Love Chronicle escrita por Tia Cupcake


Capítulo 30
... On the Pain


Notas iniciais do capítulo

Oiii gente! Eu disse que não demoraria dessa única vez! Aproveitem que nunca mais vai acontecer ♥
E um pedidozinho da Tiazinha de bengala aqui... por favor não só zoem nos comentários, ok? Não me levem a mal, eu amo a loucura de vocês ( ♥ ♥ ♥ ), mas tipo, eu queria que todos falassem o que mais te deixou de boca aberta no capítulo, as partes que mais gostou, do que riu... querem que comentem sobre o capítulo mesmo, não só o que der na telha aleatoriamente que não tem nada haver sabe? xD Sei que eu demoro muito pra postar e tals e que não dá pra ficar demandando coisas de vocês mas né, me deixa meio desanimada de postar assim xD
E eu acabei de ter a melhor semana da minha vida *U* Foi tipo aqueles momentos que quando passa você só fica meio que com aqueles sorrisos de fim de temporada da série sabe? Não sabe se ri ou chora? E essa é a descrição desse cap também, se bem que ta mais pra dor e sofrimento profundo e sem compaixão... mas tudo bem hehe ♥
Queria agradecer aqui ao povo que me ajuda com ideias e tal, e que aceita receber pequenos spoilers dos caps ♥ e que ficam super alegres quando digo que tem capítulo novo... vocês são os melhores!!
E eu tenho uma pergunta... Inah Távora amiguinha, da onde eu te conheço??? Amei o seu comentário, mas minha memória não presta e não consigo lembrar ;u;
To meio séria sim, mas é só minha parte mais profissional (ou bad porque as aulas começam segunda 3 )
Talvez não esteja tão bom esse cap (sorry, eu dei o meu melhor ;u;) quanto eu imaginava, mas espero que gostem ♥
Ouçam essa musiquinha aqui 'u' https://www.youtube.com/watch?v=vt1Pwfnh5pc
É daonde saiu o nome do capítulo hehe ♥ Inté as notas finais o



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Fomos pra casa, mas não consegui dormir, ou pensar, ou entender alguma coisa, diferente de Hanami que socava e jogava as coisas pela casa e acabou por fugir. À noite eu conseguia ouvi-la gritando no telhado, um choro de agonia que nunca parava. As únicas vezes que olhei pro seu rosto, não soube mais quem eu estava encarando. Todo o espírito, o jeito de ser da minha irmã... tinha evaporado. Agora os olhos estavam vidrados, os braços constantemente sangrando, e o vestido do dia da cerimônia... no meu estado de torpor, nem consegui raciocinar o fato de ser Preto e o meu Branco, o que significava que o barco tinha sido encontrado perto das Florestas Ancestrais, e que ela aparentemente já sabia que tinham morrido antes de alguém abrir a boca. Eu não consegui fazer nada.

Algumas idas e vindas de pêsames e uns dias, os corpos finalmente foram encontrados e trazidos de volta. O enterro teria começo, e minha irmã estava sumida e eu completamente sozinha e em negação. Os homens me levavam pra onde quer que fossem, e meu corpo obedecia automaticamente. Quanto tempo fazia desde que eu pronunciei alguma coisa, ou que eu sentia alguma vida em mim? Sentia como se tivesse morrido junto deles. Fiquei sabendo que não era autorizado ver os corpos, pois estavam um pouco desfigurados. Eu nem senti nada, apenas assenti.

Em meio à chuva e choros, olhei pra trás e pude ver minha irmã parada com mesmo vestido de tantos dias atrás, os olhos em seu rosto contorcido de dor mal piscavam com a chuva. De um corte simétrico em seu braço esquerdo, sangue caía e criava uma pequena poça rosada no chão.

                                                       -*-*-

Eu poderia dar a desculpa que em meio a tanta dor, não tive para entender. Mas a verdade é que a esse ponto eu tinha feito o que na verdade o que sempre quis: desistir. Pois se eu tivesse ouvido com cuidado, teria percebido algo se quebrando.

E não era eu.

