Dos Dois Lados escrita por Lari Haner


Capítulo 57
Primeiro Dia Como Alma.


Notas iniciais do capítulo

Bom dia (ou boa noite)
Como vão vocês ?!
Bem, eu falei que ia demorar um pouquinho, deu duas semanas não é tanto, é nesse tempinho que vou conseguir postar galerinha, entrei em fase de campeonatos (treino handball) e ai sobra pouco tempo que eu acabo ocupando com os estudos.

Esse é o tipo de cápitulo que nao acontece nada, é só pra botar a historia no lugar

Outra coisa eu tava lendo os capitulos Jake e Zoe, e alguns lá do comecinho e notei que a narrativa de uns tempos pra ca ta ficando meio melancólica.

enfim, me deem sujestoes
boa leitura



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O barulho ininterrupto do monitor cardíaco fazia minha cabeça girar. Toda essa bagunça do plano ainda não estava arrumada. Ao menos, estava no hospital, literalmente de “corpo e alma”. Os médicos estavam na cirurgia para retirar a faca e fazer as analises então ninguém conhecido estava por perto. Ty esperava do lado de fora da sala, e eu, incrivelmente, conseguia fazer com que ele não me visse. Agora era uma alma, não por muito tempo, eu espero, mas era. Georgia ocupava meu corpo que agora estava inconsciente. Ver Tyler perturbado, quase chorando era horrível para mim.

Ele chegou a tempo suficiente para me levar para o hospital, meu tio, Clarie e Abby entraram em desespero quando viram o corpo todo ensanguentado jogado no chão, Abby começou a chorar e gritou “Foi uma alma! Não quero que você vá Yla!”. Nem Clarie nem Brandon deram ouvidos a ela afinal o que estava acontecendo era muito confuso.

Por um momento desesperador eu achei que não conseguiria Georigia não conseguia entrar em meu corpo, mas depois de algumas tentativas ela consegui, agora bastava ver o que vinha a seguir.

Mas eu não podia fazer nada naquele instante, nada. Aparecer como alma para Abby ia ser mais assustador ainda. E muito menos para Ty, algo poderá dar errado se alguém interferir no processo. Prefiro deixar isso em segredo.

Quando a cirurgia acabou Georgia, que estava no meu corpo, ou seja: eu, fui encaminhada para um quarto, e então chamaram meu tio e Ty. O doutor se chamava Paullan, um nome ligeiramente desconhecido, por sorte ele era um coroa, por volta lá dos cinquenta, isso me assegurava que ele era experiente.

Quando os três adentraram na sala para conversar sobre meu caso, eu estava lá, olhando tudo o que estava ocorrendo, era difícil acreditar que eles não me viam.

-Tenho que reconhecer que de todos os casos que passaram pela minha mão, este foi incrivelmente estranho. Quero que me contem o que aconteceu com ela exatamente que eu não estou entendendo

Brandon abaixou cabeça como se não quisesse que ninguém visse que ele estava derramando lágrimas, Tyler fixava seu olhar na mesa sem dizer nada. Por fim meu tio disse algo.

-Foi desesperante, estávamos todos dormindo no momento, eu não sou o pai dela, eles já morreram. - ele parou e respirou fundo- Ninguém estava com ela, alguém invadiu a casa e fez isso. É a única explicação, Doutor.

O médico tinha plena cara de insatisfação.

-Tem certeza? Sei que para você é difícil de engolir, mas não passou por sua cabeça que possa ter sido ela mesma, ou quem sabe alguém próximo- então ele dirigiu um olhar para Tyler.

-Não! Não foi Ty!- gritei, mas logo reparei que eles não ouviram uma palavra sequer, no momento eu era invisível.

-Nunca faria nada para machuca-la, senhor- Tyler o confrontou.

-Não acusei você, meu caro.

-Foi o que me pareceu- ele serrou os olhos.

O médico levantou de súbito, e deu a volta pela sala.

-Mesmo não tendo nada esclarecido, tenho uma boa noticia para dar aos senhores. O lugar foi bem estratégico, posso dizer, não afetou órgão algum, a faca como não era muito grande, fez um pequeno corte de 1,2 centímetros. Nenhum outro caso de saúde ocorreu consequente do fato, então se as coisas derem bem, ela vai estar em alta amanhã.

