Como Irritar Um Capitão Pirata escrita por Mrs Jones


Capítulo 60
Capítulo 56 - Redenção


Notas iniciais do capítulo

Hey pirates! Escrevi a maior parte desse capítulo enquanto o Brasil tomava um coro da Alemanha. Achei foi bem feito viu kkkkk Preocupados com Copa e nem ligam pra saúde e educação.
Se vocês amam a Regina, vão gostar deste capítulo. Infelizmente, o próximo já vai ser o penúltimo, mas tudo tem que acabar e eu não quero me estender muito nessa fic pra não ficar chato. Mas vejam pelo lado bom, no próximo capítulo teremos um casamento e o nascimento das bebezinhas, depois temos o epílogo e a próxima fic deve ser uns dez anos depois do fim dessa. Não vou revelar muito pra não perder a graça.
Agradeço a AngelOfTheBooks pela recomendação. Valeu, flor!



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Capítulo 56 – Redenção

– Mas o que há de errado com essa roupa? – Riley Sullivan reclamava - Por que a senhora critica tudo, hein?

– Isto aqui é um estabelecimento comercial – Vovó pôs as mãos na cintura – e as pessoas não vão gostar de ser servidas por uma garçonete roqueira. Quero que venha devidamente uniformizada amanhã. Francamente, o que você ganha vestindo-se desse jeito?

Riley bufou, irritada. As pessoas eram sempre tão preconceituosas! O que importava se ela se vestida daquela maneira? A vida em sociedade devia ser movida a bondade, altruísmo e aceitação, não a regras ridículas que impunham um modo de se vestir.

– Eu não ganho nada, senhora, este é apenas meu estilo. – ela respondeu, amarrando um avental por cima da roupa. – É tão difícil entender isso?

– Ah, já não bastava o garçom pirata, agora temos uma garçonete punk...

– Eu não sou punk, sou roqueira – ia dizendo a moça, mas a Vovó já tinha se afastado.

Embora a maldição de August tivesse se quebrado, Kate recusou-se a voltar ao emprego porque já estava cansada de trabalhar como garçonete. Gancho e Chapeuzinho ainda estavam ajudando a Vovó, mas o trabalho ficara mais tranqüilo. Além de Riley, agora havia mais uma funcionária: Katherine Sforza(1). Ruby estava treinando as novatas e elas já sabiam equilibrar bandejas sem derrubar tudo.

– Querida, está tudo bem? – perguntou Gancho a Ruby, que estava muito distraída.

Desde que Anton lhe contara sobre os feijões, ela andava esperançosa e animada, mas não podia dizer nada a Killian ainda. Precisavam se certificar de que Cora e Regina ficariam longe da plantação, mas nenhuma das duas dera as caras desde a noite em que Gancho arrancara o coração da Rainha. Talvez estivessem tramando algo.

– Sim, estou bem, um pouco cansada... – Chapeuzinho mentiu.

– Você é uma péssima mentirosa – ele sorriu, aproximando-se – Vamos, me diga, o que há de errado?

– Nada – ela evitou encará-lo.

– Você nunca olha nos meus olhos quando mente. Por que está mentindo? Achei que confiasse em mim. – e ele parecia chateado.

– Killian... É que eu não posso te contar ainda...

– Ah, eu já sei, você de alguma forma descobriu o sexo dos bebês, não é? Querida, sabe que pode me contar. Eu vou ficar feliz de qualquer jeito.

– Não, não é isso... Anton pediu que eu guardasse um segredo e...

– Ah, então é disso que se trata – e lá estava o Gancho ciumento – Segredinhos com Anton... Tudo bem, não importa...

– Não acredito que está com ciúmes dele. – ela revirou os olhos, colocando as mãos na cintura - O que deu em você? Primeiro o Billy, agora Anton.

– Eu já disse, você é minha mulher e tenho que protegê-la – ele se afastou em direção à cozinha e Ruby foi atrás.

– Mas isso é exagero! Eu não posso ter amigos mais, é isso?

– É claro que pode. – ele se virou para olhá-la – Desde que esses amigos não fiquem dando em cima de você e contando segredinhos...

– Killian...

– Eu não quero discutir.

– Pois então pare com esse ciúmes bobo.

– Não estou com ciúmes.

– Claro que não...

Os dois se encararam e Ruby riu, depois puxou Gancho para o corredor da pensão e os dois entraram num dos quartos.

– Eu vou te contar, mas tem que guardar segredo, está bem? – ela disse em voz baixa e Gancho assentiu – Lembra quando Anton nos disse que os feijões tinham sido destruídos? Bem, eles foram, mas ainda restou uma muda e Anton a guardou por todos esses anos.

– Uma muda? Quer dizer que...

– Podemos plantá-la pra cultivar mais feijões.

– E então voltaremos pra casa! – Killian abriu um sorriso, animando-se - Isso é maravilhoso!

– É, mas ainda temos o problema Cora-Regina. Anton acha que elas podem estragar tudo se descobrirem, é por isso que precisamos guardar segredo.

– Sabe de uma coisa? Devíamos matar essas duas, assim ficaríamos livres.

– Killian! – ela lhe deu um tapa no ombro – Nós não somos como elas...

– Eu estava brincando – ele riu, abrindo a porta e saindo para o corredor. – Jamais mataria a Cora ou a Reg...

Gritos vieram do Granny’s e os dois correram pra lá. Riley estava caída a um canto e havia pedaços de vidro quebrados no chão. Pessoas se encolhiam em seus assentos e Vovó estava encostada a parede, assustada e encarando Cora.

– Onde está o pirata? – a bruxa perguntou irritada e esquadrinhando o lugar com os olhos.

– O que você quer? – Gancho a enfrentou. Caminhou a passos decididos, ficando a uma distância segura e encarando Cora - Já não bastou seqüestrar minha esposa e...

Cora o ergueu com sua magia, empurrando-o pra trás e grudando-o na parede. Chapeuzinho gritou, assim como as outras pessoas presentes no estabelecimento.

– Não! Deixe ele em paz! – Ruby berrava e Cora riu, virando-se para olhá-la.

– Não se preocupe, querida, você é a próxima – disse calmamente, depois caminhou até onde Gancho se debatia –Admiro sua bravura, Capitão, mas o que tem de corajoso, também tem de idiota... Você achou que poderia atacar Regina e ainda sobreviver pra contar história?

Vovó tentou acertar Cora com uma panela, mas a bruxa tinha ótimos reflexos e mandou a idosa voando por cima do balcão.

– Vovó! – Ruby e Katherine correram a acudi-la.

– No entanto, devo admitir que preciso de alguém como você – Cora continuou, ignorando os gritos de terror e as pessoas que agora corriam pra fora da lanchonete – Alguém corajoso, disposto a fazer o que for preciso, alguém que lute por suas causas, alguém disposto a morrer por um objetivo...

– Eu jamais me unirei a você! – ele gritou pra ela, tentando ignorar a dor em seu peito. Suas costelas estavam praticamente recuperadas, mas a magia de Cora o pressionava cada vez mais contra a parede, sufocando-o.

– É mesmo? – ela sorriu malvadamente - Nem se fosse pra salvar sua querida esposa?

Gancho fez uma expressão de terror e em seguida Cora fez um aceno com a mão, arrastando Ruby até onde ela estava. Em seguida fez Chapeuzinho levitar e começou a sufocá-la. Ruby se debatia tentando respirar e Killian tentava pensar num meio de escapar daquela situação, mas no momento não havia nada que ele pudesse fazer.

– Pare! Deixe ela em paz! – ele gritou, quando Ruby começou a ficar roxa – Está bem, eu vou me unir a você, mas deixe Ruby fora disso.

Cora sorriu e largou Ruby, que caiu de pé e levou as mãos ao pescoço, puxando a maior quantidade de ar que conseguiu.

– Que sensato de sua parte, querido – disse Cora – Você e eu seremos ótimos parceiros. Minha filha se recusa a me ajudar, mas tudo o que eu preciso é de um pirata forte e corajoso como você.

