A Diabólica Vida De Eleonora Duncan escrita por Ikuno Emiru


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Coloquei alguns diálogos do jogo nesse capítulo, eles são bons demais para serem deixados de fora, não é?
Boa leitura! (゜▼゜*)



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       – Ele parecia bem estressado, o que houve? – Marin falou enquanto dirigia.

            – Ele ia acertar um soco no representante de turma, mas eu segurei a sua mão para que ele não fizesse isso. Foi aí que ele começou a gritar comigo... – Suspirei, eu não queria que as coisas acabassem assim, eu... eu fiz o que ele me pediu, certo? Por que ele havia ficado bravo? Eu nunca irritei ninguém... além dos meus diversos pais quando me viam falando “sozinha”.

            – Nora, você já está com o pé machucado, você poderia ter se machucado mais. Os garotos são mais fortes que você imagina.

            –  Você não faz ideia da nossa força. – Demon disse em um tom esnobe, exibindo seus “músculos” o que me fez rir.

            – Sim, mas eu não aguentaria ver os dois machucando um ao outro.

            – Não fique triste, querida, ele já estava estressado. Tenho certeza de que ele não te trataria mal por querer.

            Afirmei com a cabeça e fiquei encarando a rua, o sol já estava se pondo. Eu deveria aceitar o que Marin me disse, como sempre faço. Nós passamos em uma padaria antes de ir para casa, compramos várias coisas gostosas para comermos enquanto conversávamos em casa sobre o nosso dia, algo que costumamos fazer!

            Fui dormir mais tranquila, abraçando Demon, ele reclamou no início, mas ele acabou caindo no sono, assim como eu.

           

            A primeira pessoa que vi quando cheguei na escola foi a diretora, ela me pediu para que eu ajudasse o clube de basquete novamente, mas, dessa vez, escalar uma árvore estava fora de questão! Como ainda faltava muito tempo para a aula, resolvi dar uma passada no ginásio e ver se precisavam da minha ajuda agora mesmo. Chegando lá, haviam vários garotos jogando basquete, mas um deles estava fazendo várias cestas seguidas, fiquei admirada, basquete não é um jogo fácil. Ele percebeu a minha presença e veio correndo até mim.

            – Oi, eu sou Eleonora! – Estendi minha mão, ele não fez nada.

            – Você não vai querer trocar um aperto de mão comigo, estou todo suado. – Demos uma risadinha. – Sou Dajan! Você é do clube de basquete?

            – Oh não, eu só estou aqui para ajudar o clube, mas eu até gosto de basquete! – Dajan era muito, muito alto! Ele é negro, seus olhos são cor de mel, muito brilhantes e chamativos. Não posso negar que ele é atraente... – Você estuda aqui? – Perguntei.

            – Não, eu sou de outra escola, estou aqui só para treinar. – Ele disse enquanto rodava a bola de basquete em seu dedo, eu olhei impressionada.

            – Como você faz isso? – Ele deu um sorriso.

            – Eu te ensino. – Ele segurou minha mão esquerda e delicadamente, ele dobrou meus dedos e deixou apenas o dedo indicador levantado. Ele colocou a bola sobre o meu dedo. – Você vai ter que girar a bola com a sua mão direita, certo? Mas, em vez de girar a bola para a direita, você gira ela para a esquerda. Me dê sua outra mão. – Eu levantei minha mão e Dajan a pegou com a mesma delicadeza de antes, ele começou a fazer a bola girar e soltou minha mão. – Continue girando ou então a bola vai cair. Eu continuei girando, mas pouco tempo depois, a bola caiu da minha mão.

            – Logo quando eu achei que estava ficando boa nisso!

            – Você só precisa continuar a praticar! – Ele sorriu e eu devolvi a bola para ele.

            – Ah, você precisa de alguma coisa? Estou aqui para ajudar! – Eu estava me divertindo e acabei esquecendo que eu tinha vindo para ajudar.

            – Eu pediria uma garrafa d’água, mas você não parece em condições de me arranjar uma. – Ele apontou para o meu pé.