A noticia pareceu triunfar no ambiente inteiro, até o médico que era meio durão deu um sorriso de satisfação.

_____

-E ele não saiu daqui desde que chegaram. - comentava a enfermeira do setor. Adivinha onde eu estava agora? Observando as enfermeiras fofocarem sobre o meu namorado.

-Preciso ver quem é se é realmente tudo isso que você me descreveu- falou a loira.

-Pode confiar em mim- comentou a morena –Um deus grego. Logo ele vem pro quarto, parece que o tio dela ia passar a noite de acompanhante, mas o namorado se ofereceu, disse que ele podia muito bem ficar. Ele ta esperando as coisas dela chegar pra poder entrar.

Quase comecei a pular entre elas e gritar “tire o olho! Meu ty”, mas isso não era nem de longe possível, então sentei no balcão, um pote de canetas esta atravessando meu corpo, não sentia nada.

Foi quando ele entrou acompanhado do médico.

-Essas aqui são as enfermeiras do setor Rosally e Drielly- comentou ele – elas te ajudarão no que precisar.

 Ele estendeu a mão e sorriu. A loira ficava com a boca aberta o tempo todo.

Então ele foi encaminhado para o quarto.

- Meu-deus-que-gato – comentava a loira em pausas.

 ­­- Atirada- comentei e segui-o.

Não é novidade alguma para mim que as garotas se derretam por Ty, mas vê-las fazendo isso era uma novidade, muito ruim por sinal.

O quarto onde Georgia estava não passava de um quarto comum de hospital, uma maca, que possuía os controles para fazê-la subir descer, etc, um frigobar, uma pequena televisão, e os aparelhos de monitoramento. Gê estava cercada daquilo, um monitor cardíaco e de saturação, o soro com o acesso conectado na mão esquerda e um tubo de respiração.

Ty se direcionou até ela e afastou alguns fios de cabelo que estavam no meio da cara, depois deslizou o dedo pela face e lhe deu um beijo na testa.

-Que susto você me deu Yla- ele sussurrou- o pequeno momento que eu pensei que te perderia foi o necessário para eu nunca mais querer desgrudar de você. E mesmo depois de tudo que aconteceu... Não consigo te culpar por nada- ele sorriu- Pra que mais uma estrela no céu , não é mesmo? Prefiro você como uma estrela aqui na terra.

A enfermeira morena, Rosally entrou no quarto, sem bater. Tudo bem que eu um hospital as enfermeiras normalmente não batem. Ela trazia uma bandeja com um medicamento.

-Olá- disse ela – preciso injetar um medicamento, esse é pra febre, mas é normal ela ter febre devido ao ocorrido.

-Ah, claro- ele deu um espaço para que ela pudesse fazer o que precisava.

-Você é namorado dela?- ela puxou assunto.

-Mas você sabe que é !- falei, até um ponto era divertido as pessoas não me ouvirem nem verem, eu podia ser inconveniente sem me preocupar.

-Sou- ele respondeu

-Ela tem sorte- disse Rosally

Isso foi um jeito de elogia-lo?! Foi. Desejava que ela saísse logo dali.Pois primeiro vem um elogio depois ela tenta seduzi-lo. Certo, vou parar com isso.

-Obrigado- ele riu meio desconfortável, foi quando Georgia abriu os olhos, foi um alivio para mim. Ela resmungou alguma coisa que não deu para entender, pois estava com o tubo de ar.

Os dois se viraram para ela imediatamente.

-Como se sente?- perguntou a enfermeira, Tyler não conseguiu dizer nada, apenas a encarava com as íris azuis.

-Bem- ela disse evitando o máximo olhar para ele, sei que isso era difícil, pois ele não era o namorado dela, era o meu, apesar de que ela agora era eu... Confuso eu sei. – Acho que estou bem.

-Então... Vou deixar vocês a sós, qualquer coisa é só apertar aquele botão- ela apontou para o botão- e uma das enfermeiras vem assessora-los.

-Ok. Obrigado- disse Ty enquanto Rose saia do quarto.

As palavras fofas que ele disse à Georgia depois me deixaram mal, pois depois de tudo que aconteceu ele nem se quer ficou bravo comigo, se manteve do meu lado. Tive que então sair daquele ambiente.

