Admirável Mundo Novo escrita por Avengerduck


Capítulo 11
10 - Feliz Aniversário


Notas iniciais do capítulo

Pessoal, peço desculpas pelo desenho (que vcs vão entender quando lerem) não poder ser visto..
Ele está no meu facebook então não deu certo colar o link aqui pois a imagem não apareceu.. Os que são meus amigos lá poderão ver ele clicando no link https://www.facebook.com/photo.php?fbid=405797112845052&set=a.165024066922359.38793.100002443011587&type=3&theater
E ao pessoal que não me tem no face pode ver pelo twitter http://twitpic.com/c155ur Espero que consigam ver.. beijos bocós e obrigada aos antigos e novos leitores! Beijos do rei ♥



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10 – Feliz Aniversário





Manuela Saraiva – 04 de agosto de 1999.



Acordei um pouco assustada após mais um dos meus pesadelos constantes. Eu estava procurando algum lugar parar ficar, algum emprego, qualquer coisa que me tirasse daquela casa.





Levantei devagar e abri a janela. A luz do sol iluminou os meus olhos cansados e eu os voltei para calendário preso á parede.



– Droga! É hoje! – eu estava olhando fixamente para a data de hoje – 04 de agosto... Meu aniversário! – eu completava 15 anos hoje, mas ninguém sabia então estava tudo bem. Eu não tinha festas desde quando perdi meus pais naquele incêndio maldito. Acho que não me divertia desde aqueles tempos.

Arrumei a cama, penteei meus cabelos e desci para encontrar a família tomando café na cozinha.

– Bom dia querida – Laura disse.

– Querida? – perguntei – Desde quando me chama assim?

– Desculpe Manuela. Venha, tome café conosco – Mesmo sem conhecê-los eu tinha que admitir o quão eles estavam sendo bons pra mim. Sentei-me á mesa e comecei a comer.

– Ah olha só quem chegou! Entre Gabriel! – Rafael gritou dando as boas vindas á Gabriel que aparecera com uns saquinhos de pão nas mãos. Quem era ele que podia entrar facilmente na casa deles? Que tipo de relação eles tinham? Eu tinha muitas perguntas, mas todos faziam questão de não responder.

– Bom dia família – ele sorriu. Lucas correu para abraçá-lo – Trouxe alguns pães de fabricação própria!

– Fabricação própria? Como assim? Só falta você me dizer que é padeiro e sabe cozinhar – ironizei.

– Isso mesmo – ele sentou-se ao meu lado.

– Calma! Tá brincando, não é?

– Ruivinha, tem tanta coisa que você não sabe sobre mim – sua risada ecoou pela cozinha.

– Saberia se você me contasse! Para de esconder tudo! – eu disse um pouco alterada.

– E você por acaso conta algo sobre si? Não disse ainda o que são essas “contas” que você diz acertar com certo alguém – Droga! Ele me pegou.

– Fica quieto! Nossa como você me irrita! – levantei-me da mesa e fui dar uma volta pelo bairro.

Precisava organizar meus pensamentos e planejar como me vingaria deles...

“Que saudade de você minha amiga. Era para estarmos cantando e fazendo planos para nossa carreira.” A lembrança de Pâmela e eu tocando na garagem da casa de Filipe realmente me fez chorar. E então pensei no lixo de pessoa que eu era.

– “Eu prometo que no dia do seu aniversário faremos uma festa linda! Como você nunca teve, Manu!” – E agora você não está aqui! Por que está fazendo isso comigo, pirralha?

Meus joelhos tremeram e acabaram dobrando com o peso do meu corpo até que caí na calçada. Minhas lágrimas não podiam ser controladas e então fiquei ali, encolhida, como uma criança idiota.

...

Alguns minutos depois...


– O que? Aniversário? Mas ela não nos disse nada!



– Pois é! Mas hoje de manhã eu entrei no quarto onde ela estava e ouvi-a falar. Ela sempre faz isso?


– Sim Gabriel, ela fala coisas estranhas enquanto dorme. Pronuncia muitos nomes como “Pâmela” e “Filipe”. Também fala “fogo” o tempo todo.

– Já disseram á eles que a encontram?

– Sim. Mas eles estão com medo de aparecer após tantos anos. Eles têm medo dela os rejeitar. Assim, pediram para que tomássemos conta dela até eles voltarem. Pelo menos aqui Manuela está segura.

