O dia estava indo normal até demais. Estava viajando com meu pai e minha madrasta, Luciana para Nova York. Luciana se casou com meu pai quando eu tinha dois anos, logo depois do desaparecimento de minha mãe verdadeira. Nós três estávamos no Museu de Arte Moderna, brincando com os Monstros de Sombra, uma exposição muito legal, em minha opinião. Eu estava tão concentrada na tela, que quando ouvi o primeiro grito nem percebi. Ouvi alguém gritar de novo, e daquela vez me chamou a atenção.

O que eu vi foi muito bizarro. Luciana (ou Lucy, como a costumo chamar), estava cercada por quatro monstros! Pensei que estava ficando doida, ou que aquilo eram fantasias, já que em Nova York havia de tudo. Cheguei perto de um dos monstros para tentar fazer ele me assustar. Na verdade, ele em si já me dava medo. A pele dele era escamada, como a de um peixe, e marrom como a lama; seus braços e pernas pareciam com os de tarântulas; seus olhos eram vermelhos, e parecia que ele estava sorrindo para mim.

Lucy estava gritando para mim, pedindo para eu me afastar e procurar meu pai, que misteriosamente tinha desaparecido. Por mais que ela estava gritando bem alto, ninguém parecia estar a ouvindo. Foi então que percebi que as coisas estavam mesmo sérias. Um dos monstros puxou o braço de Lucy, e a fez cair no chão. O braço dela parecia doer, mas mesmo assim, ela tirou um de seus anéis e, de repente, ele se transformou em uma espingarda. Ela começou a atirar nos monstros, mas só conseguiu matar dois. Eu estava desesperada, tentando achar algum segurança para conter aquela luta, mas ninguém notava.

Resolvi entrar na luta. Lucy, que estava rugindo de dor, tentava atirar, mas não estava com uma pontaria boa. Corri até ela, mas um dos monstros me pegou com força, e me arranhou. O outro monstro, que estava ocupado com Lucy, chegou mais perto de mim e rugiu.

- Eca – impliquei – você precisa escovar os dentes, Bafo de Alho!

Lucy aproveitou a deixa e atirou na coluna do monstro Bafo de Alho. O segundo monstro rugiu para nós duas; o bafo dele era tão ruim quanto o do outro. Olhei de leve para Lucy, que me olhou de volta, como quem quisesse dizer: “você distrai o monstro, e eu mato ele”. Parecia que o monstro também entendeu, e rugiu para Lucy, me deixando de lado.

-Ei, Bafinho! – gritei, tentando chamar a atenção do monstro, que nem se quer olhou para mim.

Nosso plano não ia dar certo. De repente, me lembrei da mochila que eu estava carregando, nas costas, e, rapidamente, peguei um dos livros que estavam dentro dela e bati na cabeça do monstro, que não era mais que cinco centímetros mais alto que eu. Ele cambaleou por alguns segundos e caiu no chão, se dissipando em cinzas. Ok, pensei, isso foi muito estranho. A sensação foi ótima, e me senti como um personagem de um dos meus preferidos; mas quando vi Lucy caída no chão. Ela estava cobrindo a blusa com o casaco. Ela estava escondendo algum ferimento. Ajoelhei-me ao lado dela e coloquei minha mão em cima da dela, para ver se poderia fazer algo para tapar a ferida.

- Susan – Lucy fala, sem forças – não faça isso. Minha vida não vale um centavo. Nunca valeu, na verdade.

Vi uma adolescente se aproximar, ela tinha os cabelos loiros e ondulados e olhos cinzentos. Devia ter dezesseis ou dezessete anos, no máximo. Ela se abaixou, olhando para Lucy, e depois para mim. Lucy fechou os olhos e inspirou, pela última vez. A menina olhou para mim, e disse:

- Olá. Eu sou Annabeth Chase, sinto muito por sua perda.