– Eu farei o que você quer, mas tem que manter sua palavra, de que não vai machucar mais ninguém – ele a encarava, mais zangado do que nunca. Como ela podia ser tão cruel?

Ruby chorava baixinho a um canto e Vovó tinha desmaiado e era amparada por Katherine. Todos os outros tinham fugido da lanchonete. Cora pareceu pensar por uns instantes, depois sorriu novamente.

– Tem a minha palavra – ela se aproximou do homem, em seguida ergueu a mão e a enfiou no peito de Gancho, arrancando-lhe o coração. O homem berrou de dor e Ruby gritou, temendo que Cora matasse seu marido na sua frente – A partir de agora é meu escravo. Vai fazer o que eu mandar, caso contrário, terei prazer em matar você.

Ela soltou a magia que o aprisionava e Gancho caiu, colocando uma mão sobre o peito. Cora apertava o coração, para lembrá-lo de que agora era sua dona.

– Agora, vá até a loja de Rumplestiltskin e... – ela soltou um grito e Ruby e Gancho arregalaram os olhos quando viram Regina enfiando um coração pelas costas da mãe. Cora soltou o coração de Gancho, deixando-o cair, e o pirata o pegou antes que ele batesse no chão. A bruxa arquejou, botando as mãos no peito, em seguida olhou pra trás e viu a filha – Regina...

Cora estava sorrindo, mas era um sorriso diferente, era o tipo de sorriso bondoso que só uma pessoa gentil teria.

– Regina, querida... – ela se aproximou e afastou os cabelos da Rainha, acariciando seu rosto – Isto... isto teria sido o suficiente... teria sido o suficiente...

Regina não entendeu o que a mãe balbuciava. Era a primeira vez que Cora via a filha com outros olhos. É claro que ela se importava com a Regina, mas nunca a amara, ou pelo menos, nunca sentira que a amasse. A bruxa olhou para Gancho e Chapeuzinho, que assistiam a cena e para a Vovó, desmaiada a um canto. Ela fizera aquilo! Ela arrancara o coração de Killian, e tentara sufocar Ruby, e atacara a Vovó, e seqüestrara Belle, e subestimara Regina, e matara Daniel... Que coisas terríveis ela fizera. Cora parecia um tanto confusa. Olhou de um para o outro e deu uma última olhada em Regina, antes de correr para a rua.

A Rainha Má apenas encarou Gancho e Chapeuzinho, ambos muito espantados, e então aproximou-se do Capitão, apanhando o coração vermelho e pulsante que ele segurava. Regina simplesmente recolocou o coração de Killian no lugar, sem dizer uma palavra, e então saiu para a rua, deixando os Jones boquiabertos.

– Ela acabou de recolocar seu coração? – perguntou Katherine, como se não acreditasse nos próprios olhos – A Rainha Má, ela apenas... ela apenas recolocou seu coração...

– Achei que fossemos morrer – Ruby balbuciou, ainda assustada e com lágrimas no rosto. Gancho a puxou para um abraço.

– Está tudo bem agora, está tudo bem...

***

– Mamãe – Regina encontrou Cora sentada perto das docas. A mulher encarava o mar e não se virou pra olhar a filha.

Quando Regina recolocou o coração na mãe, Cora voltou a sentir. Ela novamente sentiu a dor da humilhação por ser a pobre filha do moleiro; sentiu raiva ao se lembrar da Princesa Eva, colocando um pé na sua frente e derrubando-a na frente de todos; sentiu mais ódio ainda quando se lembrou de que tinham feito com que ela se ajoelhasse e pedisse perdão por sua insolência ao afirmar que a Princesa a derrubara; e novamente sentiu a dor e a raiva por ter sido enganada pelo jardineiro que se fizera passar por príncipe; e sentiu aversão ao reviver a noite do baile de máscaras do Rei Xavier, quando ele a humilhara diante de todos; e sua paixão por Rumplestiltskin; e a alegria ao ver sua filha Regina há uns minutos.

– Mamãe – Regina chamou novamente – O que há de errado?

– Nada – Cora resmungou, enxugando uma lágrima que escorria por seu rosto. Como ela pudera ser tão cruel? Como pudera cometer tantas atrocidades?

– Você simplesmente saiu correndo e... – Regina parou ao lado da mãe, encarando-a – Eu cometi um erro, não foi? Cometi um erro ao recolocar seu coração...

Cora balançou a cabeça, ainda encarando o mar brilhante e revolto.

– Fez o que tinha que fazer. Achei que estaria me protegendo... achei que seria melhor... Ele estava me impedindo de fazer o errado.

– Quem? – a prefeita se sentou ao lado da mãe no banco de madeira.

– Meu coração – ela finalmente se virou para olhar a filha – Meu coração me impedia de machucar as pessoas, de causar a elas a dor que me causaram, foi por isso que o retirei. Mas nada disso seria necessário... você teria sido o suficiente pra eu ser feliz...

– Ah, mamãe... – as duas se abraçaram.

Talvez fosse o começo de uma nova vida. Será que Cora e Regina podiam ser boas pessoas? Talvez fosse o início do caminho para a redenção.

***

– Que diabos aconteceu aqui? – foram as palavras de Emma, tão logo ela entrou no Granny’s.

Algumas mesas e cadeiras estavam reviradas e havia pedaços de vidro no chão, que Gancho tentava varrer com uma mão só. Riley e Vovó colocavam bolsas de gelo em suas cabeças e Ruby e Katherine recolocavam as cadeiras no lugar.

– O que você acha? – falou Killian, olhando a Xerife.

– Cora e Regina – Emma suspirou. Será que aquelas duas nunca iam deixar as pessoas em paz?

– Na verdade só a Cora – disse Gancho – e estava muito interessada em me ter como escravo, mas Regina a impediu.

– Regina a impediu? – Emma arqueou uma sobrancelha.

Explicaram a Emma o que acontecera e ela ficou muito surpresa com a atitude de Regina. Talvez a Rainha Má não fosse tão má assim.

Depois que limparam a bagunça, o Granny’s voltou a funcionar normalmente e Henry apareceu acompanhado do pai. Neal ficou muito surpreso ao encontrar Killian, porque achou que jamais fosse vê-lo novamente. O homem era bastante simpático e bem mais velho do que Gancho, mas tinha uma aparência jovem, devido a seus anos na Terra do Nunca.

– Me apeguei demais ao garoto – Neal disse a Killian, observando Henry, que conversava com Ruby.

– É um bom garoto – sorriu Gancho, servindo uma dose generosa de cerveja a Neal. – Pretende ficar na cidade?

– Bom, não sei ainda – o outro tomou um gole da cerveja – Meu relacionamento com meu pai é muito difícil, você sabe. E talvez a Emma não me queira por perto.

– Você não vai perdoá-lo? Ele foi um covarde, Bae, mas não significa que não tenha se arrependido. Olhe em volta, nós só estamos aqui porque ele fez de tudo pra te encontrar.

Baelfire não disse nada, mas pareceu pensativo. Anne e Josh entraram na lanchonete e o garoto correu até Ruby, abraçando-a. Os dois voltaram a ser bons amigos, apesar de separados por vinte e oito anos. Não fosse a maldição, Josh já seria um adulto.

– Eu senti sua falta. Como foi na escola? – Chapeuzinho perguntou, acariciando os cabelos do garoto.

– O mesmo de sempre, mas eu fiz um desenho pra você – ele respondeu e então entregou a ela uma folha desenhada – Esta é você e este é o Killian e estes aqui são os bebês. Você acha que vão ser meninos ou meninas?

– Eu acho que vão ser meninas, tenho quase certeza, mas o Killian quer que sejam meninos.

– Eu quero que sejam meninas, assim posso namorar uma delas.

Ruby soltou uma gargalhada, depois disse que Josh era muito novo pra namorar e que além disso não podia namorar as próprias sobrinhas. Anne veio e perguntou como ela estava. Não era nada fácil ser mãe de três, mas Ruby estava indo bem nisso.

– De alguma forma isso aconteceu pra compensar o bebê que eu perdi – ela disse – Killian está adorando isso. Vê como ele fica todo ciumento? Não para de me vigiar.

