Como Irritar Um Capitão Pirata escrita por Mrs Jones


Capítulo 22
Capítulo 18 - Vendida


Notas iniciais do capítulo

Olá meninas. Voltei! Eu não gostei muito desse capítulo, achei que poderia ter feito melhor, mas espero que gostem pelo menos um pouco rs.
Vocês viram Once essa semana? Eu esperava mais desse episódio, já que eles iam salvar o Henry, esperava mais ação. E o Hook quase não teve muitas falas.
Quero agradecer todos os comentários do outro capítulo, fiquei muito feliz e sorrindo igual boba com seus elogios rsrs Também quero agradecer a recomendação que a Mary deixou. Obrigada, flor



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Capítulo 18 – Vendida

– Quê? Não. Não, ele não fez isso... ele não fez, não fez...

– Princesa, acalme-se.

– É MENTIRA! VOCÊS TODOS QUEREM DIFAMAR O NOME DO MEU PAI. APOSTO QUE FOI AQUELE CAPITÃO QUE MANDOU VOCÊ CONTAR ESSA HISTÓRIA TODA!

Smee continuou com seu jeito tranqüilo:

– Acha mesmo que eu seria capaz de contar uma mentira dessas? Posso ser um pirata, mas ainda sou honesto, Princesa.

O estado de Ruby era de partir o coração, seus olhos estavam vermelhos e inchados por tanto chorar e ela soluçava de um jeito que estava deixando Smee triste. Ele queria pegá-la no colo e dizer que estava tudo bem, cuidar dela como se fosse sua filha, tratá-la do jeito que ela merecia.

– Eu sinto muito... – ele disse enquanto Ruby soluçava com a cabeça apoiada nos joelhos. Smee sentou-se ao lado da Princesa e começou a consolá-la.

– Por que ele fez isso comigo, Smee? Meu próprio pai... ele... ele não me ama? Por que fez isso? Eu não entendo...

– Parece que ele só pensa nele mesmo agora, Princesa – Smee suspirou – Mas ele realmente te amava. Ele não permitiu que o Capitão levasse você quando era menor.

– Isso não importa... se ele me amasse de verdade não teria me vendido a piratas...

Houve uma movimentação nas folhas ali perto e o Capitão veio caminhando devagar. Quando viu o estado em que a Princesa estava, seu coração se partiu em tristeza e arrependimento. Ela não o olhou e Smee e o Capitão trocaram um olhar.

– Eu preciso falar com ela. – disse o Capitão e Smee balançou a cabeça.

– Talvez não seja um bom momento, Capitão...

– Smee...

Smee suspirou e voltou à praia e o Capitão se sentou um pouco à distância, pensando no que iria dizer à Princesa. Depois de longos minutos em que Ruby apenas chorava em silêncio e o Capitão sofria com o sofrimento dela, Killian finalmente falou:

– Eu sinto muito. O que eu fiz... sei que nunca irá me perdoar.

Ruby não respondeu, continuou com a cabeça apoiada nos joelhos, sem olhar para o Capitão.

– Eu estava com raiva do seu pai. Bem, ainda estou. E nunca vou poder perdoá-lo por ter tirado meu pai de mim. Mas eu não devia ter colocado você no meio de tudo isso, não dizia respeito a você. Eu fui... realmente fui um idiota...

Mais longos minutos de silêncio. O Capitão estava esperando que Ruby fosse fazer alguma coisa, que fosse gritar com ele como fizera mais cedo, ou fosse apenas dizer que o odiava e nunca iria perdoá-lo. Mas de fato, o silêncio dela era o que mais estava o machucando. Ele sabia que ela estava destruída por dentro – afinal, não era todo dia que a gente descobria os podres de nossos pais -, mas esperava que ela fosse dizer algo.

– Não vai falar nada? – ele suspirou depois de muito tempo.

– O que quer que eu diga? – ela respondeu com a voz embargada e fraca. Já não chorava mais, mas o inchaço em seu rosto ia demorar a sumir.

– Eu não sei. Só esperava ouvir sua voz...