Enquanto eu vivia minha farsa, minha irmã mudava. Não que eu realmente ligasse, já que na minha ideia de brincar de seguir em frente eu esqueci que deveria incluí-la. Se eu tivesse me importado, teria visto os cortes, o sangue, os risos, a mulher-bomba em contagem regressiva que ela tinha se tornado. Não havia mais Hanami, apenas uma garotinha assustada, e eu deveria ter percebido. Mas já era tarde.

                                                     -*-*-

Caminhava em silêncio ao lado da minha irmã. Ela olhava para os pés, há uns metros de distância de mim. Revirei os olhos diante da sua atitude infantil. Só porque pedi que ficasse longe de mim não significava ficar andando no meio da rua. Claro que foi ela que matou meus pais, com essa imprudência. Mordi o lábio, me recusando a lembrar da época em que percebi que fora culpa dela. Respirei fundo, tentando recuperar a força que adquiri em 6 meses desde o... acontecimento. O que importa é que agora eu sou uma bruxa com os poderes para aprimorar e contatos pra fazer. E era isso que eu estava indo fazer, muito bem sozinha, mas é claro que os caras idiotas de preto que nunca trocam de roupa tinham de fazer a Hanami vir comigo. “Ela precisa interagir com o mundo de novo”. Não era ela que tinha todos os amigos? Ela que vá exercer sua magia demoníaca Preta longe de mim. Rangi os dentes, tentando me convencer de que estava certa e ela errada. Quantas vezes terei de passar por isso? Já me cansei de saber que a morte deles veio de sua imprudência e de seu contato com a magia negra. Por isso que não quero mais ficar perto dela. É por isso sim.

Menina Idiota: Aira!! Quanto tempo! – Akita gritou quando abriu a porta e eu a abracei rindo. A conheci nesse meio tempo, o que me deixou muito feliz, pois eu estava completamente sozinha. Quando me separei dela, Hanami a encarava com um olhar dissimulado, um sorrisinho cruel em sua boca. Engoli em seco, lembranças voltando em flashbacks das vezes que a observei enquanto dormia em seu sono revolto, e da expressão que ela fazia. Era exatamente essa. Com esforço desviei minha atenção pra garota a minha frente, mas ainda podia sentir seu olhar.

Aira: Bom, vamos indo? Eu mal posso acreditar que terei ajuda com a minha magia! – ela sorriu e bateu palmas, mal se aguentando e eu quase fraquejei. Me lembrava de alguém que já há muito ficou no passado... Mas meu sorriso e ódio continuaram firmes.

Akita: Como eu poderia tipo, não ajudar né miga! A honrada aqui sou eu por estar trabalhando com uma Bruxa dos Sonhos! – seu olhar em nenhum momento se moveu para minha irmã, ignorando-a completamente, e eu imaginei que ela tinha sentido a aura que se juntava ao seu redor. Hanami continuava em silêncio, o sorriso já tinha sumido de seu rosto, agora só olhava para o próprio vestido de cor clara. Não pude segurar os meus olhos girando pra cima. Apenas mais uma falha tentativa de esconder a escuridão que realmente era. Ela virou o rosto pra mim abruptamente, como se tivesse escutado meus pensamentos.

Hanami: Os espíritos me contaram que tinha de ser assim hoje... – pensei que ela tivesse dito, mas Akita parecia não ter escutado, continuava a tagarelar sobre como se sentia a “super das supers” trabalhando comigo. Minha testa se franziu enquanto eu tentava decifrar a sua expressão morta, e se eu estava apenas escutando coisas, pois sua boca esteve o tempo todo fechada. Empinei o rosto, me recusando a dar atenção a qualquer coisa que viesse de uma assassina. Ela apenas voltou a encarar o chão.

Akita: Bem, vamos indo escolher algo com o qual possamos trabalhar? – encarei-a sem entender. Ela só sorriu. – Nossas magias podem até ser parecidas no negócio do contato íntimo com a natureza e os espíritos, mas uma Maga Rosa trabalha com o toque. Então preciso que você sinta os objetos e me diga qual pode te ajudar, e eu te guiarei pelos sonhos já que tenho experiência de alguns anos. – eu assenti, quase sentindo a empolgação de estar finalmente me dirigindo a algum lugar. Ela fez um sinal com os olhos pra minha irmã, e não sei se de propósito ou não, baixou o tom de voz. – Ela pode participar também. Pode ser sua... paciente.