– Homens... – Anne riu, revirando os olhos – Albert e eu queremos outro filho, pra fazer companhia pro Josh. Sei que não parece certo, quero dizer, eu tive um filho com seu pai e agora quero ter um filho do seu tio...

Ruby não falava muito do pai, na verdade nem pensava nele. Ela ia sempre se lembrar da covardia de Anthony, mas também ia se lembrar dos tempos bons que passara com ele.

– Eu não tinha parado pra pensar que o tio Albert é tio-padrasto do Josh – disse Ruby, pela primeira vez pensando na árvore genealógica da família – Então, se vocês tiverem um filho, ele na verdade vai ser primo-irmão do Josh.

– A árvore da família vai ficar bem bagunçada...

Anita não conseguiu esconder seus sentimentos por John por mais tempo, de forma que agora estavam namorando. Kate e August também estavam apaixonados e Kate já até falava em casamento. Emma e Graham continuavam a ser bons amigos, mas Ruby e Mary sabiam que não ia demorar até que Emma deixasse transparecer seus sentimentos pelo ex-xerife. E agora Jack estava arrastando asa pra cima de Riley, que dava uma de boba e fingia não perceber a jogada do ex-pirata. Ruby não ia se surpreender se acontecesse uma onda de casamentos em Storybrooke, parecia que todos estavam encontrando seus finais felizes.

***

– Emma, podemos conversar? – Regina encontrou a xerife em frente a prefeitura.

Aparentemente, Emma estava ali justamente porque precisava falar com Regina, e surpreendeu-se quando a prefeita a chamou pelo nome e não por Xerife Swan, como estava acostumada a fazer.

– Eu estava mesmo atrás de você, Regina – respondeu Emma, cruzando os braços – Soube da confusão que sua mãe causou no Granny’s e me disseram que você a impediu de controlar o Killian.

A prefeita assentiu.

– Minha mãe e eu não seremos mais um problema. Ela só precisava de um pouco de amor e carinho e descobriu que pode ser feliz, apesar do passado doloroso que carrega no coração. – ela deu uma pausa – Queria lhe pedir desculpas, Emma. Sei que temos nossas diferenças, mas isto vai mudar.

Emma abriu a boca, mas não conseguiu balbuciar nenhuma palavra. Ela poderia dizer que aquilo se tratava de uma armadilha. Regina se redimindo? A prefeita percebeu a surpresa da outra e então sorriu.

– Sei o que pensa. Já considerou que talvez eu seja boa? Eu sempre fui Rainha, foram vocês que adicionaram “má” ao meu nome.

– Olha, Regina... Henry confia em você, acha que você pode ser boa e sabe que está se esforçando pra isso. Tudo o que eu peço é que não o machuque, Henry passou por muita coisa e tudo o que ele precisa agora é de uma família estável.

– Eu jamais machucaria meu filho – a outra replicou, um tanto irritada.

– Eu sei o quanto o ama, sei sim, mas você não percebe que machucando os outros também está machucando o Henry? Ele não quer sua magia, ou seu dinheiro, ou uma casa luxuosa, ele só quer seu carinho, quer que seja uma boa pessoa.

– Por acaso você não estava ouvindo quando eu disse que minha mãe e eu não seremos mais um problema? – a Rainha arqueou a sobrancelha, encarando Emma – Vocês não precisam mais se preocupar, nós não causaremos dor a mais ninguém. Mas, como Henry é meu filho adotivo reconhecido pela lei, tenho direito de vê-lo quando quiser e também tenho o direito de passar um tempo com ele.

Emma assentiu.

– Tenho certeza de que chegaremos a um acordo.

– Ótimo! Agora vá trabalhar, Xerife, a cidade precisa de você – e Regina caminhou em direção à prefeitura, dando às costas a Emma.

– Regina? – Emma chamou e a prefeita virou-se para olhá-la – Henry vai ficar feliz quando souber. Sabe que ele te ama, não é?

Regina apenas sorriu e em seguida entrou no prédio. Emma se afastou, também sorrindo. Bons ventos estavam passando por Storybrooke, era o início do reinado da Rainha Boa.

***

Uma semana depois

– Vocês estão todos loucos? Regina e Cora boazinhas? Essa eu só acredito vendo! – disse a Vovó.

As pessoas não paravam de comentar a mudança de Regina e Cora e a Vovó achava mesmo que havia algo de errado. Por que será que Emma, Branca e Encantado não estavam fazendo nada? Eles acreditavam mesmo nessa história de que a Rainha Má e a Rainha de Copas estavam arrependidas e mudadas?

– É verdade, eu vi com meus próprios olhos – afirmava Will – A Cora estava lá no supermercado com a Regina e as duas nos convidaram a comparecer a um jantar na casa da prefeita. E vocês nem acreditam, mas a Cora simplesmente sorriu de um jeito tão gentil que eu quase esqueci que ela já foi má um dia.

– Besteira! – exclamou a Vovó – Isto é enganação e se eu fosse vocês ficaria bem longe delas.

– Então agora elas são da família? – perguntou Ruby, sem gostar muito da ideia.

– Parece que sim – falou Gancho, contrariado – Só espero que elas estejam dispostas a se redimir. Pessoalmente, não vejo como conseguiria me sentar pra jantar com a Cora.

– Cara, imagina a Ação de Graças – Will riu – vai ser um saco.

E atenção, a prefeita acaba de fazer um anúncio oficial. – disse Mabel na televisão, como sempre sentada ao lado de Beto, na bancada do Storybrooke News – Os feijões mágicos, há muito tempo extintos, podem novamente ser produzidos a partir de uma única muda que restou.

– O gigante Anton, o único sobrevivente de sua espécie, diz que pode cultivar a muda e fazê-la crescer – continuou Beto – Nossa repórter esteve com a prefeita, que falou sobre o cultivo de feijões e a esperança de retorno à Floresta Encantada.

A imagem seguinte passou para Tinker Bell, que estava parada em frente a prefeitura.

Boa dia, Storybrooke! – ela sorriu, como sempre vestida em roupas formais e com o cabelo amarrado num coque - Eu estou aqui com a prefeita Mills, que anunciou hoje o plantio de uma muda de feijão mágico. Como todos sabem, os feijões mágicos foram extintos há muitos anos, quando ocorreu a guerra entre humanos e gigantes. Mas ao que parece nem todas as mudas foram destruídas e foi Anton, o gigante recém chegado à Storybrooke, o responsável por manter a última delas em segurança. Prefeita, como vai acontecer o cultivo dos feijões mágicos?

– Uma área foi designada para a plantação, bem nos limites da cidade. – Regina falou para a câmera– Anton esteve no local pra avaliar o solo e ao que parece a muda pode germinar e crescer se bem cuidada. Os anões largaram o trabalho nas minas para ajudar no cultivo e a previsão é de que os feijões demorem até seis meses para crescer.

– Se consideramos a possibilidade de que os feijões cresçam, eles terão a capacidade de viajar entre mundos. Sabemos que a Floresta Encantada ainda existe, apesar de quase devastada. A senhora acredita na possibilidade de reconstruirmos nosso mundo?

– Com certeza. A maldição destruiu boa parte daquele mundo, mas se nos unirmos podemos repovoá-lo e reconstruí-lo...

– É claro! – Vovó soltou um muxoxo de indignação – Ela destruiu tudo e agora diz que devemos nos unir pra reconstruir nosso mundo.

– Vocês confiam mesmo na Regina? – Chapeuzinho perguntou – Quem sabe isto não é um plano pra que ela possa roubar todos os feijões? Ela não queria se livrar da Emma? Pois então, ela bem que pode usar os feijões pra fugir com o Henry.

– Henry jamais iria com ela – disse Gancho – E se Mary e David confiam na Regina, então também devemos confiar.

Pelo menos as coisas estavam caminhando bem. Agora que Regina e Cora estavam mudadas, Henry passava mais tempo com elas e vez ou outra dormia em seu antigo quarto.

