Once Upon a Time escrita por Susan Salvatore


Capítulo 23
E viveram felizes para sempre


Notas iniciais do capítulo

Foi muito difícil escrever esse capítulo. Eu realmente não quero me despedir da história :( Enfim, me empenhei bastante e espero que gostem!



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Era uma vez, sussurrava o vento em meus ouvidos, uma garota frágil e boba, sem rumo. Sentindo-se sem alma, tentou ser sempre a boa menina, gentil e carismática, mas nunca descobriu o porquê. Essa garotinha sempre buscou por algo a mais, algo que deixaria seu mundo brilhante, algo que desse a ela vontade de viver. Como um conto de fadas, ela sempre esperou seu príncipe para resgatá-la da prisão que viva em si mesma. Viver sem propósito era quase uma blasfêmia para ela. Seu coração era algo inalcançável... Então o príncipe veio e ele era como uma maçã envenenada, a qual ela mordeu sem hesitar.

Eu sou essa garota. E achei minha razão para viver. E morrer.

O epílogo de minha vida começou quando a amável visão que Kol me proporcionou foi desvanecendo lentamente, deixando só o vazio negro em seu lugar. Não havia nada e ao mesmo tempo havia tudo. Memórias eram tão vívidas ao meu redor que eu quase podia mergulhar nelas se estas não se esvaíssem. Eu caminhei – ao menos foi essa a impressão – por um espaço atemporal, completamente ciente que minha vida se exibia para mim como num filme. Porém, eu não tinha olhos para ela. Só via Kol.

Pensar e sentir eram coisas sem sentido agora. Não havia nada. Só havia Kol. Presa no meu adorável torpor levemente consciente, perguntei-me qual seria a decisão dele... E mesmo que eu morresse, se minha eternidade fosse diante da memória dele, eu estaria completamente satisfeita.

Assim que admiti isso, um sono amigável começou a se apoderar de mim. Morrer, então...

Então, algo mudou. Uma memória? Não, aquilo era real. Eu senti algo tocar-me, embora não soubesse como acessar meu corpo. Aquele cálido toque fez despertar em mim sentimentos inusitados e devastadores. Aquilo era vida.

Fui atingida por uma série de sensações furiosas. Era estranho, mas é quase como se a vida se apoderasse de mim... E me deixasse melhor. Lentamente, fui acessando espaços da minha mente e revivi cada pedaço de minhas memórias. Até que cheguei nele.

Ah, Deus, uma onde de paixão nunca fora tão devastadora quanto aquela. Ao ver aquele sorriso torto e malicioso, minha ânsia de chegar até ele me possuiu. Naquele momento, nada poderia me separar daquele homem. Nada seria páreo para meu amor... Nem para mim.

Sobrenaturalmente, os sentidos começaram a voltar ao meu corpo. Algo pressionava meus dedos e havia uma umidade quente no canto de meus lábios. O cheiro daquilo foi quase tão devastador quanto a visão do homem que eu amava. Quase.

Um soluço quebrou o silêncio. Um soluço que partiu meu coração. Kol! , meu corpo inteiro rugiu.

Ainda sem abrir os olhos, respirei minimamente e o cheiro que me atingiu era inteiramente de Kol. Mas foi somente quando senti sua boca pressionar a minha é que a vida me preencheu por completo.

Com o toque suave de seus lábios, eu despertei.

...

Quando abri meus olhos quase fiquei cega pela luz forte. Era como estar de frente para o sol... Só então percebi que aquela era a luz natural de um dia bonito. Eu é que a percebia melhor. Partículas de poeira dançavam pelo ar, parecendo diamantes multicoloridos. Uma respiração pesada chamou minha atenção; eu pude realmente ouvir o ar passar por seus pulmões.

Eu olhei para Kol e nunca senti tanto amor em minha vida. Ele olhava-me com lágrimas abundantes e olhos arregalados. Pela primeira vez, ele parecia um rapaz humano. As batidas – se é que posso chamar assim – de seu coração eram quase ensurdecedoras.

– Oi – falei e me senti idiota. Quem é que desperta dos mortos e diz “Oi”?