Respirei fundo e Akita começou afagou meu ombro. Soltei o ar enquanto ela subia as escadas e me virei pra Hana, que estava se dirigindo pra segui-la. Sorri de um lado.

Aira: Você fica aqui embaixo. – eu podia praticamente apalpar o ódio saindo pelas minhas palavras, e ela também provavelmente, pois seu rosto desabou. – Tente não assassinar os pais dela também. – e subi as escadas, quase podendo escutar minha gêmea enfiar as unhas na palma de suas mãos.

                                                   -*-

O silêncio quase tinha textura, sendo quebrado apenas por nossas respirações pesadas dirigidas a mim, minhas mãos em volta de uma bola de vidro aparentemente comum. Akita continuava repetindo em minha mente para me soltar e simplesmente deixar o objeto ter acesso a minha magia. Mas não importava o quanto eu tentava abaixar as barreiras, fazia tanto tempo que não tinha conexão com o mundo espiritual ou recebia qualquer visão que havia praticamente esquecido como era relaxar. Acho que ter de estar sempre preparada pra sua própria irmã te atacar durante a noite não ajuda também.

Akita: Ok, passe pra mim. – suspirei e coloquei em suas mãos. Ela fechou os olhos e sua face se acalmou. Eu pude senti-la passeando pelo fundo da minha consciência, meu coração mais rápido a cada batida. Era tão invasivo... – Posso ver que o que te prende são assuntos não resolvidos do passados. Quem sabe possamos consertar isso agora. – sua feição escureceu enquanto ela se virava em direção a minha irmã, sentada em um canto da sala. Minha boca se abriu e fechou, sem entender. A mais velha colocou o objeto em suas mãos trêmulas. – Esse amuleto irá entrar na sua psique e eu estarei abrindo caminho junto. – ela balançou a cabeça pros lados. Pelo menos senso ela ainda tem. Akita sorriu solidariamente. – Assim poderá ajudar sua irmã. - Soltei um som de desprezo. Como se ela se importasse.

Mas para minha surpresa Hanami parou de tremer e fez que sim. O que ela pretende? Viajar pelos meus sonhos? Me matar aos poucos? Senti meus músculos ficarem tensos enquanto as duas fecharam seus olhos e minha irmã começou a fazer caretas, resistindo. Eu cheguei mais perto, tentando liberar meus poderes e me conectar à dela. Respirei fundo e me desconectei, começando a ver a sala rústica novamente, mas agora apenas os espíritos presentes. Fui atrás da aura vermelha segurando firmemente uma nuvem rosa. Ela sussurrava e suava, e tudo o que identifiquei foi culpa e escuridão, algo que tentava me levar junto. Ela tentava me alcançar e eu quase cedi às lembranças que se infiltraram nas imagens. Os espíritos tremelicaram quando toquei sua mão e pude ouvir os gritos. Senti minha garganta se fechar, não aguentando mais nada.

Aira: Acha que pode me atingir assim? Eu sou mais do que pode ver ou compreender! – ela recuou e eu abri os olhos e quase vomitei. O sorriso estava de volta ao seu rosto. – Como usa estar sorrindo sua vadia! Eu vi a escuridão em você! Akita saia de perto dela, ela vai apenas cortar seu último pingo de felicidade! – a empurrei, mas elas não soltaram as mãos. Mordi o lábio, a raiva tomando conta da minha visão, deixando tudo cada vez mais escuro. Gritei novamente, me conectando com os espectros ao redor. – quebre o meu pescoço, pegue o que te restou, mas não ouse fingir que se importa! – respirei fundo. – Sei que eu não me importo. Por mim você teria morrido no lugar dos nossos pais.

Seus olhos se abriram repentinamente, lágrimas escorrendo. Akita não parava de vociferar, indo para trás com os ouvidos sangrando. Hanami então sorriu, os olhos brilhando em um tom de vermelho, tudo se misturando em meio a neblina negra em torno de minha vista.

