Como Irritar Um Capitão Pirata escrita por Mrs Jones


Capítulo 4
Capítulo 3 - Provoque-o/Fique bêbada


Notas iniciais do capítulo

Estou muito feliz por estarem lendo! Peço desculpas pela demora, mas vcs sabem como é a volta às aulas, é uma loucura! rsrsrs Agradeço a Ingrid Honorato pela recomendação. Este cap é dedicado a vc Ingrid. Obrigada a todas e espero que gostem.



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Durante dois dias eles navegaram sem parar. Tudo o que Ruby via era o mar e o céu e algumas gaivotas ao longe. De volta ao seu trabalho na cozinha, ela se esforçava para aprender a cozinhar, mas não estava tendo sucesso. No dia anterior ela quase causara um incêndio no navio quando uma das panelas começou a pegar fogo. A cozinha logo estava tomada por uma espessa fumaça e a princesa e o cozinheiro tiveram de sair correndo antes que morressem asfixiados. Felizmente o fogo foi logo apagado, mas Ruby não se livrou do sermão do Capitão. Não havia nenhum outro serviço que ela pudesse fazer sem que causasse uma catástrofe.  

- Será que não há nada que você saiba fazer sem causar confusão? Você é um desastre ambulante... – bradou o Capitão.

- Na verdade há sim, Capitão. Sou uma princesa muitíssimo educada; sei escrever cartas formais, sou fluente em três línguas e, além disso, sei costurar.

- Ah! Está aí algo que você pode fazer. – E o Capitão acabou levando-a a sua cabine. Ruby estava se perguntando o que é que deveria fazer e imaginou que fosse escrever cartas ou algo assim, mas na verdade, o Capitão lhe deu uma pilha de roupas que deveriam ser costuradas.

- Ele só pode estar brincando comigo... – ela resmungou consigo mesma. Estava sozinha na cabine do Capitão, sentada em seu luxuoso tapete (que certamente havia sido roubado) enquanto costurava suas roupas desgastadas. A cabine não era provida de muitos móveis; havia apenas uma cama grande e macia, o tapete, uma mesa lotada de papéis, uma cadeira e um armário grande. Ela não pode deixar de pensar o quão o Capitão era injusto: enquanto ele se deitava ali, numa cama confortável e espaçosa, ela e os marujos eram obrigados a dormir em redes no andar de baixo.

Depois de sua noite no porão, ela desejou ter um lugar menos sombrio e imundo para repousar, então acabou indo dormir no meio dos piratas. Cada um tinha sua própria rede e por sorte, havia uma sobrando para ela. Era confortável, mas os piratas fediam e alguns roncavam alto, de forma que ela não conseguia dormir. Ela bem tentara convencer o Capitão de que não seria bom que ela dormisse ali, e se algum dos homens tentasse abusar dela enquanto dormia?

- Então você não conhece as regras dos piratas? Nossa lei é muito severa quanto a isso, senhorita. Um homem que desrespeita uma mulher sem seu consentimento merece a morte...

Depois disso ela ficara mais tranqüila. Nenhum homem em sã consciência tentaria se aproveitar dela.  Mas como era injusto aquele Capitão. E como se não bastasse tudo o que ela passara naqueles três dias, ainda era obrigada a costurar as roupas dele, quando na verdade ela mesma estava se sentindo um trapo. Há três dias não tomava banho e nem trocara de roupa e sequer penteara seus cabelos... uma princesa não devia se portar daquela maneira. Mas quando ela questionara o Capitão, querendo saber quando é que poderia tomar um banho, ele rira na cara dela.

- Nós não tomamos banho, minha querida... – ele dissera. E ela sequer teve a coragem de perguntar como faziam suas necessidades. Acabou por descobrir que eles usavam penicos e atiravam os resíduos no mar. Não tomar banho era até aceitável, mas atirar seus detritos no mar era nojento! Agora ela sabia por que o Capitão usava tanto perfume.

Enquanto costurava, ela pensava o quanto sua vida mudara em tão pouco tempo. Estava acostumada a andar de carruagem e passar o dia todo experimentando roupas e maquiagens, sempre se queixando por não ter encontrado alguém que amasse e dizendo que sua vida era muito previsível. Tinha um quarto espaçoso, uma cama grande e confortável, e maquiagens e vestidos caros e as mais belas jóias. Mas agora era refém de piratas, estava sempre trabalhando e aprendendo coisas novas, dormia entre os homens, lidava com o gênio forte do Capitão e só tinha a roupa do corpo. O destino tinha um maravilhoso senso de humor! Mas ela não devia reclamar, ao menos sua vida havia sido poupada.