Ela engoliu a vontade de chorar e então finalmente encarou o Capitão.

– Quanto foi?

A princípio o Capitão não entendeu a pergunta da Princesa, mas então descobriu que ela queria saber a quantia pela qual fora comprada.

– O suficiente para que ele ficasse livre das dívidas. Eu paguei muito por você, cerca de nove sacas cheias de ouro e joias.

– Por que? Por que me comprar?

– Porque tudo que eu mais queria era tirar você de seu pai, queria que ele sofresse como eu sofri. E eu... tinha planos para você. Mas parece que você não leu o diário todo. Foi um trato que nós fizemos, ele vendeu você em troca de eu não contar o que sabia.

– Quando é que planejava me contar?

– Quando fossemos embora da Terra do Nunca, como eu prometi a você.

– Ia mesmo me contar?

– É claro que sim. O único motivo por eu não ter contado antes, foi porque eu sabia que isso ia acabar com você. Eu não queria isso. Você não merece o pai que tem, mas não queria que descobrisse isso assim.

Ela começou a chorar novamente:

– O que eu vou fazer agora? – perguntou mais para si mesma do que para o Capitão. Ela botou as mãos no rosto e começou a se desesperar. E agora? O que ia ser dela?

– Eu vou te levar pra casa.

– Não! Não quero ir pra casa! – choramingou Ruby.

– Não quer? Mas... – O Capitão estava confuso. Ruby estava sempre o pressionando, pedindo para voltar para sua família, e agora ela simplesmente não queria isso mais. Ele entendia que o pai dela era um ordinário e traidor, mas talvez ela pudesse perdoá-lo.

– Acha mesmo que eu quero viver debaixo do mesmo teto que meu pai? Ele me traiu!

Killian não soube o que responder, apenas ficou lá olhando para ela e a Princesa subitamente disse algo que o surpreendeu.

– Eu vou ficar aqui!

– QUÊ? FICOU LOUCA?

– E o que quer que eu faça? – ela se levantou e botou as mãos na cintura – Não se pode confiar em você e nem no meu pai. Acho que Pan vai ficar feliz se eu lhe fizer companhia...

– Você vai embora comigo – o Capitão se aproximou da moça e o dois ficaram se encarando, ambos zangados demais um com o outro.

– Não, eu não vou.

– Ah vai sim. Você ainda é menor de idade, caso tenha se esquecido, e eu comprei você, sendo assim, sou responsável por você. – Killian explicou enquanto balançava o braço do gancho.

– Você não é meu dono!

– Tecnicamente, sim. O que significa, mocinha, que você vai comigo e pronto.

– Não vou! – ela bateu o pé, cruzou os braços e virou a cara.

– Não me faça amarrar você e levá-la arrastada...

–Sai daqui! Me deixa em paz! – ela deu as costas à Killian.

– Entendo que está chateada comigo, mas não pode viver aqui... Você não conhece o Pan...

– Vai embora!

– Está bem. Mas não faça nenhuma bobagem. Pelo menos leia o resto do diário – ele tirou o diário do bolso do casaco e o colocou em cima de uma pedra – E por favor, use a capa.

Ela escutou o Capitão se afastar e então pegou a capa vermelha – que atirara a um canto – e colocou a mesma sobre os ombros. Ela não queria ler mais nada do que o Capitão escrevera, não queria se arriscar a decepcionar-se ainda mais com ele. Ela se sentou quieta sob a sombra de uma árvore e ficou pensando. Escutou o som de um par de asas e então viu a Fada Azul vindo em sua direção.

***

– Coitadinha! Veja só o seu estado... – disse a fada, olhando-a penalizada.

– Você sabia, não é? Quando disse que tudo ia desabar? Você, Pan, a bruxa... todos sabiam menos eu...

A fada suspirou:

– Sim, eu sabia. Eu tentei ajudar seu pai, há muitos anos. Ele não tinha ideia do que estava fazendo.

– Pensei que vocês nunca saíssem desse lugar.