Hanami: Eu os mataria de novo. – e então algo espirrou em meu rosto, liquido se infiltrando pelos dedos dos meus pés descalços. Akita parara de gritar, mas Hanami começara. Os espectros perturbados começaram a fazer tudo pegar fogo.

Quando voltei a enxergar, os Homens de Preto estavam segurando Hanami, que esperneava, chorando e gritando. Seu vestido branco estava pingando de um vermelho intenso. Akita jazia no chão, o objeto de vidro quebrado em pedaços em seu rosto desfigurado.

                                                    -*-

Batia o pé impacientemente no chão do Sanatório de Criaturas Sobrenaturais. Uma música animada tocava na sala de espera, e revistas espalhadas pela mesa de uma sala precisando depressivamente de uma pintura. Ri ao pegar um panfleto, com uma mulher vestida de branco, as mãos em torno da cabeça, como se gritando. Era pra ser alguém dali de dentro? Mais parece que tem uma dor de cabeça.

Véia-Sinistra: Aira Youri? – me levantei, derrubando tudo da mesa. Uma senhora idosa com uma roupa branca de enfermeira estava parada na entrada do local. Ela não poderia parecer mais desgostosa com a minha presença. – Ela está esperando ali fora. – engoli em seco e passei pela Senhorinha-Sinistra-Que-Saiu-De-Filme-De-Terror, meu coração titubeando.

Dois anos haviam se passado e eu não sabia o que esperar. As palavras cruéis e o jeito que a negligenciei me assombravam desde um ano atrás, no meu aniversário de 13 anos, quando consegui controlar melhor meus poderes. Pelos sonhos consegui chegar perto de me juntar aos seus pensamentos, e a dor foi quase insuportável. Suspirei nervosa e sem saber como agir quando lhe vesse. Um oizinho? Começo a cantar? Então finalmente me apressei e cheguei ao andar inferior. Uma garota com os longos cabelos castanhos estava parada, olhando pela janela. Fiquei parada no mesmo lugar, sem saber como vencer o medo. Mas então ela se virou pra mim e um grande sorriso de dentes tortos se abriu, e em sua roupa de hospital e grandes olheiras correu até mim. Abri os braços e abracei forte, sentindo seu cheiro e sabendo que nunca mais a deixaria ir, mesmo que o nervosismo não tenha ido embora e eu mereça toda a punição do mundo por tê-la abandonado quando mais precisou tudo o que eu quero é ela, o meu porto seguro.

                                                  -*-

Caminhávamos pelos rochedos da praia que costumávamos correr quando menores. Hanami não parava de tagarelar e eu ria sem parar, me sentindo uma criança novamente. Ela contava casos que ocorreram por lá, como se fosse tudo um mar de rosas e a vida uma eterna comédia, sem em nenhum momento comentar o passado ou o porquê de andar tão devagar, o rosto mais magro e branco. Pois essa era a minha irmã, quem fazia tudo parecer mais brilhante com seu sorriso contagiante. Tinha tanto tempo que não a via que o meu coração doía mesmo ela estando bem ali comigo. Os Homens de Preto não haviam permitido eu ir busca-la. Falaram que pra um caso de uma Bruxa dos Sonhos que veio com o poder das trevas, seria preciso muito mais tempo. Mas eu não escutei, pois já não aguentava mais expandir minhas barreiras com os espíritos se não fosse pra tentar me desculpar com a minha única família a quem eu havia tratado tão mal. Hanami olhou para o mar.

Hanami: Parece que foi ontem que jogávamos água uma na outra logo ali embaixo. Dois toquinhos vestidos de branco alvoroçando, e os pais sentados na areia abraçados em um belo dia de sol como esse. – sorri levemente, o estômago revirando com as lembranças. Fechei os olhos, tentando voltar para esses dias, e quase parecia que eu estava lá novamente, e tudo estava certo. Mas então Hana-chan voltou a falar. – Nem parecia que pouco tempo depois você estaria de branco e eu de preto, não é mesmo? Engraçado, quem gostava dessa cor era você. – nem tive tempo de entender seu tom sarcástico antes de abrir os olhos, pois logo já estava sentindo a dor excruciante na perna. Abri os meus olhos, e uma tesoura ali pairava enquanto eu caía. Hanami sorriu. – o que foi irmã querida? Perdeu o equilíbrio? – minha visão embaçou, mais eu ainda conseguia ver sua expressão de puro ódio. – Ou será surpresa por me ver depois de tantos anos? Sentiu falta de ser a boazinha da dupla? – me virei de costas, e ela foi chegando mais perto.