- Bem, princesa, agora que encontramos algo que sabe fazer, certamente não devo mais me preocupar – o Capitão apareceu na cabine. Sentou-se à mesa e pôs-se a fazer anotações. Ruby não respondeu nada, mas presumiu que ele tivesse um diário onde narrava suas aventuras, e se perguntou se talvez estaria naquele diário. Certamente havia sido descrita como uma princesa rica e bonita, mas que era boba e só causava desastres por onde passava.

- Certamente o senhor tem um diário? – ela perguntou enquanto manuseava a agulha com destreza.

- Certamente que sim – ele respondeu sem sequer notar que ela usara a palavra proibida.

- Eu estava me perguntando se estou nele...

- Mas é claro que está! Afinal não é sempre que se encontra uma princesa por aí.

- O senhor já viveu muitas aventuras, não é?  

- Algumas... Mas que é que eu disse a você sobre usar esta palavra? – seu tom era de repreensão, mas ele não parecia estar bravo. – Nunca aprende, não é, senhorita?

- E o senhor nunca me chama pelo nome, Capitão...

- Eu sequer sei o seu nome...

- Ora, isso é porque não perguntou, senhor Killian Jones.

Ele parou por um momento, como que se perguntando como é que ela sabia seu nome, então apenas disse:

- Então você sabe o meu nome, mas eu não sei o seu. Estou em desvantagem!

Aquilo estava sendo o mais próximo de uma conversa amigável com o Capitão. O cozinheiro havia lhe dito que Killian Jones era um homem muito bom e justo, mas que sabia ser muito mau quando queria. Então bastava que ela fosse boazinha para que o Capitão fosse legal com ela? Céus, aquilo ia ser difícil... ela não resistia em provocá-lo!

- Ruby - ela disse.

- O quê? - O Capitão olhou para ela sem entender.

- Meu nome... Ruby!

- Ah! Certo, senhorita Ruby. Agora estamos quites. - e voltou às suas anotações.

À hora do almoço eles tiveram uma refeição simples que consistia em carne de tartaruga. Ruby achou uma maldade matar o bichinho apenas para consumir lhe a carne, mas o cozinheiro lhe explicara que era assim que sobreviviam no mar.

- Você não vai gostar nada dos biscoitos duros que somos obrigados a comer quando não há comida. E é por isso que agradecemos por ter carne boa na mesa. Acredite, Princesa, as coisas não ficam nada boas quando temos de economizar água e comida. - e depois disso ela só podia ficar agradecida por ainda ter o que comer. A hora da refeição era uma das mais animadas no navio, os piratas enchiam suas canecas e só não ficavam bêbados porque precisavam trabalhar. A essa altura eles já estavam acostumados a ter uma princesa a bordo, e muitos conseguiam ser mais simpáticos com ela, numa tentativa de esquecer o incidente da pimenta.

- Venha beber conosco, Princesa - o Sr. Smee a chamou. Ele era o braço direito do Capitão.

- Eu não bebo... - ela ia dizendo, mas o homem logo lhe passou uma caneca de rum. A bebida era de um cheiro suave e bastou um gole para que ela ficasse um pouco tonta, era verdade que Ruby nunca tivera um bom estômago para bebidas. Mas apesar disso ela esvaziou a caneca, e agora entendia por que os piratas apreciavam tanto o rum, era até melhor do que vinho.

-Vá com calma, Princesa - o cozinheiro advertiu, e com razão, pois segundos depois ela foi se levantar e sentiu uma terrível tontura. Tudo escureceu e ela sentiu que estava caindo, mas antes que batesse no chão alguém a segurou. Ela apenas sentiu seu perfume e seus braços fortes a segurando.

- Você está bem? - e ela ouviu a voz sexy do Capitão bem próxima de seu ouvido.

- Estou... foi só uma tontura...

- Vá se deitar! - ele ainda a amparava. Ruby nem teve tempo de entender o que estava acontecendo, o Capitão simplesmente a pegou no colo e a levou para o andar de baixo, onde ela foi deitar-se em sua rede. E ela acabou por dormir, embalada pelo balanço do navio e cansada demais para pensar em qualquer coisa.