            – Não seja por isso! – Fui até a arquibancada e peguei a garrafa d’água que eu trouxe comigo, eu poderia sobreviver sem ela! Voltei até Dajan. – Está fechada e ainda está gelada. – Sorri.

            – Muito obrigada!

            – Eu preciso ir agora, mais tarde eu passo aqui, caso você precise de mais alguma coisa.

            – Gentileza sua! – Ele falou e voltou a quadra, cumprimentando os garotos do colégio.

            O sinal bateria logo, me apressei para entrar logo na sala. Castiel estava no pátio, eu não queria ser grossa, então dei um sorriso de canto para ele, não sabia se ele estava nervoso.

            – Onde você estava?

            – No ginásio, ajudando um garoto chamado Dajan.

            – Quem é ele?

            – Ele é de outra escola e veio aqui excepcionalmente para treinar.

            – Resumindo: um impostor.

            – O que foi? Por um acaso você está com ciúmes? – Brinquei, ontem Castiel havia dito que não havia problemas se eu fosse engraçada.

            – Nada a ver. – Ele disse, mas algo acabou me surpreendendo, o seu rosto ficou vermelho... Castiel estava corado. Isso foi tão... fofo.

            – E-eu preciso ir. – Senti meu rosto ficar quente, eu estava corando com meus pensamentos. – A aula vai começar.

            Hoje é sexta-feira, conferi meu horário e, surpreendentemente, a primeira aula era de Educação Física. Eu teria que voltar para o ginásio, meus esforços para ir para a sala foram inúteis! Chegando lá, o professor Bóris disse que eu poderia ficar sentada na arquibancada, já que meu pé estava machucado.

            Todas as meninas entraram no vestiário e eu fiquei sentada, sem fazer nada. Minutos depois, elas começaram a sair, vestidas em um short vermelho curtíssimo e uma blusa branca larga com detalhes em vermelho, olhei para o meu próprio corpo e senti uma ponta de inveja, todas as meninas tinham corpos lindos enquanto eu era completamente magra e reta... como uma porta. Por último, saiu Ambre. Seu uniforme era diferente das meninas, sua blusa justa, marcando bastante a sua cintura fina e também era decotada, decotada até demais, mostrando mais busto do que devia! Numa porta ao lado, os meninos começaram a sair, eles usavam uma regata branca e bermudas pretas largas, os meninos que vi mais cedo também estavam saindo do vestiário masculino, me perguntei se Dajan ainda estaria aqui.

            – Meninas, vocês viram aquele garoto do clube de basquete? Ele é um gato! – Ambre falou – Eu vou lá falar com ele. – Ambre saiu de perto da arquibancada, enquanto Dajan se aproximava, imaginei que ele iria falar com Ambre, mas ele passou direito, Ambre tentou disfarçar, mas todas as meninas estavam rindo. Para a minha surpresa, Dajan se sentou ao meu lado.

            – Por um momento, achei que você falaria com Ambre.

            – Quem? Aquela barbie? Não, obrigado, ela não faz o meu tipo.

            – E eu faço? – Brinquei, óbvio que não.

            – Faz. – Eu levantei uma sobrancelha e desviei o olhar de Dajan. C-como assim? – Você é mais bonita que ela.

            – Não precisa dizer isso só para me agradar. – Olhei para o outro lado e encontrei Ken e Castiel, um do lado do outro, me encarando com uma expressão não tão amigável. Será que Ken havia notado quem estava ao lado dele? Aposto que não.

            – Eu só estou dizendo a verdade. – Senti a mão de Dajan acariciar o meu rosto, de leve, eu estremeci. O que eu faria agora? Nós estávamos na escola e eu não tinha ideia mesmo do que fazer. Olhei para Dajan e seus grandes olhos claros me encaravam.

            – S-sabe, meu amigo está me chamando, eu preciso mesmo ir falar com ele. – Eu levantei e fui na direção de Ken, foi a primeira desculpa que me passou pela cabeça. Demon surgiu no meu ombro.

            – Eleonora fazendo sucesso com os rapazes. Você não vai trocar beijinhos com ele?