Foi uma semana incrivelmente tranqüila em Storybrooke. Era a primeira vez desde a quebra da maldição que as pessoas se sentiam seguras nas ruas. Ruby já não temia mais pelos bebês, estivera amedrontada desde que fora seqüestrada por Regina e Cora e nunca saía de casa sozinha. Talvez ela e Gancho finalmente pudessem ser felizes, sem ninguém pra interferir em suas vidas.

– Tem certeza de que não precisa de ajuda? – Ruby despertou de seus devaneios ao ouvir a voz sensual de Katherine Sforza. A morena estava bem perto de Killian, que tentava tirar a rolha de uma garrafa, mas não estava tendo sucesso.

– É melhor ficar de olho nele – cochichou a Vovó, observando enquanto Katherine tomava a garrafa de Killian e arrancava a rolha – Essa Katherine é bonita demais.

– Vovó! O Killian jamais me trairia...

– É mesmo? Pois eu ficaria esperta se fosse você. Olhe como eles estão praticamente grudados, quase não há espaço entre eles.

De fato, os dois estavam muito próximos. Killian agradeceu a moça e então serviu o conteúdo da garrafa em um copo, que depois levou para Graham. Em seguida, quando voltou ao balcão, Gancho se atrapalhou com uns papeis e várias folhas caíram no chão, misturando-se. Katherine o ajudou a apanhá-las e Ruby ficou enciumada quando viu que os dois conversavam.

– Você devia ir ver o Rumplestiltskin – ela dizia – ele poderia consertar sua mão.

– Ah, não – ele riu, levantando o braço do gancho – Já me acostumei a isto, é uma parte de mim. Do contrário, não seria o Capitão Gancho.

– Vê o que estou dizendo? – a Vovó voltou a cochichar – Fique de olho nele.

Katherine era mesmo bonita, pensou Ruby. Pele bronzeada, cabelos castanho ondulados, pernas torneadas, corpinho de modelo... Chapeuzinho olhou pra si mesma: gorda, uma barriga enorme, aparência cansada... Era de se esperar que a Vovó estivesse dizendo aquelas coisas, já que seria mais fácil Killian se interessar pela beleza da garçonete novata.

– Você está bem? – Riley chegou por trás dela, carregando uma bandeja.

– Ah, sim, estou...

– Sabe o que eu estava pensando? Você devia fazer umas mechas roxas, o Killian ia amar.

Ruby olhou Riley: branquinha, loira, mechas roxas nas pontas do cabelo. Chapeuzinho teria adorado se vestir como Riley, num estilo bem rocker e rebelde, mas já era grandinha demais pra isso. Ela voltou a olhar Killian, ele e Katherine ainda conversavam e o homem não percebeu que Ruby o encarava, ciumenta.

– Ciúmes do Killian? – riu Riley – Não se preocupe, Katherine tem namorado. A propósito, tem visto o Jack? Acho que ele está a fim de mim.

– E você está a fim dele – Ruby riu marota – Eu não o vi hoje, mas aposto que ele deve passar aqui mais tarde.

Riley voltou ao trabalho e Tinker Bell entrou e correu até Ruby, puxando-a até o banheiro.

– Tink, que correria é essa? – Ruby perguntou, tão logo Tink fechou a porta do banheiro.

– Preciso te mostrar uma coisa – a outra remexia na bolsa. Retirou de lá um teste de gravidez, cujo resultado dera positivo – Olhe, olhe só isso!

– Você está...

– Grávida! Estou grávida! – Tinker Bell parecia aterrorizada, ou amedrontada – Eu nem sabia que isso era possível, quer dizer... eu era uma fada...

– Ah, Tink, meus parabéns! – Chapeuzinho se adiantou e deu um abraço na amiga. Tinker Bell estava feliz, mas um tanto confusa. – Quando foi que você descobriu?

– Ontem à noite... Eu não sei como contar ao Will – ela disse – Eu não sei o que dizer e não sei se ele vai gostar da notícia. O que eu faço, Ruby?

– Oh, é claro que ele vai gostar, Tinker Bell. Não seja boba. Vai, aproveite que ele está aqui e conte a ele.

– Não, não posso... e se... e se ele não gostar? E se ele não quiser um filho agora? Eu não sabia que podia ter filhos e nós não esperávamos uma coisa dessas.

– Melhor ainda, ele vai ter uma bela surpresa. Vamos, você tem que contar a ele.

Ruby arrastou a amiga de volta ao Granny’s, onde Will e Killian comentavam algo sobre Anton e os feijões. Tinker Bell não estava acostumada a viver como uma simples humana, embora tivesse vivido como repórter por vinte e oito anos. Era compreensível que ela estivesse assustada, já que fadas não deviam se apaixonar e muito menos engravidar.

– Querido, há uma coisa que eu preciso te dizer – ela disse, aproximando-se de Will, que devorava uma porção de panquecas com mel.

– Diga, meu amor – ele nem desviou os olhos do prato.

Ruby lançou um olhar de incentivo a Tink, que hesitou um pouco.

– Bem, é que... é que...

– O que foi, Tink? – Will a olhou e voltou a partir suas panquecas - Diga!

– É que... é que... ai, Will, eu to grávida!

Willian engasgou com as panquecas e Tink teve que dar tapinhas em suas costas. Gancho riu da cena e Ruby trouxe água ao homem, que bebeu um gole e então encarou a esposa.

– O que foi que você acabou de dizer? Tinker Bell, você está grávida?

– Sim... mas foi sem querer e...

– Irra! – Will levantou Tink, girando-a no ar – Eu vou ter um filho! Eu vou ter um filho!

As pessoas que estavam no Granny’s aplaudiram e algumas vieram parabenizá-los. A família estava aumentando tanto que logo não teria mais jeito de desenharem a árvore genealógica.

Regina entrou na lanchonete e alguns lhe lançaram olhares de desconfiança. A prefeita apenas deu os parabéns a Tink e então procurou por um assento vazio, mas acabou por encontrar Ruby no caminho e aproveitou pra pedir desculpas.

– Senhora Jones, não tivemos uma oportunidade de conversar – ela disse e Ruby ficou com um pé atrás, embora estivesse surpresa. – Sei que minhas desculpas não podem substituir o filho que eu lhe tirei e não estou pedindo por seu perdão, porque sei que não o mereço. Eu só gostaria de lhe dizer, que hoje entendo a dor que sentiu quando lhe tirei seu bebê.

– Regina...

– Sabe o quanto eu amo Henry – a prefeita continuou, sem dar a Ruby uma chance de falar – Hoje sei que poderia morrer por ele e entendo o tipo de coisa que uma mãe pode fazer pelos filhos. Quero que saiba que não há um dia em que não me arrependa pelo o que fiz. Reconheço o quanto aquilo foi cruel. Também devo pedir desculpas pelas revistas, aquilo foi ideia minha.

– Sabe que Sidney Glass e Ernesto Parrot são perfeitamente equilibrados – Ruby finalmente conseguiu dizer, depois da surpresa de ouvir as palavras de Regina. A prefeita assentiu.

– O senhor Glass e o senhor Parrot foram liberados, por ordens minhas. É hora de consertar meus erros, sei que a maioria deles são imperdoáveis, mas também sei que devo fazer o certo. Desculpe-me.

Regina ia se afastando e Ruby virou-se para olhá-la. A Rainha estava mesmo diferente e já fizera questão de se desculpar com metade das pessoas que machucara um dia. Matar um bebê fora extremamente cruel, mas desde que Regina reconhecia isso, Ruby podia perdoá-la.

– Regina – a garçonete chamou e a prefeita virou-se para olhá-la – Você me causou muita dor, mas isso foi há vinte e oito anos. Eu venho tentando esquecer essa parte do passado, mas não consigo. Isto me fez sofrer, mas também me fez mais forte. Eu te perdoo, porque hoje você reconhece que um filho é o bem mais precioso que temos.

– Obrigada – Regina sorriu levemente e se sentou num dos assentos.

Gancho ouvira toda a conversa e também estava atordoado.

– Will tinha razão, elas estão mudadas. – ele comentou, antes de Regina fazer sinal pra ele. – O que vai querer, prefeita?