Kol pulou em mim, beijando-me avidamente. Desejo inflamou-me instantaneamente. Queria que ele me possuísse ali mesmo, que nunca me soltasse. Arquejei. Nunca sentira tanto desejo antes e era enlouquecedor. Soltando um gemido, eu me agarrei a ele ainda mais.

Toda aquela bolha de felicidade em que estávamos era impenetrável. Eu finalmente pude retribuir toda a intensidade da paixão dele e não nos preocupávamos com mais nada. Estávamos juntos! Para sempre! Eu gritaria isso se não tivesse que separar nossos lábios. Isso seria insuportável.

Somente uma eternidade – e alguns suspiros apaixonados – depois é que pudemos nos afastar minimamente. Durante muito tempo Kol olhou-me como se eu fosse seu bem mais precioso e todo o amor daquele olhar fez-me acreditar em finais felizes.

– Oi – disse ele, sem fôlego – Ah, minha Elena! Eu tive tanto medo de perdê-la!

Então ele me contou a história toda, de como tínhamos vencido, como ele desejou morrer – e olhei raivosamente para ele nessa parte – quando Finn atirou em mim. E como ele ficou desesperado quando nem mesmo o sangue humano foi capaz de despertar-me. Certa tristeza atingiu-me quando soube da morte de parte da família dele, mas entendi que fora tudo inevitável. Era tudo pela felicidade do meu Kol.

– O que te trouxe de volta? Demos-lhe tanto sangue... Nada funcionou – perguntou ele, que me tinha em seu colo. Certas coisas nunca.

– Você. Quando eu me lembrei de você, despertei. Quando me lembrei de nosso amor, estava de volta.

– Você está bem? – perguntou, afagando meu cabelo – Quero dizer, com ser vampira e tal...

– Eu tenho você, para sempre. Não existe possibilid... – ia dizendo eu, quando um forte cheiro atingiu-me. Numa velocidade comparada à da luz, fui atrás do cheiro instintivamente e só parei quando Kol me arrancou do pescoço aberto que eu tinha a minha frente.

– Caralho! – gritei, chocada. Era um dos primeiros xingamentos de minha vida, mas não importava. O que importava é que eu quase dilacerara a garganta de uma jovem menina, agora desmaiada.

Kol abraçou-me.

– Escute, não pense em nada. Eu vou ensinar-lhe. Você irá se controlar e será a mesma Elena de sempre. A minha Elena.

Momentaneamente, a palavra monstro surgiu a minha cabeça. E se no final, eu não conseguisse me controlar? E se eu matasse desenfreadamente? Então ele afagou meus dedos e aquele gesto amável me encheu de doçura. Como por mágica, as palavras dele acalmaram-me. Olhei para aquele que era o dono de meu universo e o abracei. Não, nada maculará nossa felicidade.

– É bom vê-la viva, Elena – disse Elijah, cordialmente. Só então reparei com quem estava. Os irmãos de Kol – os que estavam vivos – olhavam-me com sincera alegria. Até mesmo Klaus que, quando percebeu meu olhar, sorriu maldosamente.

– Eu disse que seria bom deixar alguns humanos à disposição... Não me olhe assim, irmãozinho. Você está conseguindo ficar mais repulsivo do que já é.

– Cale a boca – falei, surpreendentemente irritada. Risadinhas ecoaram pela sala e Klaus ficou indignado. Beijei Kol, sentido-me poderosa.

– Argh, essa melosidade. Dêem-me licença, preciso vomitar.

Eu ri e revirei os olhos. Parecíamos mesmo uma família – e minha inclusão nisso me deixava imensamente alegre.

Todo mundo estava feliz, era inegável. Finalmente todos estavam livres e me senti orgulhosa de saber que fazia parte daquilo. Olhei para o mar de emoções que eram os olhos de Kol e a única coisa que eles diziam era: eu te amo, Elena!

E P Í L O G O

Kol e eu caminhávamos por um prado adorável, conversando sobre coisas leves e agradáveis. Então um pensamento macabro me atingiu e, como eu recentemente descobrira, não podia esconder nada dele.

– Tenho medo – sussurrei – Não quero nunca matar alguém.

– Elena, acha mesmo que eu deixarei algo tornar-te má? Que deixarei algo tocar sua bondade? Não, amor, sua única escuridão sou eu. Confie em mim.

– Você é minha luz – falei, dando-lhe um pequeno soco. A risada rouca dele era como música para mim. Para qualquer uma provavelmente.