– Que tal fazermos ela se sentir mais segura ainda?

– Como Gabriel?

– Vamos fazer uma festa pra ela, afinal são 15 anos! Mas faremos surpresa se não, ela nos mata!

– Sim. Vamos planejar tudo!


...




Pâmela Guimarães – Realidade alternativa. 04 de agosto de 1999.

– E então pessoal? O que acharam? – eles me aplaudiram depois que eu toquei várias canções. O festival estava chegando e minha ansiedade só aumentava. Daqui a dois dias nós iríamos nos apresentar.

– Sinceramente? Vai arrasar menina! Eu to impressionado! Toca aqui, cantora! – Jimmy sorriu pra mim.

– Você é um sucesso Pam! Meus parabéns! – Nicole me abraçou.

– Verdade! Assim ninguém ganhará de você! – Matheus gritou.

– Ah gente! Mas é claro que ninguém irá ganhar de mim! Eu decido tudo por aqui – eu disse de maneira superior – O que eu quiser, eu tenho aqui! E tudo o que quero é a vitória, então fiquem tranquilos. Nós vamos ganhar de qualquer jeito.

– Esse é o meu medo. Esse “poder” que ela pensa ter – Raquel sussurrou. Olhei para ela e então vi que ela segurava o meu diário.

– Por que está com isso?

– Gosto de ler o que Filipe escreve. Fico sabendo de tudo que está acontecendo com ele e Manuela.

– Não se importe com isso! Eu nem leio mais disso – gargalhei – E esses que você tanto fala, quem são?

– Calma aí! Você não se lembra do Filipe gostosão? Pelo amor de Deus menina! Ninguém esquece aquilo. Nem mesmo em outro mundo – Juliana disse.

– Vocês falam neles o tempo todo, mas não consigo me lembrar! Devem ser muito importantes mesmo.

– Sua mãe... Você se lembra? – Bianca perguntou.

– Ah... Mais ou menos. Mas fiquem tranquilos! Ela está bem agora. Não tem mais que se preocupar comigo e com as pessoas me humilhando.

– Você esqueceu tudo! – Nicole disse espantada – Finalmente o que não devia acontecer, aconteceu. Você se tornou parte dessa ilusão. Tornou-se uma peça da própria loucura.

– Gente, sem drama! Vocês não me explicam o que está acontecendo, como esperam que eu entenda? E vamos terminar nosso ensaio, o festival nosso!

– Meu Deus ela não se lembra mais da própria mãe! – Nicole sussurrou á Raquel que folheava o meu diário.

– Sim, não lê as anotações desde a semana passada. Nem sabe a situação de saúde que a mãe se encontra e muito menos que hoje é aniversário da Manuela – Eu não sei por que, mas minhas memórias estavam desaparecendo. Nomes, fatos e datas eu não conseguia mais associar á mim. Eu parecia um ser sem história. Mas mesmo assim eu não conseguia me importar com isso. Minha vida aqui estava perfeita. Eu tinha os melhores amigos, um namorado e era perfeita. Nada me atingia aqui e eu queria viver isso pra sempre.


...




Hospital público de São Joaquim da Barra. 04 de agosto de 1999.

A falta de esperanças era constante naquele quarto. Filipe era o único que ainda estava lá. Ele aguentava firmemente a dor de ter Pâmela travada naquela cama e ainda não saber onde Manuela estava.

A mãe de Pâmela, Sally, também estava muito cansada e havia pegado uma pneumonia por falta de cuidados com a simples gripe. Ela fora internada no mesmo hospital que a filha e tentava se recuperar, mas nada lhe dava alegrias e motivos para viver.

Ninguém entendia o motivo da forte ligação que Filipe mantinha com a menina, mas ele prometeu cuidar da mãe dela do mesmo jeito.

– Filipe. Você devia ir para casa. Eu estou bem – disse a mãe da menina.

– Não, tudo bem. Eu estou sem nada para fazer. Meu pai me dispensou do trabalho na loja hoje.

– Querido, posso te fazer uma pergunta? – ela olhou profundamente nos olhos dele.

– Claro o que quer saber?