– Só um café... E também quero pedir desculpas pelas coisas que fiz. Por ter feito você ir atrás de minha mãe no País das Maravilhas, por ter matado seu filho e causado dor à sua esposa, por ter separado vocês com a maldição, por ter manchado sua reputação...

– Está tudo bem, Regina, vamos esquecer isso...

***

– De jeito nenhum! Você enlouqueceu? – Encantado estava pasmo. Branca simplesmente queria que todos comparecessem ao jantar na casa de Regina.

– David, elas nos convidaram e seria falta de educação não ir – Mary dizia – E além disso, vai ser bom pro Henry, ele quer que a gente vá.

– Eu não vou jantar na mesma mesa que Cora e Regina – Vovó deixou bem claro – Vocês são todos loucos!

– Mas, vovó, a Regina e a Cora estão mudadas...

– Mary, querida, não se pode confiar em todos... – a avó continuou - E se por acaso elas colocarem veneno na comida? Já pensou nisso? Já pensou que esse jantar pode ser uma armadilha pra matar todos nós?

– Regina não faria uma coisa dessas, não com o Henry por perto.

– Oh, querida, esse é exatamente o tipo de coisa que ela poderia fazer.

– Talvez ela queira mesmo se redimir – falou Chapeuzinho e todos se viraram para olhá-la.

– Até você, Ruby. Francamente... – a avó balançou a cabeça.

– A Regina me pediu desculpas por ter me feito perder o bebê – Ruby justificou – Talvez ela esteja mudada mesmo. E eu concordo com a Branca, vai ser bom pro Henry.

– Eu concordo com as garotas – Anita se pronunciou – Seria falta de educação não ir.

– Façam o que quiserem – a avó saiu resmungando para um lado – Eu não vou a jantar nenhum.

Horas depois...

– Eu disse que era uma péssima ideia. Ainda há tempo de desistir!

– Será que a senhora pode calar a boca por um minuto? – pediu Killian – Obrigado!

– Ora, seu pirata insolente! E por que é que estamos usando roupas tão chiques? Até parece um daqueles bailes de gala da Floresta Encantada.

– Mamãe, cale-se por um minuto, sim?

– Anita! Que falta de respeito com sua mãe...

– Desculpe, mas a senhora já está me enchendo a paciência.

– Ora, mas foram vocês que me obrigaram a comparecer neste jantar dos infernos. Eu vou dizer a vocês, se algo me acontecer, juro que saio da tumba pra puxar seus pés à noite.

– Vovó, pela última vez, feche a matraca – Ruby suspirou, impaciente.

A família seguia a pé até a casa de Regina. Vovó estava muitíssimo contrariada e não parava de tagarelar. Já David, que também fora obrigado a comparecer ao jantar, estava muito calado, como se estivesse se recusando a falar. Emma e os pais caminhavam a frente do grupo, Ruby e Killian vinham logo atrás, depois Vovó e Anita, e Tinker Bell e Will vinham por último.

– Ora, lá está! – avistaram de longe a mansão da Rua Mifflin e Vovó fez questão de dizer o quanto Regina era gastadeira e exagerada - Um luxo exagerado! Era de se esperar por isso, não? Vejam as cercas-vivas, tão bem cuidadas... aposto como ela queria passar a impressão de família exemplar. Pra que tantas luzes acesas? Isto é um desperdício de dinheiro e energia, não acham? Uma casa deste tamanho apenas para duas pessoas... E ela tem também um carro, sendo que pode ir caminhando até o trabalho. E ainda ocupou a rua inteira só com a casa dela, apenas pra impedir que vizinhos mexeriqueiros se instalassem aqui. – ela deu uma pausa pra respirar, depois continuou - Eu poderia estar assistindo ao jornal numa hora dessas, enfiada no meu pijama de flanela, na minha cama quentinha e confortável. Mas vocês tinham que me arrastar até aqui, nesta noite tão fria, pra casa da pessoa mais odiada da cidade, que a esta hora pode estar tramando um plano diabólico pra matar a todos nós. Mais ainda há tempo de desistir, podemos dar meia volta.

– Será que a senhora pode pelo amor de Deus calar a boca? – Killian pediu mais uma vez, estressado.

– Ora, cale-se você!

– Já estou cansado da sua voz, não se escuta nada além de suas reclamações...

– Mas que desaforado você é!

– Parem de escândalo! – Mary se virou para olhar os outros.

– É ela quem começa toda a confusão – reclamou Killian.

– Chega, está bem? – Mary parou e todos os outros pararam também – Vamos caminhar por aquela entrada e agir como pessoas de classe. Lembrem-se, estamos fazendo isto pelo Henry. Agora, ajam como pessoas civilizadas e cumprimentem a Regina quando ela atender a porta.

Todos se calaram e andaram pelo caminho entre as cercas vivas que levava à porta. Mary tocou a campainha, mas foi Henry quem atendeu ao invés de Regina. O garoto estivera ajudando mãe e avó a preparar o jantar e ficou mesmo muito feliz quando o resto da família apareceu. Regina veio em seguida e cumprimentou a todos, expressando sua gratidão por terem vindo.

– Pendurem seus casacos ali – ela indicou um cabideiro perto da porta – Fiquem à vontade, o jantar está quase pronto.

A prefeita voltou a cozinha e todos se entreolharam. Vovó e todos os outros que nunca tinham estado na casa da prefeita, olhavam em volta, inebriados pelo luxo. Emma, Mary e David, que já tinham estado ali, pareciam ter o mesmo olhar de curiosidade e admiração. Não se podia negar que Regina tivesse bom gosto.

– Eu não disse? – a Vovó sussurrou - Um luxo exagerado!

– Shhh! O Henry está por perto – cochichou Anita – Depois criticamos a Regina.

– Henry, querido, por que não mostra a eles a casa? – a voz de Cora veio da cozinha. Ela devia estar mesmo ocupada, pois não viera cumprimentá-los. Ou talvez estivesse apenas envergonhada – O jantar vai estar pronto em cinco minutos.

– Que bom que vocês vieram – falou o garoto, sorrindo de uma orelha a outra – Querem ver meu quarto?

– Ótimo! Um tour pela casa das bruxas – resmungou a Vovó e acabou por receber olhares de censura. Felizmente Henry não ouvira o que ela dissera, de modo que continuou a lhes mostrar a casa.

Era realmente grande demais para apenas duas pessoas. Talvez fosse por isso que Regina se sentisse tão sozinha às vezes. De que adiantava uma casa luxuosa, um carro na garagem e um jardim bem cuidado se ela não tinha com quem dividir tudo isso?

Subiram e desceram a escadaria, percorreram todos os quartos e salas e acabaram no jardim. Vovó e Mary estremeceram ao ver a macieira no quintal e Vovó encontrou mais um argumento para convencê-los a ir embora.

– Estão vendo? Estão vendo? – ela disse, depois que Henry se afastou do grupo pra atender a porta - Ela tem maçãs no quintal e maçãs, se vocês se lembram bem, já foram as responsáveis por colocar Mary e Henry pra dormir... O melhor a fazer é dar o fora daqui.

– Sabem, sou obrigado a concordar com ela – falou Killian – Nem devíamos ter vindo, pra começar.

– Não podemos ir embora, o que a Regina vai pensar? – Emma se encolheu de frio – E o Henry? Viram como ele ficou feliz por termos vindo?

– Emma tem razão – David finalmente falou – Não podemos ir. Espero que esteja satisfeita, Mary, já que insistiu tanto pra que viéssemos.

– Oh, David... – Mary revirou os olhos e então encarou os outros - Por que é que vocês pelo menos não fingem que estão felizes por estar aqui? Querendo ou não, Regina e Cora agora são da família.

– Diz a pobre moça que foi envenenada, perseguida, quase morta e separada da filha por vinte e oito anos – a Vovó bradou, com as mãos na cintura – Branca, querida, você está se sentindo bem? Sinceramente, você já foi mais ajuizada...