___

Se locomover como alma é uma coisa estranha, você não chega a se teletransportar de um lugar para o outro, mas os lugares por onde você passa vem à sua cabeça em flashes, o trajeto demora menos de um minuto e em instantes já estou na casa de Jake.

O mais irônico disso é que o destino é destino, desde o dia em que eles foram sequestrados por Dean, quase tudo mudou, Jake veio até mim, e como meu melhor amigo, veio pedir ajuda. Ele contou da situação de Zoe, e apesar de eu saber sobre a situação dela com a mãe dela, não imaginava que era tão horripilante. O resultado foi muito triste, a mãe de Jake resolveu levar a mãe de Zoe á uma clinica de recuperação para alcoólatras, e ela esta lá internada faz poucos dias, noticias dizem que ela esta sofrendo muito com isso, que de noite grita sem poder mais... Zoe é que teve que mudar sua vida depois disso, como a mãe de Jake é muito próxima da mãe de Zoe ela se ofereceu a deixar a garota hospedada na casa dela enquanto a mãe dela estivesse na clinica, ou seja, Zoe esta morando temporariamente na casa de Jake. Pois é, meus caros, ironia do destino. Não custa nada eu ver como as coisas estão acontecendo.

Quando cheguei à casa de Jake, a família estava jantando, eles ainda não sabiam do ocorrido, e por um lado eu nem queria que soubessem, não queria que se preocupassem. Todos estavam em volta da mesa, pai e mãe de jake, o irmão e Zoe. Quando o jantar acabou Zoe subiu para seu quarto, agora ela ocupava o quarto de visitas, fiquei observando-a, a menina ouvia musica e estava deitada na cama olhando para o teto, às vezes cantarolava e acompanhava o ritmo da musica outras apenas escutava.

-Hey, Zoe- falei mesmo que ela não escutasse ou visse absolutamente nada- Que sorte ficar sobre o mesmo teto do seu amor secreto –então eu ri.

A garota permanecia sem expressão, alguns minutos depois quando a musica mudou, ela levou a mão até o rosto e começou a chorar. Ver Zoe chorando era muito inusitado para mim, parecia que não era ela que estava ali, outra pessoa, ela é sempre tão forte tão durona que acabamos achando que ela é assim o tempo todo. A vontade de fazer algo me consumia, mas sabia que não poderia intervir primeiro porque podia levar uma “punição” por isso, segundo: não conseguia. Sentei-me na beirada da cama, ser uma alma é engraçado, você não sente nada.

-Zoe, a louça é sua- Jake havia entrado pela porta, sem ao menos bater e acabou pegando a morena desprevenida.

-Okay, já estou indo- ela disse incrivelmente em uma voz estável apesar de que suas condições há segundos atrás eram opostas.

Mas Jake reparou, fechou a porta do quarto com a maior delicadeza e se sentou no mesmo local onde eu estava sentada, acabei me levantando.

-O que aconteceu?- perguntou ele, a garota abriu um espaço entre os dedos para poder ve-lo.

-Nada- respondeu ela com a voz abafada

-Zoe, pare ao menos um instante de me ver como um inimigo mortal e pense que eu sou como um irmão.

-Minha mãe nunca quis um irmão- então ela caiu no choro novamente.

Todos nós temos uma fraqueza, algo que nos faz desmoronar, o da Zoe era esse: sua mãe. Jake ficou sem reação.

-Olhe- então ele balançou a cabeça negativamente- desculpe, não tenho nada a dizer.

-Lógico Jake, não é de sua natureza me ver assim. –disse estas palavras agressivas e logo depois limpou os olhos.

-Não mesmo, mas saiba que já vi você pior!- ele se levantou com uma confusa expressão

-Como assim?

-Esquece. – ele respondeu logo para que aquele assunto fosse esquecido.

-Jake!

-Você não lembra Zoe, que bom que não lembra! – ele ia se virando para sair quando ela gritou mais alto

-Para de contornar o assunto! Foi no dia de Dean não foi?! Por que toda bendita vez que eu peço para você me contar o que aconteceu você nunca conta! Do que tem medo?

Os olhos de ambos estavam furiosos, um com raiva do outro pelo mesmo motivo: nada, os dois queriam algo que não lhe pertenciam.

-Quer mesmo que eu conte?!- ele retrucou

-E não é isto que eu estou te pedindo?!

