabine, perto de uma das janelas. – Nos conhecemos e nos apaixonamos num navio, nada mais justo do que criarmos nossas filhas aqui.

– Eu sinto falta daquilo, sabia? – ele a puxou pela cintura, abraçando-a – Daquela época em que era minha criada-de-bordo. Você não me prepara um daqueles banhos há um bom tempo.

– É, também sinto falta – ela sorriu, perdendo-se nas lembranças daquele tempo – Você era tão cafajeste! Se me lembro bem, você não conseguia dizer duas frases sem lançar uma cantada no meio.

– O que posso dizer? – Gancho sorriu maroto - Eu era apaixonado por uma certa princesa e tinha que conquistá-la.

Houve uma batida na porta. Era Smee.

– Capitão, já está tudo pronto.

– Obrigado, Smee, já estou indo.

– Capitão? - perguntou Ruby – Então quer dizer que vai voltar a ser um pirata e não me contou?

– Voltar? Eu sempre fui um pirata, milady – ele piscou pra ela – Agora, se não se importa, Princesa, tenho um navio a comandar. E sabe de uma coisa? Vou precisar muito de um banho quente, então pode ir tratando de preparar a água e arrumar minha cabine.

– Sim, senhor.

***

Killian atirou o feijão no mar e o portal se abriu na água. Por toda Storybrooke, portais se abriam e fechavam, transportando as pessoas de volta ao seu lugar de origem. Ele girou o leme e o navio se deslocou pelas águas. As velas se agitavam com o vento e a bandeira negra tremulou um bocado. Agora estavam mais próximos do portal, um buraco no meio do mar que girava como um ciclone.

Ruby olhou para longe, para a cidade que ia ficando vazia aos poucos. Era difícil deixar um lugar como aquele, tão cheio de histórias. Mas seu verdadeiro lar era a Floresta Encantada, o único lugar em que ela realmente se sentia feliz. Aquela foi a última vez que ela viu Storybrooke.

O navio finalmente alcançou o portal e foi engolido por ele. Gotículas de água atingiram os rostos das pessoas, tão logo atravessaram a conexão entre aquele mundo e o outro. Não chegou a durar dez segundos e logo já estavam do outro lado.

O navio deslizou calmamente pelas águas azuladas da Floresta Encantada. Todos olharam em volta, para seu antigo mundo. Tudo pareceria como antes, não fosse o fato de estarem numa terra quase devastada, lar das mais terríveis criaturas.

– Olhem, é o castelo da Rainha – James apontou para longe, para o castelo negro de Regina, que resistira à maldição e ao tempo.

– Voltamos – disse Ruby – Estamos em casa...


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