Quinn se encontrava ali, encolhida como atualmente sempre ficava. A dor sufocante em seu peito não lhe permitia raciocinar em outra coisa além dela: sua Diamante Cintilante.

Não fazia ideia de quanto tempo havia se passado, aquilo não importava. Nada lhe importava. A garrafa na sua mão, que se encontrava vazia, escorreu pelos seus dedos ao sentir uma fresta de luz invadir a escuridão do seu luto pessoal.

Aquela pequena fresta de luz, que era incômoda, partia do movimento que a cortina fazia, revelando o mundo fora daquele quarto: aquele lugar que um dia já fora o centro de alegria e música, hoje nada mais era do que um canto sóbrio esquecido na história.

Seus olhos se voltaram a noite bela que fazia lá fora: estrelas brilhavam, nenhuma superando a sua.

Olhou para a sua máquina de escrever. Aquele velho objeto amado estava empoeirado em cima da mesa, que não via-se utilizado a bastante tempo.

Guiando-se pelo instinto, Quinn se viu em pé em frente ao objeto de tanto apreço. O que faria? Como viveria agora? Sobre o que escreveria? Pelo que escreveria? As múltiplas perguntas se formavam em sua cabeça enquanto ela deixava seu corpo fraco cair sobre a cadeira, encarando o teclado a sua frente de forma cética.

Horas se passavam enquanto ela admirava o cenário a sua frente: cinco ou seis garrafas vazias encontravam-se na mesa, empoeiradas e duas apresentavam uma singela teia entre ambas.

Os milhares de papéis jogados ao chão revelavam uma história do passado, Quinn sentiu. Seus braços descruzaram-se, seus longos dedos se movimentando em direção a uma pilha de folhas levemente amareladas a sua esquerda, e um leve sopro em direção ao teclado fez a poeira subir.

O estalar das engrenagens não lhe faziam tão mal quanto ela pensava. Seus dedos rodeavam as teclas, prontos para datilografar qualquer raciocínio que lhe viesse na cabeça. Aquela folha de papel em branco. Quinn hesitou, sentindo sua respiração falhar levemente. Estava na hora.

O tilintar das teclas se fez reinar conforme seus dedos ágeis deslizavam a sua frente. A tinta se fazia presente no papel conforme ela sentia a profunda dor lhe invadindo. Lagrimas se formavam debaixo dos seus olhos a cada nova letra impressa.

Era aquele o resultado: lágrimas e uma frase.

"A coisa mais importante que você aprenderá é simplesmente amar e ser amado.

The Moulin Rouge"