-Eu vi você no seu momento de fraqueza, e foi naquele momento que você parou de usar esse seu escudo pra ser a princesinha, aquele dia você me pediu pra que eu ficasse com você até você cair no sono, o dia em que você correspondeu ao meu abraço quando sua mãe lhe dizia palavras horríveis, o dia em que você se permitiu chorar na minha frente e, além disso: você deixou que eu te confortasse, o dia que eu te pedi desculpa pelo quem eu sou, um babaca. E dês daquele dia Zoe, eu estou sendo um covarde com você.

Ela estava perplexa. Sem nenhuma reação.

-Covarde? Por quê? – ela encarava o chão.

-já disse demais. – ele abriu a porta – pode deixar a louça pra mim.

A porta se fechou. Sabia que quando voltasse ao meu corpo daria um jeito de juntar esses dois de uma vez.

__________

Eu tinha outras pessoas para visitar, queria ver como elas estavam, minha próxima parada não foi nada ais nada menos do que minha própria casa.

-Tem mesmo certeza?- era Abby, a garotinha estava na sala junto com meus tios, todos com uma caneca de chá na mão.

-Claro Abby, você não esta curada? Yla vai ficar bem também ainda mais depois da noticia que Brandon recebeu do médico.

-Eu... Eu devia saber que um dia elas atacariam- ela sussurrou

-Elas quem. Abby? – perguntou meu tio.

-Ah- a garotinha levou à mão a cabeça e ficou sem jeito- Bobeira, eu estou com sono, mamãe pode me levar para dormir.

O ritual foi feito, aqueles pequenos gestos que eu sentia tanta falta, Clarie estava cobrindo Abby, lhe dando um beijo de boa noite, reforçando a ideia que monstros não existem, falava que ia deixar a porta encostada e qualquer coisa era só chamar, ela terminava com “que os anjinhos iluminem seu sono, eu te amo pequena”. Senta falta do momento em que eu era uma criancinha inofensiva que amava a hora de dormir, onde mamãe vinha me cobrir e cantava um musica para mim, a maioria falava sobre amor, ou sobre confiança. Eram palavras que naquela época não passavam de música, hoje elas são histórias, lições de vida. A saudade sempre bate, mas não posso voltar atrás apenas seguir em frente, a vida é assim, como uma estrada, você pode olhar pra trás, mas não pode voltar no tempo, você pode seguir o caminho, mas não correr, você pode amar as pessoas que persistem e aquelas que não mais existem.

Abby ligou o abajur do criado mudo e olhou o quarto, se manteve deitada então tomei a decisão, eu precisava falar com ela, ao menos contar o que ia acontecer e que eu não tinha morrido, só ia ficar um tempinho fora do meu corpo. Quando apareci para ela foi à sensação mais esquisita que me ocorreu, eu não conseguia me mexer, meu corpo, minha boca, tudo parecia imóvel, os próprios olhos pareciam de vidro, não se moviam. 

-Yla?!- ela saltou da cama, e com o máximo esforço que eu tentava fazer, nada acontecia – Fala comigo yla !

Achei melhor desaparecer do que continuar naquele estado.

--------

Depois de pensar sobre o que acontecera um flashback veio à minha cabeça.

Xxx

–E-eu não consigo ouvi-lo Yla- ela disse ainda com a sua voz fraca- ele aparece mas não fala uma palavra, eu já tentei a comunicação com ele, mas ele não responde, Yla isso é normal?!- eu fiquei em pânico, isso não era normal, porque o pai de Ty não falaria com ele, é como se fosse uma estatua parada, não se movia, não falava, sim isso era um problema, mas não propriamente do Ty, se fosse eu conseguiria ouvir seu pai, mas também não consegui, que ótimo, mais uma coisa para nos preocuparmos.

Xxx

Exatamente a mesma coisa acontecera comigo à minutos atrás, depois de pensar e formular varias hipóteses cheguei em uma conclusão, que me parecia ser a melhor no momento.

As pessoas que veem almas não podem se comunicar com as almas de pessoas que já passaram pra mesma situação. Ou seja, o pai de Ty era uma alma. E se algo desse errado, eu nunca mais ia conseguir me comunicar com Abby ou até mesmo Ty. 


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Notas finais do capítulo

Gente, eu queria dar um super obrigada aos leitores que tao sempre comentando, mesmo que a autora cabeça de vento demore séculos pra responder.

Beijãaaao



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