– Saímos sim, mas não todas nós, só aquelas em que Pan confia. Ajudamos a quem precisa e, bem... eu tentei ajudar o seu pai, mas ele recusou. Eu sinto muito, você não merece isso...

Ruby abaixou os olhos e evitou encarar a Fada Azul quando fez a próxima pergunta:

– E o Capitão, ele disse a verdade? Você sabe, sobre ter me comprado e todas as outras coisas?

– Receio que sim, Princesa. Infelizmente seu pai e o Capitão fizeram aquele acordo. E receio que o coração de Killian esteja se tornando negro... mas você pode salvá-lo...

– Eu não vou salvar ninguém. Ele fez suas escolhas, agora tem de arcar com as conseqüências.

– Talvez ele só precise de alguém que o lembre de que ele pode mudar. Não permita que ele volte a ser o que era antes. Você é a única que pode mostrar a ele o caminho do bem. – A fada sorriu e já ia levantando vôo quando Ruby a chamou de volta.

– Acha mesmo que ele sente algo por mim?

– Ele começou a mudar depois que você apareceu, não foi? Bem, o melhor jeito de descobrir isso é lendo o diário – a fada fez um gesto com sua varinha de condão e o diário de Killian veio flutuando até Ruby.

A Fada Azul voou veloz pela floresta e então a Princesa ficou novamente só. Ela ficou olhando o diário, tentando tomar coragem, quando sentiu que alguém se aproximava.

***

Primeiro ela ficou com medo, depois achou que os índios estavam vindo pegá-la e sozinha como estava, não ia saber como se defender. As folhas se mexeram ali perto e galhos foram partidos, então Peter Pan apareceu assustando a Princesa.

– Desculpe, não queria assustá-la. – ele disse quando Ruby soltou um gritinho.

– O que quer agora? – ela fechou a cara e cerrou os dentes.

– Nada, só acho que devia me agradecer. Agora que você sabe a verdade, talvez devesse ficar aqui por um tempo. – Peter se sentou numa pedra e lançou a ela aquele seu olhar presunçoso.

– Por que queria tanto que eu lesse esse diário? O que ganhou com isso? E por que quer tanto que eu fique aqui?

– Ei, uma coisa de cada vez. Então você não sabe? Você é uma crente e isso significa que é capaz de fazer coisas gloriosas para salvar aqueles que ama. Não acha que isso é poder demais? Juntos poderíamos fazer da Terra do Nunca um lugar melhor, mais poderoso...

– Vai dizer agora que também quer se casar comigo? – ela revirou os olhos e bufou.

– Não, é claro que não – Peter riu – Mas você poderia ser uma mãe para os meus meninos. E poderia governar a Terra do Nunca ao meu lado.

Ela pareceu ponderar a situação por uns minutos, mas então se lembrou que Pan não lhe respondera as outras duas perguntas.

– Você não me respondeu tudo. Por que queria que eu lesse esse diário?

– Pra que descobrisse a verdade sobre esse Capitão. Não deve acreditar nele, em tudo o que diz. Ele não se importa com ninguém além de ele mesmo. Acredite, Princesa, seu lugar não é naquele navio, mas num lugar em que pode se tornar poderosa e gloriosa.

Ela encarou o chão e então pensou por uns segundos até dizer:

– Eu preciso pensar.

Pan não gostou da resposta da Princesa, no entanto, não demonstrou isso. Ele fingiu ser compreensivo e então disse que havia um lugar em que ela poderia pensar melhor, sem que ninguém atrapalhasse...

***

– Aí está. A Caverna do Eco. Vá em frente, ninguém vai atrapalhá-la enquanto reflete. Eu mesmo costumo vir aqui e ficar a sós com meus pensamentos...

Ruby ficou desconfiada, mas Pan estava sendo tão simpático que ela achou que ele realmente queria que ela ficasse na Terra do Nunca. Bom, se ele estava mesmo dizendo que ela tinha um fabuloso poder interior, então talvez ela devesse ignorar o Capitão e ficar ali com Pan e os Meninos Perdidos.