            – Demon! Você não pode dizer isso a uma menina! – Eu o repreendi. – N-não é educado. E para a sua informação, eu não tinha nenhuma intenção de beija-lo.

            – Está bem, se você diz! – Ele deu de ombros e ficou calado. Parei na frente de Ken.

            – Você me chamou? – Inventei.

            – Não, Nora... mas eu fico feliz que você saiu de lá, aquele garoto estava muito perto de você!

            – Claro que não, olha a distância de lá pra cá... você estava vendo errado.

            – Então talvez já esteja na hora de trocar de grau... – Ele falou e saiu andando para outro lugar. Castiel ainda me encarava da mesma forma.

            – O que foi? – Perguntei.

            – Sabe, essa é a primeira e última vez que vou concordar com o baixinho: ele estava muito perto de você. – Ele olhava para o lugar em que Dajan estava.

            – Sim, ele estava, mas isso não quer dizer nada.

            – Você nasceu ontem? – Ele cruzou os braços. 

            – Não, mas bem que eu gostaria... É melhor eu voltar para a arquibancada, meu pé está doendo.

            – Ainda não. – Ele segurou meus ombros e encarou o meu rosto, eu fiz a mesma coisa, tentando entender o que estava se passando. – Pode ir.

            Dei de ombros e voltei para a arquibancada, que agora estava vazia. Enquanto eu me aproximava, eu podia ver Ambre apanhar algo de onde eu estava sentada. Eu não havia deixado nada lá, então não me preocupei, me sentei novamente e observei as meninas e os meninos jogarem juntos até o final da aula. Eu estava saindo, quando sinto alguém segurar o meu braço, virei o rosto e era Dajan.

            – Oi de novo. – Falei.

            – Ei! Você disse que voltaria mais tarde para ver se eu precisava de ajuda, mas já que você já está aqui... mais cedo eu havia deixado uma “pulseira” em cima da arquibancada, perto de onde estávamos sentados mais cedo. Eu fui conferir agora e não estava mais lá.

            – Você não... não está sugerindo que eu furtei... não é?

            – Bom... você estava perto dela...

            – Eu nunca me senti tão... tão... ofendida. – Sussurrei.

            – Não leve a mal...

            – O quê?! – Falei mais alto do que eu desejava – Você me acusa de ser algum tipo de ladra e quer que eu leve numa boa? – Ele estava prestes a balançar a cabeça, afirmando. – Ah, ah, ah, cômico, hilário! – Falei e dei as costas para ele, e mais uma vez, todos estavam me olhando. Só porque eu estou calma na maioria das vezes não significa que eu não possa brigar! Eu simplesmente explodi, eu... eu achei que ele era legal, que ele era gentil, mas... mas ele me acusou de furto e aquilo era ridículo e inadmissível. Eu fechei os olhos e respirei fundo, aquilo não iria se repetir... não vai se repetir... não vai ser necessário... foi só um desentendimento... eu vou achar aquela pulseira e vou devolver a ele, sem parecer suspeita.

            – Você foi durona, Eleonora, eu gostei de ver! – Demon falou.

            – Ele me deixou muito, muito brava. Muito! Ele mereceu! – Cruzei meus braços.

            – Ninguém mexe com a Nora! Se eu fosse maior, eu socaria ele!

            – E ele provavelmente não sentiria nada.

            – Nem eu! – Ele riu – Mas faria eu e você nos sentirmos melhor!

            – Eu aposto que sim. – Apertei suas bochechas – Obrigada, Den.

            – De nada!

            Voltei para a sala, lá, eu encontrei Ambre conversando com suas amigas.

            – O Dajan vai embora hoje mesmo, então, eu pensei em pegar sua pulseira como lembrança.

            Do jeito que ela falava alto, ela parecia não querer guardar segredo sobre isso. Aproveitei que o sinal não havia batido, dei meia volta para sair da sala, mas acabei esbarrando em alguém. Era Castiel.

            – Onde você pensa que vai?

            – Vou devolver a pulseira de Dajan.

            – Então você pegou a pulseira dele mesmo? – Ele abriu um sorriso – Eleonora, estou surpreso. Você soube atuar muito bem.

