A Maldição Dos Deuses escrita por Eline Sandes


Capítulo 9
Capítulo 9 - O Oráculo


Notas iniciais do capítulo

Pessoal, fiquei um certo tempo fora porque estava MUITO ocupada, e quando podia mexer no computador era por pouco tempo. Então espero que gostem, pois postei outros dois capítulos



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Eu nunca gostei tanto da praia. Sempre me deixava queimada, parecendo um pimentão; e a areia sempre grudava nos meus cabelos, deixando-os duros. Mas aquela noite estava perfeita. O céu estava estrelado e as ondas do mar se desmanchavam em nossos pés. O problema era que Vanessa não parava de falar. Eu não estava prestando atenção, mas pegava palavras-chaves como "camisetas" e "navio" e formulava frases que somente uma pessoa concentrada falaria.
Ouvi passos em nossa direção e olhei para trás. Não reconheci a figura de longe, mas, á medida em que ele chegou perto, reconheci seus olhos marrons-esverdeados. 
- Espere - ele gritou, e Vanessa e eu paramos de andar (e ela, de falar) - preciso falar uma coisa com Susan. 
Vanessa olhou para mim, depois para ele, como se estivéssemos escondendo algum segredo dela.
- Claro - ela pegou em minha mão e a sacudiu, suavemente - vou deixar os pombinhos a sós - depois, soltou minha mão e saiu andando, em um passo apressado
Me sentei na areia, embora aquela calça era a única que eu tinha comigo.
- O que você quer? - perguntei
Ele se sentou do meu lado, e eu me senti desconfortável.
- Quando eu te vi, reconheci você de algum lugar. Passei a tarde inteira pensando de onde você era, e só agora lembrei. 
Eu estava olhando para o mar, mas estava muito concentrada no que ele estava dizendo
- Você se lembra de mim? Estudamos juntos no segundo e terceiro ano, na escola americana de Brasília. Sou Samuel Waymond!
Precisei de um certo tempo para lembrar daquele nome; e ele havia mudado muito em cinco anos.
- Nossa - me espantei - mal te reconheci. Você mudou muito. 
Ele olhou para min.
- Você também. Lembra daquele garoto que andava engraçado, Pedro Vaz?
Tentei me lembrar do garoto, mas o enxerguei como um borrão, do mesmo jeito que imaginava personagens de livros 
- Ele era um sátiro. Me trouxe aqui em 2009, após um ataque na escola. Você teve sorte de não ter estado lá. Pedro me contou que queria que outra pessoa fosse conosco, mas que... - 
Fomos interrompidos com o barulho da concha/trombeta soando. Era hora de voltarmos aos chalés. Me levantei depressa, assim como Samuel. Tentei avistar Vanessa, mas a praia estava deserta.
- Bom... - ele disse - foi bom conversar com você. Só mais uma coisa, ele disse, começando a caminhar na direção dos chalés - me desculpe por dizer que você tinha benção de Poseidon. Sabe, você até que é bem inteligente e ágil.
- Acredito que sim - respondi de volta, correndo em direção aos chalés.
Chegando no chalé seis, todos já estavam lá. Eu procurei por minha cama e me sentei. Tentei visualizar Annie, mas não a vi. Uma menina chegou perto de mim, e se sentou do meu lado.
- Você quer um pijama emprestado? -ela perguntou 
- Sim, obrigada - respondi. Eu estava muito suja para me deitar com os jeans e a blusa do acampamento (que estava toda suada) 
A menina se levantou e buscou os pijamas em uma estante de aproximadamente dois metros de altura. Era cheia de gavetas. Ela pegou o pijama e apontou para um canto do chalé.
- Pronto. Se troque lá, tem uma cortina para ninguém te ver.
- Obrigada - falei
Era incrível como todos ali eram tão legais comigo. Troquei de roupas rapidamente; o pijama era estampado com vaquinhas, mas era confortável e coube direitinho em mim. Tirei meus tênis e as meias, ficando descalça, e fui de volta para minha cama. Me deitei, apesar de não estar com sono. Muita gente ainda estava acordada, conversando sobre projetos, armas ou o que eles estavam aprendendo na escola. 
Fiquei pensando em como minha vida havia mudado tão rapidamente. Não sabia se aquilo era bom ou ruim. No dia anterior, eu estava passeando por Nova York com meu pai e minha madrasta, e nem me importava com o que estava acontecendo. Pensei em Lucy, que sempre falava sobre Deus; O Deus, único, soberano. Ela me fazia ter fé Nele. Era muito estranho falar "deuses" ao invés de "Deus". Fiquei pensando se tudo aquilo que ela me ensinou era verdade. Acho que me fez ficar mais confusa do que antes. Apesar de tudo, não queria que Lucy tivesse morrido. Ela sempre me protegeu quando estava em perigo. 
Pensei também em meu pai, e se ele também escondia segredos. O que ele iria fazer? Será que ele me tiraria do Acampamento?
Caí no sono depois de muito tempo, não sei quanto, nas demorou. Sonhei com um navio. Os detalhes eram borrões, mas na frente do navio havia uma cabeça de um dragão. Havia um garoto arrumando o navio; ele estava todo sujo de materiais de construções e parecia cansado. Um garoto apareceu, andando, e disse: "Quando vai ficar pronto?" O outro garoto respondeu: "Logo. Talvez em maio ou junho."
O sonho se desmanchou, e dessa vez, sonhei com Lucy. Ela estava em uma igreja, bem parecida com a que frequentávamos; acho que ela estava fazendo orações. Não havia som na voz dela, mas ela parecia arrependida. 
Acordei com alguém me sacudindo. Abri os olhos; tudo ainda estava escuro, mas consegui reconhecer a pessoa: Era Vanessa. As pontas coloridas de seu cabelo pulavam sobre mim, fazendo cócegas no meus pescoço.
- Acorda, Gaia adormecida! - ela sussurrava no meu ouvido
Tentei me sentar. Minhas pálpebras estavam pesadas, e meu corpo parecia estar pregado na cama. 
- Que horas são? - perguntei
- Cinco e treze da manhã. Agora vem, não temos tempo a perder. 
Calcei meus tênis rapidamente e me levantei, tentando fazer o mínimo de barulho possível.
- O que você quer uma hora dessas? - perguntei 
Ela andou até a porta do chalé e a abriu 
- Não é o que eu quero. Aliás, eu tenho benção de Hipnos. É o que Rachel quer. Venha.


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