Depois de algumas horas, o navio atracou. Ruby não sabia o que estava acontecendo, mas acabou subindo ao convés. Já era noite e os piratas provavelmente estavam indo se divertir.

- Aonde é que vocês estão indo? - ela perguntou ao Sr. Smee.

- Vamos curtir a noite, senhorita. Há muita mulher e bebida por aí...

Estavam no porto de uma cidade. Todos foram beber na taberna, menos o Capitão. Ruby não estava interessada em sair e ser vista com piratas, mas também não queria ficar ali sozinha com Killian. No entanto, aquela era uma ótima oportunidade de provocar o Capitão.

- Por que o senhor não foi com eles? - ele fez cara feia ao ser chamado de senhor, mas acabou por responder.

- Simplesmente por ter que cuidar de você, Princesa.

Os dois estavam no convés. O Capitão encostara-se ao mastro e observava o céu. Ruby o observava pelo canto dos olhos.

- E não quis ir para a cama com as prostitutas? - Killian ficou surpreso por uma princesa estar falando daquela maneira, mas sabia que ela o estava fazendo para provocar.

- Não há forma mais sutil de perguntar isso, Princesa? Onde estão seus modos? - mas ele parecia estar se divertindo.

- Meus modos ficaram para trás quando o senhor me seqüestrou... E você não respondeu minha pergunta.

O Capitão não conseguiu refrear uma gargalhada.

- E o que a faz pensar que eu passaria a noite com uma prostituta?

- Ora, é algo que um pirata faria, não é? Além do mais, quanto tempo faz que o senhor não se diverte com as mulheres?

Killian se aproximou, aquela conversa estava a ficar interessante.

- Realmente é algo que eu faria, mas não hoje. E já que perguntou, Princesa, faz mesmo muito tempo que não me divirto... – Ruby logo notou o que o Capitão queria dizer, então ele planejava se divertir com ela? Ele se aproximou ainda mais até que seus corpos ficaram praticamente colados e ela não pode evitar encarar aqueles profundos olhos azuis.

- Então o senhor devia mesmo procurar um bordel. – ela disse antes que pudesse refrear as palavras.  Ele sorriu.

- Você não resiste em me provocar, não é?

- É bastante divertido!

Killian riu e se afastou.

- Bem, Princesa, acho que devíamos aproveitar a noite... Eu quero dizer, é claro que não vou procurar uma prostituta, mas devíamos ir beber...

- De jeito nenhum! Eu não vou sair assim...

- Você está ótima! Precisa apenas de sapatos. – e foi assim que Killian lhe devolveu seus sapatos e juntos foram a uma das tabernas mais próximas.

Todos os marujos de Killian Jones estavam lá – eram mais ou menos cinquenta homens – e se divertiam gastando todo seu dinheiro em bebidas e jogos. Alguns ficaram surpresos por Ruby estar numa taberna, aquilo não era coisa que uma princesa normalmente faria. E apesar de lá haverem belas mulheres, o Capitão não se interessou por nenhuma.

- Olá bonitão – uma delas se aproximou da mesa – quer se divertir conosco?

- Talvez mais tarde... – ele a ignorou, preferindo gastar seu dinheiro em bebidas. Ruby não estava gostando daquele lugar, mas não disse nada ao Capitão. Killian e Smee começaram a beber canecas e mais canecas de rum, e Smee notou que a princesa estava entediada.

- Anime-se, Princesa... Tome um pouco disso.

- Que é isso?

- Cerveja, e das boas.

- Ela não agüenta nem rum, não vai agüentar cerveja. – o Capitão comentou, mas Ruby virou a caneca e bebeu todo o conteúdo. Smee riu e Ruby não parou por aí. Depois de três rodadas de cerveja, ela estava completamente bêbada. Começou a ficar “alegre” e insistia em dançar com o Capitão.

- Vamos Capitão! Vamos ser felizes esta noite! – ela ria. Killian já estava começando a se irritar, mas ela não desistia.

- Você está completamente bêbada, não devia ter trago você aqui. Vamos embora, Princesa.

- Não! Eu quero dançar! Dance comigo, Capitão...

Mas ele apenas a arrastou de volta ao navio. Ela não calou a boca por um minuto, ficou dizendo bobagens por todo o caminho da taberna até o porto, e mal conseguia se equilibrar. E então ela apagou, e quando acordou na manhã seguinte, não se lembrou de nada da noite anterior...


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