– Hei, lembrei de uma coisa – disse e, de repente, pareceu muito inseguro.

– Diga.

Sem falar nada, ele pegou-me no colo e correu comigo por uma distância que eu não me preocupei em contar. Agora que eu era imortal, Kol era muito mais livre comigo, podendo fazer tudo que queria sem se preocupar em machucar-me. Só então percebi como minha humanidade limitava-o.

Chegamos a um adorável chalé que parecia sair direto de um conto de fadas. Curiosa, fui na frente de Kol. Imagine qual foi minha surpresa ao ver uma menininha humana de não mais de quatro anos brincando no tapete da sala, seus cabelos ruivos brilhando na luz do sol.

– Papai! – disse a menina e seus olhos dourados se alegraram quando Kol a pegou no colo. Foi a cena mais fofa de toda a minha vida.

– Oi, Lissa – disse meu recém noivo, beijando a criança no rosto – Quero que conheça a minha Elena.

– Oi, vocês são namorados? – perguntou Lissa, com uma voz meio enrolada de criança. Ela estendeu-me a mão numa perfeita educação.

– Sim, pequena – respondi tímida. Realmente não esperava por aquilo. Ela era tão adorável... Um sentimento maternal me possuiu instantaneamente.

– Eca! Vocês se beijam! – disse ela, numa sincera cara de nojo e então pulou do colo de Kol, voltando à suas brincadeiras.

Do lado de fora da casa o sol de punha, enchendo-me de nostalgia. Alguns raios brilharam na minha recente aliança – feita também para que eu andasse no mundo da luz – e sua grande pedra azul produziu reflexos multicoloridos no rosto dele. Eu nunca ia me cansar de admirar sua beleza.

– E então? – perguntou, subitamente nervoso.

– Papai? – respondi rindo – Desde quando?

– Acidentalmente, há pouco tempo, eu matei a última pessoa da família dela. Então... Sei lá, me senti responsável por ela. E... Eu sei que você queria ter filhos. Não sei, pensei que sua bondade pudesse encobrir o que eu fiz a Lissa. E também...

Ele falava apressadamente. Então o calei com um beijo. Sabia muito bem que o lado ruim de Kol ainda existia. Mas lampejos de bondade como este, salvar uma menininha indefesa, é que me faziam acreditar que ele nunca fora o vilão.

– Eu amarei ter uma família com você – disse eu, entre beijos.

Além de toda a felicidade que me proporcionara, aquela linda e fascinante criatura ainda continuava tentando dar-me mais amor ainda. Agora sei que uma vida nunca seria suficiente. Não, nosso amor é eterno, grandioso demais para algo como a morte. Nós só pertencemos à eternidade.

– Ah, espera, olha só! – gritei, como uma menina boba, e saí arrastando-o comigo.

– Que foi? – disse ele, cada vez mais apaixonado.

Sem dizer mais nada, beijei-o com todo o amor que eu sentia. Felizes para sempre nunca parecia tão real.

– Faz um ano desde a primeira vez que nos beijamos. Desde aquele momento você tem sido a coisa mais incrível do meu mundo – falei, com lágrimas nos olhos – Escute-me, Kol. Eu te amo. Obrigada por um dia ter entrado na minha vida.

– Sinto dizer que nunca sairei dela – disse ele, todo bobo – Ah, Elena, eu te amo cada dia mais. Você é realmente minha luz... Minha princesa.

A verdade imutável nos atingiu: nós nos amávamos. Essa era a maior força do mundo. Todo o mal, toda a crueldade e tristeza nunca nos afetariam se estivéssemos juntos. E sempre estaríamos. Naquele momento, eu sabia que ele tinha consciência de que éramos almas gêmeas.

Então, abraçados, observamos o romântico pôr do sol. Sorrindo um para o outro, nós sabíamos que aquela era só uma parte da nossa eternidade e íamos nos amar mais a cada dia dela.

FIM


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Notas finais do capítulo

Olá, queridos leitores. Gostaram? Agradeço profundamente cada um que leu essa história, cada um que me motivava, cada um que me apoiava. Vocês são tão autores de Once Upon a Time quanto eu. Muito obrigada mesmo! Então... Adeus.
Por hora ;)