– Por que decidiu largar tudo, desistir de viver e somente existir dessa maneira? Por que está sacrificando sua juventude pela minha filha? Sabemos que há poucas chances dela acordar. Eu acho que me conformei com tudo isso – o garoto desviou o olhar e começou a admirar o céu através da janela antes de contar sobre si.

– Ah... Bom eu tinha uma irmã, mas ela morreu há um tempinho. Ela era muito importante pra mim e eu fazia tudo por ela. Mas naquele dia eu não pude salvá-la – ele fez uma pausa e continuou – Ela se chamava Sara e era muito parecida com a Pâmela. Quando eu vi sua filha pensei estar diante da minha irmã. E então me aproximei dela até me tornar seu amigo, entende?

– Claro e por isso quer tanto protegê-la – ela concluiu.

– Sim. Eu falhei com a minha irmã, mas prometi á sua filha que não a deixaria desistir.

– E como sua irmã morreu?

– Por favor, se não se importar, não gostaria de falar nisso agora. Tudo bem?

– É um direito seu tudo bem! E a amiga dela? Manuela, onde está?

– Não a vejo há semanas. Estou muito preocupado. Tenho procurado por aquela maluca durante todo esse tempo, mas não faço ideia de onde ela está.

– Manuela é esperta, pelo o que percebi. Fique tranquilo, ela está bem e você vai achá-la! – a mulher o encorajou.

– Sim e a senhora vai sair daqui junto com a sua filha! – ele sorriu – Só espero que Manuela esteja mesmo bem e que passe o seu aniversário da melhor forma possível – Filipe voltou á olhar o céu enquanto pensava em como estava a ruiva que tanto gostava.


...




Manuela Saraiva – 04 de agosto de 1999.

Ficar chorando na calçada não era algo normal para quem visse, mas eu não estava a fim de passar meu aniversário me humilhando. Por mais triste que eu estivesse eu ficaria tocando no quarto, viajando no tempo, mas sofrer eu não iria mais.

Foi exatamente o que fiz, voltei para casa para poder tocar o dia e noite inteiros.

– Ótimo! Ninguém em casa! – Rafael e Laura haviam saído para o trabalho e Lucas devia estar com o chato do Gabriel. Corri para o quarto a procura do violão, mas ele não estava lá.

– Onde está? – procurei pela casa toda, mas nenhum sinal do instrumento – Que saco! Onde o colocaram?

– Está atrás disto? – Gabriel apareceu na minha frente com o violão nas mãos.

– Por que pegou isso? Não é seu tá bom? – parei e pensei um pouco – É também não é meu, mas é dos donos da casa e eles deixaram sob minha proteção.

– Calma ruivinha, é só um violão tá? E ele é seu sim – meu coração acelerou na hora em que ouvi aquelas palavras.

– Não ele não é... Se parece muito com o que eu tinha, mas...

– Se parece muito porque é seu sim. Feliz aniversário, ruivinha – Gabriel estendeu as duas mãos pra mim. Uma delas segurava o violão e a outra tinha um desenho dobrado.

– V-Você... Como sabia? – um sorriso bobo nasceu nos meus lábios.

– Você fala enquanto dorme. Entrei no seu quarto de manhã para te acordar já que o café estava pronto e...

– Seu tarado você invadiu o meu quarto! Eu te odeio! – segurei o violão e amassei o desenho dele.

– Jamais faria nada que você não quisesse e... – ele se abaixou e pegou o desenho amassado – Tem um bolo, brigadeiros e docinhos que eu mesmo fiz te esperando lá embaixo. Desculpe se eu não consegui fazer uma surpresa muito boa, sou um desastre nas coisas que faço – ele virou de costas e desceu as escadas, me deixando sozinha.

Ele fizera uma festa pra mim? Desci as escadas devagar e vi toda a cozinha decorada com aquelas faixas de “Feliz Aniversário”. Bexigas coloridas enfeitavam as janelas.

Meus olhos se encheram de lágrimas com aquela cena e logo me lembrei da última festa de aniversário que tive.

– Sabia que você ia descer! Ninguém resiste á docinhos caseiros! – Gabriel surgira novamente, mas dessa vez ele pulava e assoprava aquelas línguas de sogras irritantes.

– Cara, você é muito chato!