— Você achou que eu iria simplesmente te perdoar? – me arrastei pelo chão, tentando achar algum lugar aonde me apoiar sem que penetrasse no corte em minha perna. Eu tentava ir para longe apenas por instinto, pois ela vinha devagar apenas para tirar mais proveito da situação. O mar estava revolto, mesmo com o céu azul como se a cada passo seu a natureza respondesse. Eu podia sentir os espíritos se unindo tenebrosamente ao seu redor, dando mais brilho a cor avermelhada de sua íris.  Tentei olhar em sua direção, o que apenas me fez enfiar a mão em um cascalho e gritar. Ela se agachou ao meu lado, o cabelo longo ricocheteando no meu rosto. O sorriso costumeiro continuava ali, mas agora havia algo de sinistro nele.

— Irmã, eu não... eu sinto tanto, eu... – sua cabeça virou-se de lado e seu sorriso abriu, junto com a tesoura em sua mão.

— Tenho certeza que sente. Depois de 2 anos resolveu finalmente voltar por mim, irmã querida... – seus olhos clarearam e eu comecei a tirar a mão do cascalho vagarosamente, segurando-o em minha mão em silêncio. Pensei que pudesse ter uma chance quando ela enfiou a tesoura no ferimento em carne viva em minha perna. – Arda no inferno.

Então ela riu, lambendo o sangue da ponta dos dedos.

O céu revoltou-se, os trovões ressoando de acordo com a velocidade que meu sangue se espalhava a minha volta. Ela aumentou o sorriso e colocou o dedo em meu ferimento, mexendo-o devagarinho, enquanto eu apenas agonizava em silêncio, minha mão ainda enfiada no cascalho.

— Na verdade acho que estou me sentindo benevolente hoje. – Hanami passou os dedos suavemente pela minha bochecha e o meu rosto se fechou em repulsa. – Eu sinto muito por ter matado nossos pais... eu nunca deveria ter me envolvido com a Magia das Trevas. – os espíritos começaram a sussurrar a minha volta, me avisando para fugir... mas meu coração já não aguentava mais tanta dor e culpa. Ela ainda tinha um fundo de humanidade? Um risinho escapou de seus lábios pingando sangue. – Ah opa! Brincadeirinha... A real é que eu apenas me arrependo de... – ela chegou mais perto, se encostando junto à minha orelha. – não tê-los matado com minhas próprias mãos.

Nossos olhares se encontraram e então um grito. O líquido vermelho escorria pelos meus braços, respingado em todo o meu rosto enquanto as lágrimas desciam tentando me lavar. O sol voltava a brilhar, o mar calmo novamente, enquanto seu corpo inerte caía sobre mim, aumentando o pânico. Ela tentava sussurrar, sua feição mais assustadora do que jamais esteve. Os meus pedidos de socorro ecoavam em vão, os espíritos em silêncio. Fechei os olhos tentando viajar pelos sonhos para alguma ajuda, qualquer uma... e então uma mulher de longos cabelos negros tirava o corpo de minha irmã de cima de mim. Eu a encarei em silêncio, todos os machucados sendo curados pelas forças da Terra, mas eu ainda mal podia me mexer. O cascalho manchado de vermelho pendia em minha mão.

— Meu nome é Yuuko. Gostaria de fazer um acordo?

                                                   -*-

Agarrei-me ao corpo da minha irmã, já quase sem vida. As lágrimas não paravam de escorrer. E eu nem queria que elas parassem.

Yuuko: Tem mais umas coisas que preciso lhe dizer, mas estas coisas não ficarão na memória de nenhuma de nós. - consegui afastar os meus olhos do rosto que um dia já fora alegre para a expressão séria da Yuuko. Engoli em seco.

Aira: Diga-me. - tentei soar firme e confiante, mas eu escutava a minha voz tremer.