– Me procure quando já tiver uma resposta – Pan sorriu e então foi embora assoviando. Ruby não pensou duas vezes e entrou na caverna.

Era frio, mas havia tochas nas paredes e isso dava uma boa iluminação. Ela não se afastou muito da entrada, temendo ficar perdida, já que a caverna parecia ser bem extensa. Ruby se sentou contra a parede e então respirou fundo, pronta para ler o que Gancho escrevera sobre ela. “Espero que você não me decepcione mais ainda”, ela pensou e então abriu o diário na data anterior ao dia em que fora seqüestrada:

Amanhã finalmente será o dia de minha vingança. O Rei prometeu colocar sua filha no caminho e então iremos pegá-la de surpresa quando estiver em mais um de seus passeios pela floresta.

Seu pai armara tudo. Ela se lembrou de como seu pai insistira para que ela fosse passear pela floresta. Quando Mary quis ir junto, o Rei pareceu preocupado, até mesmo insatisfeito com alguma coisa. Só agora ela conseguira entender, os piratas deviam pegá-la sozinha e Mary só tornara as coisas mais difíceis. Foi por isso então que o Capitão mandou Mary pra casa, dizendo que ela devia trazer seu pai para que eles fizessem um trato, e então eles simplesmente partiram sem esperar pelo Rei. Ruby achara mesmo que havia algo de errado, ela nunca entendera o fato de o Capitão a estar mantendo como prisioneira, quando poderia simplesmente ter conseguido uma bela quantia em ouro em troca de deixá-la ir.

Ela passou para a data do seqüestro e o Capitão tinha mudado sua opinião sobre ela, logo após escrever que ela parecia desonesta como o pai:

Talvez eu esteja enganado, mas ela não parece ser como o pai. Na verdade é só uma princesa desastrada, que não sabe nada da vida. Está arrumando uma confusão na cozinha e confesso que me diverti um pouco, não esperava que fosse ser assim. Eu estava planejando fazer dela minha escrava, ou mandá-la para o porão como aconteceu com nossa última prisioneira, mas alguma coisa em mim mudou. Não quero ser uma pessoa cruel.

Ela continuou lendo anotações do Capitão, que incluíam breves descrições sobre o que estava acontecendo no navio e como o Capitão estava lidando com o fato de ter uma princesa como prisioneira:

Ela decididamente sabe como irritar uma pessoa, encheu a comida de pimenta depois de eu dizer a ela que gosto de comida apimentada. Sei que fez isso apenas para provocar, e disse a ela que sei ser mau quando quero. Acho que ela não se deixou abalar por isso, parece até que não tem medo de mim e do que posso fazer a ela.

Smee disse que devo ter paciência, pois ela não está acostumada a viver entre tantos homens, ainda mais piratas. Fico pensando como teria sido se eu a tivesse trago quando ainda era uma criança, talvez Smee tivesse se apegado a ela, já que perdeu os filhos e a esposa.

Não sei o que pensar disso tudo, ela é diferente de todas as outras mulheres que já conheci e não posso me permitir me apaixonar por ela.

***

Achei que ela não seria muito útil na cozinha, então mandei que ela esfregasse o convés, já que aqueles marujos inúteis não fazem isso. Estava gostando de ver o modo como ela estava limpando o chão, completamente sem graça e ao mesmo tempo zangada com as brincadeiras dos marujos. Mesmo sendo feita de empregada, ela não perdeu a pose e isso me deixou admirado. É uma garota bonita, eu confesso. Talvez eu possa me aproveitar dela.

Mas o que me deixou mais zangado, foi que ela simplesmente virou um balde cheio d’água na minha cabeça, depois de se recusar a limpar o resto do convés. Não sei o que me deu, mas acabei levando-a para o porão e estava convencido em deixá-la por lá. Só que por alguma razão eu mudei de ideia. Não sei o que está acontecendo comigo, talvez eu esteja mudando.