– Eu sei, mas eu cozinho bem então já posso casar! Cuidado pra não me perder hein? Sou peça rara – ele continuou assoprando aquela coisa no meu rosto, sem querer comecei a rir como não fazia há um bom tempinho.

– Nossa como aprendeu a cozinhar assim? – experimentei os docinhos e tinha que admitir, eram maravilhosos!

Longa história ruivinha... Se você me contar a sua quem sabe eu digo a minha também.

– Ok, você venceu – sorri – E esse desenho, você queria me dar não é? Desculpe por ter amassado.

– Ah não, tudo bem! Estava horrível mesmo e... – tomei o desenho das mãos dele.

– Q-quem são? – gaguejei ao perceber que eram um menino e uma menina abraçados.

– Podem ser quem você quiser. Pode até ser esse tal de Filipe que você tanto fala nos seus sonhos. Podem ser você e ele – ele sorriu.

– Por quê? – olhei para seus olhos castanhos que brilhavam como nunca.

– Fiquei sabendo que você ama desenhar e que faz isso muito bem! – olhei desconfiada pra ele – Tá bom eu vi a sua pasta lá no quarto e fui vasculhar. Desculpe.

– E aí você tentou desenhar também...

– É. Meu presente de aniversário pra você. O pequeno Lucas me ajudou á pintar e não reclame pelo seu cabelo estar roxo aí no desenho – ele riu – Rafael e Laura pediram para te avisar que não puderam ficar. Foram trabalhar e o Lucas está na aula e...

– Você fala muito! – brinquei com ele.

– Não! Você é quem fala demais! – ele devolveu – e aí, gostou da surpresa?

– Eu adorei. Obrigada Gabriel – eu sem pensar o abracei forte – Será que esses aqui no desenho não podem ser eu e você? – percebi que ele se assustou, mas logo depois ficou feliz e me abraçou de volta.

– Eu iria adorar que fosse – ele segurou meu rosto delicadamente então me beijou. Meu melhor beijo com ele, no dia do meu aniversário. Ótimo! Eu sempre sonhei em fazer isso com Filipe, mas estar com Gabriel não era nem um pouco ruim, confesso!

Correspondi ao seu beijo. Eu e ele éramos desajeitados, mas tenho que dizer o quão maravilhoso foi. E pela primeira vez eu estava me sentindo feliz, senti coisas que não se compravam ao que houve comigo quando beijei Filipe no hospital.

Não tínhamos mais vontade de parar, mas eu tive que interromper para buscar o ar necessário.

– Isso foi...

– Muito bom, eu sei – Gabriel sorriu e me abraçou – Feliz aniversário minha ruivinha. Ficamos abraçados por um tempo até que eu tive que fazer uma pergunta.

– Vai me contar sobre a sua vida?

– Só se você me contar sobre a sua e quem é essa pessoa que você diz querer acertar contas – ele ainda insistia naquilo.

– Quer mesmo saber tudo? – suspirei – Muito bem eu vou lhe contar – eu estava decidida á contar tudo á ele, afinal ele me provara que eu podia confiar nele – E por que disse que aquele violão era meu?

– Primeiro você conta sobre si e então eu digo tudo o que sei sobre ele e te conto sobre a minha vida. Fechado? – ele me estendeu a mão.

– Tudo bem. Pode confiar em mim, menino chato! – sorri como uma boba e então o beijei outra e outra vez.

Passamos aquela tarde cantando, tocando, beijando e rindo. Há quanto tempo eu não esquecia meus problemas dessa maneira e simplesmente me divertia?

– Obrigada por não desistir de mim Gabriel – descansei minha cabeça em sei peito.

– Você sabe e sente que pode confiar em mim – ele me beijou mais uma vez – Eu vou sempre te ajudar, não se preocupe – Finalmente eu estava me sentindo segura e talvez a sombra de Filipe não me perseguisse mais. Eu estava livre dele? Ou tudo aquilo seria passageiro e Gabriel me deixaria como todos fizeram?

Eu tinha dúvidas, mas a única certeza era a de que eu ainda tinha de ver Pâmela para resolvermos o que era pendente.



(Feliz Aniversário! Manuela!).

 

 

 

 

 




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Notas finais do capítulo

Prontos para saber sobre a vida deles? Beijos do rei e desculpem se não poderem ver o desenho.. obrigada por tudo!