            – Não, seu... seu boboca. Eu acabei de escutar da boca de Ambre que ela pegou. Provavelmente deve estar no armário dela. – Castiel me deu passagem, encontrei o armário de Ambre aberto. Bingo! A pulseira estava lá. Eu a peguei, mas Castiel me segurou.

            – Você é muito inocente. Ele te acusa de furto e você ainda vai devolver a pulseira para ele? Se eu fosse você, colocaria fogo nisso aí, daria um perdido. – Ele riu, eu abaixei a cabeça. – Olhe para mim. – Castiel levantou segurou meu queixo com um dedo e levantou o meu rosto delicadamente. – Ele te tratou mal sendo que você não fez nada. Você não deveria fazer esse favor a ele. Além disso, você só pareceria suspeita em entregar a pulseira a ele.

            – Eu sei, mas... mas eu me sinto na obrigação de devolver. – Castiel pegou a pulseira da minha mão.

            – Eu faço isso para você. Volte para a sala.

            – Ok...

Castiel’s POV

            Peguei a pulseira da mão de Eleonora e eu a coloquei para dentro da sala. Como ela podia ser tão ingênua a esse ponto? Não, não era só ingenuidade, ela é gentil. Voltei para o ginásio e lá estava o impostor, eu o peguei pelo ombro e o virei.

            – Ei, ei, o que você pensa que está fazendo?

            – Eu que te pergunto, imbecil. Você iludiu a garota para depois acusa-la de algo tão baixo? Sério? Você acha mesmo que ela furtaria algo?

            – Cara, eu ofendi ela e não você. Está nervoso porque ela me deu bola e não deu para você? – Ele tinha um sorriso irônico no rosto, que idiota, ele estava mesmo tentando me desafiar? Eu agarrei sua camisa de basquete e o puxei brutalmente para perto.

            – Se você chegar perto dela de novo, você vai sofrer as consequências, está me ouvindo? – Ele balançou a cabeça, afirmando. – Agora pega essa pulseira estúpida. Se você quiser acusar alguém, acuse aquela barbie Malibu vulgar, ela pegou a sua pulseira como lembrancinha. – Ele continuou balançando a cabeça. – Espero que estejamos entendidos. – Eu soltei sua camisa e voltei para a sala de aula.

           

Eleonora’s POV

            – Pronto, tive uma conversinha com ele. – Castiel sentou em minha frente.

            – Você socou o rosto dele? – Deixei escapar.

            – Não, mas eu senti vontade.

            – Droga. – Castiel começou a rir.

            – O sinal ainda não bateu, eu ainda tenho tempo de acertar um soco nele. – Castiel se levantou, eu segurei a gola da sua camisa no mesmo tempo, o puxando.

            – Não! Não! Eu vou ficar com a consciência pesada se você fizer isso... mas eu agradeço. – Soltei sua camisa.

            – Eu aposto que ele também ficaria.

            As aulas foram bem quietas, parece que os alunos decidiram ficar mais calmos. Eu também estava mais calma, a raiva havia passado com o tempo, mas eu não suportava a ideia de ver Dajan novamente, por isso, tentei ir embora o mais rápido possível, mas não adiantou, enquanto eu passava pelo pátio, Dajan me parou, eu não pude correr por causa o pé, então só me restou escutar.

            – Olha, eu estava errado em ter te acusado daquele jeito.

            – Eu sei.

            – Será que você pode me desculpar? – Eu olhei para o seu rosto.

            – Eu te desculpo.

            – Ótimo! Eu pensei, eu poderia te levar para sair, para recompensar.

            – Eu a... – Eu não sabia dizer não, eu... eu sentiria culpa se eu negasse, mas eu me lembrei do que Castiel havia dito, que ele me tratou mal sendo que eu não merecia... – Eu passo. Agora se me der licença, eu preciso ir. – Ele segurou o meu pulso.

            – Que isso, gatinha, hoje cedo você parecia super a vontade comigo.

            – Deve ter sido apenas fruto da sua imaginação. – Balancei o meu pulso e fui embora, mas eu podia sentir o seu olhar em mim. Marin estava me esperando e eu agradeci por isso.

            


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