***

Ela realmente é desastrada e causa confusão por onde passa, por pouco não causou um incêndio no meu navio e achei que seria melhor trancá-la no porão, assim não me causaria mais problemas. Eu não imaginava algo que ela pudesse fazer sem causar destruição, mas então a própria princesa me disse que sabia costurar e escrever cartas formais. Acabei levando-a até minha cabine e fiz com que costurasse minhas roupas.

Não estou acostumado com o fato de ela ter um nome. A senhorita Ruby Blanchard, aqui no meu navio é apenas tratada por Princesa ou senhorita e não acho que algum dia eu vá conseguir tratá-la de um jeito melhor.

Além de desastrada ela também é muito curiosa, atrevida e adora me irritar e provocar. Mas ao mesmo tempo percebo que ela é honesta, ao contrário do pai. Não demora muito e ela vai começar a apontar tudo de errado que acontece neste navio e não sei como vou agüentar uma garota metida a justiceira.

***

A cada dia que passa ela se parece menos com uma princesa. Hoje os marujos estavam bebendo e rindo à hora do almoço e Smee acabou incentivando a Princesa a beber. Ela ficou tonta e quase caiu, então mandei que fosse descansar. Eu realmente não sei o que está acontecendo comigo, pois depois disso eu fiquei surpreso comigo mesmo. Nunca tinha tratado uma mulher assim, e cá entre nós, eu não costumo ser simpático ou bondoso com elas, apenas cafajeste e sedutor. É, eu reconheço isso e muitas delas já ficaram de coração partido por terem se apaixonado por mim. Mas com a Princesa é diferente, não sei mais o que pensar...

***

Ontem à noite atracamos na aldeia de sempre e quando os marujos foram beber, a Princesa me perguntou se eu não iria com eles e até insinuou que eu devia procurar uma prostituta. Achei graça por ela estar falando assim, ela é uma menina meiga apesar de tudo e depois de constatar o quanto ela é diferente do pai, imagino que tenha sido bem educada pela mãe.

Não sei o que me deu na cabeça, mas acabei levando-a até a taberna e ela se divertiu até demais. Bebeu tanto que já estava a ponto de querer dançar comigo e por pouco não revelou ser uma princesa, já que começou a falar demais. Tive que trazê-la de volta para o navio antes que ela me colocasse em apuros.

Eu a comprei, mas seria embaraçoso explicar isso a quem suspeitasse que ela foi seqüestrada. Não gostaria de tratá-la como uma mercadoria, apesar de ter em mãos os papeis que garantem que ela é minha e posso fazer o que bem entender com ela.

Ela está dormindo na minha cama enquanto escrevo isso e não posso deixar de notar o quanto ela fica linda assim. Parece um anjo enquanto dorme e me arrependo por ter feito o que fiz. Acho que o mínimo que posso fazer é tratá-la bem, apesar de eu ficar muito zangado às vezes, sem saber por quê. Dizem que sou um coração de pedra, mas o que estou fazendo por essa menina mostra que não sou assim. Eu poderia ter feito coisas horríveis com a Princesa e não fiz.

***

Ela ficou brava comigo depois que joguei seu vestido fora, mas aquela coisa não servia mais para uso e não temos aqui uma lavanderia ou algo do tipo. Não pude deixar de a olhar com desejo quando vi como ela estava vestida: usava apenas as roupas íntimas e minha camisa favorita. Ela consegue ser sexy sem nem se esforçar para isso e estou começando a ser o cafajeste de sempre.

Smee está preocupado com o fato de eu poder me aproveitar dela se quiser, mas eu não farei isso, pelo menos não sem ela consentir. Logo ela vai se encantar por mim, por meu jeito sedutor, e não demora muito ela vai estar na palma da minha mão. Faz mesmo muito tempo que não tenho contato com mulheres, já até me esqueci de como elas são.

Ela tentou fugir e eu realmente fui estúpido por pensar que ela não o faria, já que ainda estamos atracados naquela aldeia. Por sorte eu a encontrei a tempo, e por pouco ela não foi violentada por um homem de aparência estranha. Eu lhe dei uma surra, afinal ninguém encosta na minha princesa.