Branca abriu a boca pra responder, mas acabou não dizendo nada. Todos riram de sua cara de indignação e então Henry retornou acompanhado de Belle, Gold e Neal.

– Não sabia que todos tinham sido convidados – comentou Neal, com as mãos enfiadas nos bolsos.

– Bem, somos todos da mesma família – falou Tinker Bell, sorrindo para ele. Eles tinham se conhecido na Terra do Nunca há muito tempo. – Que bom que veio, Bae.

Baelfire apenas sorriu e Will ficou muito enciumado, mas não disse nada. Voltaram a entrar porque estava muito frio e muitos tinham tirados os casacos. Regina e Cora arrumavam a mesa da sala de jantar e Henry foi ajudá-las.

– Acredito que todos estamos aqui com o mesmo objetivo: agradar Henry – disse Gold aos outros, apoiado à sua bengala.

– Estamos todos no mesmo barco – disse David – Eu não teria vindo se Branca não tivesse insistido tanto.

– Vocês acham mesmo que elas estão mudadas? – perguntou Belle, de braço dado com Rumple – Regina veio me pedir desculpas por todo o sofrimento que me causou, mas confesso que ainda estou com um pé atrás.

– Todos devemos ficar com um pé atrás – Will disse, em voz baixa – Elas podem estar tramando algo, não é?

– Henry confia nelas, devemos confiar também – sussurrou a Xerife.

– Vocês já pararam pra pensar que Henry pode estar enfeitiçado? – a Vovó ajeitou o xale que carregava sobre os ombros. Todos se viraram para olhá-la – Elas podem ter dado algum tipo de poção a ele, agora ele acha que elas são boazinhas e inofensivas. E este jantar pode ser uma armadilha pra nos matar. Pensem só, a Regina já veio se desculpar pelas coisas que fez, mas talvez ela queira que a gente pense que ela está mesmo arrependida. E então elas nos convidaram a vir aqui, enfeitiçaram o Henry e envenenaram a comida. E depois que comermos e nos sufocarmos com nossa própria saliva, vão nos enterrar no quintal e Henry vai achar bonito, sem se dar conta de que está enterrando a própria família.

Todos encaravam a Vovó, uns meio amedrontados, outros meio confusos e outros meio indignados. Gold tinha uma expressão de divertimento no rosto.

– Adoro ela! – ele riu e a Vovó não deixou de sorriu ao ver o efeito que suas palavras causaram nos outros.

– Sabem, acho que ela está certa – Will estava quase se borrando – Vamos embora!

– Quieto, Will! – Tinker Bell agarrou o braço dele, pra evitar que fugisse - Não me envergonhe!

– Nós não devíamos ter vindo – Killian olhava a barriga de Ruby – Eu tenho três filhos pra criar!

– Parem com isso! – Mary sussurrou, indignada – Nós vamos ficar bem!

Regina veio caminhando até eles, com seus saltos martelando o chão. Abriu um sorriso e os convidou a vir a mesa. Cora pareceu meio sem graça, mas acabou por cumprimentar a todos. A mesa de jantar fora aumentada com magia e cada um procurou um assento. Ruby e Killian se sentaram lado a lado, assim como os outros casais. Vovó foi logo se sentando ao lado do pirata, pra evitar sentar-se perto das bruxas. Regina se sentou na ponta da mesa e Henry e Cora se sentaram perto dela. Havia um lugar vago entre Henry e Emma e outro entre Tinker Bell e Cora, de modo que ainda faltavam dois convidados. Archie chegou logo em seguida, sorridente como sempre. Cumprimentou a todos e sentou-se entre Cora e Tink.

Regina começou um discurso e todos a escutaram atentamente.

– Fico feliz que tenham vindo a este jantar porque todos sabem o quanto minha vida tem sido solitária – ela abaixou a cabeça. Aquilo não era fácil pra Regina, mas precisava dizer tudo o que estava pensando – Sei que fiz coisas terríveis e que meus atos são imperdoáveis, mas já me arrependi de tudo e sei que não devia ter me deixado levar pelo sentimento de vingança. Quis me desculpar com vocês porque sabia que era o certo a se fazer. Muitos de vocês devem ter se recusado a vir aqui hoje à noite – todos sorriram amarelo – e eu entendo isso. Sei que muitos vão se lembrar de mim como a Rainha Má, mas eu sinceramente quero esquecer essa parte do passado. A pessoa que eu era não existe mais. Archie tem me ajudado muito e eu só tenho a agradecer a ele. – ela sorriu para Archie. O homem estava orgulhoso de Regina, ela crescera muito desde que começara a fazer terapia – Creio que se estão aqui é porque confiam em mim. É porque acreditam que as pessoas podem se arrepender e mudar. Obrigada por terem vindo. Mesmo. Vocês não sabem o quanto estou feliz por isso. E obrigada por permitirem que minha mãe e eu façamos parte dessa família. Sei que muitos de vocês devem estar fazendo isso pelo Henry, mas agradeço mesmo assim.

Ela sorriu e algumas pessoas sorriram também, tocadas pelas palavras da mulher. Ela não podia estar fingindo e Emma sabia disso. Regina dissera a verdade, suas palavras foram sinceras.

– Quer dizer alguma coisa, mamãe? – ela perguntou e Cora assentiu, um tanto sem graça.

– Eu só gostaria de dizer... que também me arrependo pelas coisas que eu fiz. As pessoas que eu machuquei, toda a dor que causei... hoje sei que jamais teria feito aquelas coisas se estivesse com meu coração no lugar. Eu era, literalmente, sem coração – algumas pessoas deram risadinhas – Mas minha Regina e meu neto Henry foram as melhores coisas que já me aconteceram e agradeço por tê-los em minha vida. Sei que perdão não existe para o que fiz, mas agradeço por fazer parte dessa família.

– Mas nós a perdoamos, Cora – Branca se apressou a dizer – Você e Regina... Vocês reconheceram que estavam erradas e se arrependeram e eu admiro o esforço que fizeram para mudar. Não tem sido fácil pra nenhum de nós, mas é assim a vida. Olhem... talvez eu tenha odiado vocês algumas vezes... sim, eu admito que as odiei, então devo também pedir desculpas. Mas vocês agora são da família e sei que amam o Henry. Todos amamos, não é mesmo? E ele também ama vocês. Sei que fizeram tudo isso por ele. Vocês lutaram por ele e agora mudaram por ele. Nós é que temos que agradecer, por vocês terem mudado pra melhor...

– Obrigada, Branca! – Regina abriu um sorriso e estava com lágrimas nos olhos. Ela se voltou para Henry – Quer dizer algo, querido?

– Que bom que pararam de brigar! – foi o que o garoto disse, fazendo todos rirem.

– Bom, aproveitem o jantar – disse a prefeita, ainda rindo.

A campainha tocou e Regina levantou-se para atender. Escutaram quando ela cumprimentou Graham, dizendo que estava feliz por vê-lo e ele se desculpou pelo atraso.

– Boa noite! – ele cumprimentou, quando chegou à sala de jantar.

– Pensei que não viria – disse Henry.

– Ah, acabei por me atrasar – Graham falou – Um dos cães do abrigo de animais fugiu e tive que ir atrás dele.

Graham acabou indo se sentar ao lado de Emma e, automaticamente, Vovó, Anita, Ruby, Mary, Tink e Belle lhe lançaram sorrisos marotos. A Xerife enrubesceu e Belle soltou um risinho.

– O que foi? – perguntou Gold, servindo-se de uma porção de batatas assadas. Ele olhou na direção que Belle olhava e então entendeu – Ah... parece que a Xerife ficou um pouco sem graça.

– Você não acha que eles combinam? – perguntou Mary, sentada ao lado de Gold.

– Combinam sim, mas acho que seu marido não tem a mesma opinião – Gold riu ao ver a cara de Encantado. O príncipe não desgrudava os olhos de Emma, que estava muito quieta e evitava olhar Graham.

Branca riu e continuou a se servir. Vovó já se servira de tudo o que parecia apetitoso, mas ainda estava hesitando em comer.

– Coma primeiro – ela disse a Killian, ao lado dela – Preciso saber se está envenenado.