Yuuko: Em primeiro lugar, você não se lembrará do rosto da sua irmã, nem nada de seu físico. Voz, sorriso ou corpo... nada. Só de sua personalidade e de suas lembranças juntas.

Aira: O quê?! - minha voz deveria ter saído alta. Com raiva. Mas as emoções começavam a me deixar. Minha irmã. Minha amada e feliz irmã...

Yuuko: Sim, pois antes de perceberem algo que deixaram por passar, não poderão se reconhecer. - a sua expressão dizia que ela não me contaria o que precisávamos saber. Ótimo. - Precisamos descobrir qual é o verdadeiro nome que existe na alma dela. Pois os humanos colocam o que querem nos filhos, sem levar em consideração que isso pode afetar em muitas questões. Mas o caso é que, para que consiga renascer como ela mesma em outra dimensão e espaço de tempo, ela precisa manter algo de si mesma.

Aira: Hanami... Então você finalmente... terá a sua liberdade? Poderá voltar a ser você mesma? - sorri, mas as lágrimas entravam na minha boca. Se bem que eu pouco me importava. - Poderá ser feliz? Sem ter mais esse vazio? Que... que bom...- mas eu não consegui completar a minha frase, pois os meu soluços ficaram mais fortes que qualquer outra coisa. A Yuuko continuou a falar como se nada tivesse acontecido. E provavelmente, nada havia mesmo.

Yuuko: Precisamos descobrir o seu verdadeiro nome. Senão está tudo perdido.

Aira: N-não!... - me agarrei ao seu corpo fraco, chorando na sua blusa de viagem. Concentrei todos os meus poderes em seu coração, e quase não pude ouvir o sussurro abatido que ele repetia em seu fundo, de tanta névoa e gritos que nele existiam. Ela suporta tudo isso?! Beijei a sua bochecha e tentei absorver o seu rosto pela última vez, mesmo que não fosse mais me lembrar dele e nem de que em algum momento eu extorqui dos meus poderes dessa forma. Não lembrarei de nada.

Aira: Mas por que não podemos nos lembrar deste momento?

Yuuko: Porque ele nem deveria existir. É a primeira quebra no equilíbrio natural das coisas. E este único fragmento pode mudar a história toda, para melhor ou pior, dependendo das escolhas de vocês. Isto tem de ser apagado da memória do mundo, para que tudo possa se acertar sem desabar ainda mais rápido. - assenti, entendendo todas as informações por meio dos meus poderes quase esgotados. Então existiam pessoas com passados e vidas tão tristes? Alguém para compartilhar a minha dor? Não. Mas é claro que não. Ninguém nunca entenderia.

Respirei fundo e fui deixando o corpo da minha irmã lentamente.

Aira: O nome dela é Shizuka Yana. - sorri-lhe uma última vez e a Yuuko-dono pegou as palavras no ar.

E então tudo sumiu.


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Notas finais do capítulo

Heeey!!! Chocados?Já imaginavam? Com o kokoro derramando lágrimas incessantes de sangue? Feelings no chão? Digam que sim por favor *U*
Weee, já é o capítulo 30! E é um que eu já imaginava desde 2013, então vamos comemorar a nossa chegada aqui! Um graaaaandississsiimoooo agradecimento a todos que continuaram por aqui, comentando ou não (mas quem comenta ganha um lugar especial no meu coração e nos capítulos especiais da fic ♥ todos que comentam vão ter lugar na fic! Como recompensa por mais de 3 anos com a Titia Cup que demora mais que o netflix pra atualizar ♥ que demora mais que Tim pra funcionar hehe)
E então? Ficou bom o capítulo??? Espero sinceramente que tenham gostado!!!
Nem acredito que já estou aqui por tanto tempo! E nem acredito pra onde a fanfic está indo... to amando! Finalmente as trevas! hehehehe ♥
Nesse capítulo eu estava viciada em uma música que me fez sentir e deixar algumas partes tão... vívidas xD Warriors do Imagine Dragons, dêem uma olhada!
Cara eu to com uma saudade de escrever o Syaoran ;u; agora só tem essas psicopatas e irmãs do mal ;u;
Inté a próxima meus amores, comentem viu *3*



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