Não fiquei zangado, apesar de ela ter tentado fugir, ela estava num estado tão frágil que eu fiquei com pena. Não costumo sentir essas coisas, mas não sei o que deu em mim. Acho que só não queria que algo de ruim acontecesse a ela.

***

Hoje nós conversamos como se fossemos velhos amigos. A Princesa é muito curiosa e fica o tempo todo falando e fazendo perguntas, distraindo meus marujos. Disse a ela que sossegasse e que viesse se sentar perto de mim, e então começamos a conversar. Contei a ela sobre minha família e ela começou a falar o quanto sou um Capitão injusto. Eu sabia que era questão de tempo até ela começar com algo do tipo.

Eu não sabia o que estava acontecendo comigo até agora. Descobri que estou me afeiçoando a ela e me surpreendi comigo mesmo. Ela é muito doce e fofa, não sei como resistir a esse seu jeito encantador. Dizem que estou diferente e eu mesmo notei isso. Desde que ela chegou aqui, notei que posso ser uma pessoa melhor, como minha mãe queria que eu fosse.

Neste exato minuto ela está me preparando um banho e acho que vou mandar que me faça uma massagem. Aos poucos ela ainda vai se apaixonar por mim, eu tenho certeza. Na verdade, não sei por que estou querendo que isso aconteça, mas quero ter a sensação de me sentir amado.

Eu não sei o que vai ser dela quando descobrir que foi vendida. Suponho que vá tentar fugir de mim, ou se matar, ou coisa pior, e não posso permitir isso.

***

Acabei de tomar um banho relaxante e me diverti provocando a princesa. Ela me fez uma massagem e não estou conseguindo resistir ao efeito que essa mulher está causando em mim. Ela é uma garota esperta e talvez seja de boa serventia no lugar para o qual estamos indo.

Depois de ter pago tanto por ela, eu realmente fiquei quebrado. Tem um tesouro com o qual eu sonho há muito tempo, e realmente acredito que dessa vez vou encontrá-lo. Há dias em que sonho com montanhas de moedas de ouro e joias, talvez seja um sinal de que vou achar o tesouro.

O Capitão demorara a escrever depois disso, pois quase não tivera tempo. A próxima data era justamente a do dia anterior, em que ela vira o Capitão escrevendo:

Estamos na Terra do Nunca e muita coisa aconteceu desde a última vez que eu escrevi. Vou tentar resumir tudo.

A Princesa encontrou o tesouro da Ilha das Tarântulas e eu fiquei muito feliz. Mas também perdi minha mão esquerda depois que fui picado por uma maldita aranha. Agora me apelidaram de Capitão Gancho, e a Princesa se diverte me chamando assim.

Nessas três semanas eu tenho mudado muito. Não sabia o que estava acontecendo até parar para pensar. É a Ruby que está me mudando e agora eu percebo isso. Ela é linda, esperta, honesta, generosa e meiga. Nunca conheci uma mulher que tivesse tantas qualidades e isso está mexendo comigo.

Nós estamos sempre brigando, mas há aqueles momentos em que nos damos bem. Nós nos beijamos na Ilha das Tarântulas e naquele momento eu não conseguia pensar em mais nada. Eu realmente gosto dela, ela me transmite coisas boas e assim eu acredito que posso mudar e ser um homem bom. Não demorou muito para que eu me afeiçoasse a ela.

Will resolveu entrar para a tripulação e eu ainda acho que algo aconteceu para que ele tomasse essa decisão, mas não tenho tempo de pensar nisso, não quando há tantas coisas acontecendo.

Eu acabei contando à Ruby algumas coisas que me aconteceram quando era mais novo, e ela foi muito compreensiva. Ela entendeu que eu não tive muita escolha ao me tornar pirata. E com isso contei a ela sobre o sumiço de meu pai, e consegui convencê-la a me ajudar a procurá-lo. Depois de ela ter encontrado o tesouro que eu tanto queria, não há duvidas de que ela é muito esperta e inteligente. Acredito que ela vai me ajudar com o meu pai, mas sei que ela vai sofrer quando souber toda a verdade.