O homem arqueou a sobrancelha, divertido. A Vovó amava provocá-lo, mas ele sabia que ela só o fazia porque o adorava demais.

– E por que a senhora não nos dá a honra de ser a primeira a comer? – Killian brincou - Veja pelo lado bom, já está velha mesmo, ninguém vai sentir sua falta...

– Killian! – Ruby ralhou, mas a Vovó estava rindo.

– Você ia sentir minha falta, seu metido – ela disse.

– Ia mesmo, velha coroca!

– Vocês se amam, hein? – Ruby riu e os outros dois se entreolharam e começaram a rir também.

– Ah, minha filha, tenho que admitir, você acabou por encontrar um belo exemplar de marido – disse a idosa, cutucando a lasanha em seu prato, como se quisesse ver se a comida estava boa.

– Obrigado, eu sei que sou lindo – Killian sorriu convencido.

A comida não estava envenenada, pelo contrário, estava deliciosa. Havia rosbife, carne assada, batatas, arroz de forno, salmão grelhado, saladas e frango empanado. Também havia vinho tinto e suco de laranja.

Neal, sentado na outra ponta da mesa, lançava olhares de esguelha a Emma e Graham. Ele parecia enciumado, apesar de ter uma noiva. Cora e Regina conversavam com Henry. Will, Belle e Tink falavam sobre a gravidez desta última. Emma conversava com Archie. Gold, Mary e Encantado falavam sobre os feijões mágicos. Anita puxou papo com Neal, perguntando-lhe sobre sua vida em Nova Iorque. Vovó fazia comentários engraçados sobre a comida e Killian ria dela. Regina acabou por perguntar a Tinker Bell sobre sua gravidez e ela ficou toda feliz por falar do assunto.

– Ai, eu quero tanto que seja uma menina. Vai se chamar Raquel.

– É mesmo, não é, amor? Uma menininha fofa que nem você. – Will lhe apertou a bochecha – Mas temos que pensar na possibilidade de ser um menino.

– Não sabia que fadas podiam engravidar – comentou Regina, partindo um pedaço do rosbife.

– Eu também não sabia – falou Tink – Foi uma surpresa e tanto.

– Olha só isso, é salmão! – a Vovó se serviu de uma porção do salmão grelhado – Vocês tem ideia do quanto isso é caro?

– A senhora não devia comer tanto – Killian deu uma garfada no purê de batatas – Velhas não devem encher a barriga a esta hora da noite.

– Ora, pois eu vou aproveitar – ela respondeu – Não é todo dia que se come na casa dos ricos.

Killian riu.

– Você devia levar uma marmita pra casa, garanto que a Regina não vai se importar.

– Parem vocês dois – Ruby ria das gracinhas dos dois – Eu vou acabar molhando as calças.

– Você não me contou quase nada sobre seu pai, Henry – disse Regina, em voz alta – Com o que trabalha, senhor Cassidy?

– Oh, por favor, me chame de Neal – ele pediu – Sabe, é uma pergunta um tanto difícil de responder... porque eu não tenho um emprego fixo, vivo fazendo bicos...

Emma balançou a cabeça. Mentiroso. Um ladrão ia sempre ser um ladrão. Henry lançou um olhar de cumplicidade à Emma. Regina não precisava saber que Neal não tinha um emprego. Felizmente, Henry perdoara Emma por ter lhe dito que seu pai morrera. Embora o garoto quisesse que seus pais voltassem a ficar juntos, sabia que a mãe jamais amaria Neal como já havia amado. E além disso Neal tinha uma noiva.

– Suponho que a vida em Nova Iorque deva ser bem agitada – disse Regina, ao que Neal concordou.

Emma tentava agir naturalmente, como se o cara que ela gostava não estivesse bem ao seu lado e como se seu ex não estivesse sentado na mesma mesa. Ela acabou por esbarrar a mão em sua taça de vinho, que virou-se e molhou Graham.

– Ah meu Deus, me desculpe!

– Tudo bem, não foi nada – ele se levantou. O vinho molhara a barra de sua blusa e havia alguns respingos na calça jeans.

– Me desculpe, eu...

– Emma, está tudo bem! Me dêem licença, preciso ir ao banheiro – ele disse e caminhou até o banheiro. Emma balbuciou que ia ajudá-lo com a mancha e se levantou, indo atrás dele.

– Aqui, me deixe limpar isso – ela ligou a torneira e tentou limpar a mancha na blusa do homem, mas suas mãos tremiam.

– Emma...

– Sinto muito por isso. – ela esfregava a mancha - Acho que não vai sair.

– Emma! – ele segurou as mãos dela e a Xerife ergueu os olhos para olhá-lo – Por que está tão nervosa? É por causa dele?

– Já disse que Neal e eu não temos nada – ela desviou o olhar e soltou suas mãos, depois desligou a torneira.

– Por que está tremendo?

– Estou com frio, só isso...

– Emma... você está nervosa por minha causa?

Ela o encarou. Maldito caçador! Isto era tão perceptível assim? É claro que ela estava nervosa por causa dele. Sentia-se como uma adolescente boba, que enrubescia quando via o garoto de que gostava e que tremia e gaguejava quando estava perto dele. Ela não respondeu. Queria fugir pra bem longe e se esconder.

– É por isso que sempre foge de mim? – ele perguntou, encarando-a – É por isso que me evita tanto? Eu te deixo nervosa?

– Eu...

– Aquele dia você não me deu uma resposta – Graham continuou – Eu te pedi uma chance, mas você não disse nada. É porque ainda o ama? – Emma hesitou e Graham, embora impaciente, entendeu que a mulher não queria magoá-lo - Pode falar, eu vou entender.

– Não... Eu não... eu não amo o Neal...

– Então o problema sou eu... Você não quer nada comigo por causa da Regina. Nós não temos mais nada, Emma.

– Graham, não é nada disso...

– Eu só vim a esse jantar por sua causa – ele disse e Emma o encarou, sem saber o que dizer – Henry insistiu pra que eu viesse, mas eu ia desapontar o garoto. Não fui atrás de cachorro nenhum. Eu não ia vir, Emma, mas mudei de ideia porque sabia que estaria aqui. Eu vim por você.

– Graham...

– E estou tentando chamar sua atenção desde que cheguei aqui, mas você simplesmente me ignora. Eu afeto você, não é? Por isso tem me evitado.

Silêncio. Ouviram as conversas que vinham da sala de jantar e o som dos talheres. A casa inteira cheirava a coisa assada. Emma encarava o chão e Graham a olhava, esperando que ela dissesse algo.

– Aquele beijo significou algo pra você? – ele perguntou e Emma soltou a respiração pela boca, tentando se acalmar – Se disser que não, eu te deixo em paz. Apenas me diga a verdade. Você sentiu alguma coisa?

Mais alguns segundos se passaram sem que Emma dissesse nada. Ela se lembrou do que todas as mulheres de sua família tinham dito. Era hora de se apaixonar de novo, como dissera sua mãe. Ela não devia sempre achar que todo homem ia machucá-la como Neal fizera. Ruby lhe contara como se sentira sobre Killian no começo: insegura e amedrontada. Chapeuzinho amara Gancho desde o início, mas tinha medo de se apaixonar porque ele era um pirata. Emma agora sabia que Ruby estava certa, ela estava insegura com relação a Graham e tinha medo de se apaixonar. “Você não pode se fechar pra sempre, Emma”, a voz de Mary Margaret lhe veio à cabeça “Talvez seja hora de derrubar esse muro que construiu pra se proteger. Apaixone-se! Você merece isso”.

Devido ao silêncio da Xerife, Graham entendeu que ela não sentia nada por ele. Ele apenas abaixou a cabeça, triste, e ia fazendo seu caminho pra fora do banheiro. Emma, porém, acabou por reagir.

– Espera! – ela se virou para olhá-lo – Significou sim, eu admito!

Graham sorriu e Emma continuou.