Ruby tem me pressionado a lhe contar o verdadeiro motivo do seqüestro, ela sabe que eu não estava interessado em dinheiro e não sei como vou contar tudo a ela. Prometi que contaria a verdade assim que fossemos embora da Terra do Nunca, e então a levaria para casa. Ela concordou em me ajudar, foi uma espécie de trato que nós fizemos.

Mas também acabamos fazendo um acordo com uma bruxa, e vou ter que cumpri-lo, ou ela vai tirar de mim a coisa que eu mais amo.

Nesse tempo todo, eu descobri que estou me apaixonando por ela. Não sei como isso foi acontecer só agora, mas eu realmente acho que Ruby é a mulher certa pra mim. Não consigo tirar os olhos dela e a cada dia que passa fico mais encantado por essa princesa. Ela realmente não é como o pai, e me arrependo de ter descoberto isso só agora. Me arrependo por ter feito ela sofrer, quando na verdade o pai dela é quem merece isso.

Ele realmente estava apaixonado! Ruby sentiu seu coração bater mais rápido à medida que ela lia as coisas que o Capitão escrevera. Ela já não estava com tanta raiva dele, Killian realmente aprendera a gostar dela.

Os olhos da Princesa estavam cheios de lágrimas, mas não por ela estar triste, ela finalmente podia admitir que também estava apaixonada. O Capitão podia ter feito ela sofrer um pouco, mas o pai dela era o verdadeiro vilão disso tudo.

– Eu tenho que ir atrás dele – ela se levantou de um pulo, pronta para correr para os braços do Capitão. Mas então percebeu que a entrada da caverna não estava mais ali. Ruby não conseguia entender como podia ter se enganado daquele jeito, ela se lembrara de ter seguido por um corredor e ter se sentado ali, há poucos metros da entrada. Então como é que não conseguia sair dali?

***

Nesse meio tempo, Tinker Bell voou velozmente pela Terra do Nunca, procurando pelo Capitão. Ela o avistou na praia, meio cabisbaixo e afastado dos outros marujos.

– Capitão! Capitão! – ela chamou desesperada enquanto voava rápido na direção dele. Killian ficou surpreso por Tink estar vindo falar com ele. – A Ruby!

– O quê? O que aconteceu com ela? – Gancho ficou preocupado.

– Pan fez ela entrar na Caverna do Eco.

– O quê?!Eu vou para lá agora! – Gancho marchou em direção à floresta, e Will e os outros marujos foram atrás dele sem entender o que estava acontecendo. - Por que não o impediu, Tink?

– O que queria que eu fizesse? Pan me mataria. E, além disso, ele não sabia que eu estava lá, vi tudo escondida no meio das folhas.

– Quer nos dizer o que está acontecendo? – Will ficou olhando para Tink meio abobado, nunca tinha visto uma fada antes.

– Pan levou Ruby à Caverna do Eco e temos que tirá-la de lá. – o Capitão respondeu enquanto afastava as folhas de seu caminho.

– Caverna do quê?

– Caverna do Eco. Ela vai ficar perdida lá dentro.

– Capitão, o que vamos fazer? – Smee apareceu junto deles – Nós todos vamos nos perder na Caverna se entrarmos lá.

– Eu vou sozinho – disse o Capitão e os marujos protestaram.

– Não vai não – era John.

– Eu não estou entendendo nada – disse Will, Tinker subira em sua cabeça e brincava com seu cabelo e ria. – O que é essa Caverna do Eco?

– Alguns marujos se perderam lá da outra vez que viemos aqui – Smee explicou – É um lugar meio amaldiçoado...

– ... e o único jeito de resgatar as pessoas que se perdem lá dentro é contando um segredo... – continuou Beto.

– ... seu segredo mais obscuro... – o Capitão terminou.


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Notas finais do capítulo

Eu queria fazer algo mais emocionante, mas estou meio sem criatividade. Essas partes do diário do Killian são só trechos porque se eu fosse realmente escrever tudo o que acontece no dia-a-dia dele, ia ter que escrever outra fic kkkkkkk