– Quando você sumiu, eu chorei escondido por horas. Tudo o que eu queria era que você aparecesse, que apenas tivesse se perdido na floresta, ou que estivesse fugindo da Regina. – lágrimas se formaram nos olhos dela – Pensei que a dor ia diminuir com o tempo, mas não diminuiu. E novamente eu tive que aprender a viver sozinha, sem ninguém pra preencher o vazio. E então você apareceu e eu fiquei com medo... medo de que pudesse sumir de novo, medo de que algo lhe acontecesse e eu nunca mais o visse... – ela enxugou as lágrimas – Você me afeta, Graham, e eu tenho medo de me apaixonar ainda mais. E não queria que me visse tão vulnerável, mas...

Graham não esperou que ela terminasse, apenas se aproximou e a puxou para um beijo. Não importava que estivessem no banheiro luxuoso de Regina e também não importava que os pais de Emma e o ex dela estivessem por perto. Aquela mulher nunca mais ia fugir dele.

– Não estão demorando? – Branca comentou baixinho.

– Talvez tenham se acertado – disse Belle.

Regina não parecia se importar que os dois estivessem juntos no banheiro, já que ela nunca amara Graham. Ia ser sempre solitária. Homem nenhum poderia substituir Daniel.

Emma voltou e sentou-se como se nada tivesse acontecido. Graham veio em seguida e parecia bem feliz. Mary lançou à filha um olhar maroto, já imaginando que os dois tinham se beijado. Emma enrubesceu, mas voltou sua atenção à comida.

Tiveram sorvete e pudim como sobremesa. Depois as moças ajudaram Regina a lavar a louça, embora ela dissesse que não precisava. Engataram uma conversa animada e comentaram como a casa de Regina era bonita. Ela agradeceu e disse que estava muito feliz por finalmente terem parado de brigar.

– Sabem de uma coisa? – falou Ruby, guardando os talheres – Devíamos fazer a noite das garotas.

– É mesmo, podíamos ir ao The Rabbit Hole – concordou Tink.

– Mas só se a Regina for também - Branca enxugava os pratos – Ela pode até arrumar um namorado.

As outras riram e Regina ficou envergonhada.

– Ah, parem com isso – ela riu – Eu nunca vou me apaixonar de novo.

– Oh, Regina, não pode pensar assim – Branca parou o que fazia – Sei que foi um erro ter dito a Cora sobre o Daniel, mas é hora de superar isso. Você pode amar de novo.

– Não sei se consigo.

– Consegue sim e vamos ajudá-la. – Tinker Bell falou. Ela lembrava-se bem de como já tentara ajudar Regina, roubando o pó de fada da Fada Azul. O pó revelara a alma gêmea de Regina, um homem com tatuagem de leão, mas a Rainha ficara com medo e não o procurara. Talvez ele tivesse vindo com a maldição, bastava que o procurassem.

– Você pode namorar o Archie – Ruby brincou.

– Eu não vou namorar meu psicólogo, ele é tão... ele é um grilo!

Elas gargalharam.

– O que é que elas tanto falam? – perguntou David, sentado no quarto de Henry. Os homens se revezavam pra jogar videogame com o garoto e escutavam as risadas das mulheres na cozinha.

– Coisas de mulher – falou Henry, concentrado no jogo – Vocês não acham que o jantar foi um máximo?

– É, foi sim, garoto – David perdeu pra Henry, num jogo de luta – Droga! Quem é o próximo? Já estou cansado de perder.

– Você é muito ruim, vovô.

– Ah, fazer o quê, só sei lutar na vida real.

– Quer jogar, Killian? – o garoto perguntou, ao que Killian arqueou as sobrancelhas.

– Quer me explicar como vou jogar com uma mão só?

Todos riram.

– Cadê seu gancho? – perguntou Will.

– O que você acha? Ruby me proibiu de vir com ele.

Archie entrou no quarto, estivera conversando com Cora, Anita e Vovó.

– Ei, Archie, o que é que as garotas tanto falam? – Will perguntou, curioso.

– Estão planejando uma noite de garotas. Estou gostando de ver como a Regina está se dando bem com elas.

– Devíamos fazer uma noite de homens – disse Henry.

– E o que íamos fazer? – perguntou Will - Beber e jogar videogame?

Na sala de estar, Anita e Vovó conversavam com Cora. Vovó até que simpatizara com “as bruxas” e parara de reclamar tanto. Enquanto isso, Graham e Emma tinham escapado para o quintal e estavam aos beijos.

– Emma...

– Hum?

– Isto é sério, não é? Você não vai fugir depois, como se nada tivesse acontecido, vai?

– Não, não vou – ela sorriu – Mas preciso de um tempo pra entender isso e... e eu não sei como Henry vai reagir.

– Henry aprova – Graham também sorriu – Ele sabe que tem algo rolando, Emma, foi por isso que ele me convidou.

– Ah – ela riu – aquele espertinho!

– Mas eu entendo se precisar de um tempo, e não vou me importar se quiser continuar me encontrando às escondidas.

Ela assentiu, depois se encolheu dentro do casaco.

– Devíamos entrar, está tão frio!

Separaram-se e Emma tentou manter uma expressão neutra quando voltou à cozinha. Não adiantou. Belle, Tink, Ruby e Mary logo notaram que algo acontecera e abordaram Emma com perguntas. Felizmente Regina não estava por perto, ou Emma teria ficado mais constrangida ainda por ter beijado o ex da prefeita.

– Nós vimos que você escapou – disse Tink, toda assanhada – E aí, o que aconteceu? Conta! Conta!

– Não aconteceu nada...

– É claro que não, vocês demoraram tanto no banheiro... – Ruby riu.

– E depois simplesmente sumiram achando que ninguém ia notar – disse Belle

– Sabe que pode nos contar, Emma, somos sua família – Mary tomou as mãos da filha entre as suas.

As quatro a encaravam e a Xerife ficava cada vez mais constrangida, mas acabou por confessar.

– Foi só um beijo...

– Eu sabia! – exclamou Mary e as outras riram quando Emma enrubesceu.

– Garotas – Graham apareceu na porta da cozinha e Emma ficou mais vermelha do que um tomate – só queria dizer boa noite. Foi uma honra passar esse tempo com vocês.

Graham foi embora e Emma não teve mais sossego.

– Na verdade ele quis dizer: foi uma honra passar um tempo com a Emma – falou Chapeuzinho e as outras riram.

– Devia ver sua cara – disse Tink – Está mais vermelha do que um pimentão.

Aquela, sem dúvida, fora uma noite divertida. Regina insistiu pra que ficassem mais um pouco, mas já era tarde e todos estavam cansados. Henry foi pra casa com Emma e os avós e Ruby e Killian caminharam com Tink e Will para casa.

– Sabem, a Regina até que é divertida – comentou Ruby, encolhida em seu casaco e agarrada ao braço de Gancho.

– Eu não esperava isso dela – disse Will – E que história é essa de noite de garotas? Vocês já não são muito grandinhas pra isso?

– Ah, nos deixe em paz, Will – Tinker Bell bocejou – Precisamos nos divertir um pouco e além disso a Regina precisa arrumar um namorado. Coitada, é tão solitária...

– Tanto faz... Não pense que eu vou tirar os olhos da senhorita, aliás, o Killian também não vai deixar a dona Ruby sair de casa. Devo lembrá-las de que são mulheres casadas e grávidas?

– Conhecem algo chamado livre arbítrio? – perguntou Ruby, olhando de Will para Killian – Nós somos livres para fazermos o que quisermos, então sim, queridos, nós iremos sair.

– Quer vocês queiram, ou não – completou Tink.

– Ah, isso é o que nós vamos ver! – exclamou Killian.

– Vai fazer o quê? Me trancar em casa? – Chapeuzinho o desafiou.

– Se for necessário...

E continuaram a discutir pela rua.

(1) Créditos a KrissJonesS


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Notas finais do capítulo

Katherine:http://www.ligadanasdicas.com/wp-content/uploads/2013/05/Katherine-Pierce-11.png
Não sei se acharam graça desse jantar, mas eu ri muito enquanto escrevia. Espero que tenham gostado. Até a próxima!



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